Daniel escrita por Miss A


Capítulo 8
8. Versões diferentes


Notas iniciais do capítulo

Ganhei uma nova Leitora, LALADHU *____*
Novo capítulo, espero que gostem :3



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- Você não podia tê-las deixado sozinhas! – a voz soava raivosa de algum canto perto de mim, era familiar – Seu idiota! Ela a mataria!

- Não me ofenda, Daniel – Percebi que estava deitada e de olhos fechados – Era impossível alguém fazê-las mal!

- Deveria ser seu monstro de merda! – Era Daniel? Daniel Grigori?

            Ergui o tronco de um salto e abri os olhos ao perceber uma dor descomunal em meu pescoço. O contato repentino com a luz me fez lagrimar e eu agora tossia, percebendo que não respirava direito.

- Você está bem? – os olhos verdes encontraram os meus e a vontade de sorrir percorreu o meu corpo. Era ele. Daniel estava ajoelhado ao lado da cama e seu rosto tinha uma expressão sofrida.

- Onde eu estou? Que sonho estranho e que dor horrível! – minhas mãos seguiram automaticamente para o meu pescoço, em minha mente, uma mulher linda sorria para mim e eu me sentia com medo.

- Seu quarto Emily – a voz era serena e preocupada. O rosto pálido de mármore estava impassível – Paracetamol, Arthur – ele pediu, sem tirar os olhos dos meus.

            Agora o sonho vinha à tona e trazia com sigo uma dor de cabeça que me fez fechar os olhos. Trinquei os dentes e agarrei com força a beirada da cama, percebi que vestia a calça comprida e a regata preta do sonho.

- Tome – ele disse, seu tom era urgente. Entregou-me um copo de vidro com dois dedos de um líquido amarelo, uma mistura que eu já conhecia – Agora diga – eu havia lhe devolvido o copo – Do que se lembra?

- Uma mulher de cabelos lindos e bem vestida – meus olhos estavam fechados. Levei as mãos até a cabeça, tentando pensar claramente – Hmm... Ela disse o nome...

- Kara – Arthur disse. Percebi que agora ele estava ao meu lado, sentado na cama.

- Como você sabe? – perguntei incrédula, a dor diminuindo.

- Não foi sonho.

- Meu Deus – as imagens ficavam mais claras a cada momento – Silvana. Ela arremessou Silvana no chão! – as lágrimas escorriam pelo meu rosto. Meu tom era histérico – Onde está Silvana? O que vocês estão fazendo no meu quarto? O que está acontecendo?

- Daniel chegou e lutou com ela – respondeu Arthur, seu olhar era distante – Ela fugiu. Levamos Silvana para a casa dela e trouxemos você para a sua. Ela está bem e você tem que se acalmar.

            Não era tudo. Como Daniel deixaria uma assassina fugir assim?

- Ai – gemi, soluçando. Deitei-me na cama e agarrei gentilmente meu pescoço tentando lembrar tudo.

- Seu pescoço ainda dói? – A voz de Daniel era preocupada e urgente. Os olhos verdes estavam aflitos.

- Muito.

- Você sabe quem ela é? – Daniel segurou minha mão. Sua pele era extremamente fria, porém não me incomodou. Perguntei-me se ele estaria bem – Kara. Quem é Kara?

- Não... Eu não sei, mais ela... – minha voz falhou, ergui amedrontada a cabeça e meus olhos procuraram pelos de Daniel – Ela queria me matar.

- Ninguém vai matar você – sua mão agora apertava a minha e sua voz era dura e verdadeira – Não enquanto eu estiver por perto.

            Ficar em um quarto com Arthur Soltelo e Daniel Grigori foi estranho. Depois da primeira e ultima conversa que tivemos naquele dia, Daniel se tornara impassível e extremamente quieto, sentado em frente à escrivaninha absorto em pensamentos. E do outro lado, Arthur estava estranhamente calado, não parecia nada o amigo falante que eu tinha, o que me preocupava. Ele não conseguia conversar comigo, apenas me olhava, se sentindo culpado, deduzi.

            Pedi a Daniel, que trouxesse “Drácula” para o quarto logo depois de ele me impedir de sair da cama. Li três capítulos e ele me interrompeu, quebrando finalmente o silêncio entre nós.

- Tantos títulos e você escolhe “Drácula”. – O sorriso em seus lábios era estranho para mim.

- Qual o problema? – não consegui entender o porquê do comentário.

- Literatura vampirística... Interessa-se mesmo por esse mundo?

- Me interesso por tudo que fuja dessa realidade – respondi sorrindo, não para ele, mais para mim mesma.

- Anos atrás, conheci uma pessoa com o mesmo ponto de vista – seu olhar era vago. Percebi que se lembrava de algo que lhe acontecera – Um amigo sonhador e amante de histórias macabras.

- Anos atrás? – avistei Arthur ainda cabisbaixo, mais percebi que ouvia atento a conversa, voltei-me a Daniel – Não é velho... Por que não dizer “a poucos anos” ou dizer a idade que tinha?

- Segredos, Emily – ele me fitava, o olhar agora entristecido.

- Você me confunde... – balancei a cabeça em sinal negativo.

- Não há ninguém mais difícil de decifrar do que Daniel – a voz de Arthur era pesarosa.

- A algo que não entendi até agora – peguei o pequeno despertador na mesinha de cabeceira, eram meio-dia em ponto – Como tia Christina e Jorge deixaram vocês ficarem em meu quarto a manhã toda?

