Somente Um Sonho Meu. escrita por xmeglex


Capítulo 1
Capítulo Único: Um Sonho Meu.


Notas iniciais do capítulo

Quando acordei daquele sonho, pensei que podia continuar sonhando. Não haveriam problemas em continuar dormindo. Apenas dormindo.
Só sonhando...
Sonhando com você.



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–Não, não e não! Eu não vou assistir isso! –Ela negava insistente, mesmo sabendo que já estava convencida.

–Mas, meu amor... –Fiz meu bico de sempre. –Por favor, eu garanto que não vai se arrepender! Não vai dar medo, nem susto. É só um anime qualquer, querida...

Com um suspiro ela se jogou no sofá. Eu tinha ganhado de novo, como sempre.

Éramos um casal há muitos anos. Afinal, depois de anos enfrentando o preconceito de sua mãe, conseguimos comprar uma pequena casa para morar juntas. Era normal ouvir as pessoas falarem de nós, pois éramos garotas jovens quando nos apaixonamos.

Só eu e ela. Somente Shizuku e eu, Zakuro.

Sentei ao seu lado e nos acomodamos ao começar o primeiro episodio.

Não demorou para que eu estivesse completamente entretida com os pequenos sustos que minha amada tinha, e meus meros medos de criança.

Assistimos sem gritar, é obvio. Mas ao terminar, ambas estávamos com medo de dormir.

–Ótimo. –Suspirei. –Era o que me faltava...

Shizuku estava deitada na cama sorrindo, e aquele sorriso dizia tudo.

“Você está ferrada.” Era o que seu sorriso mostrava.

–Amor, me desculpa. –Tentei implorar por minha vida. –Eu juro que não queria te deixar com medo. Até eu fiquei, fazia muito tempo desde a primeira vez que eu assisti, querida...

–Tudo bem, Zakuro... Eu entendo. –Seu rosto não dizia o mesmo.

Deitei-me junto a ela e adormeci em seus braços. Não tive um sonho muito agradável, com um dos episódios do anime que assistimos.

Acordei assustada, contendo um gritinho.

–O que foi, Zakuro-chan?

Estranhei a voz aguda. Olhei a minha volta, estava sozinha. Desci da grande cama de casal e olhei a parede branca.

“Zakuro-chan foi uma menina má.”

Meus olhos arregalaram. Parecia sangue na parede. Perguntava-me onde estaria meu amor.

–Shizuku, já acabou a brincadeira! Chega! Eu sei que errei! Eu já entendi... Pode aparecer agora! –Gritei dando a volta na cama.

–Com quem está falando, Zakuro-chan? –Olhei uma pequena boneca loira sentada no lugar onde Shizuku estava deitada. –Você sabe que ela não está mais aqui...

Nisso meus olhos começaram a derramar lagrimas e tremer. Procurando no escuro minha amada, senti algo pegar meu pé e me puxar.

Cai no chão e fui arrastada para baixo da cama que a pouco deixei.

Com um grito fui parar no escuro completo.

–Isso que você ganha por me deixar acordada sozinha depois de assistir algo de terror.

Quando abri os olhos minha querida Shizuku estava em cima de mim na cama, sorrindo cruel.

–Shi... Shizuku... –Algumas lágrimas corriam em meu rosto quente de vergonha por ter caído tão boba na brincadeira. –Você é muito malvada!

Bati nela com o travesseiro repetidas vezes, tentando parar o choro infantil. Ela ria e tentava se esquivar dos ataques, mas estava mais ocupada rindo.

Então eu soltei o travesseiro.

–Você tá bem? –Ela parou de rir e olhou para mim com um pouco de receio.

Olhei para a garota que tentava se desculpar sem palavras. Puxei seu pulso e toquei seus lábios com os meus.

Lentamente, algo gentil e doce. Algo infantil e lindo assim mesmo. Que mostrava meus sentimentos, mesmo sem um toque a mais.

–Não faça isso de novo... –Me afastei e sentei na cama.

Seu rosto mostrava surpresa.

–Se for para ganhar um beijo seu, eu farei todos os dias! –Shizuku brincou, fazendo-me rir junto dela.

Depois de desculpa-la e nos beijarmos novamente, limpamos a brincadeira com ketchup de Shizuku na parede.

Então nos deitamos de novo. Olhei seu rosto tranquilo e adormecido, percebendo a paz que tínhamos naquela casa tão simples. Não tínhamos mais que um quarto, uma salinha, um banheiro e uma cozinha. Não tínhamos quintal, varanda, piscina ou qualquer das outras coisas que varias pessoas tinham.

Mas eu podia dizer que eu e Shizuku éramos mais felizes que as pessoas que tinham mansões.

Acordar ao lado dela era o melhor momento do dia, ver seu rosto ressonar e sorrir dizendo meu nome. Ou então preparar o jantar com ela em nossa pequena cozinha. Eram momentos tão simples, mas tão importantes e especiais.

As pessoas diziam que eu era boba por dizer que eram as melhores coisas que eu tinha. Que aquilo me movia.

“Que tipo de ser humano tem ambições tão casuais”, as pessoas diziam.

Mas eu era assim...

Coisas pequenas feitas com amor sempre me deixavam mais feliz do que algo grande e comprado.

Eu era assim.

Eu e ela éramos assim.

Nós sempre fomos assim.

E eu nunca pensei em mais nada que não fosse chegar em casa depois da faculdade e tomar um chocolate quente junto de minha amada Shizuku.

–Eu amo você. –Ela suspirou em minhas costas.

–Eu também te amo muito. –Respondi sorrindo beijando suas mãos.

E assim eu acordei, olhando ao lado e percebendo que eu estava sozinha de novo. Sem uma voz amável a minha espera. Sem uma mão carinhosa me afagando. Sem uma pessoa querida adormecida.

Sozinha de novo na minha cama de solteiro. No meu grande quarto cheio de roupas. Na grande casa com piscina e varanda. Com meus pais e irmãos. Com os gatos e cachorros.

Sozinha de novo, desejando voltar a sonhar com o dia em que eu e ela possamos ter nossa pequena casa do paraíso. Nosso cantinho. Apenas nosso.


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Notas finais do capítulo

Isso foi apenas um sonho. Algo que eu desejo para o meu futuro. Ter a pessoa que eu amo ao meu lado... Um sonho tão próximo, mas tão distante...