Diarios De Um Coração Insano. escrita por Cassie


Capítulo 30
Pieces of a Long Night...(parte 4)


Notas iniciais do capítulo

À noite quando as estrelas iluminam meu quarto

Eu sento sozinho

Falando com a Lua

Tento chegar até você

Na esperança de que você esteja do outro lado

Falando comigo também

Ou será que eu sou um tolo aqui sozinho

Conversando com a lua?

http://www.vagalume.com.br/bruno-mars/talking-to-the-moon-traducao.html



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—O que você esta fazendo aqui? —Eu estava tão perdida em meus pensamentos que nem ao menos o ouvi chegar, porem sua voz me trouxe calma e diversas outras sensações indescritíveis. Ele estava mesmo diferente, seus olhos estavam amarelados, com pequenos fios verdes contornando sua íris. Sua face estava triste ao invés de pretenciosa, ele tinha próximo ao olho esquerdo uma cicatriz a qual não estava ali antes, e algo lhe cobria o pescoço. Seu tom feroz não me afetou, tudo o que eu queria era vê-lo e talvez isso tenha tornado tal atitude mais deleitosa a mim. Aquele ambiente era mais claro do que qualquer outro da floresta, o brilho da lua nos acariciava a pele com formosura, e o perfume que as rosas exalavam tornavam tudo ainda mais encantador.

—Eu te perguntei algo... — o ouvi dizer com certa arrogância que ele jamais usara comigo. Logo acordei do transe inconsciente que me prendia a sua existência sombria e surreal.

—Eu... — gaguejei. O que eu ia dizer? Que estava me certificando se ele estava mesmo preso a uma morta? Seria desagradável para nós dois. Talvez mais a mim, dependendo de sua resposta. Sem perceber, eu estava em seus braços. Atirei-me ali de forma desesperada. Ansiava com todas as minhas forças pelo seu toque. Ele, por sua vez abraçou-me fortemente como se esperasse por aquilo há muito tempo. Apertou-me ainda mais contra seu peito e puxou o ar profundamente.

— Qual seu tipo sanguíneo Hinna? — perguntou. Era uma pergunta estranha, porem não me surpreendeu como faria a qualquer outra pessoa.

—Eu... Eu não sei. Porque quer saber isso?— questionei.

—Nada demais minha pequena, eu apenas acho que tens um cheiro maravilhoso.— respondeu-me. Dessa vez fiquei surpresa, ele realmente falava de meu sangue? — Senti um odor diferente por aqui, claro que reconheci seu cheiro, mas não é normal que esteja aqui.

—D-desculpe eu... — comecei e ele logo interrompeu-me separando-se de mim.

—Não preciso disso. Sei por que veio. E não me incomodo.

—Não se incomoda? — perguntei confusa. Se ele não se incomodava porque se mostrou tão contrariado?

— Não acho seguro que venha aqui, ainda mais sozinha. Há outros além de mim, e eles não são tão... Razoáveis a humanos como eu. — ele disse olhando ao redor como se tivesse alguém nos observando. — Prometa-me que não fara isso novamente? — intimou-me. Assenti e ele sorriu satisfeito.

— Você ainda sente falta dela não é? — perguntei vagarosa. Ele olhou a sepultura e voltou a me olhar.

—Sim, sou único que ela tem. O único que teve na verdade. Todos a detestavam, mas eu a amei. Amei a pessoa que ela era quando estava comigo. — respondeu com olhos vagos, parecia envolto em suas memórias.

—Dimit... — lhe faria outra pergunta, mas ele virou-se de costas para mim. Olhou-me sobre o ombro e forçou um breve sorriso.

—Preciso ficar um pouco sozinho, sim? — meneei a cabeça em concordância e o deixei ali, sozinho com a defunta. Não, eu não sou insensível. Minha intuição nunca falha, e eu não acho que essa Mary era alguém confiável. Ainda mais depois do que Dimitry disse,“todos a detestavam” “Eu amava a pessoa que ela era quando estava comigo”.Ela se tornava outra perto dele. Qual seria sua verdadeira face? Seu verdadeiro interior? Quem era a verdadeira Mary Magdalaine, a que ele amava ou a que todos odiavam? Em minha opinião, a odiada era a verdadeira. Ou talvez eu só esteja com ciúmes. Ciúmes é algo tão infantil, e tão inevitável. Talvez eu seja egoísta. Talvez eu não consiga dividi-lo com alguém, e na verdade nem quero. Gostaria de saber o que houve com ele, porque me pediu para deixa-lo. Será que falar sobre Mary o deixou triste? Espero realmente que tenha sido outra coisa. Acho melhor ir para casa, mas antes, preciso encontrar Noir, não quero quebrar minha promessa uma vez que é a primeira feita a um morcego.

