Dez anos já se passaram. Parece que foi ontem que eu era uma menininha indefesa que morava em um vilarejo pacato. Aos seis anos, me imaginava com essa idade como uma dona-de-casa casada, com vários filhos. Doce ilusão.

Minha vida realmente começou aos meus oito anos, quando conheci o senhor Sesshoumaru e passei a viajar ao seu lado. Ao longo dos anos, estive em perigo inúmeras vezes, mas sempre era salva.

Lembro-me do dia em que comecei a perder minha inocência. Devia ter mais ou menos uns doze ou treze anos :

O senhor Sesshoumaru estava lutando contra um youkai muito forte. Ele era rápido e conseguia escapar dos ataques da Bakusaiga.

De repente, para nossa surpresa, o youkai fincou os dentes no braço esquerdo do senhor Sesshoumaru.

– Senhor Sesshoumaru ! - gritei, desesperada

O youkai tentou se aproximar de mim, mas ele rapidamente se meteu na minha frente, fazendo com que as garras e dentes do youkai quebrassem sua armadura e rasgassem a parte de cima de seu kimono.

Era a primeira vez que via o peito nu do senhor Sesshoumaru. Toda aquela roupa que ele usava enganava, e muito. Por um momento, esqueci de tudo que acontecia ao meu redor. Só conseguia ver ele e seu corpo maravilhoso.

Quem me acordou de meu ligeiro sonho foi o senhor Jaken, me puxando para trás.

– Rin, se afaste ! O senhor Sesshoumaru está com os olhos vermelhos !

Ele sacou novamente a Bakusaiga, estava com tanta raiva concentrada que conseguiu acertar o youkai, reduzindo-o a pedaços.

– Muito obrigada , senhor Sesshoumaru ! - eu disse, alegre por saber que ele estava bem.

– Vamos. - ele se virou e foi andando.

– O senhor não está com frio ?

– Cale a boca, Rin ! - o senhor Jaken falou

Ele não me respondeu e continuou andando.

Lembro-me deste dia com um sorriso no rosto. Durante toda a minha infância eu sempre o vi como uma espécie de.. pai. Mas desta vez senti algo diferente, algo arrebatador estava crescendo dentro de mim.

Outro momento que me lembro claramente como se fosse hoje foi a primeira vez em que senti que era, de fato, uma mulher. A puberdade é um momento difícil para todas as garotas, principalmente para mim, que só cresci ao lado de homens.

 - Senhor Sesshoumaru... eu posso tomar um banhor rápido, aqui nesse rio ? - estava me sentindo desconfortável, com cólicas, precisava me refrescar.

Ele me olhou, impaciente.

- Por favor, por favor ! Eu prometo que não vou demorar !

Que vergonha estava me dando. Meu kimono estava começando a ficar sujo de sangue.

- Não demore.

- Muito obrigada ! - corri em direção ao rio

A água estava muito refrescante. Eu precisava muito disso, estava me sentindo suja. Não queria sair de lá, sair daquela paz profunda. Mas havia prometido ao senhor Sesshoumaru que não iria demorar. Me levantei da água e fui pegar meu kimono. Mas aonde ele estava ? Tinha certeza de que tinha deixado em cima de uma das pedras. Olhei em volta, não estava em lugar nenhum.

- Essa não ! O que eu faço agora ? O senhor Sesshoumaru deve estar me esperando !

Olhei para trás e o vi parado, segurando um kimono novo, branco, com flores estampadas. Mergulhei rapidamente na água, morrendo de vergonha, deixando apenas minha cabeça de fora.

- Seu kimono estava sujo de sangue. - ele falou

- S-sim... - como eu iria explicar a ele que isso era natural ?

- Use isto. - ele pôs o kimono em uma pedra. - vista-se e vamos.

O kimono era lindo. Serviu perfeitamente em mim. Fiquei feliz por não ter mais que usar aquele meu antigo kimono, que estava sujo e apertado. E acima de tudo, o senhor Sesshoumaru preocupou-se com o sangue no meu kimono.. será que se preoucupara mesmo... ?