Amizades E Um Pirulito De Cereja escrita por Bluecats


Capítulo 1
Escritórios, amizades e um pirulito de cereja.




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ESCRITÓRIOS, AMIZADES E UM PIRULITO DE CEREJA.

Ele tentava se concentrar – realmente tentava.  Mas seus olhos sempre se moviam para a cena à sua frente.  Afinal, de quantas maneiras alguém pode chupar um pirulito de cereja?

Meia hora antes, ele estava sentado atrás da mesa do pequeno escritório, satisfeito com o progresso do seu novo livro.  As duas colunas semanais que ele assinava, uma no jornal local e outra numa conceituada revista literária já estavam concluídas e impressas.

Deu uma boa olhada à sua volta.  A sala era pequena, o prédio decadente num pedaço decadente da cidade.  Nem havia muitos móveis, apenas a mesa antiga e sólida, a cadeira alta, as duas cadeiras de visita e o sofá antigo de couro desgastado pelo tempo.  Uma estante rústica, lembrança do tempo em que ele trabalhara como carpinteiro para pagar os estudos.  Uma mesinha e um velho arquivo, cobertos de livros.  As paredes de um azul esmaecido, e o carpete verde já tivera melhores dias.  Ele não se importava, era SEU escritório, e bastava.

Esfregou a face e passou os dedos pelos cabelos, um sorriso leve no rosto.  Tinha sido um longo tempo, desde a faculdade.  Ele deixara para trás os tempos difíceis, seus livros estavam sendo bem vendidos  e ele tinha um nome.  E um rosto, ele sorriu divertido consigo mesmo.  Seu agente o convencera  a fazer uma sessão de autógrafos e fotos, logo depois da publicação de seu primeiro livro, e a reação dos leitores foi impressionante, ele pensou.  Aparentemente, eles esperavam ver um homem de meia idade, e foram surpreendidos pela aparição de um jovem e atraente Jacob Collins.

Especialmente as leitoras, ele lembrou.  A cada novo autógrafo e foto, a expressão no rosto de cada uma delas deixava claro que o consideravam atraente. 

Olhou distraído para o exemplar de sua obra em sua mesa, a foto da contracapa à vista.  Um rosto sério, de profundos olhos azuis, o nariz reto, a boca de lábios rachados e róseos, o queixo quadrado onde se via uma sombra de barba.  Sim, admitiu para si mesmo, ele ainda era um pedaço.

Ele decidiu parar de divagar sobre si e voltar ao trabalho.

* * *

E então aconteceu.  Ele abriu a porta e ela entrou, brindando o escritor com o usual sorriso e simplesmente se instalou em frente à mesa.  Não que isso fosse extraordinário em si, era na verdade já um hábito que ela viesse encontrá-lo no fim do dia.  Eles iriam passar no bar do Nick, conversar e talvez tomar uma taça de vinho.  Ele iria contar sobre o novo livro, ela iria falar de mil outros assuntos.  Ou simplesmente iriam caminhando até o prédio de Jacob, conversando sobre nada e tudo, e ela iria tomar o ônibus para casa. 

Não havia nada de estranho naquilo.  Ela tirou o laptop da bolsa, e permaneceu em silêncio porque sabia que ele ainda estava trabalhando em seu texto.  Ela ficaria lá, esperando, até que ele sinalizasse que havia terminado. Ele retomou seu lugar e continuou a escrever calmamente, voltando algumas vezes para revisar algum ponto obscuro. Ela abriu o laptop e mergulhou no seu mundo virtual.  Era assim todos os dias,  e até aquele momento, o escritor não tinha razão para esperar que fosse diferente.

Até aquele momento.  Porque meia hora depois,  do outro lado da mesa, ela estava muito a vontade, meio deitada na cadeira de visitas, com as duas pernas erguidas sobre o recosto da outra.  Pernas grossas nuas fora do short, pés descalços dede que havia lançado as sandálias à distância.  Mantinha os olhos fixos na tela do laptop que equilibrava no abdômen, uma das mãos movendo-se no teclado e a outra segurando o fatídico pirulito.

Ele começou a sentir uma certa agitação em suas calças, e desviou o olhar, que vagueou lentamente de volta à cena, desobediente.  Ela não chupava realmente o pirulito;  brincava com ele, encostado à boca, passando a língua para umedecê-lo e aí passava o doce pelos lábios, lenta e suavemente.  Então recolhia o sabor com a língua, repetindo aquilo sem parar, a não ser quando algo a interessava especialmente em seu laptop – e aí ela cessava o movimento, os lábios entreabertos e a língua tocando no pirulito – e voltava ao circuito no mesmo ritmo de sempre.

