Vigaristas escrita por Juh, Amanda, Taís


Capítulo 42
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Hô, hô, hô... Presente de natal pra vocês!

Epílogo narrado pelo Uchiha *--*

Boa Leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/288960/chapter/42

Conta-se que dentre os mendigos que permeiam todas as cidades, um velho malvestido, e com um enorme saco de pano nas costas, anda pela cidade levando embora as crianças que fazem “arte”. Em contrapartida, temos o velhote que carrega um saco nas costas cheios de presentes, para dar às crianças que se comportaram bem durante todo o ano. Nunca chegaram a pensar que o temido homem do saco e o papai Noel fossem à mesma pessoa? Talvez utilizasse de presentes como isca para atrair os pestinhas, como reza a lenda em versões mais detalhadas (entendam como cruéis) em que o velho leva a criança para sua casa e lá faz sabonetes e botões com elas...

A verdade é que nunca acreditei em nenhum dos dois, e tão pouco Konohamaru acreditaria quando lesse minha ultima correspondência advertindo-o para se comportar bem, caso contrário não ganharia presente. Sakura não se conteve e enviou um novo game que fora lançado recentemente para mimá-lo, com a desculpa de que o fez só porque era Natal.

Era noite de véspera de Natal.

Havia acabado de fechar um negócio e aplicar mais dinheiro. Tinha um tremendo talento pra isso, mas nem um pouco de vocação para a espera...

Com as mãos no bolso do terno, impaciente, olhava as pessoas dançando por aquele salão. Garçons ofereciam-me bebidas, os puxa-sacos ofereciam-me charutos e sociedades, enquanto suas mulheres só faltavam subir na bandeja para oferecerem-se a si mesmas.

É o preço que se paga por ser um bilionário no meio de uma corja de interesseiros.

Estava prestes a pegar o celular e fazer de uma vez a ligação pra ela, mas a sensação de ter pares de olhos pregados em mim, estava me deixando incômodo.

Então cruzei o salão indo até a entrada da festa onde os carros deixavam os convidados, quando finalmente estacionaram uma Limusine e lá estava ela... Com seu salto, trajando um vestido de veludo preto, jóias, e maquiada como todas as demais mulheres, apenas uma única diferença: Sakura tornava os acessórios bonitos e não o contrário.

Fiquei parado aguardando ela vir até mim, mas ela nem conseguiu me notar. Antes que saísse do lugar, uma senhora que usava um vestido estampado, turbante na cabeça, um terceiro olho entre as sobrancelhas e com os olhos excessivamente pintados de preto, lhe parou.

Só quando entendi o que estava acontecendo me aproximei para levá-la de uma vez, mas optei por ficar a pouca distância observando.

— Ei, madame posso falar com você? — disse a mulher.

— Não. Meu marido é impaciente e já estou alguns minutinhos atrasada! — Sakura respondeu tentando se livrar da mulher.

— Levarei apenas um minuto para ler sua mão! — insistiu.

— Ora essa... Já disse que não! Como pode ver, não tem nada escrito aqui... Dãrr! — disse ela erguendo a mão para mostrar a palma. Tsc... E o pior é que tudo o que a mulher conseguiu ver foi o brilho da aliança no dedo dela. Estava na cara que era uma oportunista.

— Essas três linhas na sua mão... Oh meu Deus... — disse a vidente dramatizando ao cobrir a boca.

— O que foi? — Sakura perguntou parando de andar, e imediatamente olhou a própria mão. — O que tem demais na minha mão?

— Eu vejo um homem... Um homem... Ele é... Tão... — dizia a mulher procurando pensar em algo.

— Forte? Alto? Branquinho? Cabelos pretos? — completou Sakura.

— Isso mesmo! — confirmou a mulher, aliviada por receber a resposta de bandeja.

— Ah... Este é Sasuke, meu marido! — disse Sakura.

— Claro, isso mesmo foi o que vi, seu marido. A outra linha é você mesma. E a terceira linha... Oh Deus, não posso falar, é terrível demais... — dramatizou a malandra, atiçando a curiosidade dela.

— Não, por favor, me conte! O que diabos é essa terceira linha? Diga!

— Desculpe senhora, não direi mais nada. Este é meu trabalho e vejo que a senhora não está interessada em pagar pra saber! — disse dando as costas e de repente era Sakura quem estava atrás da vidente.

