{...} - Sim. Os marotos.

Um grunhido atrás de nós indicou que tínhamos companhia.

–Droga. Não deveríamos ser vistos por ninguém! – Praguejei baixo enquanto me virava.

Um garoto gorducho e rosado estava deitado na cama da enfermaria, com o braço enfaixado. Tinha cabelos cor de mel, oleosos, e olhava para nós, confuso.

–É claro que são. E quem são vocês? – perguntou, numa vozinha irritante. Reconheci imediatamente Pedro Pettigrew. Harry segurava a varinha com mais força do que deveria.

E então, o trem saiu dos trilhos. As cortinas em que nos escondíamos se abriram abruptamente, e os três marotos entraram. Prof. Lupin vinha na frente, seguido dos outros dois, e continuou falando, sem perceber que nós estávamos ali.

–Pedro, sinto muito por ontem, de verdade. Sabe que eu não reconheço os amigos quando... – Sirius o cutucou, E então ele percebeu que não estavam sozinhos. – Hã... Quem são vocês?

Senti que minhas mãos suavam. Harry estava parado, quase não piscava. Não fazia idéia do que ele estava sentindo, vendo o pai tão perto de si, e ao mesmo tempo tão longe. Precisávamos sair dali antes que algum desastre acontecesse no espaço e tempo.

–Oi.

Todos olharam para Gina, que ficou mais vermelha do que os próprios cabelos, com toda aquela atenção, mas continuava sorrindo, agora de uma forma meio afetada.

–Ah, por Merlin, você é James Potter! - Ela gritou, como se não soubesse. Todas as atenções foram para ela novamente, principalmente a de James, que a olhava confuso.

–O que você está fazendo? – perguntei nervosamente em seu ouvido.

–Improvisando. – sussurrou de volta. Então voltou a olhar maravilhada para James. – James Potter, o melhor apanhador que a grifinória já teve! Viemos aqui te pedir um autógrafo. Somos seus maiores fãs!

James estufou o peito. Sirius, que já estava cansado de ficar sem atenção, falou, rabugento:

–Afinal, quem são vocês?

–Ah, Eu sou Gina, ela é Hermione, e ele é... Harry. – Ela respondeu. Eu não fazia idéia se dizer nossos nomes reais iria fazer alguma diferença, mas agora já estava feito. – James, nós vemos todos os seus jogos, você é demais!

Gina me deu uma cotovelada discreta e eu a repeti em Harry, o que nos fez sorrir entusiasticamente, como fãs.

–É, eu sei. – James respondeu, metido. Era a primeira vez que eu ouvia a voz dele, uma voz baixa e rouca, que com certeza faria qualquer menina pirar. – Esse é Sirius, e esse é o Remo.

–Ah, sim, já ouvimos falar de vocês também. – Gina sorriu pra eles. – James não seria nada sem seus braços-direitos, não é?

Eles pareceram se contentar com isso. Pedro pigarreou novamente, na cama.

–Ah, esse é o Pedro. Quase me esqueci de apresentá-lo. – James continuou. – Então... onde querem os autógrafos?

–Hã? – Gina vacilou por um momento, então seu lembrou. – Ah, sim...

Ela pegou três folhas de anotações que estavam na mesa de cabeceira da cama. James conjurou uma caneta, e logo tínhamos o autógrafo do “melhor apanhador de todos os tempos.”.

– Ok, obrigada. Foi um prazer conhecê-los. – Tentei dizer algo. – Precisamos ir agora.

James deu um abraço em cada um de nós para se despedir, e logo nos víamos fora da enfermaria. Por sorte, o corredor estava vazio.

–Muito bem,, vocês dois. Eu acabo de salvar vocês lá dentro, podem me explicar TUDO. – Gina exigiu. –Só consegui fazer aquele truque por que reconheci aquele cabelo bagunçado de James. Mas os outros... Aquele era realmente Sirius Black, o assassino?

Eu e Harry nos entreolhamos. Gina poderia ter salvado nossa pele na enfermaria, mas havíamos esquecido de que ela não sabia de quase nada. Explicamos a ela o que havia acontecido, então, sua impressão de quem era o vilão da história, mudou.

–Pedro Pettigrew. – disse com nojo. – Sempre odiei aquele rato do Rony. Veja só, ele roia todas as minhas meias!

–Enfim, o mais importante agora, é achar uma maneira de voltar. Nunca usei o vira-tempo para o futuro. Eu... Não faço idéia do que fazer. – declarei.

– Será que Dumbledore está aqui? Ele saberia o que fazer. – Gina falou.

–É mesmo. – respondi surpresa com a esperteza da Gina. Cada vez mais ela me impressionava. - Poderíamos ir falar com ele.

Harry me respondeu, falando pela primeira vez, desde o incidente. Sua voz estava rouca, e ele entoou a frase como um pedido:

–Hermione, podíamos ficar mais um pouco. Temos todo o tempo do mundo. – Um sorriso ficou visível em seu rosto. O mesmo sorriso que eu acabara de ver em James Potter.

Me senti completamente culpada de ter que estragar suas esperanças, mas precisávamos descobrir um jeito de voltar.

–Mesmo assim Harry... Temos que procurar Dumbledore. Desculpe.

–Bem que podíamos pedir pra ficar mais um pouco. – Gina disse. – Afinal, talvez não haja problema algum, desde que eles não se lembrem da gente na vida adulta.

Eu achava isso quase impossível, mas não demonstrei.

–Ok. Vamos atrás de Dumbledore.