Acordou desnorteado no mesmo lugar em que fora atacado. O sol amanhecia ao alto, e ele logo sentiu uma fraqueza súbita dominar suas entranhas. Não conseguia olhar para o céu, nem tampouco andar além da sombra. Fechou os olhos, pressionando com os dedos sua têmpora, e lembrou-se do acontecido. Aquela mulher, cujo paradeiro era desconhecido anos atrás, retornara. Viera cumprir seu objetivo, o qual não conseguira anteriormente. No entanto, agora tendo sucesso, transformara o caçador em um vampiro. Não lhe restaria muito tempo, era questão de dias até ele decair para um Level-E.

Comprimira-se o máximo possível na parede, tendo controlar sua sede que lhe queimava a garganta. Era uma sensação nova, e tampouco das melhores. Ouviu passos próximos, e não pode controlar suas preces para que não fosse um humano indefeso.

- Zero, venha comigo.

Era Ichiru, viera buscá-lo. Mas como?

- Não posso, meu irmão.

O mais fraco sorrira, sem como ou por que. Tirou seu sobretudo, e cobriu o outro, de forma qual apenas o rosto ficasse exibido. Correram então pelos becos, até que entraram numa capela próxima, e desconhecida.

- Pronto Shizuka-sama.

Hiou Shizuka, a princesa da loucura, puro sangue, ex-noiva de Kuran Rido. A vampira da noite anterior. Não podia controlar a raiva que ponderou-lhe a mente, mas o corpo mostrava-se inerte aos seus comandos.

- Zero você não pode atacar sua criadora.

"Maldita" pensou. O que seria dele agora? Se voltasse para a rua, não conseguiria controlar seus instintos predatórios.

- Você agora é meu servo, embora eu devesse lhe agradecer por ter acabado com aquele infeliz do Rido. Agora, estou livre.

"Livre do quê? E para quê? O que seria do mundo vampiresco agora com três puros-sangues a menos?" ele pensara, mas não conseguia proferir.

Ichiru bateu palmas, e uma jovem inocente entrara no recinto. Estava assustada, mas parecia encantada com a beleza dos presentes. Coitada. Um grande talho lhe fora feito garganta, e o sangue gotejava manchado onde pisava. Os olhos de Zero ficaram avermelhados, e um instinto sanguinário lhe dominou o corpo.

- Resistir é inútil, meu irmão.