Perdão? (em hiatus por tempo indeterminado) escrita por Samantha Grace


Capítulo 2
Família, Luke! Você prometeu!


Notas iniciais do capítulo

Hey :3 Obrigada pelos comentários! Não tem noção do quanto eu fiquei feliz! Novo capítulo para vocês.



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- FAMÍLIA, LUKE! VOCÊ PROMETEU!

O rosto de Thalia estava cheio de suor. A garota se virava sem parar enquanto dormia, gemendo coisas sem sentido. O grito de ódio ecoava em sua cabeça. Ele havia prometido. Família. Luke...

Thalia se sentou abruptamente na barraca, as mãos agarradas aos lençóis. Olhou para os lados em busca de alguém. Ela estava sozinha. Suspirou e fechou os olhos. Colocou os dedos nas têmporas e massageou-as. As últimas noites haviam sido terríveis. Aquela frase a atormentava sem parar. Flashes de sua vida antes do Acampamento Meio Sangue passavam em sua cabeça. Uma Annabeth pequena e indefesa sendo acolhida por ela. Um Luke forte, saudável e protetor. Naquela época, a filha de Zeus confiaria sua vida a Luke de olhos fechados. Ele nunca a decepcionava.

Mas algumas coisas mudaram enquanto ela ficou desacordada em seu estado de árvore. O filho de Hermes não era mais o mesmo. No lugar de seus sorrisos encantadores e piadas, apareceram uma carranca e palavras de ódio. Raiva. Sarcasmo. Vingança. Ele não protegia mais ninguém a não ser ele mesmo. Seus planos mudaram. A vida seguiu outra direção, uma direção a qual ninguém havia imaginado. Ele já não era mais o mesmo. A luta no penhasco só comprovou aquilo que Thalia estava lutando para não acreditar.

Ela tirou o suor da testa com as costas da mão e se levantou. Foi para fora da barraca e caminhou até o lago próximo. Despiu-se e entrou na água gelada. Uma sensação boa invadiu seu corpo. Esfregou todos os seus membros, na tentativa de lavar aquelas lembranças ruins. Após sentir-se relativamente limpa, voltou à margem e vestiu sua roupa de caçada. Colocou a aljava e o arco nas costas e seguiu de volta para a barraca. Perto dali, suas caçadoras tomavam café da manhã. Jenny, a mais nova recruta, sorriu e acenou enquanto a filha de Zeus se sentava e pegava uma fatia de pão recém torrado.

- Bom dia!

- Bom dia, Jenny. Então, como passaram a noite?

Phoebe deu de ombros.

- O mesmo de sempre. Não ouvimos barulhos, ninguém nos atacou. Na verdade, estou sentindo falta de um pouco de ação. Lembra-se da última vez em que realmente agimos?

- Sim, eu sei. Foi naquela luta com aquelas dracanaes. A culpa não é minha se os monstros resolveram ficar quietos durante um tempo. Bom, pelo menos nas florestas. Soube que lá fora, a coisa está realmente feia. – Thalia colocou algumas frutinhas na boca.

- A nossa noite foi ótima, mas parece que a sua não. Que olheiras são essas? – Mary se aproximou e apontou para o rosto da garota.

Ela virou o rosto para o outro lado de modo defensivo.

- Apenas não dormi muito bem. Não foi nada demais.

- Faz três noites que você diz isso. – Phoebe cruzou os braços – Quando vai resolver nos contar o que realmente está acontecendo?

- Não é nada! Será que nós podemos mudar o foco da conversa?!

A caçadora levantou os braços em forma de dizer que se rendia.

- Tudo bem. Então, já conseguiu falar com alguém do Acampamento Meio Sangue com relação a essa nova ameaça? Você disse que mandaria uma mensagem de Íris o quanto antes.

Uma garoa leve começou a cair nas cabeças das garotas.

- Bem oportuno, não acha? – Thalia disse, se levantando – Vou procurar algum lugar com raios de sol. Onde tem sol e chuva, há arco íris. Volto daqui a pouco.

Ela se afastou com passos largos. A garoa havia sido realmente oportuna. A desculpa perfeita para sair dali. Thalia não queria conversar com as caçadoras a respeito da verdadeira razão de não estar dormindo direito. Sabia que estariam ao seu lado no que ela precisasse, exceto com um assunto: rapazes. E essa era exatamente a razão das noites mal dormidas. Ela não conseguia parar de ter lembranças e sonhos sobre Luke. Aquilo não acontecia desde a última luta. Ela não entendia a razão de aquilo tudo estar voltando. Não poderia conversar com as garotas sobre isso, pois sabia que a julgariam. Annabeth, sua melhor amiga, não estava ali para ajudá-la. Mais uma vez, Thalia estava sozinha.

