Patrulha Vermelha escrita por Artemys Jenkins


Capítulo 6
6. Conceitos da brincadeira de gato e rato


Notas iniciais do capítulo

Apenas que... Obrigada, André.
Capítulo mais curto que o normal, writter's block, faculdade, é, essas coisas.
Besitos.



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6.1 Quando o rato é um I.P.

Bra entrou na sala de jantar no seu pior estado. Apesar do sorriso, as olheiras, o cabelo bagunçado, o pijama amassado e a óbvia cara de cansaço denunciavam que havia passado a noite em claro. E muito ocupada. Os presentes na mesa começaram a analisá-la. Parecia extremamente feliz, apesar do estado deplorável -- para a princesa, que fique claro -- em que se apresentava à mesa do café-da-manhã. Provavelmente havia conseguido alguma coisa.

Agitou um pedaço de papel que levava em sua mão, sorrindo mais ainda.

-- Sabem o que é isso?

Bulma e Trunks pensavam em possíveis respostas em suas mentes; Vegeta, por sua vez, ignorava a filha, pegando mais comida. Por sorte, a velha lunática tinha deixado comida mais ou menos pronta para cerca de quinze dias, período em que estava de viagem. Aguentar a culinária de Bulma seria um castigo pior do que lutar contra cem Freezas, Cells, Majin Boos e Kakarotos, todos juntos.

(Claro que eles sempre poderiam usar das habilidades culinárias de Trunks, que, por mais que negasse, cozinhava razoavelmente bem)

Bra continuou em pé, balançando levemente o papel, ainda a sorrir. Trunks foi o primeiro a se cansar do jogo.

-- Diz logo o que é essa porcaria, sua besta!

-- Ow, ow, OW! PAREM JÁ OS DOIS! -- interferiu Bulma, sentindo que aquela briga poderia durar horas se deixasse -- O que é isso, Bra?

-- Um endereço.

Silêncio, seguido de encaradas.

-- O endereço.

Mais silêncio. Mais encaradas.

-- Tenho o endereço do computador pessoal de Kitsch von Käse. -- terminou Bra, por fim, sorrindo.

-- O QUÊ?! -- disse Bulma, levantando e correndo em direção a filha, tirando o papel de sua mão e analisando as coordenadas impressas nele em questão de segundos. Chegava a impressionar a velocidade que a cientista usara para agarrar o pedaço de celulose banhado em tinta de impressora.

-- Mas... Isso fica...

-- É, na região 64 de Satan City. Super afastada do Centro, mas até que faz sentido! Se eu quisesse hackear o site da maior, e melhor, e mais bonita, e mais elegante e...

-- TEMOS DE IR PARA LÁ! -- manifestou-se Trunks, levantando-se num rompante. 

-- Não, não temos -- rebateu Bra -- Podemos usar o CapsuleAvenue Sights pra observar a região antes de ir até lá. Ou já se esqueceu que temos esse produto na empre... Oh! Verdade! Fui eu quem projetou, e não você, miiil desculpas!

Era conhecido de todos que, enquanto Trunks era ótimo em engenharia mecânica, sendo especialista em naves, carros e engenhocas analógicas, Bra era exímia programadora.

-- Sua...

-- OW. TENHO QUE LEMBRAR QUE VOCÊS ESTÃO DE CASTIGO OU TENHO DE AUMENTAR A PENA, SEUS MELIANTES?!

Vegeta apenas assistia à cena, tomando calmamente seu café e se perguntando quando e por que resolvera ficar naquele lugar medíocre, nojento, horroroso, pavoroso, aargh.

Bra e Trunks se entreolharam, mantendo-se silenciosos. Ordens de Bulma Briefs nunca eram contestadas.

-- Bra, você, pesquise a casa dele no Avenue Sights. Trunks, prepare o carro blindado. Vegeta,

O homem se deu o direito de apenas levantar os olhos.

-- Você fica em casa.

E, com isso, a mulher deixou a sala de jantar, deixando uma adolescente irritada, um jovem adulto inconformado e um homem completamente confuso.

“Por que vou ficar de fora??!!!”

