P.D.V. Rose

Acordei e pude perceber que ainda era de madrugada, devem ser umas duas horas da manhã. Ainda com os olhos fechados pude sentir que estava em cima de alguém, mexi meu braço e sinto uma dor em meus pulsos, mordo o lábio para reprimir um grito de agonia.

Rapidamente me lembro de tudo o que aconteceu, meu pai, as cartas, a lâmina... A lâmina. Eu não sabia o porquê de ter voltado a fazer isso, mas eu não pude resistir. Em um momento você se sente bem, mas depois não.

Abro os olhos e vejo que estou deitada com Malfoy e algo me dizia que ele não estava dormindo. Levantei meu pulso e vi que ele estava todo enfaixado e doía, mas ninguém precisa saber disso.

- Esta tudo bem Rose? – perguntou Malfoy e eu apenas continuei olhando para os meus pulsos – Está doendo pequena?

- E quem se importa? – perguntei a ele olhando para seus olhos azuis – Não tente falar que você se importa porque não se importa Hugo não sabe o que se passa comigo, meus amigos, meu pai não se importa. Nunca mais me chame assim Malfoy.

- E você se corta por que acha que ninguém se importa com você? – perguntou ele e eu me sentei na cama – Você não pode mais fazer isso Rose!

- É Weasley, Weasley! – disse a ele com raiva – Se eu fizer é problema meu Malfoy, você não tem nada haver com isso!

- Escuta aqui Weasley – Malfoy segurou meus braços com força e me forçou a olhar para ele – Eu cansei, eu ganhei a aposta e agora que sei seu segredinho é melhor ficar quieta.

- Você está me ameaçando?

- Não só estou falando que se voltar a se cortar eu não vou estar lá para te ajudar e os outros vão acabar descobrindo.

- Isso é problema meu – ele me segurou mais forte e estava começando a doer.

- Quando voltarmos para Hogwarts eu vou fazer de tudo para te humilhar, vou colocar você onde todos os Weasley ficam. Os Grifinórios vão ter raiva de você como o seu pai!

Olhei para ele com os olhos cheios de lágrimas e disse a mim mesma que não iria chorar na frente dele. Pela primeira vez eu tinha visto o lado da Sonserina por completo no Malfoy. Puxei meu braço com força e depois de muita luta consegui me soltar, corri até a porta e por sorte Nef não estava mais lá.

Sai correndo pelos corredores brancos e com símbolos da Sonserina, onde ficava o quarto de Braider. Finalmente encontro um quarto com as letras “B.M” gravadas na porta, entro e a tranco rapidamente.

Por incrível que pareça Braider estava acordado e segurava uma foto, ele se assustou quando me viu dentro do quarto.

- O que Scorpius fez? – Braider largou a foto e veio em minha direção, me joguei nos braços dele e escondi minha cabeça em seu peito.

- Eu o odeio Braider – ele me apertava forte – Ele disse que vai me humilhar.

- Rose você não precisa cumprir essa aposta, desistir dela não quer dizer que seja fraca.

- Como sabe da aposta? – perguntei a ele que deu de ombros.

- Os quadros costumam gostar de mim – ele disse sorrindo, mas ele sumiu quando olhou para os meus pulsos – O que aquele idiota fez com você pequena?

- Nada...

- Como nada pequena? Está doendo?

- Não muito, isso é uma doença – disse a ele que não acreditou.

- Não tente me enrolar pequena Rose Weasley, os pulsos não se machucam sozinhos.

- Eu... Eu me corto Braider – ele olhou para mim sem reação e soltou um suspiro.

- Você não pode fazer isso pequena – ele disse a mesma coisa que Malfoy, mas totalmente diferente – É perigoso e faz você sentir dor.

- Eu sei, mas quando eu estou triste isso é a única coisa que me conforta.

- Me promete uma coisa?

- O que? – perguntei e ele sorriu.

- Promete que quando sentir triste vai me procurar e não se cortar promete pequena?

- Eu vou tentar Braider – disse a ele que me olhou feio – Prometo tentar.