A floresta estava silenciosa. Ela apenas ouvia o barulho das folhas sendo esmagadas por suas botas. O ar era bem frio, fazendo com que ela apertasse mais o casaco contra o corpo. Uma rajada de vento repentina fez seus cabelos ficarem em seus olhos, bloqueando momentaneamente sua visão. Ela tirou as mechas do rosto e voltou a se concentrar no que supostamente deveria estar fazendo. Começou a olhar por algum arco íris que talvez tivesse se formado ao acaso. Pássaros negros voavam acima da cabeça da garota. De repente, ela notou um movimento. Silenciosamente, pegou uma flecha e colocou-a no arco, pronta para atravessar a cabeça de qualquer um. Ela caminhou o mais discretamente possível e seguiu o movimento. Aproximou-se de um lago quando descobriu o que era. Um cervo. Ele estava nesse momento no lago, tomando água. Thalia suspirou aliviada e ia dar meia volta quando viu algo que chamou sua atenção. Bem distante do cervo havia uma coisinha pequena e colorida. Um arco íris próximo a algumas pedras. Thalia sorriu e correu para perto daquilo. Assim que a viu, o animal saiu correndo novamente para a floresta. Ela se agachou em frente ao pequeno arco íris. Teria de tomar cuidado para não cair, pois as pedras eram escorregadias. Começou a procurar algum dracma nos bolsos. Tirou uma grande moeda dourada do bolso direito da calça e começou a analisá-la. Para quem faria essa chamada? Quíron seria a melhor opção. Mas talvez ele não quisesse contar. Quem sabe Annabeth. Ou Percy. Como ela sentia falta daqueles dois. Será que finalmente haviam admitido o que sentiam um pelo outro? Como ela queria vê-los naquele momento.

Thalia estava para colocar o dracma novamente no bolso porque estava indecisa quando viu algo que a fez escorregar e cair.

- Mas o que...

Um enorme navio de guerra estava pousado nas águas do lago. Era colossal. Havia uma grande cabeça de dragão na frente. Parecia estar dormindo. Não havia movimento algum no navio, parecia até mesmo abandonado. O que era aquilo? Quem, pela glória de Zeus, andava por ai em um navio daqueles? Não existiam piratas em lagos! Será que deveria chamar as outras caçadoras para explorar aquilo? E se fosse uma armadilha?

Hesitante, Thalia se levantou e começou a aproximar-se do navio. Deu a volta no lago e chegou à margem próxima ao navio. Tentou fazer o mínimo de barulho possível, mesmo estando aparentemente sozinha. Pulou algumas pedras do lago, que formavam uma espécie de caminho até a grande máquina. Havia uma escada de cordas pendurada no navio em que era possível subir e entrar lá. Aquilo era muito suspeito. Por que a pessoa iria deixar uma escada pendurada daquela maneira, permitindo acesso a qualquer um que aparecesse e tivesse vontade de entrar? Mesmo com todos os riscos que estava correndo, Thalia subiu as escadas. Ela já havia sido transformada em uma árvore, retornado a forma humana, lutado contra um autômato gigante no ferro velho dos deuses e lutado na Guerra dos Titãs. Que tipo coisa ainda poderia assustá-la?

Chegou ao topo da escada. Encostou um pé no piso de madeira. Bom. Estava quase conseguindo encostar o outro para descer normalmente quando por acidente se desequilibrou e caiu de costas no piso. O barulho de seu corpo caindo fez um barulho oco nas longas tábuas de madeira. Sua cabeça bateu no chão, fazendo-a doer e latejar. Thalia colocou a mão no lugar que havia machucado. Um galo provavelmente apareceria em pouco tempo. Ia amaldiçoar alguém, mas parou e apenas escutou. Passos. Droga, alguém devia ter ouvido sua queda. Levantou-se rapidamente e colocou a flecha no arco. Os passos se aproximavam. Um barulho de porta se abrindo. Sem nem esperar dar tempo para ser atacada, Thalia apontou a arma para a pessoa que apareceu e estava pronto para atirar. A mira estava perfeita.  A flecha atravessaria a cabeça da pessoa bem em cheio. De repente, alguém pulou na frente.

- PARA! O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?! – Annabeth apareceu na frente dela.

- Annabeth?!

- Thalia! Você ia atirar em mim?! – Percy levantou as mãos.

A filha de Zeus olhou para o arco e flecha em suas mãos, depois para os amigos à sua frente. Depois abaixou a arma e guardou a flecha.

- Você ia mesmo atirar em mim?

- Percy, eu não vi quem era. Eu...

Outras cinco pessoas irromperam na área comum do navio. Jason estava entre elas. Ele parecia tão preocupado que nem sorriu ao ver a irmã. Piper estava perto dele. Leo segurava algumas ferramentas com a mão direita e uma fatia de pizza com a esquerda. Thalia revirou os olhos mentalmente ao ver o garoto. Já não bastou aquela outra vez? Havia outras duas pessoas: uma garota e um garoto. Ambos usavam camisetas roxas, similares a de Jason. A garota era baixa, tinha pele morena e cabelos encaracolados cor de chocolate. Parecia ter por volta de treze anos. O garoto ao seu lado era bem mais alto e tinha cara de bebê chinês. Devia ter por volta de dezesseis anos. Cabelos negros cortados curtos. Era relativamente forte. Apesar disso, não parecia poder fazer mal a uma mosca. Ele se postava ao lado da garota de modo protetor, um braço ao redor dos ombros dela. Provavelmente estava com medo de que a filha de Zeus os atacasse com uma flecha. Thalia não o culpava.

