The World Of Evie escrita por CassBlake


Capítulo 20
Uma dose da Realidade


Notas iniciais do capítulo

Meus queridíssimos leitores, sinto muito por ter demorado a postar , mas tive alguns problemas nesses dias.
Boa Leitura ^^



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CAPITULO 20

Eu estava de novo sentada na mesma cadeira de ontem, na mesma sala de ontem e sendo interrogada pelo mesmo idiota de ontem. Downey tinha um curativo no nariz e tive que morder meu lábio com força para não sorrir com satisfação por ter deixado minha marca nesse cretino filho de uma puta. A cadeira ainda era fria, mas o ar condicionado da sala não deveria estar ligado ou talvez o aquecedor estive esquentando de demais e novamente tirei minha jaqueta e segurei-a no meu colo enquanto Downey sentava na minha frente e me olhava como se eu fosse uma assassina de criancinhas inocentes, assassina eu sou, mas jamais teria coragem de matar algo inofensivo como uma criança, foi bem diferente quando matei Bob e Todd, estávamos tentando fugir e os dois tentaram me machucar.

- Não conseguiu um advogado? – perguntou com segura me olhando com ódio.

- Não – eu disse com uma voz calma e Downey fez uma careta, como se esperasse que eu o socasse de novo, mas eu não faria, havia prometido ao Ethan e sabia que dessa vez eu não iria sair impune se agredisse alguém, mas não o agredi realmente porque era isso que Downey queria, ele queria que o socasse e então ele poderia me prender. Dei meu melhor sorriso, que havia treinado hoje em frente ao espelho do banheiro, Mary não era a única que poderia ser uma boa atriz – Sinto muito pelo seu nariz, eu não agi certo ontem.

A cara de Downey ficou enrugada quando ele olhou feio para mim, percebendo que não iria conseguir me pegar, dessa vez quando sorri meu sorriso foi verdadeiro, mas não um sorriso de desculpas, oh não, um sorriso perverso o deixando saber que não me arrependia em nada por socá-lo.

Como ele não respondeu apenas o olhei e esperei deixando minha expressão relaxada e olhos inocentes.

- Vamos começar. – disse Downey abrindo uma pasta em cima da mesa. – Ontem você afirmou que era filha de Jerry Russel, um dos homens mais procurados e também afirmou que era informante dele.

- Eu também afirmei que não fazia isso por vontade própria e que era castigada cada uma das vezes que não cumpria suas ordens. – respondi o olhando nos olhos.

Eu não iria deixar ele me ferrar, não mesmo!

Ele trincou a mandíbula e espalhou fotos em cima da mesa.

- Você não aparece em nenhuma das fotos que temos dos informantes de Jerry, nenhuma das fotos que conseguimos ao longo dos anos e posso dizer que isso me faz achar que está mentindo sobre ser informante do Jerry – falou empurrando as fotos para meu lado da mesa.

Olhei as fotos em cima da mesa com calma, eu estava naquelas fotos, eles apenas não observaram direito. Passei foto por foto antes de falar.

- Eu estou nas fotos – afirmei estendo as fotos para ele.

- Onde? – perguntou Downey convencido.

- Aqui – falei indicando uma pequena estrutura entre três homens grandes, eu estava irreconhecível, mas não porque estava usando uma peruca ou porque estava vestindo roupas de homem, mas sim porque meu rosto estava inchado pelos muros que levei nesse dia – E aqui e aqui, humm, e nessa também. – falei me indicando com o dedo.

Downey olhou para as fotos e depois olhou para mim, algo brilhando em seus olhos.

- Pensei que só era castigada quando se negava a ajudar o seu pai – ele disse com a voz cheia de veneno.

Ignorei como ele falou “seu pai” e respondi.

- Na primeira vez que Jerry me mandou fazer isso eu me neguei, então fui castigada e depois forçada a obedecê-lo, ele pareceu tomar gosto em me surrar então como ameaça ele sempre me batia antes de mandar sair, se eu me negasse ele apenas continuaria me batendo até que eu concordasse em ir, por mais que tivesse um braço quebrado e conseguisse enxergar apenas por um olho. – falei dando de ombros como se isso não fosse nada e ele deveria ser um tolo por não pensar nisso.