- Melhorou Rose – ele disse com um sorriso fraco no rosto – Vou buscar algo para comer, vou trazer para você.

Braider abriu a porta e saiu correndo, daqui a pouco todos eles vão estar acordados. Depois de pouco tempo a porta é aberta, Braider não pode ser tão rápido! Olho e vejo Malfoy entrando, ele usava uma calça preta e uma blusa branca, ele me encarava com seus olhos azuis perfeitos.

- Te procurei por toda a casa Weasley – ele me olhava sem expressão nenhuma – Não devia ter vindo para caí, mas isso não é mais da minha conta.

- Então o que veio fazer aqui Malfoy? – perguntei a ele fria, se ele quer assim vai ser.

- Te entregar a carta que sua mãe mandou junto com a do seu pai – disse ele me entregando a carta – Não vai fazer nada, certo?

- Isso não é mais da sua conta – disse a ele pegando a carta com força.

- O que faz aqui Scorpius? – perguntou Braider que tinha acabado de voltar – Sai do meu quarto agora.

- Cuide da Weasley – Malfoy só disse isso e saiu, também não queria que ele falasse mais alguma coisa.

- Idiota, ele fez algo Rose?

- Cadê a comida – perguntei a ele que riu.

- Tá na mesa, o elfo já colocou – olhei para ele sem entender – Já é seis horas da manhã Rose.

- Eu pensei que era duas! – disse e ele riu – Qual o nome do elfo?

- Ferbe – disse ele normal – Mas alguma pergunta?

- Como é Durmstrang? – perguntei a ele.

- Lá é muito diferente de Hogwarts, o castelo é mais sombrio, ele deixa a gente mais responsável, mais no mundo trouxa.

- Como assim? – perguntei enquanto descia as escadas.

- Hogwarts mostra mais o lado bruxo e Durmstrang tenta mostrar os dois. Durmstrang é bastante legal e muitos pensam que só estudam garotos por lá.

- Mas é não é? – perguntei a ele.

- Não é como Hogwarts no aspecto de alunos.

- E o castelo? Ele esconde segredos como Hogwarts?

Chegamos à mesa e Malfoy comia com raiva e atenção estava toda nele. Todos estavam na mesa e comiam calmamente, menos Malfoy. Quando chegamos perto da mesa Malfoy olhou para nos e bufou.

- Agora explicou a raiva – disse Lúcio e Draco riu – O que aconteceu com seus pulsos Rose?

- Ah... Nada Sr.Malfoy – ele levantou uma de suas sobrancelhas – Lúcio.

- Onde dormiu? – perguntou Astória sorrindo.

- No quarto de Scorp – Malfoy sorriu quando eu disse Scorp.

- O que estava conversando? – perguntou Malfoy.

- Isso não é da sua conta Scorpius, por que não come calado? – rebateu Braider – Alguma coisa você tem que saber fazer direito.

- O que está insinuando idiota? – pronto agora os dois com raiva e eu resolvi acabar logo com isso.

- Estávamos conversando sobre Durmstrang – disse a eles que sorriram

- Por que quer saber disso? – perguntou Malfoy ainda com raiva e eu revirei os olhos tentando manter a calma – Você estuda em Hogwarts e não em Durmstrang.

- Filho! – repreendeu Astória chocada – O que deu em você?

- É só ciúmes Astória, não se preocupe – disse Draco prendendo o riso.

- Eu não estou com ciúmes! – disse Malfoy – Só não acho que Rose precisa saber disso, é totalmente inútil.

Braider segurou a minha mão e me levou para onde tinha duas cadeiras vazias uma do lado da outra, ele puxou a cadeira para eu sentar e Malfoy se levantou com tudo. Pensei que ele ia sair da cozinha, mas ele pegou a minha mão e me puxou para o outro lado da mesa e puxou a cadeira para mim. Sentei-me antes que começassem a discutir,

- Ainda bem que não são ciúmes – disse Narcisa como se não quisesse nada.

- Alguma notícia das trevas? – perguntou Braider.