Aquilo durava já uns bons quinze minutos.  Jacob fora atraído para fora de seu trabalho primeiro pelas pernas,  porra! – pernas bronzeadas de coxa e panturrilhas grossas e fortes – sendo decididamente erguidas acima de sua mesa, apanhadas por sua visão periférica e lá se foi o trabalho.  Ele correu os olhos, começando pelos pés delicados, adoravelmente simétricos, embora não fossem muito pequenos.  Depois os tornozelos cheios, e ele teve que reprimir um impulso de morder – o mesmo voltou quando ele percorreu com os olhos o restante da pernas.  A partir de certo ponto, a visão era obstruída pela mesa, para ressurgir a partir do contorno de dois seios pequenos sob uma blusinha despretensiosa.  O colo nu salpicado de pintinhas pretas, os braços delgados e longos e os ombros largos mas ainda femininos.  O pescoço... e o maldito pirulito, vermelho cereja sobre os lábios rosados... e acima olhos escuros semi cerrados pelos cílios espessos, a testa nublada pelos cabelos negros displicentemente presos, de onde escapavam muitas mechas rebeldes e que pareciam que iriam se soltar e espalhar a qualquer momento, em ondas adoráveis...

Ele estava no limite, totalmente excitado, agora, e se remexia desconfortável na cadeira, tentando afastar da mente a visão à sua frente, em vão.

Impulsivamente, tentou interromper a tortura visual:

- Você não pode parar com isso?

Ela ergueu os olhos, surpresa, o pirulito dos infernos tocando o lábio inferior, a boca lambuzada e úmida e brilhante entreaberta, a língua se insinuando para fora... E ele não pode reprimir um gemido curto, dobrando uma perna sobre a outra, como se isso pudesse conter sua excitação.

Ela acompanhou o movimento e o som, e por um instante apenas o fitou com os olhos muito abertos, o pirulito já de volta em seu circuito.  Um sorriso travesso começou a se formar nos lábios cobertos de cereja.  Ela desceu as pernas e rapidamente se inclinou sobre a mesa, apoiada nos cotovelos, olhando fixamente para o escritor visivelmente à beira de um colapso.

O sorriso dela se alargou quando ele se remexeu novamente.  Ela avançou se inclinando sobre a mesa  até a borda oposta, o corpo meio deitado e o queixo apoiado na mão livre.  Na posição em que ela estava, Jacob conseguia divisar com uma assustadora perfeição o conteúdo do decote frouxo e o desenho dos seios que antes ele apenas conseguia adivinhar.  Isso não o ajudou muito a recuperar o controle.

- Você está com uma ereção?! Ela perguntou, o pirulito ainda em seu circuito mesmo enquanto ela falava, os olhos fixos no volume evidente nas calças do homem.

Ele tentou dizer alguma coisa, qualquer coisa, mas só conseguiu engolir em seco e estremecer mais uma vez.

- Posso ver? – os lábios cobertos de sabor cereja brincavam com um sorriso e um brilho de curiosidade  nos olhos dela fez um arrepio percorrer o corpo do escritor.

- N-n-não... ele conseguiu dizer, ainda trêmulo.

- Por que não? – e o tom dela era quase inocente – um caralho de sexy, ele pensou.

- Não! – ele repetiu, dessa vez firme.

O pirulito finalmente foi parar dentro da boca, enquanto ela se levantava apoiada nas duas mãos.  Por um instante, ele pensou que ela iria dar a volta na mesa, mas ela tomou o sentido oposto, levando o laptop.  Deixou-se cair deitada no sofá, a cabeça apoiada no braço do móvel  e os pés sobre o encosto, os cabelos finalmente soltos com o movimento brusco se espalhando em volta de seus ombros como uma onda negra, e uma expressão insatisfeita em  seu rosto.  Lembrava uma criança birrenta.  Ela tirou o pirulito da boca com um POP!, lançou um olhar zangado a Jacob e voltou à rotina de lambe-o-pirulito-lábios-língua-nos-lábios, e o homem estremeceu pela milésima vez.

Ele soltou um longo suspiro.  Agora aquilo iria virar uma guerra, ele sabia.  Afinal, aquela era sua melhor amiga, e ele a conhecia bem.  Bem demais para seu próprio conforto.

***

Eles haviam se conhecido há alguns meses, através de amigos em comum.  Desde a primeira vez que haviam conversado, ele ficara surpreso em ver como eles não tinham quase nada em comum e ao mesmo tempo tanto assunto.  Ele gostou do jeito de ser dela, falando sem rodeios e afetações, e ouvindo com patente interesse tudo que ele lhe dizia. 

Ele a achava atraente, mas não havia realmente nenhum interesse romântico ente eles.  Saíam muitas vezes juntos, a sós ou com amigos, e nunca havia surgido nada nesse sentido.  Ela gostava da companhia dele, ele gostava de estar com ela – e isso era tudo.

Até ali, pelo menos.

Ele olhou para a garota.  Os olhos agora fechados, a expressão de amuo e os braços cruzados sobre o peito (uma das mãos ainda segurava o maldito pirulito e todo aquele ritual ainda acontecia).  Ele suspirou novamente.

