Be Alright escrita por Carol Munaro


Capítulo 40
Julgamento




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Conversei com a Mel e ela tava nem melhor que ontem. Fiquei mega aliviado quando percebi isso. Ver ela sofrer é o pior pra mim.

~Mel on~

Minha mãe ainda tava dormindo. Pra falar a verdade, acho que ela dormiu muito, mas muito pouco nesses últimos dias. Quase nada. Tava dando a hora da janta e eu não iria acordar ela. Fui fazer o jantar e fiquei pensando em que lugar o John se meteu. Isso me deixava com medo, por que ele tava a solta. Imagina se ele vem atrás de mim, do nada.

Tava fazendo o jantar quando minha mãe desce.

– Como você tá?

– To bem filha. To melhor. – Ela disse sorrindo.

– Mãe, você sabe onde o John tá? – Falei e o sorriso dela sumiu. Eu fui direto ao assunto. Não gosto de ficar enrolando pra depois falar.

– Não sei, Mel. Ele arrumou as coisas dele e foi embora antes de eu acordar. Mas não se preocupa, tá? Ele não vai te incomodar de novo. - Ela disse me abraçando de lado enquanto eu temperava o feijão.

– Mesmo assim eu to com medo, mãe. Amanha, quando eu for visitar o Justin, vou perguntar pro delegado sobre ele. - Ela se soltou de mim e sentou numa cadeira.

– De novo isso, Mel?

– Não vou te responder se continuar assim.

– Mas precisa ir mesmo todo dia?

– Mãe, agora eu só tenho menos de meia hora pra ver ele por dia. Tenta ser compreensível, por favor. - Ela não respondeu. Só começou a colocar a mesa. Parece que quem é a mãe ali sou eu. Mas não iria discutir com ela de novo. Não hoje.

Jantamos em silencio de depois eu fui direto pro meu quarto. Tomei banho e deitei na cama. Mesmo que fosse pouca coisa, as coisas entre eu e ela tinham mudado e isso significou muito pra mim. Antes, ela não era só minha mãe, ela era minha amiga. A gente via filmes juntas, conversávamos por horas, fazíamos quase tudo juntas. Agora a gente só janta juntas e ainda assim é em silencio.

Agora eu rezava pra dar tudo certo pro Justin, rezava pro John ser preso logo e rezava pra eu e minha mãe voltarmos a ter a relação que sempre tivemos. De amigas.

Acordei e as mesmas coisas de sempre. Me arrumar, tomar café e ir pra escola. Lá foi a mesma coisa de ontem. Fiquei conversando com a Mari, e quando dava, com o Matt.

Eu não tava com fome, então fui direto pra delegacia. Cheguei lá e pedi pra falar com o delegado.

– Você é Melissa, não é? Que depôs ontem.

– Sou eu sim. É... eu queria saber se vocês sabem onde tá o John. - Do jeito que ele me olhou, tava parecendo uma suplica pra ele não ter que responder aquilo.

– Olha, nós chamamos ele pra depor também. Mas... Não sabemos onde ele tá.

– Então ele ainda não veio?

– Não.

– Ele tá foragido? - Ele demorou uns segundos pra responder e, pra falar a verdade, nem precisava mais.

– Ele não vai atrás de você. Pode ficar tranquila. – Já senti meus olhos se enchendo de lágrimas.

– Como eu vou ficar tranquila? E se esse cara aparecer do nada quando eu tiver voltando agora pra casa? Ou quando eu tiver indo ou voltando do colégio? O senhor tem ideia do que pode acontecer comigo? – Falei quase gritando já. Ele pediu que um policial me trouxesse aguá e me levou até uma cadeira.

– Tenta ficar calma, ok? Nós vamos achá-lo. Não se preocupa. Tem muita gente atrás dele. - Eu respirava fundo e tentava não pensar no pior. - Vou pedir pra uma viatura te levar em casa.

– Eu vim aqui pra visitar o Justin também.

– No estado que você tá, não acho uma boa ideia.

– Pode, pelo menos, avisar que eu vim? - Ele respirou fundo.

– Vou abrir uma exceção, mas não acostuma.

– Sim, senhor. Obrigada. - Um policial que tava lá me levou até em casa. Vi minha mãe olhar confusa e assustada pela janela. Eu nem tinha fechado a porta e já começaram as perguntas.