Voltei até o grande cemitério, Noir não estava por lá. Avistei o castelo e meus pés se rastejavam lentamente em sua direção.

—E então? Você encontrou o vampiro? — a voz de Noir acordou-me voltando minha atenção a ele.

—Ah sim, ele realmente não aprece bem. Esta muito diferente.

—Diferente? Já o tinha visto?

—Sim, desde muito pequena.

—Ah, então eu estava certo. Voce é a garota da profecia. — ele disse com um sorriso arreganhado.

—Profecia— perguntei curiosa. Logo o mamífero fechou a boca engolindo a seco. Suas asas se agitaram e ele desviou o olhar rumo ao castelo, levando seu pequeno e voante corpo ao mesmo.

— Espera, do que esta falando? — eu gritava correndo em sua direção, mas claro que minhas frágeis pernas nunca teriam a velocidade de suas asas. Agora eu estava impedida de ir embora até vê-lo novamente, pois ainda não me despedi. Ao olhar os arredores me deparei com o cemitério que parecia ainda mais nebuloso. “Como vou voltar para casa?”. Os túmulos eram bem tristes e desgastados, diferentes do tumulo da garota que estava limpo e enfeitado com flores.É isso, flores! Coloquei-me a andar pelo local a procura de qualquer planta que fosse desde que não se constituíssem de mato. Enquanto procurava as flores tentava lembrar o caminho de casa, mas esse não me vinha a memoria, como se não fizesse parte dela. Após recolher flores o suficiente para os buques, as depositei em diversas sepulturas de forma aleatória. Pronto agora está bem mais bonito. A tão conhecida beleza morta. Espero que, onde quer que estejam as pessoas enterradas aqui apreciem o gesto.

— É muito gentil o que você acabou de fazer...— Dimitry apareceu em minha frente, vindo sabe Deus de onde.

—Você me assustou, pensei que queria ficar sozinho. — disse de forma doce apesar de agitada devido ao susto.

—Eu precisava apenas que se afaste por alguns instantes, mas agora, já esta fora de perigo. —Ele disse se aproximando devagar. Suspirei entendendo o que ele queria dizer. Um sorriso tomou conta de meus lábios, Dimitry não me queria distante, queria apenas proteger-me de si mesmo.

—Está tudo bem? — perguntou olhando para mim de forma divertida. Por um momento achei que ele podia ler meus pensamentos. Respondi movimentando a cabeça e me recostando numa árvore próxima.

—Noir me contou sobre voce. — comecei. O silencio estava me incomodando, e eu queria saber o que aconteceu exatamente. O que Noir disse pareceu um tipo de resumo de uma enciclopédia farta e impactante. O vampiro olhou-me curioso. Ele se sacrificou por ela, mas a que preço? — Voce se tornou vampiro para salva-la? — perguntei. Na verdade investiguei as informações que já tinha.

— Não foi exatamente isso. Noir, assim como tantos outros, fantasiam as coisas, a fim de deixa-las mais bonitas, ou talvez mais dramáticas do que realmente foram. — ele disse com olhos novamente distantes. Permaneci calada esperando-o falar. — Eu sou assim como vê há muitos, muitos anos. Eu estava aqui quando a cidade foi criada, e já era um vampiro naquela época. Cada um nasce com o seu legado, e eu ainda não conclui o meu. Não posso sair dessa cidade enquanto não cumpri-lo. Sou prisioneiro do tempo, e do espaço também.

