POV de Bella

Eu estava com raiva.

Como ele pôde. Eu me senti ferida.

Nenhum dos meus amigos, nem mesmo Charlie ousaram fazer algo assim. Quer dizer, sei que parece loucura, mas é a forma como eu encontrei de conseguir ser quase-normal. Sofrer em silêncio. Mas não, tinha que ter alguém que quisesse acabar com o meu único tesouro. Cachorro idiota.

Enquanto eu estava aqui, manchando meu casaco inteiro de lágrimas e soluçando como uma bêbada, eu senti a porta atrás de mim abrir.

- Bella? – A voz me disse.

- Há! Sério Bella, agora você enlouqueceu. – Eu resmunguei para mim mesma.

- Bella? – A voz aveludada voltava a me chamar.

- Ótimo! Melhor alguém chamar o Charlie, porque precisam me internar. Já estou ouvindo vozes. – Eu continuei com a cabeça abaixada nos joelhos, enquanto a voz tornava a falar.

- Vire-se, Bella. – Ordenou a voz. E eu obedeci. – Você está bem?

- Nossa, agora eu tenho alucinações com a Alice. Oi Jasper, você também é a minha alucinação! – De repente senti duas mãos frias em meus ombros, me sacudindo.

- Isabella Swan! Se acalma, sou eu, Alice!

- É você sim, Alice, eu vejo você... – Eu chorava desesperadamente. Meus soluços passaram a ser altos e mais constantes. – Alice, ah, Alice.

Eu a abracei. E, a partir daí, não me lembro de mais nada. Acho que desmaiei.

POV de Alice

“Diga Alice.” – Liguei para Carlisle.

- A Bella está aqui conosco. Pai, ela desmaiou, nós a encontramos sentada chorando, chorando muito. Soluçando. Ela me abraçou e... apagou. – EU não podia deixar que algo assim acontecesse.

“Nós iremos aí. Estamos á caminho.” Ele desligou.

- O que faremos? Se ela acordar e tiver um ataque? – Perguntei.

- Vamos esperar. Melhor você ligar para o pai dela. Ele precisa saber do que aconteceu. – Jasper me falava, dando o celular de Bella.

- Não vai precisar. Três... dois... um...

“Alô? Bella!” Era Charlie no telefone.

- Charlie? Sou eu, Alice Cullen.

“Alice, o que faz com o celular de Bella? Jacob me ligou, disse que ele queria tirar a caixa da Bella e ela não deixou. Onde ela está Alice?!”

- Calma. Bella, assim que saiu de casa, veio para cá, minha casa, Charlie. Ela achava que não tinha ninguém. Pode vir aqui se quiser. Aí nós conversamos. – Eu falei, tentando parecer calma.

“Oh, obrigado Alice. Estou indo aí. Daqui a uns dez minutos apareço.”

- Ok, até mais. – Encerrei a chamada. – Como ela está?

- Dormindo. Mas ela ainda está soluçando. Está inquieta. – Jasper me falou.

- Charlie estará aqui. Ele vai contar o que o cachorro fez a ela. – Informei.

- Certo. Daqui a duas horas, todos estarão aqui. – Jazz falava.

- Sim, então veremos como ela reage.

Dez minutos depois...

- Olá Alice, oi Jasper. – Charlie nos cumprimentou. – Onde ela está?

- Não se preocupe, ela está dormindo no quarto da Alice. – Jasper respondeu.

- Sente-se Charlie, me conte TUDO. Ah, sim, daqui a duas horas, meus pais e meus irmãos estarão aqui. – avisei a Charlie.

- Bom, foi muito difícil para ela. Bella ficou desolada por meses. Ela não queria aceitar, até que Jake e os amigos dela do colégio tentaram anima-la um pouco. As coisas melhoraram, mas sempre parecia que faltava algo nela, parecia que ela estava sem vida. Depois de um tempo, Bella achou uma caixinha de madeira, - Charlie apontou para a caixa que estava em cima da mesa. – que Edward tinha dado para ela. Dentro dessa caixa, estão todas as coisas que lembrem vocês. TUDO. ABSOLUTAMENTE TUDO.

- Isso é... não sei o que dizer. – Jasper comentou.

- Sim, depois disso, Bella melhorou um pouco. Mas ela jamais deixava que alguém chegasse perto daquela caixa. Somente Ângela e, acho que Jacob, hoje, quando ele foi almoçar com Bella. Ela tinha deixado em cima da mesinha, onde ela passava todos os dias e via todas as fotos. Foi então que Jacob, segundo ele me contou, pegou a caixa e disse a ela que não devolveria...

- Péssimo isso... – Interrompi.

- Pois é, o garoto vacilou. Ele atingiu Bella no ponto mais fraco dela. Sabe, ela estava se recuperando. Renée me disse, pelo telefone, que Bella jamais esqueceria ele e que assim, ela se sentia mais reconfortada, então por isso eu não falei nada. – Charlie suspirou. – Será que... vocês poderiam me dizer se... ele a ama ainda?

