Eu era uma boa prostituta. Quando se esta nesse ramo nada é muito convencional. Você tem que apenas deitar na cama nua, escutar os desabafos de seus clientes e logo em seguida abrir as pernas. Os homens sempre me procuravam porque eu conseguia entender seus sentimentos frustrados. Os problemas com a família eram esquecidos quando eu cavalgava de um lado para o outro em cima de seus corpos nus. As contas a serem pagas eram esquecidas quando eles metiam seus órgãos sexuais na minha boca e toda a vida, problemas, passado, tudo, tudo era esquecido quando os homens estavam em cima de uma cama comigo.
Entender a cabeça masculina é um pouco engraçado. Eu tinha um cliente chamado Borges, ele pagava para me ver bebendo um copo de cerveja com as peças intimas da sua mãe. Renato, outro cliente meu, gostava de fazer sexo no chão e não tirava as meias. Geraldo era mais engraçado ainda, ele gemia quando eu imitava uma cabra e fazia o som perto dos seus ouvidos.
Os dias iam passando rapidamente e eu fui adquirindo muitas experiências. Uma delas foi que quando um homem procura uma prostituta ele não quer apenas sexo e sim desabafar. Eu na realidade servia como terapeuta, eles me contavam suas angustias eu ouvia, fazia cara de fadinha inocente dava minha opinião sobre o assunto e logo em seguida fazíamos sexo.
Sexo. A coisa mais superficial do mundo.
Um homem gosta de se sentir másculo e prazeroso. Por isso toda vez que eu estava por cima deles eu gemia igual uma condenada simulando orgasmos múltiplos. Eles se deliciam com os gemidos, se sentindo o homem mais gostoso da terra.
Para mim sexo é superficial. Pode ser uma arma poderosa se souber usar corretamente, pode ser um desastre e parecer um bicho de sete cabeças caso as suas experiências sejam limitadas. Mas para mim sexo era o meu instrumento de trabalho. Eu gostava daquilo, era se sentir útil para alguém, era se libertar e se aventurar numa nova experiência.

Mas todos os meus conceitos sobre sexo e sobre como ser uma prostituta mudavam quando Pedro marcava uma hora. Com ele não precisava de fingimentos e nem de terapia barata.
Com ele os sinos da igreja tocavam ao longe. Eu sabia que ele era tipo certo do garoto errado, mas seu jeito mau de ser me encantava.
Lembrei da historia de Lia e me vi quase na mesma situação dela. Eu estava apaixonada por um lobo mau encantado e não tinha como remediar essa situação.
Lobo mau encantado? Isso até parece fetiche sexual não parece?