Emma finalmente voltara do mundo mágico e estava de volta a Storybrook, há um mês mais ou menos. E as coisas estavam tão normais como era antes de a maldição quebrar. David saíra do cargo de xerife assim que Emma botou os pés na cidade, e Regina estava de volta à prefeitura depois de Mary Margaret conseguir criar um rombo no orçamento em apenas duas semanas no cargo. Não era realmente estranho então ver uma Regina praticamente soltando fumaça enquanto encarava uma certa xerife que tinha os olhos belos olhos verdes firmemente fechados e apertava a ponte do nariz entre a ponta do indicador e do polegar.

-Será que você não pode ceder nem ao menos uma vez, Regina?- A loira perguntou, o tom mais cansado do que irritado.

-Não! Isso está fora de cogitação!- A morena respondeu, e como que para provar que não seria demovida de seu ponto, cruzou os braços e apertou o maxilar, quase pulando de susto quando Emma atirou os braços para cima, exasperada.

-Meu Deus, Mary Margaret estava errada! Você consegue ser pior do que sua mãe quando quer!-A loira quase gritou, mas soube que tinha cometido um erro quando viu a expressão enjoada de Regina.

-O que ela te disse sobre a minha mãe? - A prefeita praticamente sussurrou.

-Ah, nada de mais. Quer dizer, que não importasse o que eu achasse de você, aquela mulher era muito pior. A propósito, você é parecida com seu pai? Porque fisicamente você não me lembra em nada Cora. - Emma perguntou, parecendo verdadeiramente intrigada. Se Regina antes parecia enjoada, agora ela definitivamente estava.

-Como você... Emma, por favor, não me diga que vocês a encontraram!- A mulher mais velha parecia quase que assustada, por isso Emma se aproximou, e conteve uma careta quando Regina segurou seu braço e o apertou com certa força quando falava.

-Hã, você sabe, quando nós estávamos no outro mundo... Bom, talvez nos tenhamos nos encontrado e conversado por, o quê, cinco minutos, talvez?-A loira tentou forçar um sorriso, mas saiu mais como uma careta.

-Emma, o que você contou a ela?-O tom de Regina foi urgente, e a xerife começou a se preocupar. Não importava que elas tivessem se falado por cinco minutos, Regina tinha certeza de que Emma provavelmente dissera algo que não devia.

-Que eu precisava voltar para cá para ver meu filho e meu pai, e que Henry é nosso filho?

E então Emma achou que a prefeita fosse desmaiar, porque toda a cor pareceu deixar a pele do belo rosto da prefeita, e ela teve de se segurar mais firmemente Regina quando seus joelhos pareceram fraquejar. Emma a segurou, mas agora definitivamente estava assustada.

-Regina, está tudo bem? Você quer um copo de água? Quer que eu chame um médico?

-Eu não estou grávida, Swan. Eu só...- O que quer que Regina fosse dizer ficou preso em sua garganta quando Emma a soltou, puxando a adaga da bainha e se virando para o outro lado do escritório, parando na frente de Regina, e encarando o ponto onde uma fumaça peculiar, de um roxo muito escuro, quase negro, se esvaia, dando forma à...

-Mãe!

-Querida! Sinto muito por interromper o momento do casal, mas eu precisava ver se era verdade isso.-Cora falou sorrindo, como se fosse a coisa mais normal do mundo surgir assim, do nada, na sala de alguém.

-Nós não somos um casal!-Regina foi rápida em negar, embora o modo como suas mãos agarravam a jaqueta de Emma parecessem dizer outra coisa. Cora pareceu confusa por um momento.

-Mas essa adorável jovem me disse que vocês têm um filho. À propósito, adorarei conhecer meu neto.-Cora comentou.

-Nós não temos um filho!-Regina negou novamente, ainda meio que se escondendo atrás de Emma, que havia guardado a adaga. Qualquer coisa, e ela sempre podia atirar em Cora, caso necessário, por isso sua mão se manteve firme sobre o revólver em sua cintura.

-Regina, nós temos um filho.-Emma interrompeu a morena.

-Henry é meu filho.-Regina respondeu quase que automaticamente.

-Pela última vez, Henry é nosso filho. Não é porque você me odeia que ele não é meu filho também.- A xerife (porque ela se recusava a ser chamada de princesa) rebateu, aborrecida.

-Eu não te odeio!
-Não é o que parece!

-Eu salvei sua vida!- Regina cruzou os braços, quando Emma se virou para ela, e por um segundo a loira quase esperou que a prefeita batesse o pé no chão, como uma criança mimada.
-Uma vez, enquanto eu enfrentei um dragão, Gold, uma multidão enfurecida, Jefferson, Gold, uma cópia de um dementador do Harry Potter, e fui parar em outro mundo por você! E eu já falei do Gold?-Emma enumerou, literalmente contando nos dedos.

-Emma, pela última vez, aquilo era um Wraith, não um dementador, como você insiste em dizer, seja lá o que um dementador seja.-Regina apertou a ponte do nariz entre o indicador e o polegar, expirando pesadamente.

