Rosas de Sangue escrita por Minny


Capítulo 4
Parte IV




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/29078/chapter/4

Os dias se passavam, a neve acabara se tornando em uma tempestade... Mas, os seus pesadelos repetiam-se sem trégua. Fazia dias que Yuuki não levantara da cama, os olhos vermelhos ardentes de sede... Não tomara banho, tampouco. O Diretor Cross havia viajado, férias foram dadas a todos os alunos, com exceção de poucos vampiros que insistiam em permanecer por vingança. Entre eles encontrava-se: Ichijou Takuma, Senri Shiki, Rima Tõya, Aidou Hanabusa, Seiren, Kain Akatsuki e Souen Ruka.

Eles montaram guarda no dormitório da lua, esperando que Rido ainda estivesse aos arredores para terminar o serviço. A cabeça de Kaname ainda estava lá no mesmo local em que ele o deixara... Pelos antigos boatos de como matava, certamente ele viria buscá-la.

Mas, será que de fato ele voltaria para exterminar de vez Kuran Kaname? Pudera ter destruído o seu corpo, mas o coração dele ainda batia forte com Yuuki. Não, mais precisamente o seu coração era Yuuki.

Já havia semanas que Yori não lhe mandara noticias, coisa que não era de seu feitio... Ela finalmente abandonara Yuuki.

Longe de lá, Kaien Cross falava com Ichijou Asato.

- Eu não acho que ela esteja preparada para assumir o local de Kaname ainda, Ichiou - Cross tentava adiar a nomeação de Yuuki.

- Kaname-sama infelizmente fora liquidado, não podemos ficar sem um líder... Yuuki-sama terá de deixar de ser apenas uma princesa puro sangue... Está na hora de assumir o trono que fora de seu irmão. - Ichiou insistia. Tentava convencê-lo da verdade. Apesar de seu tom de voz parecer que ele estava entediado ao invés de alguém que lamentara a morte de seu rei.

- Mas... - Cross suplicava-lhe.

- Vocês humanos não entendem o que se passa em nosso mundo. Acham que é fácil o equilíbrio do mundo, não é apenas a situação da atmosfera que causa o apocalipse. Eu, quanto vampiro, preciso manter este conselho em funcionamento, não só isso... Eu preciso da rainha puro sangue para manter a nossa existência em sigilo, além do quê... Se você e a princesa pretendem manter o sonho de Kaname-sama, quando o assunto é humanos e vampiros, então acho que deixarei isso por conta de vocês... Eu não vou ajudá-los sem segunda ordem. - Ele agora estava alterado, mais claro do que estava sendo nem desenhando. - Agora, por favor... Cross... Retire-se. - Ele cuspira as palavras acidamente. Os olhos mudavam de cor - Afinal, não desejamos que acontecesse um acidente...

O lendário caçador engolira em seco, prometera a si mesmo que jamais mataria um vampiro sequer e, a fim de manter a sua palavra em pé... Era melhor retirar-se o mais breve possível.

- Bom, então peço que me mande uma carta assim que possível sobre a festa de nomeação. - Ele despedira-se e rapidamente saiu pela porta.

- Humanos... - Foi à última coisa que ouvira de Ichiou.

Os minutos se passaram e Cross terminara de embarcar no trem... Começava a pensar em como daria tal noticia a Yuuki.

- Desculpe Yuuki... Fiz tudo que podia, não há mais nada que posso fazer... Mas, saiba que se tivesse algo ao meu alcance que possa ajudá-la... Qualquer coisa – Ele falara sozinho.

Um senhor com uma longa e descolorida barba sentara-se ao seu lado, vestia um belo palito de seda azul, junto com uma cartola do mesmo tom para combinar. Desprendendo a atenção de Cross para ele.

- Bom dia meu jovem... Que frio que está fazendo ultimamente, não? – Ele lhe falara com um tom incrivelmente educado e prazeroso.

- Oh, Bom dia para o senhor também... Sim, tem feito muito frio ultimamente. – Ele respondera no mesmo tom que o velho usara.

- De onde vim, um temporal desses é um mau presságio. Mas, esperemos que nada de ruim nos aconteça. – Ele lhe falara.

- Hm... – Kaien estava um pouco abismado com aquele senhor, quem era ele para lhe recitar profecias? Saberia ele da existência dos vampiros e de seu apreço pelo inverno? Não, não era possível. Os dois se mantiveram calados por um tempo, aproveitando o silencio Cross começara a recitar em sua mente “Yuuki, perdão”

- Sabe que você me é familiar? – O velho o interrompera de seus devaneios novamente.

- Não lembro-me de tê-lo visto alguma vez, meu senhor. – Ele dissera esperando que o velho entendesse aquilo como um pedido de que ficasse quieto.

- Intrigante... – O velho tirou a cartola da cabeça e colocou-a sobre o colo, fechou os olhos e se Cross estivesse com sorte, ele certamente adormeceria em poucos minutos.

E ele estava. O velho agora roncava. Voltou então para seu consciente.

“Tão pequena, tão quebradiça após a notícia de seu amado irmão... O que será de Yuuki? Meu Deus, se você realmente existe... Será que poderia olhar por ela... Vampiros não são tão ruins assim... Pelo menos não a minha Yuuki...”

- Em um castelo se deteriorando lentamente... Em um sedento tempo de mudanças... – O velho murmurava enquanto dormia, não... Não estava dormindo. Ele proferi-la cada palavra como se estivesse consciente... Kaien se assustou por um momento, ao olhar para o velho ali sentado... Os olhos dele estavam arregalados para cima e sua boca pronunciava algo... Um futuro próximo.

“Seria ele um vidente? Mas, não entendo... O que ele quer dizer com tais palavras?” Kaien pensara.

-Todas as suas memórias... Aderidas às lacunas... Que foram remendadas – O velho continuava. As palavras que ele dizia faziam tremores em Kaien

“O que ele está falando? Deus, por favor, diga-me que ele somente fala enquanto dorme."

O senhor gritou. Todos os passageiros olharam amedrontados para eles. Kaien virara o rosto corado rapidamente para a janela. Como o velho se manteve quieto, todos voltaram ao que estavam fazendo antes, embora uma dupla de estudantes sentados dois bancos atrás comentava em voz alta o que poderia ter feito o velho gritar.

O senhor acordara no segundo seguinte.

-Oh, desculpe-me meu jovem... Estava apenas tendo uma premonição... Mas, de alguma forma tudo ficara vermelho de repente.

“Vermelho...”

- Vá embora. – Yuuki gritara entre os soluços de seus choros.

“Vermelho, Yuuki”

- Já disse pra ir embora. – Ela berrava

“Vermelho Yuuki, nós precisamos dele.”

- Sim, precisamos... Mas, eu não o quero.

“Vermelho, Yuuki. Vermelho...”

- Não dessa vez... Não, nunca mais. – Sua voz azeda tornava-a irreconhecível. Querendo que a voz lhe deixasse em paz ela tentou adormecer novamente. Essa agora era sua rotina... Sua tarefa diária.

Entregar-se a solidão e a morte.

E caso tivesse sorte, encontraria Kaname no outro mundo que sua alma se encontrava.

Era uma possibilidade remota, vampiros possuírem almas era uma possibilidade remota, tampouco.

Mas, pensaria positivo.

Pelo menos desta vez, não temeria a morte... Somente a dor pela qual tinha que passar até o seu último suspiro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Rosas de Sangue" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.