Deixando Jack de lado consegui arrastar Jerry para a cadeira, com certa dificuldade por conta de sua resistência. Ele sentou na cadeira com um rugido de dor por conta da perna, e acho que não teria outro som na face da terra que me faria mais feliz que esse no momento. Coloquei minha arma novamente na calça enquanto algemava os pés de Jerry a cadeira, ele tentou bater em mim com suas mãos algemadas mais eu me afastei rápido o suficiente para não ser atingida e então o prendi seu tronco ao encosto da cadeira, deixando de certa força seus braços livres.

- Você vai pagar por isso – afirmei a sua tentativa de me bater novamente – Assim como vai pagar por tudo que me fez passar.

Enquanto eu falava meus olhos nunca deixaram os seus, era verde contra verde, era sangue contra sangue, assim como sempre foi, mas dessa vez não era eu quem iria receber um castigo, não seria eu que teria que reprimir a dor, que teria que ser forte, não seria eu quem iria sangrar.

- A vida é realmente uma cadela não, é? – eu ri friamente para ele me afastando para a mesa, observando tudo com cuidado, escolhendo o primeiro brinquedo.

Eu senti minha pele se arrepiar ao som da minha própria risada, nesse momento eu estava deixando qualquer parte boa e racional de mim trancafiada, eu estava deixando que toda minha parte sádica, que todo o ódio e rancor controlassem minhas ações, e ainda assim para tudo o que eu tinha planejado para ele não seria o suficiente, nada do que ele sofresse seria o suficiente.

- Você é uma cadela! – rugiu Jerry com uma voz repleta de ódio. – Era tudo armação, não era? Se fingir de frágil, assim não seria considerada uma verdadeira ameaça, você sim é uma verdadeira cadela...

Escolhi uma adaga com cabo de dragão, e apesar de estar suja era evidente a beleza da arma, sorri satisfeita com minha primeira escolha. Separei mais alguns instrumentos na mesa enquanto tentava ignorar o que Jerry falava.

- Pelo visto subestimei você demais, sempre a considerei muito fraca, mas depois de ver o que fez com Slayer, posso dizer que finalmente trouxe um pouco de orgulho para mim... – continuou falando.

Pressionei meus lábios juntos, e olhei para ele. Eu sabia o que ele estava tentando fazer, não era preciso ser nenhum gênio para saber, ele queria que eu abominasse a ideia de ser um orgulho para ele, queria me fazer pensar que eu não queria, não deveria ser igual a ele, mas isso não iria funcionar, não hoje, não depois de ter ameaçado a vida de Ethan, eu tinha ódio demais em mim para desistir dessa vingança. E não me passou despercebido que ele tinha visto o Slayer, mas eu deixaria essa questão para mais tarde.

- Espere só até ver o que vou fazer com você, então vou ser o orgulho da família – falei com uma expressão fria e uma voz sarcástica – Não que tenha muita concorrência já que você praticamente matou todos – murmurei por ultimo me aproximando dele.

Jerry estreitou os olhos para mim, ele parecia furioso, mas eu iria garantir que ele sentisse outra coisa além de fúria, mas então sua expressão mudou e um sorriso de escárnio surgiu em seu rosto repugnante.

- Pense bem, você contribuiu muito para essa parte, não concorda? Matando sua mãe e seu irmão...

Minha respiração ficou mais rápida enquanto eu tentava bloquear as lembranças da minha mente, mas foi impossível, foi impossível não lembrar do corpo de Lara jogado no chão, com um buraco na cabeça, foi impossível de não sentir novamente a sensação do sangue de Ronny escorrendo sobre meu corpo, mas ao contrario do que Jerry queria todas essas lembranças apenas serviram para reforçar meu ódio e desejo de vingança.

- Não vai conseguir me atingir – menti girando a faca entre meus dedos - Vamos fazer uma brincadeira? – perguntei com um sorriso no rosto, tentando ignorar a culpa que ainda habita minha alma recém-descoberta por ter matado Lara – Eu descobri que gosto de joguinhos, sabe? Slayer também gostou... ele te falou sobre isso quando encontrou com ele?

- Digamos que ele não estava em condições para falar – respondeu ele.

Sorri para ele o avaliando sobre um olhar frio e falei:

- A brincadeira é o seguinte: eu vou te torturar e você não vai reprimir nem um grito de dor, e sabe por quê? – perguntei com uma voz fria – Por que não quero me privar de ouvir o quanto você está sofrendo, quero saber que esta sofrendo e o quão está sofrendo.

Sem esperar por uma resposta peguei seus pulsos algemados largando a adaga no chão enquanto forçava seus braços por cima de sua cabeça, para que pudesse ficar por trás do encosto da cadeira, ele gritou alto quando seus ossos resistiram ao movimento, mas logo coloquei mais firmeza em meu aperto e empurrei para baixo até ouvir um estalo e a intensidade de seu grito aumentar.

- Isso... – falei alto para poder ser escutada através de seus gemidos e xingamentos – Grite tão alto quanto possa, seu sofrimento não poderia me fazer mais feliz...

Então puxei seus braços para cima novamente até ele gritar um pouco antes de soltar.

