Eu caminhava lentamente pela rua escura, o movimento agora era pouco. Não queria esperar as garotas, e tão pouco queria voltar para casa. Não queria interromper tia Alex no quer que esteja fazendo. Continuei minha jornada pelas quadras de Amour Sucré. A lua embora clara tornava o ar mais denso e sombrio, meus pés não sabiam para onde ir, e apesar disso continuavam seguindo rumo ao nada. Tudo o que eu queria era ficar sozinha, somente eu em minha própria companhia. Isso daria certo se eu estivesse com minha sanidade mental intacta, porem ficar sozinha me faria mal naquele momento, pois os pensamentos tomariam forma, e me levariam aonde eu definitivamente não queria ir. Levariam-me aele.Castiel. Como é possível uma pessoa ser tudo e nada ao mesmo tempo? Apesar de tudo eu não conseguia odiar-lo. Ele estava lá, rodeado de garotas, e com certeza debochando de mim por ser tão tola e me deixar atingir por suas idiotices. Por que ele me afeta tanto? Um mês. É só isso que tenho nesta cidade e me sinto envolta nela de tal maneira... Parece que vivo aqui a décadas, séculos, talvez milênios. Demetrria seria um ótimo consolo agora. Amava ter seu colo para chorar. Ela cuidava de mim, coisa que minha irmã nunca fizera. Também sinto falta de Josh, quando ele está por perto nada consegue me fazer mal. Nada machuca, ou corrói.

Passei em frente a uma loja de artigos infantis e vi uma garotinha, tão pequenina, seus olhos brilhavam impressionados com o ambiente em que estava. Parei naquela calçada e a observei por um tempo. Ela corria pegando coisas coloridas e outras num tom suave de rosa. As entregava a uma mulher de longos fios castanhos, que acredito ser sua mãe, e voltava a correr entre tantos brinquedos. Um gato caramelo passou por mim. Ele era rajado com manchas marrons que pareciam linhas verticais. A garotinha da loja o viu e correu para a calçada sorrindo.

—Olha mamãe, um gatinho. — ela gritava para a mais velha. O gato que estava próximo aos meus pés eriçou-se com os gritos da garota e pôs-se a correr. A mãe da garota parecia distraída em assuntos com o vendedor da loja, e deu pouca importância a criança que passara por mim como uma lebre pequena e veloz. Ela corria atrás do gato que foi para o centro da pista. Um carro buzinou para o gato que passou por baixo dele adentrando um beco próximo. Não pensei antes de agir e lancei-me em direção a garota que estava parada na via. Meus braços adquiriram uma força desconhecida e a jogou do outro lado da calçada. Eu estava no chão impedida de me levantar pois a luz que ofuscou minhas vistas tratou de travar todos os meus sentidos. Fechei os olhos esperando pelo que viria a seguir.