Família, Luke escrita por Lilly B


Capítulo 4
IV - Thalia/Luke




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“E então, Thalia Grace?”, a menina de cabelos castanho-avermelhados chamou, esperando a resposta.

Thalia sabia quais seriam as vantagens de responder afirmativamente a pergunta. A segurança e a estabilidade. A proteção de pertencer a um grupo tão poderoso e o conforto de saber que sua vida não estaria em risco constante.

Além da imortalidade, é claro.

Mas para isso, ela precisaria abrir mão de algo que não estava disposta a deixar para trás: a companhia de Luke. E ela sabia que não poderia abandoná-lo, deixá-lo para defender-se sozinho de todos os monstros que o matariam sem hesitação.

Se isso acontecesse, ela nunca se perdoaria. Desde que se conheceram, Luke esteve com ela em todos os momentos, protegendo-a e tirando-a do perigo. A única coisa que tinham era um ao outro. Ele não tinha família, nem amigos, nem lugar para ir, assim como ela; seria cruel e egoísta fazer tal coisa com ele.

Thalia olhou para Luke, que sustentou o olhar com firmeza, tentando esconder medo evidente. Até o momento, ele não havia reagido nem dito nada, deixando que ela e Annabeth decidissem o que queriam sem influenciá-las. Apenas ficou calado observando enquanto aquele grupo de garotas tentava levar a única família que tinha.

O que ele queria na verdade era gritar e mandar que aquelas meninas fossem embora. Deixem-nos em paz, ele teria dito. Mas apenas permaneceu ali, sem nenhuma reação. Ele conseguia imaginar como a proposta devia ser tentadora para Thalia e Annabeth. Era tudo que procuravam. E, apesar de torcer pelo contrário, se elas decidissem por isso, não iria culpá-las.

“Não”, Thalia respondeu firmemente. Inconscientemente moveu-se para o lado, na direção de Luke.

A menina à frente suspirou, balançando a cabeça negativamente, como se lamentasse pela resposta. Então desviou o olhar para a garota loira ao lado de Thalia. “E você, pequena Annabeth Chase?”, perguntou gentilmente, sorrindo. “Você tem espírito de caçadora.”

Thalia grunhiu ao ouvir a frase, indignada. Luke segurou sua mão e apertou, tentando acalmá-la.

Annabeth tinha uma expressão hesitante. Seus olhos arregalados alternavam entre Luke e Thalia e as Caçadoras, que esperavam ansiosamente uma resposta. Ela parecia amedrontada – o que não era muito comum para aquela criança.

“Eu, hm... eu não...”, a menina começou, em uma voz quase inaudível. Sua frase perdeu-se pela metade e ela calou-se, engolindo em seco.

“Ela não quer.” Thalia garantiu com a voz firme. “Annabeth vai continuar conosco.”

Uma garota alta e um tanto quanto intimidadora grunhiu, segurando o arco com força. Ela tinha os cabelos negros presos em uma trança e os olhos castanhos furiosos fixos em Thalia.

"Deixai que a garota decida, meio-sangue”, ela recomendou com uma voz ameaçadora. Thalia não recuou.

“Desista, Doce-Amarga.”

Antes que a caçadora pudesse fazer alguma coisa, a menina de cabelos avermelhados fez sinal com a mão para que parasse com a discussão.

“Acalme-se, Zoë”, disse a menina. “Não viemos causar confusão.”

Zoë recuou. “Desculpe-me, lady Ártemis.”

A deusa adiantou-se, caminhando lentamente em direção a Annabeth. A menina recuou.

“Está tudo bem”, Ártemis garantiu. “Só queremos conversar. Por que você não me acompanha até minha barraca para termos mais privacidade?”

“Isso não vai ser necessário”, Thalia falou novamente. Agora a irritação em sua voz era clara. “Seja o que for que quiser dizê-la, pode falar para mim e Luke também.”

Ártemis virou-se para Thalia com uma expressão aborrecida. Luke sentiu um frio na barriga – tinha noção de como era perigoso irritar um deus. Não era o tipo de inimigo que queriam.

“Thalia e Luke não podem mesmo ir comigo?” Annabeth perguntou receosa, interrompendo a tensão e tomando a atenção da deusa para si, que desviou os olhos de Thalia para dar um pequeno sorriso.

“Desculpe-me, pequena Chase, mas Luke não pode se juntar a nós. Só aceitamos meninas fortes, como você.” ela passou a mão lentamente pelos cachos de Annabeth, que se encolheu. “E sua amiga Thalia não parece muito disposta a nos acompanhar.”

Thalia rolou os olhos. Zoë a encarou com um olhar furioso, que ela retribuiu.

“Não quero ficar sem eles”, Annabeth confessou, com a voz triste.

Ártemis pareceu compreensiva. “Eles vão ficar bem, eu tenho certeza.”

Annabeth não pareceu convencida. Ela olhou para Luke mais uma vez. Ele balançou com a cabeça quase imperceptivelmente.

“Desculpe-me, senhora”, Annabeth choramingou. “Eles são minha família.”

Ártemis assentiu e recuou alguns passos, voltando ao meio de suas caçadoras. A expressão em seu rosto era de clara decepção. Ela lançou a Luke um olhar reprovador. “Está na hora de irmos, caçadoras.”

As garotas juntaram suas coisas e começaram a caminhar floresta adentro. Zoë aproximou-se dos três semideuses e balançou a cabeça, como se sentisse pena das garotas. Aquilo fez com que o sangue de Thalia borbulhasse nas veias. Se Luke não estivesse segurando sua mão para acalmá-la, já teria a atacado.

“Estais cometendo um grande erro”, Zoë declarou, olhando fixamente para Thalia. “Este garoto vai decepcioná-la um dia”, rogou a caçadora com uma voz baixa.

“Mentirosa.”

“Esperai e verás.”

“Já chega, Zoë.” Ártemis chamou, entrando na floresta atrás de suas Caçadoras. “Vamos embora.”

É, vais embora, Caçadora”, Thalia zombou com desprezo em sua voz. “E não voltais mais.

Zoë virou as costas e saiu atrás de sua senhora. A última imagem do sorriso arrogante em seu rosto não fez com que Thalia repensasse sua decisão.

Luke nunca a decepcionaria. Nunca.

Ela apostaria sua vida naquilo.


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