If We Shadows Have Offended escrita por Draquete Felton


Capítulo 1
Capítulo 1 What that means?




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If we shadows have offended

Capítulo 1 – What that means?

Sentia que o telefone tocava dentro de seu paletó, mas não movia um músculo sequer para atendê-lo. Sabia quem estava ligando e o motivo pelo qual era tão procurado. Conseguira se esconder em uma sala na própria clínica, porém não estava atendendo ninguém.

Faltava apenas meia hora para acabar o seu expediente na clínica de qualquer forma, porém a porta foi aberta, revelando a diretora do hospital ali, o fuzilando com o olhar.

Suspirou, sabendo que agora não teria como fugir do trabalho e se colocou de pé, apoiando-se em sua bengala.

- O que estava fazendo aqui, House? – A mulher perguntou, deixando a porta totalmente aberta para que o outro saísse dali.

- Ora, você esqueceu que estávamos brincando de esconde-esconde? – A mulher revirou os olhos. – Melhor você ir se esconder logo, se não estará com você novamente.

- Para fora. – Saiu da frente, e o homem saiu dali.

- Falta só meia hora para acabar... – Foi cortado.

- Exato, e nesse tempo dá para atender o homem que está a sua espera desde as duas da tarde. – Entregou uma pasta para ele.

- Tanto tempo assim? Por que não passou para outro médico? – Abriu a pasta, olhando seu conteúdo.

- Porque ele se recusa a ser atendido por outro médico que não seja você... – House franziu o cenho. – Ele está logo ali.

A mulher apontou, e, sentado na sala de espera da clínica estava um homem que aparentava ter quarenta anos lendo um grosso livro que carregava. Apesar da calma do homem, dava para notar que o homem respirava com dificuldade, além de tossir demasiadamente.

Mais um paciente com gripe... Dai-me paciência.” Pensou, revirando os olhos e caminhando até o homem.

- Olá, sou o Dr. Gregory House. – Abriu a pasta mais uma vez, procurando o nome do paciente. Porém, este foi mais rápido.

- Ah, muito prazer em finalmente conhecê-lo, Dr. House. – Antes de continuar, porém, retirou um pano do bolso e começou a tossir no lenço. – Meu nome é Todd Anderson... Eu já ouvi muito falar do senhor e...

- Está bem, está bem. Chega de papo. Venha logo comigo. – E caminhou de volta para a sala que estava antes. – Vejamos, por que saiu de Delaware para vir até New Jersey?

- Porque tanto lá quanto em New York, todos os médicos diziam sempre a mesma coisa ‘É só uma gripe’, e me passavam alguns remédios, que por mais que me fizessem melhorar por uns dias, não melhoraram meu estado... – House o escutava, enquanto lia a ficha médica do outro. – Eu já tive a doença dos poetas¹, mas garantiram que eu tive uma melhora de cem por cento...

- Doença dos poetas? – House ergueu os olhos, fitando o outro que apenas riu.

- Desculpe, é assim que eu chamo a doença. Tuberculose... É que muitos poetas morreram por causa desta doença. – House revirou os olhos, voltando a fitar os papéis a sua frente. – Sou um poeta, então tive a doença dos poetas, mas fui tratado e me disseram que estou bem.

- Estou vendo aqui, pelo que vejo você está curado da Tuber...

Foi cortado por mais uma crise de tosse do outro, que, quando parou de tossir, tinha o pano cheio de sangue. Todd olhou para o médico com certo desespero no olhar e pediu:

- Eu já ouvi falar de você... É por isso que eu quero que você me examine e descubra o que eu tenho. Por favor. – Perdendo os sentidos, o homem caiu. Ainda não estava desmaiado. House chamou por algumas enfermeiras que logo vieram, levantando o homem e o colocando em uma maca.

.-.-.

- Vamos, precisamos de idéias. – House falou, sem muita emoção.

- Mas você mesmo está achando que é só uma gripe. – Foreman respondeu, dando de ombros.

- Sim, mas ninguém vomita sangue quando está com gripe. – Revirou os olhos, esperando que alguém ali tivesse idéias.

