Daniel escrita por Miss A


Capítulo 12
12. Daniel Grigori


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que demorou demais, mais só pude terminar de escreve-lo hoje e particularmente acho que ficou muito bom :]



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O que você faria se estivesse cercada por vampiros? Não se dê ao trabalho de pensar, você provavelmente não seguiria o seu roteiro. Eu sempre pensei, nos momentos em que me imaginava na pele das lindas donzelas dos livros que lia, entrando em pânico e correndo para longe, mais não o fiz, não corri dos meus caçadores.

- Eu apaguei a mente dela – Arthur se defendia – Eu varri todas as lembranças relacionadas ao meu verdadeiro eu que ela sabia. Kara não devia saber nada sobre vampiros.

- Richard tomava verbena todos os dias feito água – recordou Daniel, ele agora estava sentado nos observando – Márcia tinha um colar com verbena que Richard deu a ela, como forma de proteção.

- Minha mãe sabia sobre você? – pergunte pensando nos dois.

- Na época não.

- Kara não tomava verbena – Arthur balançava a cabeça – Eu tomava o sangue dela.

- Richard a namorou – A voz de Daniel era distante – Ele gostava dela. Ele sabia que eu não era o único vampiro aqui e ele a queria segura.

- E você acha que aquela vadia conseguiria me enganar? Simplesmente fingir que eu a havia limpando a mente? Eu tenho 164 anos, Daniel.

- Karina enganou. Ela tinha verbena com ela, Arthur.

- Não é possível! – Arthur vociferou, demonstrando uma raiva que eu não conhecia – Eu saberia.

- Não saberia, você não a controlava. Você alimentava todos os dias a mente de uma garota apaixonada e que se julgava traída pelo namorado e pela prima, ela estava sempre consciente e fingiu tão bem que te fez pensar que a havia manipulado.

- Ela queria se vingar dos meus pais e todos esses anos não conseguiu... Ela me quer morta...

- E não vai ter – Arthur levantou do sofá e me olhou nos olhos – Se tem alguém nessa história que vai morrer, esse alguém se chama Karina Ramos de Oliveira – em seguida quase imperceptivelmente ele se inclinou e me beijou a testa – Kara não fará mal a você – e tão rápido quanto o movimento anterior, Arthur Soltelo saltou pela janela aberta do quarto de Daniel e desapareceu na noite.

- Você deve ir para o seu quarto, Emily.

- Perdi meus pais e meu melhor amigo há pouco tempo, tive que mudar de país, de cultura e de hábitos e agora eu tenho uma prima de segundo grau que quer me matar, um amigo vampiro de 164 anos e um inquilino vampiro que mora na casa da minha família comigo, minha tia de 28 anos e o marido dela.

- Vou levar você para o seu quarto.

            Eu não consegui ter reação nenhuma no momento em que Daniel Grigori me tomou em seus braços e correu comigo pelo corredor da casa até meu quarto tão rápido quanto o que eu imagino ser a velocidade da luz. Ele colocou-me em minha cama em um movimento delicado e em seguida se virou em direção a porta.

- Não Daniel. Fique! – Gritei em sua direção e ele parou no mesmo instante.

- Não devo ficar. Sou uma ameaça tão grande para você quanto Kara é.

- Você, todo esse tempo que está aqui, nunca machucou ninguém. – falei devagar - Você não vai me machucar.

            Ele finalmente virou-se e me encarou, o sorriso lateral em seu rosto era debochado e triste, ele balançou a cabeça em sinal negativo.

- Você nunca deve confiar em um vampiro.

- Então não devo confiar nem em você e nem em Arthur?

- Absolutamente não.

- Kalizia. – meus olhos encontraram com os dele – Então foi ideia sua?

            Ele finalmente sorriu. As esmeraldas em seu rosto brilharam pela lembrança. Daniel seguiu compassadamente em direção a escrivaninha, virou a cadeira de modo que pudesse me observar, segurou um dos meus lápis de escrever e pois se a rabiscar uma das folhas brancas.

- Eu estava em Nova York quando você nasceu. Costumava viajar por um ano inteiro, conhecendo ou voltando a antigos lugares. Richard conseguiu me ligar, eu havia deixado com ele o número de telefone do Hotel. Ele estava animado, excitado com a ideia de ser pai. Lembro-me de me sentir feliz por ele, de querer o abraçar. Ele passou mais de 20 minutos só dizendo como você era linda e como você lembrava a sua mãe. Demorei 5 dias para chegar até aqui, para ver você, saudar meu amigo e a esposa, e você era tão linda quanto ele dizia pelo telefone – ele sorriu e olhou rapidamente para a folha de papel que rabiscava, em seguida voltou a me encarar, seu olhar era distante – “Seu primeiro nome é Emily, Daniel, e Márcia e eu decidimos que você poderá escolher o segundo” E eu só pensei na minha irmã mais nova.

