Quinn P.O.V

Dois tracinhos. Ah, eu conhecia bem aquele sinal, Deus sabe o quanto. Positivo, grávida, gerando uma vida. Esse era meu estado atual.

Puck estava sentado a minha frente, chocado, encarando o teste de gravidez por quase tanto tempo quanto eu havia encarado da primeira vez, anos atrás. Mas ele pelo menos não chorava.

— Grávida? – guinchou ele – Deuses, se nós tivéssemos transado aquele dia no último ano acho que teríamos realmente tido outro. Será possível que sejamos tão férteis?

Eu sabia que ele estava certo. Havíamos reatado há apenas algumas semanas e transado cerca de cinco ou seis vezes e eu já estava grávida.

— Isso é sério, Noah. – repreendi me sentando ao lado dele – Não somos mais duas crianças de 16 anos, inconsequentes. Eu não sei sua opinião, mas eu não consigo sequer cogitar a hipótese de abrir mão de mais um filho, não importa as consequências.

— Abrir mão? – espantou-se ele – Jamais. Quinn, não vai ser fácil, já não é com a Beth, mesmo que só a vejamos aos finais de semana. Essa nova criança vai depender inteiramente de nós dois. Mas eu sequer cogitei a ideia de não ficarmos com ela.

Suspirei aliviada que ele estivesse aceitando tão bem, talvez até mais que o esperado. Coloquei minha mão sobre a barriga, sentindo-o abraçar meus ombros e colocar a mão sobre a minha.

— Nós vamos dar um jeito. – garantiu ele – Nós três.

— Quatro. – corrigi – Eu, você, Beth e o bebê.

— 20 anos e dois filhos, eu sou muito bom. – brincou ele recebendo um tapa meu.

Puck P.O.V

Nunca imaginei que pudesse me sentir tão ansioso quanto no dia em que Beth veio ao mundo. Cara, como eu tava errado.

Como uma das sequelas do acidente, um parto normal seria arriscado para Quinn, então o médico optou por uma cesárea assim que nosso filho estivesse em condições de nascer, para não corrermos o risco.

Então no dia que Quinn completou a 38ª semana todos nos reunimos no Hospital de Lima para dar as boas vindas a Jacob Noah Puckerman. Beth parecia em polvorosa no colo de Shelby e ficou irritada de não poder entrar comigo e Quinn.

— Mas eu quero dar oi. – reclamou ela fazendo bico, enquanto eu a segurava ao lado da maca de Quinn.

— Assim que ele nascer o papai o traz aqui, ok? – conciliou minha noiva e nossa filha concordou – Agora dá um beijo em mim.

A loirinha abraçou Quinn e logo já estava no colo da mãe adotiva, acenando com nossos amigos enquanto entravamos no centro cirúrgico. O nascimento foi, obviamente, bem mais tranquilo, sem Quinn praguejando contra mim de diferentes formas.

Antes mesmo que eu me desse conta, o médico me entregou um embrulhinho azul nos braços e eu o coloquei ao lado da mãe, que chorava tanto quanto eu.

— Oi Jake. – sussurrou Quinn chorosa, acariciando o rostinho dele, tão parecido com o meu.

— Você me ama? – sussurrei e minha garota me olhou.

— Sim... Especialmente agora.

Rachel P.O.V

Adoração é uma das poucas palavras que podem descrever o olhar de Puck nesse momento. Devoção. Amor. Carinho. Realização.

Ele pôde trazer Jake até aqui por alguns instantes para que Beth o visse e nunca pensei que o veria como está agora, chorando de ver a filha mais velha equilibrando o embrulhinho azul nos braços.

Quando a enfermeira pede para que lhe deem o bebê, Beth reclama, mas aceita e fica abraçada com o pai, pedindo para ver Quinn o mais rápido possível.

— Finn... – eu sussurro para meu namorado que me olha curioso – Precisamos conversar.

Ele concorda franzindo a testa e logo estamos no estacionamento, longe de todos. Eu estou tremendo e sei que ele percebe, pois me abraça confortador.

— Calma estrela. – sussurra ele – Seja lá o que aconteceu, pode me falar.

— Eu to grávida. – jogo a bomba de uma vez, fazendo-o ficar estático – Eu já sei faz algumas semanas, mas eu estava com tanto medo de te falar e...

— Grávida? – fez eco ele, ainda estático – Por favor, diz que é meu.

— Claro que é. – garanto, sabendo do trauma que o assola.

— Nesse caso, não precisa temer nada. – ele me afasta com lágrimas nos olhos – É o nosso filho Rachel, nosso. E não importa o que aconteça, eu vou amar ele.

— Mas Finn, NYADA e... – eu comecei e vi que isso o irritou.

— Quem se importa Rachel? – retrucou ele e eu me calei – Rachel, você é uma estrela, nunca duvide disso. E você vai brilhar lá em cima, nos palcos, não importa se estudar em NYADA ou não. A diferença é que agora, no meu colo na plateia, vai ter um garotinho ou garotinha gritando e aplaudindo, tão orgulhoso quanto eu.

Eu não consegui mais segurar as lágrimas teimosas e o abracei, chorando e sussurrando obrigado.

Finn P.O.V

— Papai, tia Quinn chegou. – gritou Marley da sala e eu me levantei suspirando e guardando a caixinha na gaveta. Desci as escadas calmamente, dando com Quinn e Jake entrando em casa. Meu afilhado logo abraçou Marley e os dois saíram correndo para o quintal.

Cinco meses depois de Jake nascer, Rachel deu a luz a Marley, nossa filha. A pequena nasceu com cabelos castanhos como os meus, mas olhos idênticos aos da mãe.

Quinn e Puck haviam se casado algumas semanas antes, e eu e Rachel nos unimos pouco mais de dois meses depois.

— Eles desconfiam de algo? – perguntei a Quinn que negou.

— Nada. – garantiu ela – Jake acha que viemos apenas almoçar. – deu uma pausa olhando por cima do ombro – Você acha que eles vão reagir bem a notícia?

— Que notícia? – a voz de minha filha nos assustou e vimos que eles haviam dado a volta e agora nos encaravam, surpresos por eu ter meus braços envoltos na cintura de Quinn.

— Que nós vamos nos casar. – disse sem rodeios, rezando para que suas expressões de choque virassem de alegria e não de raiva.