POV da Willow

 

Não sei se eu me precipitei em ter contado a Edward toda a verdade pro trás da saída de Bella de Vancouver. Eu sei que nem sempre o certo é o necessário, mas algo em mim, dizia que aquilo que eu havia feito era o necessário, não o certo. Agora nós - Edward e eu - estávamos num vôo que duraria três horas até Seattle, depois, mais uma hora e meia até Forks.

 

- Ela é tão importante assim para mim? - Edward me perguntou.

- Acredite, você já quase se matou por ela... - Murmurei, lembrando-me da pequena viagem de três dias até Volterra.

- Porque não consigo me lembrar muito bem dela? - Ele tornou a perguntar.

- É um feitiço poderoso e, foi executado com muita perfeição por alguém que é muito poderosa. - Eu respirei fundo. - Precisamos encontrá-la. Eu preciso saber porque eu não consigo senti-la.

 

Edward não falou mais, apenas disse-me para que eu dormisse um pouco, tentasse relaxar e que, de alguma maneira, isso daria certo. Minha mente vagava. EU me concentrei em tentar ver Bella, ver o que se passava na cabeça daquela pessoa teimosa, mas eu via apenas um vazio. Um grande espaço negro, que sugava minhas forças e emanava tristeza. Bella se sentia assim.

 

Meu corpo estava cansado quando acordei. Parecia que eu tinha acabado de sair de uma guerra. Esperamos mais alguns minutos e então a comissária de bordo, avisou que estávamos pousando no aeroporto internacional de Seattle. Peguei minha bagagem de mão, Edward pegou sua mochila com qualquer provisão que precisássemos e descemos do avião.

 

- Charlie. É Willow. - Disquei rapidamente o número da casa de Bella.

 

"Oi Will. Estão chegando?"

 

- Estamos saindo de Seattle. Daqui a mais ou menos uma hora e meia, estaremos em Forks.

 

"Tudo bem garota. Quem está vindo com você?" Charlie perguntou.

 

- Edward. Como Bella está?

 

"Dormindo. Ela dorme profundamente á dois dias inteiros Will. Seth tem verificado a pulsação dela está normal."

 

- Tudo bem, Charlie. Obrigada. Logo estaremos aí. - Desliguei o telefone.

 

Edward corria como um louco. Bella tinha razão quando dizia que ás vezes tinha medo, ele realmente corria como um louco. Não é á toa que gostam de carros velozes, não é?

 

De repente, Edward freou com tudo no meio da estrada deserta. Eu olhei para frente e vi a imagem de alguém que eu já conhecia. Moreno, cabelos curtos, de bermuda, sem camisa, nos encarando sem desviar o olhar. Edward ía tirar seu cinto, quando eu tentei impedi-lo. Uma batalha com um lobisomem não seria muito boa nesta altura do campeonato. Eu saí rapidamente do carro e fui atrás deles.

 

- Ora, ora... quem voltou! - Jacob disse alto.

 

- Jacob. - Edward murmurou.

 

- Veio salvar sua donzela? - Jacob alfinetou. Eu ouvi Edward rosnar.

 

- Olhe aqui, - sussurrei para Edward, mesmo sabendo que Jacob estava ouvindo. - Agora não é um bom momento para brigarmos com o cachorro. Temos outro assunto para resolver.

 

- Então é verdade, você deixou Bella de novo. Eu sabia que isso aconteceria. - Jacob murmurou.

 

- Escute aqui cachorro... - Eu disse entre dentes. - Esse assunto não é da sua conta. Houve um real motivo para Bella estar aqui e, se for conveniente, nós explicaremos á você. Mas agora, saia da frente ou eu não me responsabilizo pelos meus atos.

 

- Como se você pudesse fazer alguma coisa! - Ele riu.

 

- Preste atenção. Se eu resolver machucar você, vai ser para valer. Então. Saia. Da. Minha. Frente. - Eu disse pausadamente. - Vamos!

 

Chamei Edward - que rosnava baixo - para voltarmos ao carro. A chuva tinha começado a cair sobre a estrada, eu respirava fundo tentando me controlar, porque eu sabia que se me descontrolasse, eu iria acabar fazendo algo explodir. Lobisomens sempre me tiraram do sério. Aliás, não era só a mim, Edward estava tenso, as mãos dele seguravam o volante com um pouco de força - mais do que o necessário - e o olhar dele não era lá muito amigável.

 

- Willow, durma. Ainda temos pelo menos mais de quarenta minutos dentro do carro. - Edward murmurou. - Você está péssima.

 

- Esse é o problema. Me conectar a mente de Bella é fácil quando durmo, porque eu deixo tudo ara trás e me concentro só em uma coisa. Mas quando faço isso, eu vejo a mente dela. E isso, me deixa pior. - Falei.

 

- Aquele cachorro me irritou. - Edward confessou.

 

- A mim também. Ele era bem amigo da Bella, sabe. Mas tem coisas que você não gosta muito de lembrar quando encontra ele, porque ele insiste um mostrá-las á você.

 

- Ele não sabe sobre vocês.

 

- Não, não sabe. E eu gostaria que não ficasse sabendo. Eu chego a pensar que eles apenas... acham que somos diferentes. - Resmunguei.

