– BUM!

E esse foi o fim de Morgan. Pude ver a ação dele, ao retirar Robbie do penhasco. Eu confesso que não entendi o objetivo daquilo. Robbie venceria, eu morreria logo. Em pouco tempo aerodeslizadores viriam buscar o vitorioso. E eu imagino a dor que ele deve ter sentido, para realiza-la.

­­Foi um presente. Uma chance de vê-lo pela última vez. Mas porque? Eu o matei. Porque ele faria uma coisa dessas?

– Kayleigh! – Robbie gritou vindo correndo na minha direção. Céus, ele parecia acabado. Não podia descrever como eu estava feliz em vê-lo. Queria correr para ele e abraça-lo. E dizer que o amava. Mas não podia fazer isso. Não seria justo com ele, e só lhe traria mais tristeza.

Ele caiu de joelhos do meu lado. Lágrimas se misturavam a chuva contra o rosto negro de frente ao céu nublado.

– Vai ficar tudo bem... – Ele me disse, chorando. Apenas esbocei um sorriso. Estava cada vez mais difícil.

Sentia como se estivesse segurando o mundo com as mãos. Ele estava ali para me ajudar. Colocou a minha cabeça em seu colo e me abraçou sem jeito. Ele não sabia o que fazer.

– Só pode ter um vencedor... – Falei em um sussurro.

– Não. Por favor Kayleigh. Não me deixe sozinho.

...

– Eu gostaria de dizer, que apesar de sermos inimigos, gosto de pensar em você com carinho.

- Você nunca foi minha inimiga Kayleigh, mas sempre fez me sentir melhor... mais seguro. Você foi minha amiga, desde que nos conhecemos.

...

-Fique comigo, por favor. – Ele disse, me abraçando, como se aquilo pudesse impedir que eu fosse embora.

Eu não tinha força para me levantar, mas ainda podia mover meus braços. Tirei a mão direita de cima do ferimento e a levei a boca, beijando a ponta dos meus três dedos médios. Em seguida, toquei com os três na testa de Robbie, e sorri triste.

...

– Está com medo?

- Estou cansada demais para sentir medo.

...

Ele trouxe seu rosto para perto de mim, estava desesperado. Coloquei a mão em seu cabelo e falei:

– Volte para casa... por mim... ok?

– Kayleigh... Eu te amo Kayleigh...

Eu sorri.

...

– Robb, conseguimos. Só resta o Morgan agora. E quando ele tiver morrido...

– A vitória será de um de nós...

...

– Eu... eu também... – Falei com dificuldade. Estava cada vez mais difícil. Era um cansaço imenso. A vontade de fechar os olhos era gigantes.

– Não, não feche os olhos, por favor. Não depois de me falar isso...

Segurei a parte posterior da sua cabeça com mais força, e utilizando toda a força que eu ainda tinha, me puxei na sua direção, levando meus lábios aos dele.

Foi o melhor beijo de toda a minha a vida. Talvez por saber que era o último.

Eu conseguia sentir toda a dor, medo e desespero de Robbie, naquele beijo. Logo ele estava me segurando, e o beijo era mantido junto com um abraço apertado, era uma sensação tão gostosa.

– Me esqueça Robb... – Eu disse já sem forças, assim que nossos lábios se separaram. – E seja feliz...

Minha cabeça caiu na grama molhada. Sabia que não a levantaria mais. Fechei os olhos, para jamais reabrí-los. Conseguia escutar Robbie falando, mas já não era capaz de discernir suas palavras.

...

– Me esqueça Robb. E seja feliz...

...

Era um bom jeito de morrer. Eu finalmente poderia descansar em paz.