Ele a conhecia bem, agora.  Esse era o caso.  Isso significava que ele sabia como aquilo tudo ia acabar.

Porque, ela era curiosa.  Cronicamente.  Às vezes beirava o inconveniente.  Mas isso era parte dela, não era como se fosse apenas uma pessoa intrometida.  Ela simplesmente precisava saber – o que quer que fosse – mas não havia um propósito específico.  Costumava perguntar as coisas mais pessoais  com o rosto mais inocente do mundo, e de fato era, e ela fazia com que as pessoas falassem qualquer coisa para ela, porque ficava claro que ela não usaria a informação para nada.  E as pessoas se abriam com ela  constantemente, movidas pela sensação de segurança que ela transmitia.  E ela era uma boa ouvinte.  Acima de tudo, ela era empática – e isso encorajava as pessoas. E ele a admirava por isso.

Mas ela era curiosa quase que fisiologicamente, ele pensou.  Ela buscava sempre os detalhes, e aí é que começava o verdadeiro problema do caso do pirulito.

Porque os detalhes, ora que inferno, haviam detalhes...

( - Posso ver?)

Ok, era uma pergunta estranha.  Não para ela, e ele sabia.  Ela estava diante de um acontecimento inédito entre eles, ele estava com uma ereção motivada por algo que ela havia feito.  Ela simplesmente precisava ver.

(- Por que não?)

Ai, que inferno! – ele tentou não realizar a cena na sua mente, mas já era tarde.  Ele abaixaria as calças e ela se aproximaria e examinaria o membro ereto dele – longamente, o tal circuito do pirulito de cereja ainda acontecendo.

E seria uma tragédia, ele sabia.  Porque certamente isso o excitaria ainda mais, e ele iria estremecer, como agora, e seu membro chicotearia, como agora... E ela iria querer tocar...

E ele se conhecia, porra! E ela iria olhar para ele com aqueles olhos muito abertos e ele não iria resistir, e aquilo era uma coisa que não poderia acontecer.

Porque, vejam bem, ele era casado.

E ela, bem, ela estava comprometida com um de seus melhores amigos...

Como diabos ele foi parar naquela situação! Ele se desesperou, passando as mãos pelos cabelos já normalmente despentados.

- Humpft! – ela resmungou, abrindo os olhos, realmente irritada.  Ele nunca a vira assim.

Irritada e fazendo o-caralho-do-circuito-do-pirulito-de-cereja!

Ele tomou uma decisão.  Resignado, levantou-se, reunindo toda a serenidade que era capaz.

E foi até o sofá.

Ela o encarou, fúria evidente nos olhos escuros.

Ele ia precisar de muita serenidade.

- Ok. Olhar. Rápido. – a voz dele saiu falhada, rouca, e ele engoliu em seco como ela se sentou lentamente.

Oh, merda, ela estava bem em frente à ele, os olhos na altura exata do volume em sua calças, e o diabo do pirulito...

Ele abriu o botão, o zíper, o coração cada vez mais acelerado como ela olhasse diretamente para ele, acompanhando cada movimento dos dedos do homem.

E o pirulito de cereja passeava pelos lábios entreabertos...

Dessa vez ele conteve o gemido que ameaçava sair de sua garganta.

Ele abaixou as calças até os joelhos.  Ela passou a língua no pirulito, desviando o olhar para os olhos azuis à sua frente por um momento.

Ele sentiu sua sanidade escapando...

Afastou a boxer, os dedos trêmulos, e seu membro surgiu muito ereto, ligeiramente inclinado para a esquerda.

O pirulito passeou pelos lábios.

Oh, lá estava, uma chicoteada pronunciada, e já não dava para conter o gemido que lhe ocorreu.

Pelo que pareceu a ele uma eternidade, ela apenas olhou, lábios entreabertos e o pirulito parado a meio caminho da língua...

Ia ficar tudo bem, ele pensou, esperançoso...

Ela olhou novamente para ele.  Um sorriso predatório começou a surgir nos lábios ainda lambuzados de cereja.

Ele engoliu compulsivamente, um arrepio lhe percorreu como uma onda de choque.

O pirulito foi jogado de lado, enquanto ela descia lentamente sobre os joelhos, em direção a ele.

Ele gemeu novamente, quando sentiu a língua quente que circulou a ponta de seu membro, que foi lentamente esfregado em torno de uns lábios muito atrevidos...

* * *

Ele nunca mais poderia olhar tranquilamente para um pirulito de cereja.


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Notas finais do capítulo

Nota da autora: Isso surgiu depois de um sonho estranho que eu tive com Misha Collins. E sim, a personagem feminina é meu alterego. E sim, eu nunca mais pude olhar para um pirulito de cereja novamente.
Deixe-me saber o que você acha disso deixe seu comentário, isso vai me fazer muito feliz.



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