~POV Alice~

"Ah, mas essa melancolia do Edward tá me irritando demais. O criatura pra ser complicada." pensei comigo mesma.

Aproveitando o momento que estou sozinha e longe da mente dele eu estava analisando a situação dele com Bella, se é que me entendem. Resolvi interferir nessa história porque eu não aguento mais ver meu maninho nessa desgraça interna.

Depois de me concentrar muito tempo neles dois, corri de volta pra casa pra ter uma conversinha com ele, e quando eu já estava quase na porta ele saiu pra falar comigo. Óbvio que ele ouviu eu pensando em chamá-lo pra conversar. E ao ver Bella na minha mente já ficou todo apressadinho.

–Para de bloquear o que você sabe, Alice! - ele veio quase suplicando quando eu pensava em outras coisas pra afastar o que vi.

–Não. - eu respondi com um sorriso - Eu quero conversar dessa vez.

–Essa sua mania de não facilitar a comunicação me irrita demais, Baixinha. - ele disse fechando os olhos por um segundo.

–O que irrita é você com esse sofrimento todo, não acha não, senhor Edward? - nós começamos a andar em direção à floresta atrás da casa.

–Eu sei, mana, mas eu não consigo evitar. Se coloca no meu lugar. - ele disse triste.

–Nem preciso. Tô bem ligada de como você se sente, mas é o seguinte. Eu estou tendo essa conversinha com você pra nós arrumarmos uma forma de acabar com isso..

–Mary Alice Brandon Cullen, o que você sabe?

–Eu sei que você tem que confiar em mim.

–E o que mais? - ele disse desconfiado.

–E você tem que deixar eu ir conversar com a Bella.

–Conversar o que?

–Coisas.

–Que coisas?

–Edward! - eu o repreendi. - Confia em mim!

–Não!

–Desde quando eu te arrumei problemas? Não responde!

–Pois é, Alice.

–Pois é.. Eu vou conversar com ela, pode ser?

–Não sei o que tem nessa sua cabeça maluca, então não.

–Edward, se você quer resolver essa situação, você vai ter que deixar eu falar com ela. É sério. Isso é tudo que eu posso dizer agora.

–Vai, Alice. Vai. - ele se rendeu.

–AAAAH, seu lindo! - eu gritei pulando nas costas dele. - Agora me carregue de volta pra casa.

–Virei escravo?

–Não, mas você vai fazer isso que eu vi. Então anda logo. E sem gracinhas, pois eu vou saber. - eu disse rindo. Ele saiu correndo e rindo também, e apesar da desconfiança dele eu senti um pouco de alívio na risada dele. Isso era bom.

Quando chegamos em casa eu troquei de roupa e fui encontrar Bella. Faria uma surpresa pra ela. Ela não morreria do coração e isso bastava pro momento.

[...]

–Bella? - eu chamei do outro lado da rua. Ela se virou e me olhou sobressaltada.

–POV Bella -

Depois de almoçar com meus pais (A comida maravilhosa da mãe da qual eu estava morrendo de saudade.) eu sai pra caminhar um pouco. Estava tentando pensar o mínimo possível em Edward, mas estava cada vez mais difícil com o clima de romance entre Charlie e Renée. E eu por algum motivo não estou a fim de ficar no meu quarto hoje. O clima hoje está mais quente que o normal apesar de não estar sol então vamos aproveitar. Troquei meu conjunto de moletom por uma bermuda jeans e uma camisa verde e um tênis de caminhada.

Enquanto eu caminhava estava escutando músicas aleatórias no meu celular. Quando estava tocando 93 Million Miles, do Jason Mars eu ouvi uma voz de sino me chamar há alguns poucos metros atrás de onde eu estava.

–Bella? - Por um momento desejei que a dona daquela voz estivesse bem longe. Me virei ainda sobressaltada e vi Alice.

–Oi, Alice. - eu disse tentando ser seca, mas eu quase não tive voz. Então meu sussuro de resposta deu a impressão de medo ou algo assim. Eu pigarreei um pouco.

–Bella, eu posso conversar um pouco com você? - ela pediu delicadamente.

–Eu... Eu não sei.. Não. Acho que não. - eu podia me sentir tropeçando nas palavras. Eu não tinha certeza de estar ou não pronta pra encarar Alice ou qualquer um dos Cullen. Me virei de novo e continuei andando. Não porque quisesse fugir, eu só não queria ficar parada de frente com ela.

–Bella, uma hora você vai ter que encarar os fatos. - eu podia ouvir sua voz me seguindo.

–Mas essa hora não precisa ser agora. - retruquei firmemente.

–Você sabe que precisa.

–Sei. - eu disse suspirando. Eu não podia ficar adiando esse momento. Só seria pior pra mim. - Mas eu estou com tanto medo, Alice.