— Tome, eu lhe pago! Dinheiro não é problema, agora me diga, o que significa essa terceira linha? — perguntou aflita e a mulher virou-se para fitá-la. Antes de começar a falar pegou o bolo de notas que Sakura tirara da bolsa e eu poderia jurar que ela se segurava para não pular de alegria com toda aquela grana.

— Uma mulher. — declarou. — Uma mulher que vai separar você do seu marido Sasuke, forte, alto, branquinho, cabelos pretos! — disse repetindo as informações que a própria Sakura lhe dera, como se fosse uma constatação dela mesma.

E foi o fim da minha paciência.

Agarrei o braço de Sakura com uma mão enquanto que a outra pegou rispidamente o dinheiro da mão daquela mulher.

— Ei! Devolva meu dinheiro! — disse a mulher indignada.

— Esse dinheiro pertence à minha mulher sua charlatona! — disse num tom ameaçador e ela recuou um passo atrás.

— Sua piranha ordinária! Eu não acredito em nada do que você disse, ouviu bem? — disse Sakura contendo um desespero na voz. — Acha que pode caluniar meu marido me dizendo estas coisas? Que espécie de pano africano é este na qual você está enrolada? E este capacete na cabeça? Suas unhas parecem cascos de cavalo! E este lápis de olho derretido? Ta tentando fazer cosplay do Jack Sparrow é? Vá ler um livro, porque a minha mão vai descer na tua cara se tentar enxergar linha nela de novo!

Uma coisa tinha que reconhecer, Sakura sabia se defender à maneira dela. A vidente fajuta ficou humilhada com a descrição maluca que tinha feito dela, e o olhar frio que lançou a minha mulher, dizia que ela tinha acertado em cheio o seu orgulho.

Antes que nos causasse mais algum transtorno, o segurança que percebeu a exaltação de Sakura, afastou a mulher da entrada, enquanto eu aproveitava para dar uma boa olhada ao redor...

A maldita sensação de ser observado continuava me incomodando, mas minha prioridade agora era Sakura... Estava abalada, embora tentasse parecer bem.

Sempre sabia quando havia algo de errado, pelo cacoete que ela tem de esconder o olhar de mim.

— Ei... — disse suavemente erguendo seu queixo para fitá-la. E quando ela ergueu o olhar pra mim, seus cílios longos e os olhos verdes moldurados por uma maquiagem bonita, me fizeram admirá-la. Seus olhos estavam tristonhos e eu nunca tive tanta vontade de bater numa mulher antes, como estava agora, desesperado por dar uma bela de uma correção nessa vidente de merda! — Você está linda. — disse e ela sorriu timidamente.

— Você também não está nada mal. Posso saber por que demitiu o estilista que contratei pra você essa semana?

Revirei os olhos lembrando da figura que apareceu jogando gliter pela casa.

— Acho que você mesma acabou de responder. Não fico feio quando me visto sozinho.

— Não... Você não fica... — concordou ela.

— Vem, vamos para a festa. Sei que você está louca pra se exibir...

— Acertou na rosca!

— Mosca querida. Acertei na mosca! — ela revirou os olhos discordando e me deu o braço para entrarmos juntos.

Nunca conseguíamos ficar juntos nestas festas socialites. As peruas da alta grudavam em Sakura feito carrapatos. E foi o que aconteceu assim que pisamos os pés de volta àquele salão.

Só me restara beber. Peguei uma taça, degustando o bom vinho enquanto aguçava meu instinto de que havia algo errado.

Sakura e eu estávamos casados há um ano, cinco destes meses realmente casados. E nestes cinco meses, tentei libertar-me de meus fantasmas interiores, dizendo a mim mesmo que levaria uma vida normal.

Meu objetivo era exercer minha profissão, comércio de exteriores era o que eu gostava de fazer e as negociações que eu fechava diziam que eram eficazes.

Sakura gostava de todo este glamour, mas eu, estava aqui certamente pelos negócios e para...

— Dança comigo? — pediu a aniversariante. Dei uma olhada de longe para Sakura que mostrava os centímetros de seu salto para uma mulher que só faltava babar nos pés dela, completamente distraída. Olhei novamente para a aniversariante, uma das mulheres mais ricas daquele salão, seu nome era Natalina, obviamente pela coincidência da data que nasceu.

— Claro. — respondi tomando-lhe a mão, e inclinando-me um pouco para conduzi-la melhor.

Eu mal consegui dar meia volta e um dedo indicador cutucou-me nas costas, virei-me para olhá-la, era Sakura com as mãos na cintura fuzilando-me com o olhar. Tentei encontrar algo de errado, mas não percebi nada que pudesse lhe deixar brava daquele jeito.

