Havia noites em que o vento era tão frio

Que meu corpo congelou na cama

Só de ouví-lo soprar

Do lado de fora da minha janela

Havia dias em que o sol era tão cruel

Que todas as lágrimas se transformava em pó

E eu sabia que meus olhos

Secariam para sempre

Eu parei de chorar no instante que você partiu

E não consigo me lembrar onde ou quando ou como

E eu bani cada lembrança sua e do que eu tive

2 meses depois

                Rachel soube, no momento que ouvi seu celular tocar e conferiu quem a ligava, que tudo mudaria. Ela não queria atender, ela poderia dar uma desculpa qualquer quando eles se encontrassem novamente e por um momento, colocou o aparelho de volta, em cima de sua cama, somente para mudar de ideia um segundo depois. Poderia ser algo importante, mas ela sentia algo sobre essa ligação. Sentiu sua voz sair fraca ao atender e respirou fundo para manter-se calma.

                Minutos depois de desligar, ela chegou à conclusão que nunca deveria ter atendido. Quem estava do outro lado da linha era seu grande amigo e antigo professor Will Schuester. Ele ligou avisando que enfim, tinham marcado a data de seu casamento com Emma, que lhe enviaria o convite pelo correio, mas somente queria esclarecer que uma recusa, não seria aceita. Afinal ela, junto com as outras meninas do clube do coral, seriam damas de honra. Parecia uma vida atrás, quando ajudaram o Sr. Schuester a preparar o pedido de casamento perfeito e naquela época, todos concordaram em participar da cerimônia. Mas hoje muita coisa havia mudado. Rachel havia mudado. Ela já não era mais aquela menina, ela já não estava mais com...parou ao perceber a direção em que seus pensamentos estavam indo.

                Fazia 2 meses que ela tentava não pensar mais nele. Os 2 meses mais longo da vida de Rachel. Ela tinha feito, até então, tudo o que prometera a si mesma. Ela não tinha retornado para Lima. No dia de ação de graças, Rachel convenceu Kurt a ficar com ela na cidade e no Natal ela convenceu seus pais a irem até lá. Eles sabiam o motivo da relutância dela em voltar para casa, apesar de ela nunca ter confirmado nada. Ela ainda podia se lembrar das palavras de seu pai Hiram, quando ele a pegou chorando sozinha no dia de Natal.

                “ Minha filha, você não vai conseguir se esconder em seu mundinho para sempre. Um dia você vai precisar voltar pra casa e se manter afastada não vai te fazer estar preparada para isso.

                Naquele dia, Rachel achou que ela nunca precisaria disso e que nunca ela estaria preparada. Que o caminho de NY a Lima era muito longo para ela trilha-lo, que a única solução era ela se manter longe.

Agora ela já começava a sentir o desespero bater em sua porta novamente. E ela sabia que não conseguiria passar por tudo aquilo. Ela estava diferente, mais forte, mas seu coração ainda não estava bem. E um reencontro poderia acabar com todas as chances que ela possuía de conseguir se manter inteira. Ela tentou banir de seus pensamentos, qualquer lembrança dele.

                Rachel olhou para o calendário em sua mesa de estudos. Para o dia 14 de fevereiro e contou, 28 dias. Esse era o tempo que ela teria para se preparar. Em 28 dias ela teria que voltar para casa.

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Finn riscou mais um dia no calendário que ele havia colocado na porta do seu quarto. E notou que o dia circulado nele, que indicava o dia do casamento do Will estava bem ao lado do risco que ele acabara de fazer. E ele não conseguia entender como o tempo tinha passado tão rápido assim. Parecia que ontem mesmo ele tinha ouvido, ao chegar à sala de Will no colégio, ao telefone com ela. Ele ficou parado por um longo tempo ao lado da sala, faltava-lhe coragem de entrar e ter a confirmação de que ela tinha aceito seu convite e que ela teria que voltar para Lima. Ele não queria saber se ela voltaria ou não. Ele não queria. Mas ele precisava.

E quando a confirmação veio, junto com um olhar de compaixão por parte de seu amigo, Finn sabia que as coisas mudariam.

“Finn, eu sinto muito – Will disse para ele assim que o encontrou do lado de fora de sua sala – mas acabei de falar com ela agora mesmo - e por ela, ele não precisava explicar a Finn de quem ele se tratava, ele sabia - e ela me garantiu que viria. Eu não queria lhe causar nenhum constrangimento, mas nós tínhamos combinado isso há tanto tempo...eu... só gostaria que você entendesse que,  a presença de todos vocês neste dia é muito importante para mim e Emma.

E ele realmente entendia. Mas entender não fariam as coisas mais simples ou mais fáceis para Finn naquele momento.

Ele tinha conseguido se manter firme nesses 2 últimos meses. Ele não tinha perguntado, nenhuma vez se quiser, por ela para seu irmão, ele tentava agir, como se ela nunca tivesse feito parte de sua vida. Mas secretamente, ele sempre esperou e ansiou por algum contato, alguma indicação de como ela estava, se ela sentia a sua falta ou se ela estava feliz. Mas ele não tinha direito de esperar nada dela. Ele havia perdido isso há algum tempo atrás.

E saber que no dia seguinte eles estariam frente a frente de novo, causava em Finn vários sentimentos. Por um momento ele chegou a pensar que não sabia se ele ria ou se chorava. Acabou não fazendo nem uma coisa, nem outra. Somente assistiu os dias passarem voando por ele, lhe tirando o sono, lhe tirando a pouca paz que ele achou ter conquistado nos últimos meses.