- Meu irmão a ama muito Charlie. – Jasper respondeu. – Nós só estamos meio receosos em como ela vai reagir ao vê-lo.

- Nós achamos que ela entrou em choque. – Falei, enquanto levantava para abrir as cortinas. – Ela estava chorando e soluçando, como que desesperadamente. Então, quando abrimos a porta, ela, de início, pensou estar louca. Mas depois, me abraçou e... desmaiou.

- Essa é a Bella. Ela vai sair do mundinho dela, só quando achar que está segura. Sabe, espero que ele não vá embora de novo. Quer dizer... – Ele hesitou um pouco e olhou para cima. – Vocês vão ficar, não é?

- Vamos sim. Sabe Charlie, meu irmão estava quase enlouquecendo, na verdade, nós viemos para ver como ela estava e como reagiria se nos visse. Acho que ela só reagiu assim porque estava profundamente frágil. – Jasper dizia.

- Se importam se eu esperar o Dr. Cullen aqui e, posso ver a Bella? – Eu assenti e levei Charlie até o quarto. Bella estava encolhida, como uma bola, e soluçava.

Duas horas depois...

POV de Edward

Por mais rápido que eu dirigisse, o máximo que eu consegui foram duas horas. Mas já é alguma coisa, uma viagem de seis horas, durarem duas.

Cheguei em Forks e fui direto para casa. Nesse meio tempo, Jasper já havia me contato tudo o que tinha acontecido, se eu não estivesse extremamente preocupado com a Bella e se eu não respeitasse o tratado e o meu pai, já teria quebrado o pescoço daquele cachorro sarnento.

- Olá Chefe Swan. – Cumprimentei-o.

- Oi Edward. Bom, espero, sinceramente, que Bella melhore com você aqui. – Eu também, completei mentalmente. Esperei que meu pai fosse vê-la, antes de eu subir.

- Bom, suponho que ela vá acordar daqui a pouco – Quando ele disse, suponho, ele quis dizer, Alice viu que ela acordará em... – Vamos deixar que Alice e Jasper a vejam primeiro. Ela entrou em um estado de choque emocional e o psicológico dela ficou balançado.

- Claro. Mas posso estar junto, Dr. Cullen? – Charlie perguntava.

- Deve, Charlie. Podem subir.

Eu fiquei na sala, sentado, ainda me sentindo impotente, enquanto Charlie, Alice e Jasper subiam para esperar Bella acordar. Neste exato momento, estou ansioso, impaciente, “morrendo” de raiva de um certo lobisomem e “morrendo” de preocupação com a pessoa que era a minha vida.

POV de Bella

Eu ouvia murmúrios. Três vozes que chamavam meu nome. Mas eu me sentia pesada, meu peito doía. Acho que foi de tanto soluçar e chorar. Quem diria, tudo por causa de uma caixa.

Eu começava a ouvir as vozes cada vez mais claras. A primeira era de Charlie, as outras duas, eram de Alice e Jasper, mas eu acho que minhas ilusões não tinham sumido ainda.

Apertei os olhos e, finalmente, os abri.

- Bells, oh Bells, me desculpe pelo Jake! Estamos aqui agora. – Meu pai me falava. Foi quando eu vi duas figuras, uma feminina, esguia, de cabelos repicados e um alto, loiro, abrançando a menor.

- Cadê... o que... estou ficando louca pai. Alice e Jasper, eu os vejo... – Ótimo. Louca, definição perfeita.

- Não Bells. Estão todos aqui. – Meu pai respondeu.

- Oi Bella! Desculpe-nos pelo susto. – Ela era, definitivamente, a Alice. Eu levantei e a abracei. Voltei a chorar. – Calma Bella.

- Olá. Se acalme, você está nervosa. – Jasper piscou para mim.

Eu estava mesmo, mesmo, mesmo e mesmo na casa deles. Foi quando eu vi. Esme, Emmet, Rosalie e Carlisle. Todos entraram no grande quarto.

- Ei Bella! – Emmet veio me dar um abraço.

- Bella, oh, minha querida, ah fiquei tão preocupada. – Esme. E agora que eu não iria parar de chorar.

- Olá Bella. Nos deixou preocupados. – Carlisle entrou no quarto me oferecendo um copo com água. – Tome.

- Obrigada. – Peguei e tomei toda a água que tinha ali.

- Ah, oi Bella. – Por incrível que pareça, Rosalie sorriu. E eu retribuí.

- Oi Rosalie... – Mas ainda faltava um. Ele não estava ali. Eu comecei a entrar em desespero novamente. – Ah... falta um... – murmurei.

- Bom, como você entrou em choque quando viu Alice e Jasper, imaginamos que seria melhor que você nos visse aos poucos. – Para tudo. Eu entendi mal? Ele estava lá?

- Mas... onde? – Perguntei.

- Porque não desce até a sala? – Alice piscou para mim.

Pela primeira vez, em quase um ano, eu estava quase feliz.

Eu continuei chorando e, agora que Alice me disse que ele estava lá, na sala, as lágrimas foram se tornando bem mais constantes.