Lose My Mind escrita por Nekoclair


Capítulo 11
Extra II: Unspoken words


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas. Acreditem ou não, eu não desisti ainda. xD Ou melhor, não vou desistir. É contra meus princípios largar as coisas pela metade. u.u Minha demora é resultado da combinação de faculdade, coletânea e bloqueio. Espero que entendam. Avisos nas notas finais! o/
Boa leitura!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/290184/chapter/11

O sinal havia acabado de tocar, os jovens erguiam-se de suas carteiras e se aglomeravam aos amigos nos corredores. Era o horário da saída, ou seja, era totalmente aconselhável aguardar um pouco mais antes de ir embora, para evitar a confusão dos apressados por chegar em casa naquela tarde de sexta-feira.

E eu era um desses que aguardavam, sentando em minha carteira, recolhendo calmamente os materiais restantes usados na aula. Meus amigos, que já tinham as mochilas fechadas sobre as suas mesas, conversavam entre si sobre mundanidades.

Eu fechava o zíper de minha mochila ao que a voz de Francis me chamou:

– Ei, Tonio. Adivinha quem veio te buscar?

O comentário em tom provocativo e as gargalhadas espalhafatosas do garoto albino que completava o nosso trio, fez-me lançar os olhos inicialmente ao par de amigos que riam largamente, e depois ao garoto baixo e de rosto redondo que se apoiava à batente da porta da sala.

Algumas garotas chamavam-no, perguntando se ele estava perdido, mas ele apenas as ignorava, mantendo seus olhos castanhos presos em mim. No fim, acabavam por desistir de si e continuavam seus caminhos, balbuciando coisas sobre a falta de fofura num garoto tão pequeno e adorável.

Ao que o jovem se deu conta de estar sendo observado, sua face assumiu tons mais avermelhados e ele passou a se esconder parcialmente atrás da batente. Sorri, enquanto erguia-me e jogava a mochila sobre o ombro, caminhando em direção ao pré-adolescente. Ignorando as provocações que me seguiram durante todo o trajeto, aproximei-me até que eu alcançasse o visitante.

– Lovi! Você veio me buscar na sala? Eu disse que te encontrava no portão. Por que não está com seu irmão? – eu disse, enquanto afagava sua cabeça, tornando seus fios lisos desalinhados.

Ele torceu os lábios, desagradado, mas não se livrou de minha mão. Aguentou-a até que eu mesmo o libertasse de meu toque.

– O Feli disse que ia com o batata hoje. – ele respondeu, os olhos castanhos e um tanto apáticos presos em mim.

– Você quer dizer o Ludwig? – eu perguntei, com um sorriso torto. O italiano anuiu a cabeça, confirmando, o que me deixou ainda mais confuso do que eu já estava.

Que diabos de apelido era esse?...

– Então o meu irmãozinho roubou o seu irmão? Desculpe por isso, Lovi. – o albino surgiu de repente em minhas costas, acompanhado do loiro. Gilbert tinha um sorriso calmo no rosto, o que era até estranho vindo da pessoa hiperativa que ele era.

– Não podemos culpar o pequeno Lud por desejar monopolizar o adorável Feli. Até eu adoraria! - o francês disse, rindo-se então por um breve momento.

Ficamos todos a encará-lo, mas acabamos por nada proclamar. Certas coisas, e pessoas, era melhor ignorar apenas. Depois de alguns segundos, o silêncio foi novamente quebrado por um Gilbert que parecia subitamente bastante agitado.

– Bem, eu estou indo. – ele despediu-se rapidamente de mim e de Francis com um aperto de mão e afagou os cabelos do italiano antes de seguir correndo atrás de um certo moreno que passava por perto, chamando-o para que o acompanhasse por um momento. As feições envergonhadas de Gil enquanto conversava com Roderich Edelstein, colega seu de anos anteriores, fez-me rir discretamente. Não demorou até que ambos sumissem por um corredor já vazio.

