Apollos Love escrita por FurryWorld101


Capítulo 5
Acampamento Meio-Sangue




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A arrumação das malas foi feita em completo silêncio. Eu ainda não acreditava que minha mãe tivesse omitido coisas tão importantes durante a minha vida inteira. A viagem foi cansativa, durou mais de um dia inteiro com todas as escalas. Após chegar no continente de navio e pegar um avião até Manhattan, Mamãe alugou uma van e fomos dirigindo até Long Island.

Sinceramente, eu estava cansada, de mau humor e preocupada com meu padrasto, portanto não fui a companheira de viagem mais agradável do mundo. A única coisa que me fazia ver uma luz no fim do túnel era o fato de eu finalmente poder interagir com outros adolescentes. E não adolescentes comuns, mas adolescentes exatamente como eu!

(É claro que, se qualquer pessoa me visse exatamente agora – com a carranca enfezada e as olheiras por não dormir direito – sairia correndo, mas eu não queria me preocupar com isso naquele momento.)

Outra coisa que não saía dos meus pensamentos era Apolo. Como era possível alguém ser tão lindo? Ok, ele é um deus, mas... Puxa!

É claro que eu tinha esperanças de vê-lo de novo. Mamãe e Takezo disseram que não é comum deuses aparecerem para semi-deuses, mas, se Apolo tinha me considerado importante o suficiente para me dar uma mãozinha e impedir minha morte, então ele queria que seu estivesse viva, não? E, se ele me queria viva, tinha que haver uma razão.

Foi em meio a esses pensamentos maravilhosos que eu adormeci, finalmente caindo em um sono profundo o suficiente para que pudesse descansar. Assim que peguei no sono, uma imagem da figura de Apolo ficou bem nítida em meus pensamentos. Tão real que, num primeiro momento, eu não sabia ao certo se estava sonhando ou não.

No sonho, eu estava no meio de uma plantação de morangos muito vistosa. O sol estava se pondo, tingindo o céu de tons de laranja e lilás, com um toque de rosa como se os morangos tivessem se misturado às nuvens e formado um milkshake no céu. Com esse pensamento, Apolo riu, e foi quando notei sua presença. Ele estava lá entre os morangos, iluminando-os com seu brilho dourado.

– Milkshake no céu? Você é engraçada, filha de Poseidom! – ele riu mais uma vez – De onde tira essas ideias? Poderia fazer um haiku com isso!

Tentei responder, mas minha voz no sonho não saiu. Comecei a ficar desesperada, querendo urgentemente falar com ele. Apolo sorriu, me acalmando.

– Não tenha pressa, pode me responder mais tarde, neste mesmo lugar.

No mesmo lugar? Ele queria dizer nos meus sonhos?

– Você vai saber – disse ele - Está bem próxima agora.

Apolo começou a desaparecer junto com a paisagem. Não! Eu queria gritar. Não me deixe!

– Até mais tarde, Cloé Stone.

Apolo pronunciar meu nome com sua voz tão melodiosa me fez estremecer e acordar em um sobressalto.

Bem nessa hora, Mamãe tirou a atenção da estrada para falar comigo.

– Ah, está acordada, filha!

– Acabei de acordar... – esfreguei os olhos, me endireitando no banco de trás para ficar sentada – E aí, alguma novidade? Já estamos chegando?

Dessa vez a pergunta saiu ansiosa e animada, e não deprimida e mal humorada.

– Na verdade... Acabamos de chegar – disse Takezo.

Quando dei por mim, havíamos estacionado ao lado de uma colina que, no topo, possuía duas imensas pilastras gregas com os dizeres: Acampamento Meio-sangue, em grego antigo. Na verdade, eu só soube que era grego antigo graças a Takezo, que falou isso para mim e minha mãe. Eu conseguia ler os dizeres perfeitamente como se fosse minha língua nativa, já Mamãe não podia dizer o mesmo...

Quando chegamos o sol estava a pino, bem no meio do céu. E o acampamento estava cheio de gente, em plena atividade. O caminho que estávamos seguindo era ladeado pelos dois lados com estátuas e vasos gregos, por onde passavam crianças e jovens vestindo camisetas laranjas, além de alguns sátiros e ninfas. Fiquei simplesmente embasbacada.

No topo da colina também havia um único pinheiro com algo dourado entre os ganhos.