Ele piscou surpreso por um momento e falou.

- Quer que acredite que seu pai surrava você? A preciosa informante dele?

- Sim, se você observar direito as fotos, vai ver que sou eu, mesma altura e – falei olhando novamente uma foto e indicando uma marca na mão – Eu sempre tenho um machucado cicatrizando nas costas da mão, Jerry gostava de me riscar antes que eu saísse. – falei indicando um traço vermelho nas costas da minha mão que dava para ver graças a posição e qualidade das fotos e esticando minha mão direita para que ele visse as cicatrizes que tinha nela.

Downey olhou para as fotos e logo avaliou minha mão, passando o dedo pelas linhas claras que cruzavam minha mão e que tinham uma leve relevância. Fiquei grata por Paul ter segurando minha mão esquerda hoje cedo e por Jerry preferir minha mão direita.

- Viu? – perguntei erguendo uma sobrancelha. – Tenho mais cicatrizes para mostrar se quiser comprovar mais alguma coisa. – falei calmamente enquanto tirava minha mão de seu alcance e a colocava no meu colo.

- Sim, acho que isso confirma que é você nas fotos – concordou Downey a contra gosto. – Por quanto tempo era informante do Jerry?

- Desde que tinha doze anos, então a mais ou menos seis anos.

- Passou todo esse tempo sendo surrada gravemente e nunca precisou ir a um hospital?- perguntou em descrença.

- Lara conseguiu alguns kits de primeiros socorros para mim e Jerry tinha certo cuidado em não quebrar nenhum osso, apenas às vezes ele estava tão irritado que não se importava, mas geralmente alguns pontos e repouso me faziam ficar bem. – disse com a voz impassível lembrando como era terrível esses momentos, toda a dor e nenhum jeito que expressa-lo, um grito e tudo piorava, um gemido de dor e os cortes eram mais fundos, sempre assim.

Suportar a dor em silencio, suportar as torturas e ter que me costurar sozinha após cada uma delas, sempre sozinha, Lara nunca cuidou dos meus ferimentos, mas sempre vou ser grata pelos kits de primeiro socorros e pelos livros que ela conseguia para mim, pois eles me livraram de ter um destino pior do que o dela.

- Então você se cuidava sozinha? Quer que eu acredite que uma criança de doze anos pode dar pontos em si mesma sozinha? Se cuidar sozinha? – perguntou em descrença.

- Sim, se essa criança de doze anos viveu cada ano de sua vida com Jerry Russel e sua gangue, sim se essa criança via e ouvia a mãe ser estuprada repentinamente e tentava se distrair dos gritos e risos lendo livros de biologia avançada e guias médicos para universitários. – eu disse o olhando nos olhos sem mostrar nenhuma emoção, sem mostrar todas as emoções que eu havia matado e enterrado para poder sobreviver a tudo isso. – Então sim, eu quero que você acredite, mas se isso for impossível para você, então não deveria estar nesse trabalho, pois se acha que o mundo é tão perfeito que para cada criança machucada existe ao menos uma mãe carinhosa sempre disposta e enfaixar um tornozelo ou dar pontos ou simplesmente ajudar a limpar o sangue dos cortes porque ela não consegue enxergar direito depois de levar tantos muros, então você realmente não deveria estar nesse emprego, pois não existem realmente criminosos, existem? – perguntei ainda o olhando nos olhos e falando com uma voz sem nenhum sentimento - Aprenda uma coisa agente Downey, o mundo é cruel, não importa se é criança ou adulto, tem que aprender a se cuidar ou não vai conseguir sobreviver.

Downey ficou em silencio por um momento parecendo refletir o que falei.

- Foi isso que aconteceu com você? – perguntou o agente me observando.

- Sim, foi isso que aconteceu – eu falei – Só que pior.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e nao esqueçam de comentarem por favor, pois como ja disso isso me anima muito para continuar a escrever =D
Deva nao vou demorar a postar ^^