Peguei novamente a adaga no chão, avaliando sua ponta enquanto me aproximando do rosto dele, segurando sua orelha esquerda com uma mão firme passei a lamina sobre ela, a adaga estava mais afiada do que esperava e cortou com muita precisão, larguei sua orelha no chão enquanto via o sangue escorrer por seu pescoço e seus gritos de dor ecoar nos meus ouvidos.

Sorri satisfeita ao ver que não tinha me sujado de sangue enquanto repetia o mesmo processo do outro lado, depois voltei para a mesa para pegar um soco inglês, depois de coloca-lo na mão me aproximei novamente dele e sem esperar soquei seu rosto com força, sentindo satisfação aos barulhos que ouvi a cada golpe, então soquei seu estomago com força e antes que pudesse resistir também soquei sua virilha.

Esse soco inglês tinha  espinhos nas pontas, então fiquei satisfeita com o resultado.

- Vadia, vou matar você! – ele grunhiu enquanto cuspia sangue e alguns dentes, seu rosto já começando a inchar.

- Não é tão bom quando é com você, não é? – murmurei deixando o soco inglês de lado e pegando novamente a adaga.

Passei a adaga sobre suas roupas, às rasgando fora e não tendo nenhum cuidado para a lamina não encostar em sua pele, depois de deixa-lo apenas de cuecas fiz o mesmo que tinha feito com Slayer, o mesmo que ele disse que faria comigo enquanto me trazia para essa sala, cortei seus mamilos fora.

Dessa vez foi impossível não me sujar de sangue, mas eu estava louca demais para me importar com isso, então voltei para a mesa e consegui uma grande tesoura.

- Você sabe o que os estupradores merecem? – perguntei afastando sua cueca com a ponta da tesoura.

Seus olhos brilharam com horror enquanto ele tentava se afastar, mas era impossível por conta das restrições, então começou a me xingar, e eu apenas sorri e consegui posicionar a tesoura do jeito certo apesar dele se remexer sobre a cadeira, mas ao invés de fazer um corte rápido, eu o fiz o mais lentamente possível enquanto que seus gritos se elevaram, e então finalmente o cortei fora.

- É isso que eles merecem, e muito mais...

Lancei a tesoura sobre a mesa enquanto escolhia o próximo item, e finalmente percebi que ainda havia dentes demais na boca de Jerry, peguei o alicate e me voltei para ele.

Tive certa dificuldade em abrir sua boca o suficiente para o alicate entrar, mas quando consegui arrancar o primeiro dente valeu a pena o esforço, assim como com os outros, minhas mãos estavam sujas de saliva e sangue, e eu simplesmente não poderia me importar menos no momento.

Quando me senti satisfeita com a quantidade de dentes no chão dei um descanso ao alicate, e antes que eu pudesse escolher o próximo objeto uma garrafa me chamou atenção.

- Ora, ora, se não é um Whiskey Jack Daniels, parece que seus homens não são os únicos que gostam...  – falei enquanto pegava a garrafa ainda pela metade e jogava a tampa fora – Agora porque não toma um pouco? – sugeri apertando suas bochechas e empurrando sua cabeça para trás enquanto derramava a bebida em sua boca.

Jerry engasgou enquanto tentava gritar e eu tive que parar de derramar, não querendo que ele morresse engasgado, ele não podia morrer ainda. Ele cuspiu o resto da bebida, gemendo de dor por conta do álcool em contando com suas feridas abertas e sem pensar sobre isso derramei o resto da bebida em seus machucados, ouvindo seus gritos e vendo seu corpo balançar contra a cadeira por conta da ardência.

Sem perder a oportunidade joguei a garrafa de direção a Jack, que permanecia no chão, suas mãos algemadas tentando estancar o ferimento na perna, já que eu infelizmente atingi o lugar errado. A garrafa se chocou contra seu ombro machucado e ele gritou de dor rolando para o lado enquanto xingava alto.

Jerry estava estremecendo sobre a cadeira, seu rosto desfigurado por conta do soco inglês, mas ainda acordado.

- Agora minha parte favorita, eu queria deixar para o final, mas não vou conseguir esperar tanto tempo... – disse pegando uma faca sobre a mesa e a mergulhando sobre um recipiente cheio de um líquido de aparecia suja, eu sabia o que continha ali, eu sabia por que Jerry me falava cada vez que ia me cortar, e eu sabia que aquilo multiplicava a ardência do corte por mil.

O sangue de seus ferimentos estava em evidencia contra sua pele pálida, mas ainda muito intocada, então aproximei a faca e comecei a riscar sua pele, assim como ele já fez comigo, mas ao invés de deixar o recipiente sobre a mesa eu o segurei com minha mão livre, derramando um pouco mais sobre cada corte que fazia, vendo como a carne se partia e o sangue escorria para fora, se libertando de seu corpo imundo.

Depois de fazer cortes em cada pedaço de pele exposto me aproximei novamente da mesa, pronta para pegar um martelo, afinal o que era uma tortura sem mais alguns ossos quebrados?

Mas antes que eu pudesse chegar à mesa a porta de metal se abriu e com apenas um vislumbre do homem ali parado foi o suficiente para sentir como ele estava furioso.