Who Owns My Heart? escrita por Alecrim


Capítulo 1
Capítulo 1




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- EU VOU EMBORA DESSA CASA! - eu gritava sem ao menos me importar se já haviam vizinhos dormindo
- Ha Ha Ha, faz-me rir, Melina - meu pai abria mais uma garrafa de conhaque, com uma naturalidade irritante - Você não consegue ao menos entrar em um cursinho decente, e pensa em ir embora daqui?
- QUEM DISSE QUE EU NÃO CONSIGO ENTRAR EM UM CURSO DECENTE?
- Melina, quer fazer o favor de parar de gritar? Você está me incomodando - ele sorriu - Eu digo que você não consegue entrar em um curso decente. Pois sou seu pai, e sei que você é uma inútil que não quer saber de nada com a vida.
- Paulo...! - minha mãe se pronunciara pela primeira vez no meio daquela discussão
- Quieta, Verônica. Essa conversa é entre eu e a sua filha
- NOSSA filha.
- Por mim ela poderia ser só sua, ela é como um nada para mim.
- PAULO! VOCÊ ESTÁ PASSANDO DOS LIMITES!
- Não quero saber. Eu faço o escândalo que quiser aqui, quem paga as contas dessa casa sou eu.
- EU JÁ FALEI QUE TE ODEIO? - continuei a piorar a situação
- Já, mas acho que você sabe que eu nunca me importei, não é? - ele disse como se estivesse vendo uma partida de futebol com os amigos
- VOCÊ NUNCA FOI UM PAI DECENTE! SEMPRE ME TRATOU MAL, DESDE QUANDO EU ERA PEQUENA! SEMPRE PREFERIU A FLORA - Flora era minha irmã, que no momento estava no exterior - ERA FLORA DAQUI, FLORA DE LÁ! FLORA PRA TODO LADO! COMO VOCÊ ACHA QUE EU ME SENTIA?
- Meu Deus! Sabia que eu nunca havia pensado nisso? - usou a ironia de novo, para variar.
- JÁ CHEGA! EU NÃO AGUENTO MAIS UM SEGUNDO NESSA CASA! QUERO QUE VOCÊS SE EXPLODAM! - bem, eu não queria que minha mãe explodisse, mas eu falei sem pensar.
- Melina, Melina, Melina... você não vai sobreviver dois dias fora daqui. Vai ficar sem roupa lavada e passada, não vai ter comidinha feita, cama arrumada, quarto limpo, vai perder todo o conforto. E conforto é do que você mais gosta não é?
Não dava mais. Eu não suportava mais aquele tom cínico para cima de mim. Me dirigi às escadas, e comecei a subir.
- FILHA, ESPERA! - minha mãe tentou intervir - SEU PAI FALA POR IMPULSO!
- Falo? Não sabia - ele disse, bebendo mais um gole do seu álcool.
Mas já era tarde para minha mãe tentar fazer mais alguma coisa. Terminei de subir as escadas, e parei em frente a porta do meu quarto. Exitei por um momento.
Entrei, abri meu quarda roupas, e tirei minhas malas de lá de dentro. Até que vejo uma figura em pé, na beira de minha cama me observando.
- Mel, por favor... - disse minha mãe quase chorando - por favor, não me deixa aqui sozinha. Eu lhe imploro, Melina. Não faça isso comigo.
- Não posso, mãe. Eu tomei minha decisão, e ela é essa. Eu simplesmente não consigo ficar embaixo do mesmo teto do meu pai - falei enquanto dobrava de qualquer jeito algumas blusas e colocava dentro da mala maior - Se é, que posso chamar aquilo de pai.
- Já passa de meia noite, tem noção do que está fazendo? É muito tarde! Você não deve nem ter algum lugar para ficar!
- Não importa! Isso não importa, não agora. Eu saio daqui, e ainda hoje.
Continuei a pegar qualquer roupa e a jogar em cima da cama, e ela continuava ali, me olhando, chorando.
Minha mãe foi saindo devagar do cômodo, ela nunca tentava mudar alguma decisão minha, de fato. E não iria tentar agora. Ela fechou a porta, me deixando sozinha.
Desabei. Sentei no chão e comecei a chorar. Chorei tudo. Chorei pensando no porquê de tudo aquilo. Chorei querendo não estar mais ali. Chorei me perguntando se existia alguma razão no mundo para eu ter nascido, e também se teria alguma razão para eu continuar, já que nem meu pai ao menos me aceitava.
Eu queria colo, queria carinho. Eu precisava de alguém que me entendesse. Mas eu não podia ficar ali remoendo coisas na minha cabeça.
Me levantei, meio tonta. Me apoiei na parede, sequei meu rosto e continuei a fazer o que devia ser feito. Coloquei mais algumas coisas que seriam úteis na mala e fechei-a.
Olhei ao meu redor. Dei adeus ao meu quarto, ao lugar que era o meu refúgio, e saí. Comecei a descer as escadas, e meu pai assistia TV. Ele notou minha presença e disse:
- Já vai? Por que não espera um pouco e toma um café?
Não respondi. Fui até a cozinha para me despedir de minha mãe, e a encontrei debruçada no balcão, em prantos.
- Mãe! Mãe, pelo amor de Deus, não fica assim! - corri em direção a ela e a abracei - Por favor, você sabe que sempre vou estar perto de você.
Ela foi se levantando e balbuciando:
- Filha, eu que te peço por favor.
- Eu não posso, você sabe que não posso.
Ficamos nos olhando durante alguns instantes. Me partia o coração ver minha mãezinha chorando.
- Escuta, - coloquei a mão em seu rosto - amanhã eu vou voltar aqui enquanto ele estiver trabalhando para terminar de pegar o que faltou, ok?
Ela balançou a cabeça positivamente.
- Nunca esqueça que eu te amo - beijei a testa dela
- Se cuida, minha pequena - ela me abraçou fortemente
Suspirei.
- Verônica, deixa essa menina ir embora logo - ouvi meu pai dizer da sala - vamos ver quanto tempo ela consegue ficar longe daqui.
Continuei a ignorar os comentários do meu pai. Levei minhas coisas para fora, e fechei a porta de casa. Abri o porta malas do meu carro, e coloquei as poucas bagagens lá dentro. Sentei-me no banco do motorista.
Agora era hora de pensar. Para onde eu iria?
Apoiei minha cabeça no volante, e acabei adormecendo.
Acordei 3 horas da manhã, com o meu celular apitando uma nova mensagem. Era de Cindy. Cindy sempre fora minha melhor amiga, desde pequena. Eu iria pedir ajuda pra ela.
Disquei seu número, e ela atendeu numa voz séria:
- Alô? Mel?
- Ai Cindy! Graças a Deus você tá acordada!
- O que foi? Aconteceu alguma coisa?
- Tudo, aconteceu tudo. Eu consegui criar a terceira guerra mundial com o meu pai, e resolvi sair de casa - Cindy sabia dos problemas que eu tinha com ele
- COMO ASSIM? ONDE VOCÊ TÁ?
- Nesse momento, no meu carro, procurando algum lugar para ficar.
- Cacete, vem aqui pra casa agora. AGORA.
- Vou aparecer aí do nada? De madrugada? Com o seu irmão aí?
- Melina, você é de casa, meu irmão te conhece melhor do que ninguém.
- Ok... chego aí em 15 minutos.
- Tá, beijo.
Fechei a porta do carro, e dirigi até a casa de Cindy.
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