– O que é isto? – quis saber.

– Isso é o Velocino de Ouro – respondeu uma garota que surgira aparentemente do nada. Ela batia nos meu peito, devia ter uns 13, 14 anos. Tinha o cabelo loiro escuro e os olhos acinzentados – Muito prazer, meu nome é Linda Campbell. Quíron avisou que receberíamos uma nova integrante e eu sou a responsável por levá-los diretamente ao nosso diretor na Casa Grande.

Ela falava muito rápido, talvez estivesse nervosa.

– Sigam-me.

Seguimos a garota pelo resto do acampamento. O lugar era imenso! Haviam vária áreas gigantescas para os mais diversos treinos que pudessem preparar a todos para a dura vida de um semi-deus. Oh! Aquilo era uma escalada com lava?

Enquanto andava também percebia diversos chalés espalhados pelo campo. Um era mais esquisito e diferente do que o outro. Eram tantos que eu não conseguia contar.

– Cada chalé representa um deus grego. Antes só haviam 12 em homenagem aos Doze Grandes, mas isso mudou depois da grande luta com Cronos. Foi ideia de Percy Jackson, claro. Sei que a maioria o adora por ter salvo o mundo e tal, mas o filho de Poseidon é tão metido.

Espera... Esse Percy Jackson é o tal meio-irmão de que nunca ouvi falar? E ele salvou o mundo??

Logo chegamos na tal Casa Grande, uma casa imensa e antiga em madeira. Nada de mais, se comparada a toda a majestade grega do acampamento. Linda nos levou para dentro. Ela era azul celeste e possuía quatro andares. Após rodar todo o primeiro andar, Linda parou em frente a uma porta pela qual já tínhamos passado e bateu.

– Pode entrar – respondeu uma voz grave.

Entramos em um pequeno escritório onde um homem de meia-idade de cabelo castanho comprido estava sentado em uma cadeira de rodas. Assim que entramos o homem se apresentou como Quíron. Pelo o que eu tinha entendido, Quíron era um centauro e eu estava doida para conhecê-lo. Com certeza não poderia ser esse homem paraplégico. Mas esse Quíron aparentava muita vivacidade e segurança, apesar de tudo. Nos cumprimentou e me fez assistir a um vídeo longo de iniciação aos novatos que falava tudo o que eu precisaria saber sobre o Acampamento Meio-Sangue. As atividades, a hora das refeições, as reuniões ao redor da fogueira e a atividade especial das sextas-feiras: captura da bandeira.

Fiquei especialmente empolgada com essa atividade. Parecia ser muito divertida! Mas porque aquelas espadas do vídeo pareciam tão reais...?

O vídeo explicativo logo terminou e Quíron entregou algumas papeladas para minha mãe assinar.

– Muito bem, Cloé – disse ele com um sorriso após recolher os papeis novamente - Você é oficialmente um membro do Acampamento Meio-Sangue agora!

Mamãe e Takezo não continuaram o tour comigo. Pelo o que parecia, eles tinham um assunto importante a resolver com o líder do acampamento. Deixei eles lá e segui Linda numa boa, até perceber que eles provavelmente discutiriam sobre o ataque de monstros à nossa casa e como faríamos para resgatar o marido de minha mãe. Quis voltar, mas Linda me assegurou que era melhor não interromper. Além do mais, poderia perguntar à minha mãe mas tarde. Ela percebeu que foi um erro não contar o resto da verdade para mim, então acho que estaria disposta a cooperar.

Quando Linda me perguntou o que eu queria ver primeiro, respondi prontamente:

– O chalé de Poseidon.

Minha nova casa, o chalé de Poseidon, era baixa, longa e sólida. Todas as janelas, imensas, davam para o mar, o que me fez amar o local logo de cara. Como se isso não fosse o suficiente, tudo era repleto de pedaços de concha e coral, dando a impressão de que estávamos mesmo no fundo do mar. Haviam seis camas de beliche, no momento desocupadas. Apenas uma possuía uma depresão no colchão que sugeria o uso frequente. Todas as outras pareciam não ter sido tocadas há um tempo, talvez nunca.

Bom, se sou só eu e Percy Jackson, então realmente não vou ter muitos colegas de quarto.

A última coisa que percebi foi uma fonte também feita de pedra acizentada, onde uma estátua de peixe cospia água no fundo, repleto de plantas marinhas exóticas e algumas moedas douradas.

