Então ela não sabia quando tudo havia ficado tão confuso.

Talvez um momento posterior a guerra e anterior a ascensão dele ao posto de Hokage.

Mas, então até ali tudo era exatamente igual... Ou quase igual.

Durante o dia ele ainda tinha olhos azuis como o céu e cabelos da cor do sol.

Ele ainda sorria com espontaneidade e falava alto quando estava entre amigos.

Mas, era quando estavam a sós que ele mudava.

Era quando a noite chegava que o sorriso se desvanecia e uma expressão séria... Madura, tornava suas feições adultas.

Quando foi que ela começara a perceber essa mudança ela não sabia.

Talvez em um momento quando acordava assustada com um grito preso  na garganta.

Talvez no momento em que passara a pular para o quarto dele quando as lembranças da guerra eram cruéis demais para conseguir ficar em paz... Dormir em paz.

Na primeira vez ela só queria ver como ele estava.

Ter certeza que ele estava bem.

Verificar se ele também acordava assustado durante a madrugada.

Então ela ficara ali em meio a escuridão ouvindo a respiração ritma.

Vendo a forma dele sobre a cama.

E ela sentira inveja... Por que ele dormia tão tranquilamente.

E depois ela ficara feliz por que no final ele merecia.

Ele merecia toda a tranquilidade... Felicidade.

Ele merecia porque ele era o que mais havia lutado.. Sofrido com aquela guerra.

Na segunda vez ela queria só tirar a prova... Ter certeza que a tranquilidade dele na noite anterior não havia sido só uma noite melhor entre as piores.

Então ela ficara ali num canto qualquer do quarto vendo o dormir.

Nas noites seguintes ela voltou só por que ela não tinha nada melhor pra fazer depois de acordar de mais um pesadelo.

Na decima noite ela pensou que ele era um ninja muito descuidado.

Onde está o instinto ninja dele... Ela poderia ser um inimigo pronto para tirar sua vida.- Pensou.

Na decima quinta noite ela chegou mais perto e sentando-se no chão fixou seus olhos no contorno do rosto dele.

Ele parecia bem mais maduro.

Na vigésima noite ela não queria ir, mas, aquilo se tornara uma rotina... Mania irritante.

Então ela queria morrer quando percebeu que estava obcecada pela tranquilidade do sono dele.

Na vigésima quinta noite ela estava muito perto, tão perto que podia sentir a respiração dele em seu rosto.

Era morna e agradável e fazia cocegas quando batia em sua testa.

Na vigésima oitava noite ela se pegou acariciando os cabelos rebeldes enquanto pensava que também merecia dormir.

Ela já estava se sentindo um zumbi.

Na trigésima primeira noite ela se assustou quando ele agarrou seu pulso e a puxou para cima da cama.

Ela tentou falar algo ,mas ele a silenciou enquanto a abraçava falando baixinho em seu ouvido.

“Eu irei faze-la dormir, Sakura-Chan...”

Então ela poderia dizer que foi ali que tudo se tornara confuso.

Todas as noites ela iria para os braços dele...Na cama dele .

Ele encostaria o queixo no topo de sua cabeça e ela iria sentir o cheiro de grama fresca banhados com raio de sol no pescoço dele.

E ela dormiria instantaneamente e não teria pesadelos.

Não havia sexo e nada de romântico nisto.

Só havia conforto... Carinho...confiança...

Ela diria a ele que ele era seu remédio para dormir.

E ele não diria a ela que ela era o motivo de sua insônia.

É claro que os outros não entendiam.

Ela ainda tentara explicar para sua amiga pervertida que não tinha nada a ver com sexo.

Ele ainda tentava manter a aparências.

Ela ainda ficaria de mal humor quando á noite chegasse e ele se atrasava para irem dormir.

Ele ainda iria dar o último sorriso do dia e dizer que ela era muito mimada.

Ela ainda diria a si mesma que não havia ficado dependente dele.

Ele ainda iria tentar se convencer que não a amava mais.

Ela ainda iria tentar não perceber o que a frase... “Vamos para cama, estou exausta...” Deixava sugestões nada inocentes no ar.

Ele ainda iria tentar não imaginar o que os deixaria exaustos.

Ela ainda iria querer ter gana de matar sua amiga loira quando a mesma jogasse piadas infantis...“Isso deixe-a mais exausta...Naruto-Kun....”

Ele ainda iria se convencer que não desejava fazer exatamente aquilo.

Ele ainda iria desconversar dizendo a ela que aquilo seria uma grande fofoca.

“Ela vai dizer a todos que somo amantes” Ele dizia enquanto iam em direção a sua casa

E ela ainda iria fingir que se importava.

“Deixe-a, nós sabemos a verdade”

E eles iriam em um silêncio confortável, ele tomaria banho primeiro e vestiria um short folgado e esperaria por ela.

Ela se aninharia em seus braços e fecharia os olhos preguiçosamente.

Ele a puxaria contra ele e contrariando tudo que iria fazer... Tudo que deveria fazer, ele pergunta.

“O que é a verdade...”

E ela ao contrário do que ele imaginava não demoraria a responder.

"Que você e eu compartilhamos um vínculo mais profundo do que duas pessoas envolvidas em luxúria. Que o que temos pode não ser convencional, é real. Eu confio em você com meu coração e minha alma."

E ele inclinaria o rosto dela em sua direção e tocaria os lábios rosados com os seus e diria.

“Eu também te amo...”

E ela saberia que o amava, mais do que um amigo... Um amor totalmente diferente do de um irmão.

Ela saberia que tudo havia se tornado confuso por que o amor não era simples... Ele era complexo e totalmente diferente.

Ela perceberia que o amor que ela um dia havia conhecido era cheio de dor e angustia, e que, aquele era diferente por que era bonito e tranquilo.

Aquele amor não doía.

Continua..?, talvez...