Quando conheci Mary, estava infiltrado nas tropas do reino, venci muitas guerras como soldado, e ao receber um novo titulo que me faria líder de guerra, a conheci. A filha do Rei. Ela era a moça mais bela do reino, era dócil, ajudava as crianças em seus estudos e cuidava dos animais do pastoreio. Ao ver-me ela desejou me conhecer e o Rei fez sua vontade. Anos se passaram e ficamos noivos, e então uma praga atingiu o vilarejo próximo ao reino matando todos que ali viviam. De alguma forma a doença chegou a Mary, e procuramos curas para ela. Na época não haviam muitos recursos como se tem hoje, e todos os feiticeiros de todos os reinos e países próximos foram convocados. Um mês depois e nada de cura-la até que uma das amas de Mary sugeriram o vampirismo. Disse que torna-la imortal seria a única solução de não vê-la morrer. Eu não queria que isso acontecesse, Mary deveria morrer como o destino queria e alterá-lo causaria mudanças no futuro que não seriam boas. O rei achou que a ideia daquela anciã era magnifica e convocou homens para leva-la a Romênia, onde habitavam maior quantidade de vampiros.

Ele parou olhando-me. eu não tinha reação alguma além do fascínio. Logo ele continuou.

Eu logo me prontifiquei, disse que iria sem ela, pois a viagem seria mais rápida e ao retornar a transformaria. O rei achou conveniente e eu parti claro que não sai da cidade uma vez que já era um vampiro, apenas fiquei ali dia após dia observando-os. Após anunciarem a morte dela esperei que se passasse mais um dia e então retornei ao castelo. Muitos choraram sua morte, mas eu não conseguia, pois não tenho lagrimas já faz muito tempo. Depois disso vi todos morrerem pouco a pouco e enquanto eles se iam eu me isolava cada vez mais, sem sair do castelo, sem sair de meu quarto. Eu ficava apenas ali, sozinho olhando a lua pela janela, e vez outra conversava com ela na esperança de que assim Mary pudesse me ouvir. Aproximadamente um século e meio á frente, a cidade foi novamente colonizada por pessoas de outros vilarejos e reinos e entre eles outros Yukimura.” — ele conclui. Eu estava impressionada com tudo. Mary era uma Yukimura, e ele já era um vampiro antes de conhecê-la. Ele não perecia tão egoísta.

—Você podia salva-la. Porque se escondeu quando tinha a solução? — perguntei. Ele deu um suspiro rápido seguido de um sorriso irônico.

—Esse era o destino dela. Não devemos tentar mudar o que está destinado a ninguém. Nada acontece por acaso Hinna. Nem mesmo a morte.

—Você a matou. — afirmei inconformada. Eu daria tudo para salvar alguém que amo, e ele não pode dar vida eterna a sua companheira.

—É muito mais complicado que isso. Você não entenderia. — ele disse prendendo uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha.

—Então me ajude a entender... — sussurrei meiga prendendo sua mão em meu rosto, acariciando lhe a palma.

—Não posso lhe contar. — ele disse sussurrando tão baixo como eu. Fechei os olhos e suspirei um tanto decepcionada. Ele sorriu leviano. —Mas posso te mostrar. — disse me pegando no colo. O vento batia forte em meu rosto e o frio parecia cortar-me, mas a sensação de adrenalina que tive ao ver toda a floresta desmanchar-se em borrões enquanto ele corria veloz tratou de aquiescer-me com a situação. Tão logo estávamos dentro de seu castelo. A imagem vista ali era diferente da sombria e ameaçadora que se via por fora. Tudo estava impecavelmente arrumado, e não possuía um grão se quer de poeira no chão ou moveis. Dimitry ainda me tinha nos braços e subiu as escadas, que eram enormes, degrau por degrau até chegarmos numa torre bem alta. Tudo indicava ser seu quarto. Finalmente me colocou no chão, e ao tocar a maçaneta da porta ele se virou para mim, seus olhos agora tinham um tom vermelhos sangue.

— Espero que não se assuste com o que verá.— ele disse como se quisesse provocar-me medo.

—E por que me assustaria? — perguntei um pouco tensa. Ele no entanto, apenas sorriu abrindo a porta a nossa frente.


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Notas finais do capítulo

Hey anjos de minha vida, espero ter esclarecido algumas coisas com esse capitulo, e nos proximos começaremos a entender mais e mais tudinho.. Ah e no proximo teremos finalmente A sms q o Cast recebeu e.e

Vamos encerrar esse episodio (pieces of a long night) e começaremos enfim com uma sequencia de POV de todos os outros personagens.. Um bzoooo e até o proximo..



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