–Eu sei que está, mas não precisa. Eu sei que as coisas vão ficar bem. - ela disse isso com tanta convicção que até eu acreditei. E era estranha ela ter toda essa convicção. Eu parei de andar e me sentei num banco natural que uma árvore caída oferecia ao lado da estrada. Ela parou um pouco distante respeitando o meu espaço.

–Como você sabe disso com tanta certeza? - eu não resisti à pergunta.

–Há muito que você não sabe sobre nós, Bella.

–Eu não entendi como isso responde à minha pergunta.

–Bella, eu posso ver o futuro.. - ela disse suspirando e eu ofeguei, mas não falei nada. - Ele muda de acordo com a decisão das pessoas, não é tão preciso, mas ele está sempre lá, com excessão de quando há lobos envolvidos. Eles bloqueam meu dom.

–Quem mais faz isso na sua família? - eu me limitei a essa pergunta.

–Só eu. Mas Edward pode ler mentes. Com excessão da sua, por algum motivo estranho. Jasper pode controlar emoções.

–Alguma excessão pra ele? - eu perguntei mecanicamente, tentando não ter um ataque ali no meio da estrada.

–Não que saibamos. - ela sorriu levemente.

–Então você deve saber como isso termina. Quero dizer.. Sobre eu e Edward.

–Não exatamente, há muitas decisões envolvidas, então não vejo com clareza, mas eu sei que vocês podem ficar juntos.

–Não. Não podemos. - eu disse chorando.

–Bella, não somos como você pensa. Ele pode lidar com isso.

–Alice. Isso é novo pra mim.

–Bella, você sabe que quer isso.

–É, eu quero. - me rendi.

–Então feche os olhos, vou te levar à um lugar. Confia em mim. - ela me colocou em suas costas e saiu correndo pra algum lugar que eu preferi não ver mesmo.

–POV Edward -

Havia quase 1 hora que Alice tinha saído e eu estava muito tenso esperando pelo retorno dela.

Foi quando eu ouvi a mente dela se aproximar cantarolando uma música. Ela estava correndo e pensou: "Pra clareira."

Continuou correndo e eu pude sentir o cheiro de Bella.. O que Alice estava fazendo agora?

Eu fui correndo atrás dela a caminho da clareira. Chegando lá eu a vi colocando Bella no chão e ela continuou correndo.

Fiquei olhando Bella sentada lá. Ainda de olhos fechados. Estava claro que ela não sabia onde estava nem o que estava acontecendo. Eu queria poder ler a mente dela agora.

Me abaixei na frente dela e observei um pouco mais o rosto dela antes de tocá-la. Assim que coloquei minha mão fria no rosto dela ela abriu os olhos e caiu pra trás assustada, um grito escapando de sua boca.

–Calma. - eu disse - Está tudo bem.

Ela ficou lá me olhando. Se levantou devagar. E ficou me encarando ainda por alguns minutos. Não dissemos nada até que ela deu um paso pra frente e me abraçou, apertando minha cintura e me puxando pra perto dela. Ela afundou o rosto em meu peito. Eu hesitei um pouco antes de envolvê-la. Mas a abracei. Ficamos ali pelo que pareceu muito tempo. Eu me senti leve, completo, feliz. Eu me senti vivo depois de tantos anos me condenando por ser o que era.

Ela levantou o rosto pra olhar pra mim e eu pude ver que seus olhos estavam molhados.

–Você estava chorando? - "Não seu idiota." eu me repreendi.

–É. - ela se limitou a dizer isso. - Mas eu estou bem. - completou um minuto depois. Eu me mantive em silêncio. Ali nós sabíamos que não era preciso dizer mais nada. Nosso silêncio nos dizia tudo.

Por mim eu ficaria ali por mais horas com Bella, mas já estavamos tempo demais de pé pra um humano.

–Vou te levar pra casa agora, tudo bem?

–Claro, mas se você puder ser um pouco menos rápido que Alice eu agradeço.

–Okay. - eu disse. Peguei Bella nos braços e fui caminhando em uma velocidade razoável pela trilha. Ela foi o caminho todo observando meu rosto. Quando chegamos perto da casa dela eu a coloquei no chão. E ouvi duas vozes vindo de dentro da casa dela.

–Tem alguém com Charlie. - eu disse sabendo que Alice contou sobre nossos dons pra ela.

–Renée, minha mãe. Eles estão juntos de novo. - ela sorriu.

–Bom, vou deixar você ir. - Quando disse isso ela me abraçou de novo. Eu retribui com todo cuidado. Depois afastei-a um pouco e puxei seu rosto pra mais perto do meu. Beijei seus lábios delicadamente. O calor que eu podia sentir vindo dela era bom. Mas eu não podia me distrair com isso então afastei nossos rostos. Ela sorriu com o rosto vermelho e olhou pra baixo. Depois ela se virou e entrou.

Eu estava sorrindo igual bobo. Finalmente.