— O que houve? — perguntei largando minha acompanhante por um segundo.

— O que houve? Como assim o que houve? É eu dar as costas que você se atraca com essa dai, Sasuke?

— Sakura, Natalina está completando noventa e sete anos de idade hoje...

— Não tente argumentar contra o óbvio, Sasuke Uchiha! Eu vi a maneira como se inclinou pra ela, dançando lentamente, e a forma como ela fica te olhando!

— Caramba! A mulher está com a coluna envergada, seus olhos cheios de catarata e duvido muito que ela possa nos ouvir agora!

— O que disse? — perguntou a senhorinha, confirmando minha suspeita de que seus cinco sentidos já eram!

Sakura relaxou deixando as mãos caírem ao lado do corpo, com um semblante arrependido.

— Desculpe, é que... — Não prestei atenção na desculpa que se seguiria, conhecia Sakura o suficiente para saber que ela inventaria uma historinha sem pé nem cabeça quando na verdade estava é cismada com terceira linha que a vidente de merda tinha dito a ela.

Entre as pessoas que dançavam havia um papai Noel perambulando, já tinha lhe notado antes, mas desta vez, tive a nítida certeza de que ele estava olhando diretamente para mim.

Num piscar de olhos ele se misturou na multidão, mas fui mais perspicaz sem perdê-lo de vista, vi quando entrou em um corredor e dei a volta para encurralá-lo. Certeiro!

Um murro bem dado, e meu antebraço sufocando-lhe a garganta.

— Quem é, e pra quem trabalha? — perguntei ameaçadoramente e desviei meu olhar para o chão vendo que uma microcâmara preta havia tombado, havia caído dele. O maldito estava tirando fotos!

Mantendo minha mão fechada em sua garganta, me afastei o suficiente para pisar no objeto, espatifando-o.

— Sasuke! Está matando o papai Noel! — disse Sakura bem a minha frente horrorizada.

— O que está fazendo aqui? — perguntei entre dentes.

— Vim atrás de você! Você saiu feito um cão farejador... Se quer ouviu minhas desculpas... — disse lamentando-se, como se eu tivesse com tempo para discutir relação agora. Como se minha maldita sorte pudesse ficar ainda melhor, as luzes de repente se apagaram, deixando toda a mansão numa completa escuridão.

O cara foi rápido, como se contasse com o apagão, e dando-me um soco da costela, escapou de meu domínio, escutei o grito de Sakura e no segundo seguinte a luz tinha voltado. Ela não estava mais à minha frente.

— Maldita luz, tinha que acabar bem agora... Droga, meu brinco... — Olhei para baixo. Sakura estava agachada procurando sua jóia pelo chão.

— Levanta... — disse erguendo-a bruscamente pelo braço.

— Mas Sasuke, meu brinco...

— Te dou outro, agora temos que sair daqui e ir pra casa... — disse arrastando-a dali.

Meu instinto estava certo, alguém estava nos observando.

Peguei meu celular para chamar a limusine novamente, em um instante estava estacionada à nossa frente. Sakura pra me ajudar, deu dois passos e torceu o pé apoiando-se em mim, eu a segurei com firmeza verificando que foi apenas uma torção de desequilíbrio, sua frescura fazia parecer que estava sem o pé.

O portal do inferno certamente estava aberto, pois a maldita vidente estava bem ao nosso lado, parecendo uma louca desvairada.

— Ei vadia... Acha que basta ser bonita e ter dinheiro não é? Pois saiba que a terceira linha também é você! Você é a mulher que acabará destruindo o próprio casamento. Se gosta mesmo dele, se separe ou haverá morte! — cuspia as palavras como se lançasse uma maldição e eu já estava farto de tantos personagens de merda por hoje.

— Some daqui ou darei um jeito de te colocar atrás das grades antes que possa tirar mais um troco de seu próximo trouxa! — rosnei furioso.

— Guarde bem minhas palavras garota... Não se pode ter tudo... Não terá amor!— praguejou sem dar valor à vida.

Enfiei Sakura dentro do carro e dei a volta antes que pudesse fazer uma besteira.

Mais uma besteira. Pois eu iria descobrir quem estava em meu encalço, e então, dessa vez, não haverá pra onde escapar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pessoal, sei que juramos de dedos cruzados e pés juntos que não haveria mais... Mas, tivemos MUITAS idéias, e decidimos dar continuação a Vigaristas...

Postaremos os próximos capítulos como se fizessem parte de uma “segunda temporada”... O que acham?