Dracmas de ouro, reconheci do meu livro de história. A moeda grega.

Nesse momento, um garoto moreno de olhos verdes apareceu na porta e pareceu surpreso.

– Olá, Percy - disse Linda.

– Er… oi. O que está fazendo aqui e não no seu chalé de Athena?

– Estou mostrando o acampamento para Cloé Stone. Ela vai ser sua nova colega de chalé.

– Colega de chalé? - ele estranhou, e então a ficha caiu.

Acho que Percy Jackson percebeu que somos parentes, e não poderia estar mais confuso com isso. Constrangedor. Eu mesma não sabia o que fazer.

Então, para quebrar o gelo, dise com humor:

– E aí, maninho?

Percy arregalou ainda mais os olhos e Linda pigarreou.

– Bom, vou dar um momento para vocês. Acho que você conseguirá outro guia para lhe mostrar o acampamento, Cloé.

– Ok - falei, sem conseguir pensar em mais nada.

Linda foi embora e nos deixou sozinhos.

– Você também é filha de Poseidon? - perguntou Percy assim que Linda saiu.

Bom, achei que isso estivesse implícito. Pelo visto meu meio-irmão é meio lentinho.

– Sim.

– Puxa… - ele passou a mão por trás do pescoço - Mesmo já tendo passado por isso, ainda é meio chocante.

– Passado por isso o quê?

– Saber que eu tenho um irmão.

– Você tem outro irmão? Quer dizer, nós temos outros irmãos?

– Ah, pode crer - disse Percy - Vários. Mão não como você deve estar imaginando.

Obviamente, Percy teve que se explicar.

Poseidon tem muitos filhos. Ele vive com sua esposa Amphitrite no oceano, onde possui vários filhos, como Tritão. Sim, tenho irmãos sereios e irmãs sereias! Além disso, também teve filhos com outras deusas e mortais. Percy é o filho de Poseidon com uma mortal, assim como eu. Somos os únicos filhos semi-deuses de que se tem notícia. Mas uma coisa que eu não sabia é que Poseidon é pai dos ciclopes. Um deles, Tyson, visita o acampamento vez ou outra e era o único irmão com quem Percy mantinha contato. Até agora.

Percy era um garoto fácil de se conversar. Me pareceu simpático e logo me dei bem com ele. Ele é bonito, e não acho que pareça nem um pouco comigo. Quer dizer, temos os olhos verdes característicos do nosso pai - disse Percy, porque eu nunca vi o Papai -, mas minha pele é bem mais escura e, ao contrário, meu cabelo é mais claro. Percy disse que eu puxei a pele bronzeada de nosso pai, no entanto Poseidon tem cabelos negros como os dele. O meu é um castanho escuro, bem cor de chocolate.

Percebi que gostava de ouvir a respeito do meu pai, Senhor dos Mares, mas logo Percy foi interrompido com uma batida na porta, onde uma garota loira o esperava. Ela franziu o cenho quando notou a minha presença, e Percy se apressou em dizer, com um pouco de humor:

– Annabeth, conheça minha irmãzinha.

Ei, talvez sejamos mais parecidos do que eu achava.

Annabeth imediatamente se tornou mais simpática comigo. E eu também gostei dela. Comecei a achar que todos no acampamento eram simpáticos, mas Percy negou.

– Ué, por quê?

– Filhos de Ares - disse ele simplesmente, como se explicasse alguma coisa. Quer dizer, para mim não explicava nada - Você logo vai entender - Percy acrescentou.

Ele e Annabeth continuaram com o tour. Fiquei surpreendida pelo tamanho do lugar, que era tão grande. O terreno ainda incluia toda a floresta onde era realizada a Caça a Bandeira. Estava ansiosa para a minha primeira vez, mas quando disse isso Percy fez uma careta. Annabeth riu.

– O que foi?

– Percy não tem boas lembranças da sua primeira Caça a Bandeira.

E então descubri que aquelas espadas do vídeo eram mesmo reais. E de repente não me sinto tão ansiosa assim. Pelo menos não de forma positiva.

– Vamos agora a um de meus lugares preferidos do acampamento! - disse Percy.

Quando chegamos, meu queixo caiu. Estava na plantação de morangos do meu sonho.


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Notas finais do capítulo

Onde será que está o Apolo? hihi ^///^