– Por que eles te trouxeram? Por que tá com cara de choro? O que aconteceu? O Justin fez alguma coisa pra você?

– Mãe, calma. Eu nem cheguei a ver o Justin. - Falei em sentando no sofá.

– Então o que aconteceu?

– Eu falei com o delegado. O John tá foragido. Mãe, eu to com muito medo. - Falei a abraçando e já chorando de novo.

– Calma, minha princesa. Eles vão achar ele. Vai tudo ficar bem. - Eu chorava enquanto ela acariciava meus cabelos. Depois de um tempo, levantei e fui pro meu quarto. Tomei um banho mega demorado e desci novamente.

– Pedi folga hoje. E fiz pipoca pra gente. - Minha mãe disse sorrindo. Sorri de volta. - Me ajuda a pegar a Coca. - Ajudei e fomos pra sala. Ela tinha escolhido um filme pra gente ver juntas. É, agora dá sim que as coisas começaram a melhorar.

~Duas semanas depois~

Hoje era o dia do julgamento do Justin. Eu tava mega nervosa. Minha mãe deixou eu faltar na escola hoje porque ela sabia que eu não iria conseguir me concentrar e não pararia quieta. E o julgamento começava cedo.

Falando na escola, a diretora chamou minha mãe na escola e disse que soube de tudo o que aconteceu e sugeriu uma terapia pra mim. Ela disse que minhas notas abaixaram e que as professoras me viam chorar constantemente. E o meu caso se agravou depois do meu ataque de estresse.

Explicando o ataque de estresse: uma vaca veio falar merda do Justin e fingi que não escutei. Ela chegou perto de mim e perguntou: "não ouviu o que eu disse?". Não respondi de novo. Só que ela repetiu aquilo e falou mais merda ainda, bem perto de mim. Não aguentei e parti pra cima dela rs. Acho que só não levei suspensão porque consideraram um "ataque de estresse". A ligação da diretora pra minha mãe sugerindo a terapia aconteceu depois disso. A terapia começa daqui a dois dias. E confesso que to ansiosa pra ir. E não achei ruim ela ter sugerido isso pra mim. Reconheci que tava precisando, e isso seria bom.

– Vamos filha? - Eu assenti e entramos no carro. Sim, minha mãe iria acompanhar o julgamento. Ela processou mais o fato do Justin ser realmente a pessoa que ela conheceu e já tá tudo bem. Meu pai encontraria a gente lá.

Chegamos depois do meu pai e entramos. Ficamos, praticamente, uma eternidade esperando que começasse aquilo. Quando eu tava quase dormindo, anunciaram que o Juiz iria entrar. Ficamos de pé. Justin já tava ali. Ele as vezes disfarçava e olhava pra mim. Nos últimos dias reparei que ela anda mais preocupado comigo do que antes. Alias, muito preocupado. Sem exageros. Apesar que, na minha opinião, to melhor que antes.

Depois de muito tempo de julgamento, o Juiz determinou que o Justin faria trabalhos comunitários. Tipo, ajudar crianças carentes, idosos... essas coisas. Ou seja, ela tá livre. A única coisa que ele tem que fazer é isso. E toda sexta ele vai ter que entregar um relatório sobre isso ao Juiz. Só. Eu quase dei um pulo de felicidade. Ele não iria pra aquele lugar horroroso.

Eu, minha mãe e meu pai ficamos esperando o Justin do lugar de fora do tribunal. E não me perguntem o que ele tava fazendo que eu não sei. Resolvendo coisas sobre onde iria ser o trabalho comunitário, eu acho.

Um pouco antes dele sair, o tutor dele apareceu lá. Achei mega estranho. Pedi pros meus pais esperaram um minuto e fui até ele.

– O que tá fazendo aqui?

– Sou o responsável por ele. Me ligaram pra vir.

– Não sei se você percebeu, mas acabou já.

– Me pediram pra assinar um troço. Eu fui obrigado a vir por isso. Não queria ver aquilo e nem era obrigado. É ali naquela porta? - Eu assenti e ele entrou. Voltei pra junto dos meus pais.

– Quem era, Mel?

– É o tutor do Justin.