- Não, a carta que Dumbledore escreveu não vai ser lida pela nova geração – íamos começar a discutir, mas paramos – Não discutam, tudo em seu tempo – disse Draco – Agora todas as escolas mágicas vão se juntar em uma só, que no caso vai ser Hogwarts.

- Eu não aguento nem Braider imagina Braider e seus amiguinhos – disse Malfoy.

- Melhor Durmstrang do que a outra escola – Astória riu.

- Lembro-me do Torneio Tribruxo e lembro o tanto que elas são chatas e frescas – disse ela e Narcisa concordou.

- Quando vai ter esse torneio de novo? – perguntou Malfoy e eu apenas escutava e comia.

- Não sabemos por causa das forças das trevas, mas e você Rose? – perguntou Draco.

- O que tem eu? – perguntei começando a ficar preocupada.

- Qual matéria você mais gosta? – perguntou e todos olharam para mim.

- Poções – foi à única coisa que disse.

- Mas também é muito boa em Estudos dos Trouxas – disse Braider.

- Não é muito normal ver uma Grifinória gostar de Poções – eu apenas dei de ombros – Tem falado com Harry Potter?

- Não ele vai sempre a casa ou nos encontramos na Toca, mas os filhos deles sempre dão notícias.

- Eu posso perguntar uma coisa? – perguntou Astória para mim e Scorpius, Narcisa olhava para nos sorridente – Como vocês começaram a namorar?

Eu e Scorpius estávamos bebendo um líquido que na hora eu nem me importei e engasgamos em sincronia perfeita. Malfoy começou a tossir e eu engasguei, eles olharam para nos e riram.

- Pode contar pequena – disse Malfoy olhando para mim apavorado.

- Sinta-se a vontade Scorp, não me importo – disse e ele olhou para mim desesperado.

- Por que não contam os dois juntos? – perguntou Narcisa.

- Onde se conheceram? – perguntou Astória.

- Hogwarts – dissemos eu e Malfoy junto.

- Conversamos, começamos a andar juntos depois viramos namorados. Fim – disse Malfoy e Braider segurou o riso.

- Pode detalhar Rose? – perguntou Narcisa e eu corei, tenho que inventar alguma coisa.

- Nos éramos monitores quando nos conhecemos, mas agora eles mudaram porque outros alunos queriam ser mais que nos – disse e eles acreditaram, por Merlin.

- É e acabamos caindo juntos – disse Malfoy – Até que eu comecei a conversar com a Rose e depois de muitas patadas eu consegui uma conversa decente.

- Claro você só sabe falar porcaria – disse a ele que me olhou com raiva

- Mas você gosta dessa porcaria – disse ele.

- Costumava ter bom gosto – rebati e ele me olhou feio – E acabou que com o tempo viramos amigos.

- Mas vocês não dão detalhes, como pediu Rose em namoro? – perguntou Astória.

- Do mesmo jeito que todos mãe – disse ele e sua mãe o olhou feio – No lago.

- Aquele lago é lindo e o que deu pra ela? – Malfoy engasgou de novo e eu senti vontade de rir.

- Rose não gosta de ganhar presentes – disse Malfoy.

- Mas você tinha que ter dado!

- Eu realmente não gosto – isso é uma mentira imensa porque eu amo presentes, muito.

- Tá vamos deixar isso pra lá – Malfoy sussurrou um “demorou” e eu apenas assenti – Como conheceu Braider – perguntou Draco.

- Eu estava indo para a sala de aula e eu acabei trombando com Braider – disse e Braider sorriu.

- Eu pedi pra ela me mostrar o castelo, mas Malfoy fez uma grande cena – disse ele olhando para Malfoy.

- Vamos arrumar para ir para Hogwarts certo? – disse Lúcio e todos levantaram e ficaram só eu, Braider e Malfoy na mesa.

- E tenha certeza Braider que vou fazer uma bem maior – ameaçou Malfoy.

Acho que Malfoy vai cumprir a parte de me humilhar, idiota. Agora é só voltar para Hogwarts, mas diferente. Se Malfoy pensa que vai me humilhar está enganado, vou mostrar quem manda naquele castelo. Agora é só esperar os novos alunos, me aguardem.