- Por Zeus, o que aconteceu aqui? – Jason perguntou.

- Thalia, eu estou tão feliz por ver você! – Annabeth abraçou-a.

Ela retribuiu o abraço. Apesar da tensão no ar, era muito bom rever a amiga.

- Ei, Cara de Pinheiro. Eu não ganho um abraço também? – Percy disse, levantando uma sobrancelha.

A garota se afasta do abraço de cruza os braços, também levantando uma sobrancelha.

- Não está com medo de morrer com uma flecha na cabeça, Cabeça de Alga?

Ele parou para pensar por um momento. Depois deu de ombros.

- Vou correr o risco. – Percy abriu os braços.

Thalia se aproximou com um sorriso no rosto e o abraçou. Ele estava muito diferente. Parecia ter crescido, e estava mais forte também. Mas ainda era o mesmo Cabeça de Alga de sempre. Os cabelos bagunçados, os olhos verdes e o cheiro de mar. O mesmo garoto que havia travado uma briga com ela no Caça a Bandeira.

- Irmã. – Jason se aproximou, com um enorme sorriso.

Ela também o abraçou. Depois acenou com a cabeça para Piper e para as duas outras pessoas que ela desconhecia. Leo deu um passo a frente e abriu os braços.

- E eu? Não ganho abraço?

Ela revirou os olhos e deu um soco com força no braço dele.

- Esse é o máximo que vai ganhar de mim.

- Então, irmã. Pode me explicar o que você está fazendo aqui, apontando armas para o Percy?

Ela se sentou em umas caixas próximas e colocou o arco sobre as coxas.

- Eu estava na margem do lago, pois queria mandar uma mensagem de Íris. Vi o navio e me aproximei para explorar. Daí eu acabei caindo e o Percy chegou. Não havia visto que era ele, por isso apontei a flecha. Não queria te matar, Cabeça de Alga. Só se você me der motivos.

O filho de Poseidon riu e negou com a cabeça.

- Gosto de ficar vivo.

- É sempre bom estar vivo. Mas então, o que afinal vocês estão fazendo aqui?

Annabeth inclinou a cabeça um pouco para a direita e franziu a testa.

- Você não sabe?

Thalia também franziu a testa.

- Não sei o que?

- Sobre as Portas da Morte. Gaia.

Ela negou com a cabeça.

- Soube só algumas coisas, mas nada de muito aprofundado. E o que isso tem a ver com esse navio gigante?

- A Profecia dos Sete. – a garota de cabelos encaracolados se pronunciou pela primeira vez – Estamos aqui com o objetivo de ir fechar as Portas da Morte e deter Gaia.

O rosto de Thalia adquiriu uma expressão séria.

- Então Cronos não foi nossa pior ameaça?

Annabeth negou com a cabeça.

- Aquilo foi bem básico para o que está acontecendo agora. Gigantes estão no exército inimigo. Espíritos estão fugindo do Mundo Inferior. A coisa está fora de controle.

A filha de Zeus se levantou e colocou novamente o arco nas costas.

- Eu vou ajudar.

Jason se aproximou.

- Thalia, a profecia se referia apenas a sete pessoas...

- Isso não quer dizer que não possa receber a ajuda de outras pessoas.

- Você tem suas caçadoras.

Ela dá de ombros.

- Phoebe pode assumir o comando por algum tempo. Eu quero ajudar.

Jason deu um olhar demorado para ela, como se estivesse ponderando sobre o que deveria fazer. Ele suspirou.

- Tudo bem. Avise a Phoebe e venha.

Thalia o abraçou e depois saiu correndo de volta para onde as caçadoras estavam. Elas já haviam apagado a fogueira e o café da manhã havia sido encerrado. Phoebe estava colocando um casaco quando viu a garota de olhos azuis elétricos chegar correndo.

- Por onde esteve?! Estávamos indo procurá-la.

- Phoebe, eu vou ficar fora por uns tempos.

Todas as garotas viraram na direção da filha de Zeus.

- O que?

- Eu preciso ajudar uns amigos. É realmente muito importante. Quero que você fique no comando.

Phoebe piscou perplexa e ainda tentando digerir as informações.

- Para onde você vai? Quando volta?

- Não sei. É de suma importância essa minha missão. Preciso que cuide das meninas por mim.

A caçadora suspirou. De repente, avançou e abraçou Thalia. A garota retribuiu o abraço.

- Fique viva. – Phoebe murmurou.

- Pode deixar.

Ela se separou do abraço. Pegou sua mochila na barraca. Virou uma última vez e acenou para as garotas. Elas fizeram o mesmo. Thalia retornou para o navio correndo. Ela subiu a escada, dessa vez sem cair no chão.

- Pronta? – Percy perguntou.

- Pronta.

Jason fez um sinal para Leo. O filho de Hefesto começou a mexer em alguns controles e o navio começou a voar. Eles estavam a caminho de Roma.


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Notas finais do capítulo

Status: aceitando reviews ~le indireta~