-Sério mesmo que isso foi tudo que você ouviu? Sério? E como assim 'seja lá o que um dementador seja'? Você nunca leu Harry Potter? Ou viu os filmes?-Emma parecia chocada. Quando Regina apenas corou, Emma quase bufou.-Nós totalmente vamos fazer uma maratona nesse final de semana. Sem discussão.

De repente uma tosse forçada do outro lado da sala chamou a atenção das duas novamente para quem estava ali.

-De qualquer forma, eu adoraria ter ido no casamento de vocês.

-Mãe, nós não somos casadas.-Regina reafirmou.
-Não? Que ótimo! Eu ainda posso ir à festa então!-Cora comemorou.
-Bom, olhando assim fica fácil saber de onde você puxou essa sua audição seletiva, 'Gina.-Emma comentou.

-Xerife, o que eu já falei sobre esse apelido?-A voz da prefeita era dura.

-Não usá-lo?-E a de Emma era inocente, quase.

-Exato. E quando você pode usá-lo?
-Nunca?

-Perfeito. - Regina assentiu, e por um segundo Emma quase esperou ganhar um biscoito, como uma espécie de mascote em treinamento. Jesus, ela não deveria estar pensando em Regina colocando uma coleira nela, deveria?

-Ah, querida-Cora chamou, agora mais perto-Não se envergonhe de sua noiva! Eu estou tão orgulhosa de você! Você finalmente superou aquele moleque do estábulo, e está com uma princesa! Você finalmente aprendeu alguma coisa!

-Eu ainda amo Daniel!-E dessa vez Regina bateu o pé de verdade, desistindo de tentar fazer sua mãe entender que Emma não era sua noiva.

-Ah, claro. O primeiro amor nunca se esquece. Mas você não acha que a princesa seja algum tipo de reencarnação dele, acha?- Cora olhava intrigada para Emma, como se procurasse algo de familiar na loira. Ponto positivo para Emma na visão da sogra: Ela pelo menos não cheirava como o estábulo. E isso já era muita coisa.

-Claro que não!-Regina quase gritou, agora também olhando a loira de uma forma estranha.

-Wow, hey, vamos com calma! -Emma pediu, porque sua cabeça estava começando a doer. - Isso pode acontecer?

-Perfeitamente.- Cora afirmou.

-Então é por isso que eu tenho tido esses sonhos estranhos desde que eu cheguei aqui?-Emma perguntou, confusa.

-Que sonhos?-Regina perguntou de volta.

-Ah, nada de mais... Basicamente, neles eu sou tipo uma versão medieval do David Bowie. Eu achei que era chocolate quente demais antes de dormir só...

As duas mulheres encaravam a xerife um tanto incrédulas. Cora foi a primeira a quebrar o silêncio.

-Bom, a mesma inteligência limitada ela tem...

-Hey!-Emma protestou, ofendida. Regina ainda parecia meio fora de ar.

-De qualquer forma, foi um prazer conhecê-la, Emma, querida. Eu vou deixá-las a sós novamente, vocês devem ter assuntos a resolver. E não se preocupem vocês, eu vou agora mesmo tratar dos termos do casamentos de vocês com James e Snow. Eu quero uma grande festa! Algum problema com isso?- Cora falava animada.

-Regina era uma rainha no outro mundo, tenho certeza de que ela vai gostar disso. Mas nós podemos ter um DJ desse mundo?-Emma pediu.

-Claro, queridas. Tenham um bom final de semana.-E assim, como chegou, Cora desapareceu. Regina continuou estática por mais alguns minutos, até Emma olhar o relógio, e voltar a falar, um tanto insegura:

-Está na hora de buscar Henry na escola. Quer vir comigo, e encerrar o expediente por hoje, e começar a assistir os filmes?

Regina apenas a olhou nos olhos por um segundo ou dois, antes de concordar e pegar suas coisas.

-Você sabe, você não deveria ter concordado com ela quanto à festa. Ela provavelmente deve estar realmente com James e Snow agora.-A prefeita comentou, enquanto Emma abria a porta para ela passar.

-Bom, você sabe o que dizem; melhor concordar com um louco e se livrar dele, do que contrariar e ter uma longa discussão.

-Eu gostaria de ver a cara de Snow quando minha mãe aparecer...-Regina comentou, quando elas já estavam fora da prefeitura.

-Eu provavelmente vou levar uma bronca hoje quando chegar em casa.-Emma brincou.-Isso se elas não organizarem um jantar para oficializar tudo isso.

E assim, as duas entraram no carro, pegaram Henry na escola e passaram o resto do dia entre pipocas, refrigerantes, chocolates, os três primeiros filmes do Harry Potter, e algumas várias risadas quando Regina admitiu que realmente o Wraith se parecia com um dementador. E eles foram felizes para sempre, pelo menos até a hora em que Emma chegou em casa e teve que lidar com Snow, James e Cora, mas isso já é outra história.