- A Tuberculose pode não ter sido tratada devidamente, já que faz muitos anos que ele conteve a doença... – Cameron arriscou. – Naquela época não era tão fácil assim tratar a Tuberculose.

- É, mas ele é um poeta. – House ironizou. – Na época ele estava recebendo muito bem, e conseguiu pagar pelo melhor tratamento.

- Mas, pelos sintomas dele, talvez seja pneumonia. – Chase falou.

- Isso. Era aí que eu queria que chegassem! – House apontou a bengala para o loiro. – Ele já está internado. Vocês podem fazer um exame de sangue nele. Assim saberemos se é a Tuberculose que voltou ou se é apenas uma pneumonia.

Os três se levantaram e começaram a recolher os papéis do histórico médico do homem internado. House, porém, continuou sentado onde estava, olhando para nenhum ponto em especial, pensando.

Alguns minutos depois do trio ter saído da sala, outro homem entra, parando ao lado de House e olhando para cima da mesa de vidro do mesmo. Seus olhos se prenderam no livro que estava ali ‘Cinco séculos de poesia’. Um livro muito antigo e gasto.

- House...? – House o olhou, finalmente, porém, o olhar do outro médico ainda estava caído sobre o livro. – Onde arranjou este livro?

- Não é meu. – Disse simplesmente, voltando a olhar para o vácuo. – É do meu paciente que deixou no chão quando caiu. Não vai para casa, Wilson? – Perguntou, voltando a olhar para o médico ao seu lado.

- Eu pensei que talvez você quisesse passar em um bar ou coisa assim, mas parece que está com um paciente, certo?

- É, mas você sabe que eu não me importo. – House levantou-se, se apoiando na bengala e tirando do bolso da calça um frasquinho com remédios, tirando um dali de dentro e tomando. – Vamos logo. E só para contestar, você que vai pagar. – Isso fez com que Wilson revirasse os olhos, mas não seguiu o amigo.

- Posso... Pegar o livro? – Olhou de relance para o infectologista, esperando uma resposta.

- Todo seu. – Deu de ombros. – Mas se o meu paciente sentir falta, eu dedurarei você.

.-.-.

Uma vez no bar, House e Wilson conversavam sobre um assunto qualquer enquanto bebiam. Porém, o mais velho notou, o oncologista estava com a visão vaga, como se estivesse em outro planeta, provavelmente pensando em outra coisa.

- Vamos, Jimmy... – Wilson voltou sua atenção para o outro, esperando que este continuasse. – Fale logo o que está te incomodando porque se não eu te deixo aqui enquanto você estiver no mundo da lua.

- Não é nada, House. – Voltou sua atenção para seu copo.

- É claro que não! – Desdenhou, tomando mais um pouco de sua bebida. – Você estava bem na hora do almoço. A não ser que alguém tenha morrido, você tem algo que está o preocupando.

- Por que eu não posso simplesmente estar cansado... Ou pensando no que vou jantar? – Continuava a não olhar para o outro. Sentia que House poderia descobrir a verdade caso se olhassem nos olhos.

- Se você estivesse cansado não teria vindo. – Continuava a olhar o outro, com o cenho franzido. – Você ficou assim depois que viu aquele livro...

- Não, não tem nada a ver com aquele livro! – Virou-se para House, o olhando.

- Então porque o pegou? Não é de seu feitio pegar coisas que não lhe pertencem.

- Eu só queria dar uma olhada, mas isso não tem ligação com o fato de eu estar desligado ou o que seja.

- Então por que est... – Foi interrompido pelo seu bip. Revirou os olhos, pegando-o e lendo. – Bom, parece que meu paciente piorou. – Voltou a guardar o bip, olhando para Wilson.

- Você não tem que ir? – Voltou a olhar para a bebida.

- Não até saber o que você tem. – House persistiu.

No final, isso apenas resultou para que Wilson voltasse com House para o hospital. Dessa forma House poderia tratar de seu paciente e encher o oncologista ao mesmo tempo.

Na sala do infectologista estavam sua equipe e Wilson sentados em volta da mesa de vidro. O trio estava falando sobre os novos sintomas do paciente enquanto o oncologista ficava olhando para a capa do livro que havia pegado mais cedo com House.