– Será que eles vão finalmente se acertar? – Francis me perguntou, vendo que eu também notara a cena. Ele tinha um sorriso fino nos lábios, mas falava em um tom sério.

– Eh? Você acha que pode ser algo assim? Eu não conheço bem o Roderich, mas eles não vivem brigando?

– Isso não quer dizer nada. Veja o Lovi, apesar de que ele sempre reclame quando o tocam e o chamam de pequeno, ele fica na verdade feliz se for você. Certo? – ele virou em direção ao italiano, aumentando a curva dos lábios.

Lovino, que até então se concentrava somente em arrumar os fios já tão bagunçados de seu cabelo, corou forte e virou o rosto. Eu o encarava, meio confuso sobre o que pensar em relação às palavras do francês.

– Idiota. – resmungou o italiano, antes de se virar e fugir pelo corredor a passos rápidos.

– Lovi, espera. Já que você veio até aqui, vamos juntos até em casa. – gritei para que ele me ouvisse, mas ele não parou de se distanciar. Virei uma última vez ao francês. – E você pare de provocá-lo toda vez. – murmurei, uma das sobrancelhas erguidas, antes de sair apressado atrás do italiano.

– E você podia reservar um pouco do seu tempo pros amigos! Afinal, este ano será o nosso último! Só temos mais alguns meses juntos como estudantes de colégio, sabia?

Já quase no fim do corredor, virei uma última vez em direção a si e acenei, sorrindo, ao que ele respondeu também com um aceno. Porém, não me demorei eu seguir o jovem que já estava dois lances de escada distante.

– Ei, Lovi, espera! – eu gritei, apoiando-me no corrimão a fim de tê-lo novamente em meu campo de visão.

Ele encolheu os ombros, suspirou e lançou um par de orbes irritados em minha direção. E olha que não tinha mais ninguém por perto, pois senão ele se zangaria ainda mais. Não há nada que Lovino Vargas odeie mais do que receber atenção desnecessária; o que se explicava por sua personalidade introvertida, tão oposta à de seu carismático irmão mais novo.

– Dá pra parar de gritar, idiota?

– Haha, só me espera um pouco, tudo bem?

Ele desviou o rosto e fez um bico, não mais se movendo e permitindo-me assim o alcançar. Depois de correr um lance de escadas e tê-lo novamente ao meu alcance, puxei-o para perto, trazendo sua cabeça ao meu peito antes que ele pudesse reagir. Pus-me a rodopiar pelo corredor, abraçado a ele.

– Me solta, estupido. O que está fazendo? – ele me empurrava, tentando se afastar, mas sem sucesso. Eu era, afinal, bem mais forte que si; cinco anos mais forte, para ser mais exato.

– Ah, poxa... Mas se eu te soltar você vai me deixar pra trás de novo. – ri brevemente, um largo sorriso em meus lábios despreocupados. – Eu não quero nunca, nunca, nunca estar longe de você.

Sem mais nem menos, Lovino agarrou-se à minha blusa e escondeu sua face lá. Seus músculos enrijeceram e se tornou mais difícil carregá-lo de um lado para o outro, o que me forçou a parar, por causa do risco de queda..

– E-Eu… – a sua voz baixa e trêmula surpreendeu-me.

Achando estranho o comportamente do mais jovem, o larguei. Mirei o topo de sua cabeça, um tanto preocupado.

– Você está bem? Está tonto? – perguntei, sério e preocupado.

Seu corpo tremeu um pouco e ele então se afastou lentamente, sem me soltar. Ele sorriu largamente para mim, sua face um tanto corada.

– Quem você acha que sou? Eu já estou mais que acostumado a ter você me rodando por ai, idiota… – sua voz enfraqueceu-se no final, não soando mais alto que um murmuro.