*~*~*~*

6.2 Quando o rato precisa de um banho

Chi-Chi cantarolava enquanto terminava de preparar o jantar. Estava ciente de que aquela noite seria apenas ela em casa, já que Gohan ficaria com sua família e que Goten passaria a noite na Corporação Cápsula para entregar seus desenhos a tempo de finalizar o projeto que estava ilustrando e não ter sua cabeça estourada por #17 caso falhasse. Mas algo dizia que deveria cozinhar para mais alguém. Era uma sensação, uma coisa, algo que a impelia a fazer mais comida do que jamais comeria. Então sorriu.

Não tinha a mesma habilidade de seus familiares para reconhecer presenças -- ou o que eles chamavam de ki --, mas sempre saberia quando certa pessoa estaria por perto, talvez por costume, ou até mesmo pela relação que dividiam. Sentia um calor gostoso se espalhar pelo corpo e seus lábios faziam brotar um sorriso ainda que não quisesse sorrir. Era estranho. Sentia-se ansiosa, como se houvesse passado anos sem encontrar-se com esse alguém, mesmo quando apenas havia saído de casa para ir ao supermercado. Sentiu-o se aproximar, e não pode deixar de sorrir ainda mais.

-- Nem pense em botar suas mão suja nessa carne -- disse com seu sotaque carregado, característica que apesar da convivência com pessoas de outras cidades, tinha conseguido não perder.

-- Mas... Por quê, Chi-Chi? Viajei tantas horas e estou com tanta fome... -- a voz grave daquele que sempre povoaria os sonhos da dona-de-casa soou pela sala de jantar, num tom choroso, implorante. Chi-Chi continuou a sorrir.

-- Exatamente por isso -- continuou seu sermão sem tirar sua atenção do fogão -- Ocê viajô distante por demais, e deve estar mais sujo que pau de galinheiro. Intão, acho bom ocê tirar suas patinha suja de cima desse javali e se preocupar em tomar banho.

Chi-Chi sentiu a pessoa se aproximar e sua raiva começar a se incendiar. Tinha mandado ir tomar banho, não tinha?

-- Óia, acho muito meió ocê gastá seu empenho em tomar banho e...

Sentiu dois braços fortes que conhecia muito bem rodearem sua cintura.

-- E agora?

-- Ocê tá fedeno.

Silêncio sepulcral.

-- PELAMORDIDEUS, ocê qué fazê o favô de ir tomar seu banho?

Deprimido, virou as costas e foi em direção ao banheiro. Não sentia vontade de tomar banho à luz do luar, não sem companhia. Teve seus pensamentos interrompidos pela saudação graciosa e calorosa daquela que acabara de escorraçar-lhe para o banheiro:

-- Hey, Goku, senti falta docê.

E aquilo valera a noite de Son Goku, que acabava de voltar de sua curta visita de quinze dias à casa de seu aprendiz na Ilha do Sul.

*~*~*~*

6.3 Métodos de roubo dos ratos

-- No fim, não deu em nada. Ele já tinha largado a casa... -- disse Trunks, jogando um jogo chamado Pouch Creatures, que consistia em um mundo cheio de bichinhos que lutavam entre si. -- Bra ficou extremamente puta da vida, como era de se esperar -- Trunks não tinha nenhuma expressão no rosto, mas sua voz revelava um grande sorriso.

Goten mantinha-se concentrado em seu desenho. Tinha de terminá-lo, não importando as condições. A menção do nome de Bra o deixou curioso.

-- Fiquei sabendo que vocês estão de castigo...

-- Estamos. Culpa da louca da minha irmã, que disse que fui eu quem deu bebida a ela na festa em que tocamos.

-- Cara. Você tem quase trinta anos, cara. 

-- Eu sei.

-- E está de castigo. -- concluiu Goten, fazendo um detalhe com o lápis aquarelado -- Genial.

Continuou colorindo o desenho com os lápis aquarelados por uns instantes até a curiosidade bater mais uma vez e perguntar, sem ao menos se dar conta:

-- Mas que raios você não pode fazer nesse castigo?

-- Mamãe não especificou, pelo menos não pra mim; acho que não posso jogar videogame e ir pra balada, sabe, essas coisas -- disse Trunks, ainda concentrado no joguinho portátil. Goten trocava os lápis pelo pincel com água, pensando em quão irônica era a situação. Suspirou. Por sorte Pan tinha herdado o senso de honra e responsabilidade de seu pai, ou ele também estaria perdido...

