Prostituta Do Governo escrita por Leticia, Lari Rezende


Capítulo 11
Esperando a morte chegar


Notas iniciais do capítulo

Quem puder recomendar, favoritar, comentar ou fazer qualquer coisa pra atrair mais leitores eu agradeço. Boa leitura (:



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Sentir-se deslocado é a pior sensação do mundo.
Durante um bom tempo os jantares de família eram feitos entre meu pai, Sabrina, Silvana e Giovane. 
Eu sempre era deixada de fora.
Sempre.
A pior coisa em ser rejeitada é o fato de vir de uma pessoa que você ama muito.
Eu me sentia totalmente excluída na hora das refeições quando a família perfeita se unia a mesa e dialogavam sobre assuntos em que só eles participavam. E tudo piora quando você vê que seu próprio pai sabe mais da vida da entenda do que da própria filha.
Aos poucos eu fui entendendo que não pertencia mais aquele lugar.


***

Era noite e o tempo ameaçava a chover. 
Sabrina não havia vindo do seu salão de beleza e Silvana estava cantando uma horrorosa musica em baixo do chuveiro.
Meu pai estava na cozinha cortando pedaços de frango para o jantar.
Passei pela janela da cozinha e vi relâmpagos iluminarem o céu.
-O que esta fazendo pai? – perguntei.
-A Sabrina estava com vontade de comer arroz com galinha – disse ele – eu estou preparando.
Engoli em seco.
-Claro – respondi abatida – a Sabrina.
Afastei a cadeira da mesa e me sentei olhando seriamente para meu pai.
-Como foi o serviço hoje? – perguntei.
Ele continuava a picar o frango sem me dar muita atenção.
-Foi normal – ele me olhou um pouco preocupado – tira a cerveja do congelador para mim Jessica? A Sabrina tem sensibilidade nos dentes e não vai conseguir tomar se estiver muito gelada.
Ele voltou a picar a carne.
-Claro – disse eu dando um sorriso forçado.
Tirei as três garrafas de cerveja que estavam no congelador e passei-as para a geladeira.

Papai parou de cortar os frangos e me olhou.
-Quer alguma coisa Jessica? – perguntou ele.
Olhei para ele um pouco confusa.
-Não.. – respondi.
Então ele pareceu ainda mais confuso.
-O que esta fazendo aqui na cozinha? – perguntou – você esta sempre dentro do quarto escutando aquelas musicas no ultimo volume.
Respirei fundo.
-Eu só queria falar com você pai – respondi me encostando na geladeira branca.
Papai me olhou.
-Quer dinheiro? – perguntou ele.
Olhei seriamente para ele.
-Não – respondi – só queria falar com você.
Ele voltou a picar a carne.
Sabrina entrou pela porta dos fundos.
-Oi amor – disse ela com sua voz enjoada.
-Oi amor – respondeu meu pai com uma voz ainda mais enjoada.
Os dois começaram a trocar selinhos, sai da cozinha a ponto de vomitar tudo o que eu tinha comido naquele dia.
Corri para meu quarto e deitei na parte de cima do beliche.
Coloquei meus fones de ouvidos e me concentrei nas musicas que tocavam. Depois de umas seis musicas senti meu estomago roncar de fome. Não senti cheiro de comida vir da cozinha e achei o fato estranho.
Tirei os fones e escutei a chuva caindo sobre o telhado.
Abri a porta do quarto e me deparei com uma casa vazia. Não havia ninguém na cozinha, ninguém nos quarto, ninguém na sala e nem meu irmão estava no quarto dele.
Uma garrafa de cerveja estava aberta em cima da mesa com três copos sujos ao lado. Havia uma panela não muito grande em cima do fogão com a carne picada, porem ela ainda estava crua.

Peguei meu celular e liguei para meu pai preocupada.
Depois de quatro toques de espera ele atendeu.
-Pai? – disse eu – onde você esta?
-Oi filha – disse ele - A Sabrina não quis comer em casa então nos decidimos vir na pizzaria.
-Nos quem pai? – perguntei sentindo raiva e minhas veias pulsando forte na cabeça.
-Eu, a Sabrina, a Silvana e o Giovane.
-E eu pai? – perguntei com um tom de voz um pouco alterado – Eu estou com fome, porque não me chamou?
-Achei que você estava dormindo, não quis te acordar. Faz alguma coisa pra você comer...
Desliguei o celular antes de ele terminar de falar qualquer coisa.
Eu estava com muita raiva.
Comecei a chorar. As lagrimas caiam pelo meu rosto devido à raiva e a tristeza que eu sentia ao ser excluída da família perfeita.
Comi um pão duro que achei no armário com uma xícara de café.
Enquanto mastigava o pão decidi tomar uma decisão muito simples e ao mesmo tempo bem complicada.
Meu pai estava reconstruindo a vida dele. Eu não estava nessa vida. Então eu não estaria em vida alguma.
Fui ate ao sótão da casa onde ficavam alguns moveis velhos e encontrei justamente o que eu procurava.
Uma pequena embalagem vermelha jogada no canto do sótão.
Eu iria tomar raticida e acabar de uma vez com os problemas do meu pai.
Voltei ate a cozinha, despejei o veneno em minhas mãos, enchi um copo com a cerveja que estava em cima da mesa e tomei tudo de uma vez.
A cerveja estava quente e o raticida tinha um terrível gosto amargo.
Fui para meu quarto com lagrimas nos olhos, deitei na parte de cima da minha cama e fechei os olhos. 
A única coisa que eu tinha que fazer naquele momento era esperar a morte chegar.


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Notas finais do capítulo

Continuo??



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