- Vamos logo, Milla! – eu a chamava-a, apressando-a.

- Calma só falta retocar o batom! – Milla dizia enquanto se inclinava para frente. Ela passava um batom vermelho nos lábios, forçando-os a ficar mais vermelho ainda.

- Está cheio. – olhei pelo retrovisor a multidão que se exprimiam para entrar na pub.

- Vamos ter que achar uma vaga rápido. – Os olhos de Milla almejavam por uma vaga. Com muito esforço, conseguimos encontrar. Um pouco longe do local, mas bom. Milla apresentou os tickets e entramos num lugar abafado e superlotado.  De um lado, pessoas com um drink na mão, dançando animadamente e no outro, pessoas se beijando. Milla apenas disse: “Vejo você mais tarde.” E desapareceu, deixando-me sozinha.

E lá estava eu... Sentada no bar, olhando a multidão e com o quarto copo de Martini na mão. Passaram-se duas horas desde que Milla me deixara. Meus olhos estavam paquerando a pista de dança. Sem pensar duas vezes, levantei-me de súbito. Minha visão ficou um pouco embaçada. Fechei os olhos, respirando profundamente. Quando dei um passo, trombei com alguém que me derrubou no chão.

- Rosalie! – ouvi meu nome e depois um silêncio irrestrito. – Rose, fale comigo! – a voz chamou-me outra vez.

- Calma, ela está acordando. – era uma voz masculina de fundo, irreconhecível. – fui abrindo os olhos vagarosamente. Minha visão estava turva e minha cabeça ardendo de dor.

- Amiga! – Milla abraçou-me em meio de soluços

- O que-e aconteceu? – coloquei uma mão na cabeça, por causa da dor. De fato, era o efeito da bebida.

- Você desmaiou após trombar comigo. – ouvi uma voz muito conhecida. Virei a cabeça para o lado da aonde vinha a voz. Harry. Claro, quem não reconheceria? Fiquei pacata, afrontando-o. Ele não parecia o mesmo. Sua aparência era a mesma, só que mais musculoso. Mas ele tinha um ar de cínico, arrogante.

- Não vai me agradecer? - disso num ar arrogante.

- Obrigada, Harry. – dei ênfase em seu nome. Levantei-me com a ajuda de Milla e vi que estava na entrada do pub do lado de fora. Puxei-a e fomos para o carro. Coloquei minhas mãos sob o volante e suspirei.

- Tem certeza que está nas condições para dirigir? – ela perguntou com certo ar de dúvida e eu assenti.

- Quer que eu te deixe em casa?

- Está bem? Se não eu poss... – eu a interrompi.

- Estou super bem.

- Ok. – deixei-a em sua casa e fui para minha. Cheguei super cansada. Subi para meu quarto e fui para o banho. Abri a torneira para que pudesse encher a banheira. Era a única coisa que me relaxava naquela hora. Tirei a roupa, coloquei no cesto e entrei na água quente. Apoiei a nuca na borda e fechei os olhos. O único barulho que se ouvia era a água. Meus pensamentos estavam longe. E não estavam em Peter, estavam em Harry. Como uma pessoa muda em semanas suas atitudes? E quais são os motivos disso? Eu relembrava da cena em que olhei em seus olhos, que não mostravam um pingo de piedade.

      Banhei-me e vesti um pijama confortável. Peguei uma foto que estávamos nós quatro e passei a mão sobre ela. Uma lágrima caiu e eu a sequei. Beijei a foto e fui dormir.

  Acordei com o sol batendo em meu rosto. Fiz minha higiene matinal e desci para o café da manhã. Lá estava Melanie, Holly e Carly.

- Rose, querida. – ela sorriu. – Como foi ontem? – Péssimo. Pensei.

- Bom. – mordi um pedaço da torrada. – Estava precisando. – Carly e eu trocamos um olhar cúmplice.

- Vou sair hoje. Carly ficará com a vovó, se quiser pode ajudá-la. – assenti. Assim que Melanie saiu, fui ajudar Carly e depois que a vovó dormiu, fomos para a sala.

- Pode contar. – disse Carly após sentarmos no sofá. Suspirei.

- Encontrei Harry.

- E?

- Ele está diferente. Não de aparência, seu jeito... – a campainha tocou. Levantei para atender a porta. Assim que abri, dei de cara com alguém nada agradável.