- Trouxemos você desacordada para casa ontem à noite. Dissemos que havia sido um acidente e ela acreditou. A mesma coisa foi dita para os pais de Silvana. Na verdade – ele escolhia as palavras – ela... Não sabe que estamos aqui.

- E porque estão? – meu tom era acusador. Na verdade, não via motivos para ficarem comigo – A mulher... Kara... Não vai me matar em casa.

- Você não sabe o quanto ela pode se perigosa Emily.

- E você, Daniel Grigori, com seus longos “17 anos” sabe? – minha voz era acusadora. Se eu não sabia, como ele poderia saber?

- A tia, Daniel – Arthur alertou a estátua a minha frente e como em um passe de mágica, a porta bateu ao meu lado e os dois não estavam mais ali.

            Segundos depois, Christina entrou em meu quarto sorrindo pesarosa. Uma bandeja tremeluzia em suas mãos com o que eu supus ser o meu almoço.

- Bife já cortado, purê de batatas, macarrão, feijão e farofa – ela sorria – Se sente melhor?

- Sim tia, mais não precisava – balancei a cabeça – Eu poderia descer e comer na cozinha com vocês.

- Claro que não! Deve repousar, até que a dor no pescoço pare. – havia algo diferente em Christina, o olhar estava distante, a voz parecia forçada. – Coma tudo, querida.

            Não percebera que estava com tanta fome. Devorei rapidamente a comida sem realmente sentir o gosto. Devolvi o prato a Christina e ela saiu do quarto, em seu rosto um sorriso forçado.

- Não deve subjugar uma mulher que corre com uma adolescente nos braços e ainda tem forças para estrangular outra.

- Você tem um dom magnífico, sabia?

- O quê? – os olhos esmeralda estavam surpresos.

- Desaparecer e reaparecer do nada.

- Devia descansar ao invés de bater boca com Daniel – Arthur ainda encarava o chão.

- Deviam sair do meu quarto. Passaram a manhã aqui dentro e nada me aconteceu... Que tal Arthur ir para a sua casa e Daniel para seu quarto?

- Prefere mesmo assim? – Daniel Grigori, o cara que menos falou comigo durante a minha vida toda, quer passar também à tarde me vigiando?

- Sim. – Minha voz saia forçada – Eu prefiro assim.

- Ok – Sua voz era pesarosa e por algum motivo me fez sentir mal – Fale meu nome se precisar de algo e, por favor – seus olhos verdes pararam nos meus – não abra a janela ou a porta do seu quarto sem ter certeza de quem seja.

- Daniel, porque eu deixaria alguém que eu não conheça entrar no meu quarto?

- Emily Kalizia, – ele parou de falar por um instante e sorriu, um sorriso doce de anjo – você tem um nome lindo.

            Senti-me extremamente perdida no exato momento em que Daniel fechou a porta do meu quarto. Seu elogio havia me pego de surpresa e eu corei diante dele. E mesmo depois de um banho demorado, da tentativa débil de jogar um game no meu emulador de Nintendo do notebook e de ler seis capítulos de Drácula, aos quais eu teria de reler, pois não havia entendido nada, eu não consegui tirar seu sorriso do pensamento. Decidi então ligar para Silvana para saber como estava.

- Alô, Emily?

- Oi, Silvana. Queria saber como estava.

- Estou bem. Mais ainda com dor nas costas.

- Aquela mulher tinha uma força descomunal na qual eu não acredito até agora. Graças a Deus não te aconteceu mais nada...

- Mulher? Mais de que mulher está falando? – Silvana me questionou e eu não acreditei que ela não lembrasse.

- Kara, Silvana. Não se lembra?

- É um nome diferente – ela debochou – Não dá pra esquecer uma pessoa com um nome assim Emily...

- Não se lembra? – Ela devia lembrar. Chorou o tempo todo, não bateu a cabeça nem ficou desacordada, por que eu lembro e ela não? – É sério Silvana. Não se lembra dela?

- Não, porque eu simplesmente não conheço nenhuma Kara. Emily, você deve ter ligado para a Silvana errada...

- Quem te levou para casa ontem?

- O chato do Arthur, claro... Depois de eu cair, ele me carregou nos braços até em casa... Meus pais ficaram desesperados com o inchaço na minha perna direita e com o tamanho da bola rocha que ficou na minha costa. Fui parar no hospital...

- Pode andar normalmente?

- Claro que não! – ela agora fingia estar revoltada comigo – Como eu poderia? Acabei de falar que a minha perna direita estava inchada! Eu torci o tornozelo e estou tomando anti-inflamatório pra ver se a perna melhora. Foi Arthur que te contou do tombo?

- Foi – achei melhor mentir.

- Emily eu vou desligar agora. Já são 19h e a mamãe deve estar pra vir me ver.

- Ok. Outra hora eu te ligo. Melhoras Silvana.

- Obrigada.

            Intriguei-me com a tal versão de Silvana. Ela não podia ter mentido para mim e nem teria motivos para isso, porém, eu também não poderia ter inventado nada, não poderia ter sonhado o que me acontecera na noite passada, não poderia ter sonhado Arthur e Daniel em meu quarto a manhã toda. Eu tinha as rochuras e a dor em meu pescoço para provar a minha versão.

            Minha cabeça doía e eu sabia que não conseguiria dormir sem antes tirar essa história a limpo com a pessoa mais próxima e apta a me responder.


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Notas finais do capítulo

Campanha "faça uma autora feliz", deixem reviews :3
Postarei o próximo capítulo em breve !



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