Ainda não havia aberto o livro, tinha medo do que poderia encontrar quando o abrisse, porém estava absorto com a capa do livro, totalmente desligado de tudo o que acontecia ao seu redor.

House, ao mesmo tempo em que dava atenção aos médicos mais jovens, olhava de ora em ora para Wilson, apenas para vê-lo da mesma forma, olhando fixamente para o livro.

Aquilo era estranho. Wilson não era de se desligar daquela forma do que acontecia ao seu redor, mas não podia chamar atenção na frente do trio, pois eles não tinham nada a ver com aquilo. Não que ele, House, tivesse, mas ele realmente se importava com seu amigo e vê-lo daquela forma o deixava um pouco frustrado.

O infectologista pegou sua caneta e se dirigiu até o quadro branco, escrevendo os sintomas que o paciente estava mostrando como Tosse – com sangue, Febre alta, Fadiga, Dor no peito.

- Todos os sintomas que ele está apresentando se encaixam tanto em Tuberculose quanto em Pneumonia. – Chase falou, curvando-se um pouco na cadeira, olhando para o quadro.

- Vocês fizeram o exame de sangue que eu mandei? – Cameron pegou uns papéis em cima da mesa e deu a House.

- Não foi encontrado nada demais no sangue dele, o que dificulta a nossa procura.

- O mais provável é que a tuberculose não tenha sido tratada direito mesmo, e agora a doença voltou. – Foreman falou, olhando de House para o quadro de tempo em tempo.

- Então tratem de dar a ele 5 mm de tuberculina e vamos esperar e ver se ele vai melhorar... – Sentou-se, olhando para a sua equipe.

- E se ele não melhorar? – Chase tentou.

- Façam outro exame de sangue e uma Ressonância Magnética. Seja o que for que esse cara tem, de certo é relacionado aos pulmões.

A equipe de House levantou-se, arrumando alguns papéis e se retirando da sala. Nem se deram ao trabalho de se despedirem de Wilson, que continuava totalmente avoado. O infectologista olhou preocupado para o amigo, esperando que este o desse alguma resposta, ou simplesmente se levantasse e fosse embora.

- Wilson... – O oncologista levantou o olhar, fitando o outro, notando apenas naquele momento que a sala estava vazia, exceto pelos dois. – O que raios tem esse livro?

- Não quero falar sobre isso, House... – Voltou o olhar para o livro, passando a mão pela capa.

House suspirou. Não iria desistir de saber o que deixara Wilson assim, mas o amigo parecia estar sofrendo com alguma coisa. Embora não gostasse de vê-lo daquela forma, não sabia como poderia tirar a verdade do outro.

- Você acha que destino existe, House? – Ainda sem tirar os olhos do livro, o oncologista perguntou.

- Não acredito em Deus, não vou acreditar em destino. Não. Nós que escrevemos nossa vida, ela não está premeditada. – Foi sincero, olhando para o amigo.

Wilson não respondeu, entretanto abriu finalmente o livro. Ao ler aquelas palavras, sentiu uma dor no coração e fechou firmemente os olhos, mantendo uma expressão de dor no rosto, fazendo com que House se preocupasse.

- Wilson? O que houve? Está bem? – House se levantou e caminhou até o amigo, colocando uma mão no ombro do mesmo.

- Eu... Apenas me deixe um pouco sozinho, House. – Pediu, sem abrir os olhos. Sabia que, caso abrisse, lágrimas escorriam por sua face.

- Como queira. Vou ao banheiro e depois volto. – E fez o que disse, se retirando da sala, deixando Wilson sozinho com o livro.

O oncologista abriu os olhos, permitindo que as lágrimas caíssem. Leu em voz alta o poema que já sabia tão bem e folheou o livro, lendo outras pequenas poesias. Não sabia quem exatamente estava ali internado, mas sentiu um frio percorrer sua espinha.

Não podia ser visto. Sabia que não conseguiria encarar a realidade.

Continua...


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Notas finais do capítulo

¹ - Bom, eu chamo de doença dos poetas, porque, pelamor, a maioria dos poetas morreu de Tuberculose, então... :D

N/A: Deixem reviiiew!