Ele largou minha blusa e se afastou, caminhando à saída. Fiquei parado, um tanto confuso com suas ações e ainda atordoado por seu sorriso. Um sorriso tão largo, radiante e entristecido… Todavia, como eu poderia questioná-lo sobre fosse o que fosse, quando ele tenta tanto esconder de mim, resultando nas feições que agora não consigo esquecer.

Eu teria que esperar ele tomar a iniciativa, afinal pressioná-lo não o faria bem, e nem à nossa amizade já tão antiga. O que eu menos queria era magoá-lo… Mas também não sei se deixá-lo sozinho seja o certo a se fazer.

– O que está esperando, Tonio? Vamos pra casa. – sua voz soou apática.

Ao que voltei à realidade, notei que Lovino aguardava-me, alguns passos adiante, feições tranquilas em sua face. Ele estendeu-me a mão, ao ver que eu não me movia. Vendo seu gesto, sorri e aproximei-me de si, entrelaçando nossos dedos e caminhando lado a lado consigo.

Ao que saímos do prédio e passamos a avistar pessoas aqui e acolá, Lovino separou nossas mãos. Isso me entristeceu um tanto, mas eu sabia que insistir não ia levar em nada. Foi então que decidi que o silêncio, apesar de agradável, não podia mais continuar. Eu necessitava de algo que me provasse, que me desse a certeza, de que Lovi estava comigo. Se não fosse sua mão, que fosse sua voz.

– Mas então, Lovi… Estranho o Feli e o Lud irem pra casa juntos. Aconteceu alguma coisa? Por que não foi com eles? – perguntei, chamando a atenção do italiano no mesmo instante. Entretanto, arrependi-me logo de minha iniciativa, e tudo o que foi preciso para me fazer sentir assim foi ver os olhos do italiano se tornarem de repente tão mais tristes.

– O Feli queria contar uma coisa pro batata. – ele respondeu, depois de algum tempo.

– Tipo… Um segredo?

– É, mais ou menos. Ele queria contar isso pro batata porque ele, de alguma forma, é a pessoa mais importante pro meu irmão.

– Bem, o Lud vive ajudando o Feli, em todo tipo de coisa…Eles agoras andam sempre juntos.

– Odeio não poder negar… – ele franziu as sobrancelhas, desagradado.

– E você sabe que segredo é esse?

– Sim.

– Pode me contar? – arrisquei.

Lovino parou e virou em minha direção, de forma que agora estávamos frente a frente. Suas feições estavam sérias, sérias de mais considerando que ele tinha pouco mais de doze anos, e seus olhos encaravam-me um tanto apreensivos.

– Desculpe. Eu queria, mas não posso. – ele abaixou sua face, cobrindo seus olhos por sua franja.

– Ah, tudo bem. Não é da minha conta. Eu não devia ter perguntado, afinal não tem nada a ver comigo, certo? – eu disse, rindo de forma nervosa logo a seguir. Eu nunca sabia como agir quando via o italiano, que me era tão importante, triste desse jeito.

– Tem sim... Tonio, tem sim a ver com você. – sua voz subiu ligeiramente, sobressaltando-me. Ele fez uma breve pausa e então prosseguiu. – De certa forma, ao menos... Só que eu não sou corajoso como o meu irmão.

Preocupado consigo, aproximei-me mais e tomei sua face em minhas mãos, erguendo-a para que eu pudesse vê-lo melhor. Meu coração foi despedaçado, ao que a visão das lágrimas escorrendo por seus olhos refletiu-se em meus orbes verdes. Antes que ele pudesse escapar-me mais uma vez, garanti de prendê-lo em um abraço protetor.

– Tonio, eu…

– Tudo bem. – interrompi-o, sentindo-me quase tripidar em minhas palavras ansiosas - Não precisa falar nada. Seja lá o que for, não importa. Eu vou estar sempre com você, e você sempre comigo. Não importa o que aconteça, ou o que esteja acontecendo, vamos sempre ter um ao outro, em todos os momentos.