– Não sabia que ele tinha um.

– Ele terá até os 18 anos, eu acho.

– Estranho ele nunca ter falado dele.

– Eles não se dão bem e tals... Ele só veio porque é o responsável pelo Justin e tinha que assinar um papel lá. - Meus pais ficaram um tempo conversando e eu fiquei lá no tédio, ansiosa pro Justin sair. Um tempo depois, ele saiu.

– Mo! - Falei e abracei ele com toda a força que eu tinha e ele só ria da minha cara. Ele me puxou pra ele, se é que fosse mais possível, e me beijou. Finalmente um beijo feliz. Com saudade como os outros, mas feliz.

– Fiquei tão feliz. - Ele sorriu mais ainda.

– Também, princesa. Vou poder ficar com você o dia todo de novo.

– Meus pais vão levar a gente pra comer agora.

– Falando nisso, to com fome.

– Eu também. - Era tão bom ter ele assim comigo.

Fomos até um restaurante que tinha lá perto. Meus pais já tinham feito reserva ontem, eu acho. Fizemos nossos pedidos e ficamos falando sobre qualquer coisa.

~Voz do além -q~

Tava em casa sentado assistindo TV e bebendo cerveja quando alguém bate na porta quase quebrando de tanto esmurrar. Atendi e era o John.

– Você precisa me ajudar.

– O que aconteceu? - Perguntei enquanto ele já foi entrando em casa.

– Ninguém pode saber que eu to aqui.

– Dá pra me falar que porra aconteceu?

– Lembra da garota que eu te falei?

– A que morava contigo?

– É. Que eu namorava a mãe dela.

– Impossível esquecer. - John já tinha me mostrado uma foto dela que ele pegou na bolsa da mãe dela, uma coisa assim. Ela era gostosa.

– É, eu sei. Mas o problema é que o escroto do namorado dela foi confessar pra policia o que ele fez. E aproveitando, deu queixa de mim. Você precisa me deixar ficar aqui.

– Se a policia bater aqui na porta, eu nunca soube dessa história e você só tá aqui porque deu um problema na encanação do seu apartamento.

– Tá. Vou colocar minhas coisas lá em cima. - Fiquei pensando em uma coisa enquanto ele fazia isso.

– Essa menina ai, ela não sabe da minha existência?

– Claro que não.

– A gente podia trazer ela pra cá. Ela não ficaria com medo e nem teria um ataque quando me visse. Por que só você e eu não? E pelo que eu me lembre, fui eu quem te falou sobre ela. - Eu disse sorrindo malicioso e ele sorriu do mesmo jeito de volta.

– E mais uma vez não faz mal a ninguém. Quer dizer, fora ela. - Ele disse e rimos. – E claro que lembro que foi você.

– Só que você foi egoísta demais e nem trouxe a menina aqui.

– Relaxa. Ainda dá pra fazer isso.

~Uns dias depois~

– Se você não for logo, é capaz da gente perder a garota de vista. – John disse enquanto eu arrumava minha arma.

– Calma que eu já to indo. – Disse enquanto terminava. – Pronto. Vamos. Sabe onde ela tá?

– Claro que sei. Essa hora ela vai pro colégio.

– Mas será que ela vai hoje? Você sabe que tem o julgamento do namoradinho dela.

– Eu sei. Vamos passar na casa dela primeiro. E não precisa ir de moletom. Primeiro porque tá calor. Segundo que vai chamar bem mais a atenção. – Ele disse e eu tirei.

– Tá animado? – Ele riu.

– Você tá? – Eu fiz que sim com a cabeça. – Então somos dois. Quem não estaria?

– Quanto tempo demora daqui até lá?

– Uns 40 ou 50 minutos, mais ou menos. E você disse que já tava pronto. Se você não andar logo, eu vou sozinho.

– Calma. Agora eu realmente acabei. – Entramos no carro e fomos em direção a casa da garota. Não lembro o nome dela. Mas pra que saber? Isso não me interessa. O que interessa é outra coisa.


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Notas finais do capítulo

Ooi gente :3 :3 Acho q vcs perceberam q nos proximos capitulos as coisas vao começar a complicar né (mais ainda, pq né .-.) E amanha, como de costume, eu posto mais os 10 capitulos. Xoxo :3



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