- Sua irmã se chamava Kalizia. – Deduzi sorrindo para ele.

- Chamava-se Katharine Kalizia.

- E você claramente a amava muito. O que houve? Quero dizer... Como aconteceu... Como é virar...?

- Vampiro? – ele sorriu rapidamente – Doloroso, Emily.

Ele se levantou e apanhou o diário de Karina do chão, folheou rapidamente e seguiu para a porta do quarto, de onde me observou alguns segundos.

- Levarei para ler, Emily Kalizia. Tenha uma boa noite.

            Naquele momento eu quis gritar a ele, implorar para que ele ficasse, porém não o fiz, apenas o observei fechar a porta e desaparecer. Demorei a dormir, viajei por horas e horas na imensidão esmeralda que eram os olhos de Daniel.

            Na manhã seguinte levantei cedo com a luz do sol no meu rosto. Minha janela estava aberta e o vento fazia voar as cortinas. Levantei para fecha-las e pisei em uma folha de papel branca que eu não reconhecia. Quando a desdobrei vislumbrei uma caligrafia inclinada escrita em tinta vermelho sangue.

             Eu nunca fui uma pessoa má, querida Emily. Eu nunca desejei o mal ao meu próximo. A desilusão me fez enxergar o mundo como ele é: perverso, e eles são os únicos culpados disso. O coitado Daniel e o soberbo Arthur não te protegerão por muito tempo, eu a matarei mesmo que você esteja cercada de um exército de vampiros. Não posso mais esperar.

            Escovei os dentes e corri pelo corredor sem nem ao menos trocar de roupa pois havia dormido com a mesma do dia anterior. Me pus a frente da porta do pequeno quarto onde Daniel estaria e me manti imóvel.

            Passei a mão pelos meus cabelos sem ter certeza que estar ali era o certo, se procurar a polícia não era o melhor a ser feito ou sei lá, a SWAT? Mais vampiros? Vampiros não existem, como eu convenceria uma equipe de policiais do contrário? É Daniel, ou nada...

- Porque está aqui, Emily? – Cristina estava parada atrás de mim eu me virei e fitei seu rosto intrigado.

- Daniel e Eu estamos no mesmo grupo de biologia – disse compassadamente, eu era boa nisso, Jacob sempre me disse – É para hoje... Um relatório...

- Relatório? – Ela queria mais explicações.

- Sim, do grupo todo... 6 pessoas e eu me esqueci de avisá-lo...

- Que papel é esse? – ela encarava a folha dobrada em meus dedos.

- Ah, isso? – descontrai – são só as recomendações da professora.

- Ah, tudo bem – ela passou a mão dos cabelos – Pergunte a ela onde comprou essa caneta vermelha, é realmente bem forte – sorriu e seguiu pelo corredor em direção as escadas – Você vai para o colégio hoje? – perguntou já descendo.

- Sim – respondi. Depois virei novamente em direção a porta, levando um susto logo em seguida.

            Ela estava aberta e Daniel estava sentado em sua cama. O quarto estava claro e bem arrumado, a escrivaninha continha sua caixinha, a agenda preta fechada e o diário de Karina, também fechado.

- Não me lembro de estar fazendo nenhum trabalho em grupo com você, Emily – ele me mostrava um meio sorriso, parecia bem humorado, seus olhos esmeralda brilhavam.

            Caminhei ao seu encontro sem dizer nenhuma palavra, eu estava nervosa pela ameaça que havia recebido, pelo que eu havia descoberto na noite anterior e por mentir a Cristina. Sempre odiei mentir para as pessoas.

- Liga pro Arthur, agora. O mande vir pra Ca.

            Eu liguei e Arthur chegou tão rápido que eu imaginei que ele tivesse dormido em casa também. Não... Ele não faria isso.

- Essa vadia me chamou de soberbo! – sua voz sova irritada – Ah mais eu vou encontrá-la e...

- Cala a boca, Arthur! – Daniel gritou com ele e naquele momento eu pensei que meus tios os haviam escutado – O que está em questão aqui não é do que Karina te chamou, e sim como nós vamos encontrá-la.

- Emily não pode sair desta casa – ele disse em tom firme.