– Mas, Tonio…

– Lovino. – interrompi o jovem novamente, que me olhava agora com olhos marejados e perdidos

Afastei-o um pouco e levei um dedo ao seu peito.

– Eu vou sempre estar aqui... – num gesto sutil, levei então meu dedo à sua testa. Meus gestos causavam confusão ao menor, mas ele se limitou a observar-me com atenção. – E aqui... E te terei também sempre em meu coração e em meus pensamentos, não importa quanto tempo passe.

Agarrei suas mãos entre as minhas e sorri. Depois de algum tempo, suas feições confusas se tornaram mais belas e sorridentes; um sorriso feliz e sincero. Lovino havia se livrado de um enorme peso e isso era facilmente percebido. Não importava que eu estava corroendo-me por dentro em curiosidade, se ele estava se sentindo melhor então nada mais importava.

– Tonio. – ele pulou-me nos braços, abraçando-me. Corei um pouco devido a iniciativa incomum do jovem ao contato físico, mas não demorei em corresponder àquele abraço. - Desculpe… Desculpe e obrigado.

– Haha. Não sei do que está falando..

– É claro que você não sabe. Você é um idiota, lembra? – ele brincou, fazendo rir por um instante..

– Mas, sério. Eu realmente não fiz nada de mais. Nada do que falei foi para te agradar. Eu apenas disse a verdade. – eu cochichei, abaixando-me para que nossos olhos ficassem na mesma altura.

Ele sorriu para mim, assim como eu sorria para si, e abraçou-me mais uma vez, com ainda mais força, mas soltando-me logo em seguida.

– Vamos logo pra casa. Eu preciso de ajuda numa fase do jogo que te mostre outro dia.

– Aaah? Mas eu tenho prova semana que vem, Lovi. Eu tenho que estudar.

– Você fala como se fosse estudar…

Continuamos nosso caminho, conversas mundanas tornando o trajeto mais rápido do que desejávamos. Só eu e ele, um sentimento confortável tomando-me o peito como sempre que estávamos a sós.

Eu não me importaria nem um pouco se isto se tornasse parte de minha rotina, já que caminhar junto ao italiano era tão agradável... Uma pena que isso acabou por se tornar impossível, alguns dias mais tarde.

Nem uma semana depois, Lovino Vargas e o irmão, Feliciano, meus amigos de infância, sumiriam sem deixar grandes pistas, mudando-se para o exterior com a família. Na verdade, aquela fora uma de minhas últimas conversas decentes com Lovi, visto que ele então passou a estar sempre tão ocupado.

Hoje eu creio saber o que ele me desejava contar, e compreendo também o porquê de se ver incapaz disso… Palavras são complicadas, e despedidas mais ainda.

Complicados demais para um jovem perdido de pouco mais de doze anos ter de enfrentar sozinho.




Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Capítulo curto, sorry. E também não está tão bom quanto eu gostaria e eu admito que me enrolei toda no final e por isso talvez esteja um pouco confuso. (eu realmente não soube como arrumar >.< Eu vou tentar atualizar toda semana, até porque sendo uma fic só fica mais fácil, mas já que minhas provas se aproximam também não posso prometer, por mais que eu queria.
Então é isso... Eu acho... E, sério. Review, pls. =< Eu fico muito chateada quando não recebo, desanima pra caramba. E fico ainda mais chateada ao saber que TEM gente lendo (afinal, agora da pra saber a quantidade de acessos). A impressão que dá ao autor é que a pessoa lê, mas não se importa. MAS IMPORTA SIM. Então, mais uma vez, por favor. Não to pedindo comentários gigantes, apenas digam. "Oi, gostei disso no capítulo. O personagem tal é fofo." e vocês faram o dia do autor. E não digo isso apenas por mim, mas por todos os ficwriters, pois acredito que seja o mesmo com grande maioria deles. =
BJJS e até a próxima~