 

O resto da viagem foi silenciosa. Forks estava com o céu nublado, chovendo e um pouco fria - para variar. As ruas estavam desertas, somente algumas lojas eram abertas, mas nada além disso. Eu sentia falta dalí, de uma cidade calma, melhor que Vancouver, que era relativamente grande em relação á Forks.

 

Eu mostrei o caminho para a casa de Bella á Edward. Quando paramos o carro em frente, Charlie e Seth estavam na soleira nos esperando. Edward rosnou baixo.

 

- Seth é um bom garoto. Ele é seu amigo, acredite. Bem diferente de Jacob. - Falei. - Vamos. Quero ver minha irmã. - Eu sorri.

 

- Certo. Vamos lá.

 

- Will! - Charlie me deu um abraço apertado. - Senti sua falta, garota! Minha filha!

 

- Eu também, Charlie! - Sorri.

 

- Hey, Edward! - Seth o cumprimentou.

 

- Ei, Seth! - Edward sorriu.

 

- Desculpem, não vou poder ficar. Tenho que ir até a reserva. Vou ajudar Leah com algumas coisas, passaremos o fim de semana lá. - Seth disse. - Até mais.

 

- Até, Seth! Nos vemos por aí! - Eu acenei.

 

- Cuide da Bells, ok?

 

- Claro.

 

- Está calado, Edward. - Charlie murmurou. - Porque ele ainda não pediu para vê-la?

 

- Edward e os outros Cullens estão enfeitiçados. - Contei.

 

- Co-como? - Charlie tossiu.

 

- Um vampiro, chamado Damon chegou em Vancouver. EU não sei bem o que ele disse a Bella, mas sei que ela teve que ir com ele para sei lá onde. - Continuei a contar. - Damon amava Victoria, que amava James, que queria Bella. Essa é a saga. - Eu ri.

 

- E como eu a encontrei lá na beira do lago?

 

- Bom, isso eu não posso explicar. A última coisa que Bella me mostrou era a beira do lago. E disse algo sobre Seattle. - Eu contava enquanto preparava um refresco. - Pelo jeito, Bella arranjou um jeito de destruir Damon. Na verdade, ele não sabia sobre o que ela era, até... o momento da batalha.

 

- E o motivo de Edward estar enfeitiçado... é?

 

- Bom, quando a isso... - Murmurei. - No dia do meu aniversário, eu estava num ritual de... amadurecimento dos meus poderes. Logo depois, Bella se despediu de todos e lançou dois feitiços. Um sobre ela e um sobre os Cullens, Bill e Sookie. Somente eu não podia ser enfeitiçada. O feitiço que ela lançou sobre os Cullens é um que esconde a lembrança verdadeira, então quando eles a viram, olhavam para ela... lembravam-se dela, como minha irmã, que estava indo viajar a trabalho.

 

- Só que Alice e eu começamos a lembrar de algumas coisas, quando estávamos no piano... - Edward finalmente falou. - Eu sei que ela é bem importante para mim, Willow me contou algumas coisas, mas ainda não me lembro de nada.

 

POV de Edward

 

- O feitiço que Bella lançou sobre ela mesma, ela somente para que Damon não desconfiasse das emoções verdadeiras dela...

 

- Tudo para mantê-los á salvo. Essa é minha Bella.- Charlie murmurou. - Venham.

 

Nós subimos as escadas e entramos num quarto de paredes lilás e com alguns desenhos grudados em um mural com fotos. A garota... Bella... estava deitada na cama, seus olhos fechados, sua respiração bem calma, havia um par de olheiras sob seus olhos e, a sua mão esquerda, a aliança que era da minha mãe.

 

Willow sentou ao lado dela na cama e chamou por seu nome, mas nada acontecia. Então, uma brisa leve, mas com um aroma incrivelmente apelativo, entrou pela janela do quarto. Aquele era o aroma dela. E aquele aroma me envolveu, como se houvesse uma película transparente ao meu redor. Minha mente foi invadida por inúmeras lembranças; minhas mãos foram para minha cabeça, como se eu sentisse uma forte dor. Eu via tudo girar, se eu não fosse um vampiro, naquele momento, eu estaria desmaiado.

 

De repente, um grande rosnado saiu de meu peito e, dois segundos depois, tudo cessou. O aroma só vinha do corpo de Bella, eu estava de joelhos no chão, com as mãos na cabeça e - por algum motivo que eu desconhecia -, conseguia me lembrar de tudo.

 

- Bella... - Murmurei me pondo de pé e indo ao seu lado.

 

- Você se... lembrou? - Willow perguntou incrédula.

 

- Por algum motivo... sim. - Respondi. - Bella, meu amor, acorda.

 

Eu a tomei em meus braços e a abracei. A dor que eu sentia de uma perda esquecida, já não estava mais em mim. Agora, um sentimento de agonia e preocupação tomava conta. Willow foi até sua mochila e tirou um livro de capa roxa, com um pequeno simbolo no meio. Semelhante ao de Bella.

 

- O que vai fazer? - Charlie perguntou.

 

- Se eu não posso acordar a Bella de um jeito, vi ser de outro. - Willow murmurou.

 

- A pulsação dela está muito fraca... - Murmurei. - Existe algo que eu possa fazer?

 

- Na verdade, existe. Você precisa chamar a atenção dela, de algum jeito. - Willow murmurou folheando rapidamente ás páginas do livro. - Bella está enfraquecendo cada vez mais.