- O quê? – perguntei – Como não posso? Eu estudo, Arthur. Eu quero me formar. Essa louca não vai me impedir de sair de casa, você está me ouvindo? – minha voz soou extremamente irritada, e eu estava. Minha família nunca me proibiu de nada e eu odiava pensar na possibilidade de perder esse direito.

- Ela não é louca, Emily – ele disse duro – Ela é uma vampira, será que você ainda não entendeu que ela é perigosa?

- Arthur tem razão, Emily, você não pode sair daqui até que Kara esteja morta. Seu pai não me perdoaria se eu deixa-se acontecer alguma coisa com você, eu não me perdoaria...

- Ok, então me digam como essa casa vai me proteger? Ela é encantada por acaso?

- Vampiros não podem entrar em lugares que qualquer ser humano resida sem serem convidados. Ela não pode entrar aqui.

- Isso é loucura... Eu não posso perder minha liberdade! – gritei em desabafo.

- Se você morrer, vai ter toda a liberdade que quiser. A escolha é sua – Arthur respondeu e lágrimas involuntárias começaram a descer pelo meu rosto.

            Virei as costas a ele e sai correndo em direção ao meu quarto. Todas essas informações novas voltavam a se embaralhar na minha cabeça. Entrei no quarto e fechei a porta com termo, depois sequei as lágrimas do rosto me sentando na cadeira a frente da minha escrivaninha.

            Havia um desenho feito a lápis em uma das minhas folhas brancas. Uma garota de cabelos ondulados sobre os ombros, um sorriso sereno e um rosto frágil. Daniel desenhara na noite anterior essa garota. Daniel me desenhara. As lágrimas voltaram a descer.

- Eu menti sobre ter uma irmã chamada Kalizia – uma voz aveludada soou da porta do meu quarto, eu fechei os olhos e me virei em direção a voz que só podia ser de Daniel.

- Você mentiu pra mim? – minha voz soou inaudível, mais ele escutara.

- Quando eu tinha a sua idade, eu era apaixonado por uma bela jovem italiana. Seu nome era Kalizia Slaviero, ela tinha 19 anos.

- Não entendo por que não me contou. – passei a mão pelo meu rosto tentando me livrar do ultimo resquício de lágrima que houvesse.

- Eu matei Kalizia, Emily – Ele se moveu até a minha cama tão rápido que eu quase o perco de vista, sentou-se. Seu rosto transpassava agonia - Por mais de um século eu tentei me livrar dessa memória, chamar Kalizia de minha irmã foi uma maneira de atenuar uma dor.

- Perder um irmão é muito doloroso, Daniel. Eu sei por que eu perdi Jake. Fazer a pessoa amada se tornar irmã, não pode diminuir a dor de a perder!

- Eu não tive irmãos – uma gota de lágrima desceu por seu rosto e eu não soube o que dizer – Eu tive um pai e a garota que eu ama – permaneci calada – Meu pai foi morto por um vampiro em 1870, ele lutava contra eles, o queria os ver mortos. Eu tinha 16 anos e fiquei só com os empregados do rancho de meu pai  em Connecticut.

- Você é americano? – perguntei

- Sim.

- E o que houve depois?

- Pedi Kalizia em casamento um mês depois, ela era mais velha, eu possuía patrimônio e seus pais permitiram que ficássemos juntos. Nos casamos e no outro ano, o mesmo vampiro voltou pra me transformar em vingança pela perseguição de meu pai a ele e a sua companheira. Meu pai nunca aceitaria um filho vampiro. Lembro-me de acordar com uma dor de cabeça horrível, sentia meu corpo queimar, minhas veias estavam secas. Ela me viu da varanda da casa, chamou o meu nome, eu me levantei, cambaleei e cai, ela veio correndo, preocupada, se abaixou próximo de mim e eu a mordi sem pensar duas vezes, sem lembrar do quanto eu a amava. Eu só estava com sede, só pensava no sangue e no quanto eu precisava dele e eu não consegui parar até sugar tudo que ela tinha – ele chorava, seus olhos estavam vermelhos, sem brilho, somente dor.

            Me levantei e segui para o seu lado. O abracei o mais forte que pude e para minha surpresa, ele aceitou sem recuar.

- Eu não posso perder você, Emily Kalizia! – disse e eu balancei a cabeça em positivo – Eu não posso te perder como eu perdi meu pai e a minha esposa. Por mim e por Richard, eu tenho que te protege! Por favor permita que eu te proteja, fique aqui essa manhã.

- Eu fico, Daniel – disse em seu ouvido, desejando nunca mais o soltar.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam? Ficou bom? Ficou chato? Gostou? Não gostou? Comentem e façam uma autora feliz :3



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