-- E o que vocês vão fazer? -- perguntou Goten, limpando o pincel em um pano, e pegando um pincel menor, para fazer outro detalhe. Molhou-o, em movimentos fluidos, no pote de água que tinha ao seu lado, e reiniciou seu trabalho detalhada e cuidadosamente, evitando que sua mão direita esbarrasse no trabalho que estava por secar.

-- Eu? Ignorar que estou de castigo, oras! -- Trunks disse, um pouco amuado. Acabara de perder um de seus bichinhos na luta de bichinhos.

Goten pensou em dizer que, na verdade, ele estava se referindo a von Käse, mas resolveu continuar sua ilustração. Estava com um prazo muito apertado para ficar conversando trivialidades com seu melhor amigo.

Nisso, ouviu um estrondo. E sentiu o prédio tremer.

Olhou para trás, e nem precisou perguntar se Trunks havia sentido o mesmo; o olhar do amigo dizia exatamente o que precisava saber.

Segundos mais tarde, um alarme começou a soar.

-- MERDA!! -- gritou Trunks, jogando o videogame no chão, começando a correr e deixando Goten confuso a olhar a cena. Goten, por sua vez, cuidadosamente guardou seu desenho, e apressou-se a alcançar Trunks, gritando enquanto atravessava o longo corredor onde os aposentos pessoais dos moradores da casa se instalavam:

-- O que aconteceu?!

-- ROUBARAM ALGUMA COISA!!!

Ambos corriam pela casa, guiados pelo cheiro de queimado que vinham de um lugar muito secreto para qualquer pessoa saber.

Um lugar que ele tinha conhecido há poucos anos, e que nem mesmo Bra sabia da existência...

Chegando no lugar, tudo o que se via eram alguns escombros. O fogo já havia sido controlado e nenhum papel havia sido queimado, agradecimentos ao sistema antichamas especial criado por Bulma para proteger os documentos neste lugar. Trunks entrou o mais rápido que pôde na ampla sala (que agora contava com um amplo buraco no teto), pondo-se a procurar um grupo específico de papeis.

Começou a desesperar-se. Pareciam não estar lá...

-- Não perca seu tempo, Trunks. Foram roubadas.

Trunks virou-se e olhou para a mãe. Nos belos olhos azuis via tristeza, e quiçá uma ponta de desespero.

Não...

-- Não! Eles não podem...

-- Eu os vi roubando. Levaram aquelas.

Não...

Não podiam tê-las levado! Eram as que estavam mais seguras!...

Tê-las levado era a pior coisa que poderia acontecer.

Definitivamente, o mundo estava em perigo.

Goten chegou um pouco depois, visto que acabou se perdendo no meio do caminho. Olhou para o par de mãe e filho entreolhando-se com expressões tristonhas e começou a se perguntar o que acontecera por ali. Buscou o olhar do melhor amigo e de sua segunda mãe, para ouvir uma voz rouca e triste sair dos lábios de Trunks:

-- Roubaram nosso banco de patentes...

Goten aliviou-se. Oras! Era apenas prestar o Boletim de Ocorrência e processar a empresa que os roubou por plágio! Não era um problema tão grande assim... Ou era?

-- E por que o desespero?

-- Porque essas não eram patentes dos nossos produtos -- foi a vez de Bulma falar --, e sim, das máquinas da U.S. Robots & Mechanical Men Inc..

Goten olhou para Trunks, que sentou e começou a chorar, abraçado por sua mãe, que também lamentava pela perda.

Ainda que não entendesse nada, Goten pode sentir a dor pela qual aquelas duas pessoas que ele amava estavam passando.

Resolvera guardar silêncio.

*~*~*~*

6.4 Ratos felizes

Estava feliz. Pela primeira vez em anos estava contente. Finalmente estava com o que havia desejado durante toda sua vida, desde os primeiros robôs de brinquedo que havia ganho quando criança. Nas suas mãos, usando luvas e máscara, numa sala refrigerada, analisava os projetos que finalmente haviam caído em mãos corretas -- as suas.

Kitsch von Käse sorriu.

Agora sim seu exército estaria pronto para dominar o mundo.

Finalmente aprendera a suprimir as Três Leis da Robótica.

*~*~*~*


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