Capítulo IV - A Fuga de Renesmee

POV Renesmee

Minha vida é um saco, definitivamente. Tudo em casa é uma monotonia. Minha mãe nunca me deixa fazer nada e meu pai as vezes tenta se impor de alguma maneira, mas eu sempre dobro ele com uma carinha doce e meiga de menininha desamparada.

Em resumo, minha mãe é uma histérica e meu pai um idiota. Eu morro de vergonha quando o babão do meu pai vai me buscar em alguma festa, não sei porque ele não esquece que eu existo e me deixa em paz. Ele sempre chega cheio dos abraços... Irc!

Ah, já ia me esquecendo, minha vida tem um outro imbecil, o maior de todos: Jacob. Eu não entendo porque raios esse garoto sempre esteve na minha vida e não larga do meu pé. Ele está sempre ao meu lado, sempre na minha cola. Não consigo me lembrar de nada na minha vida em que ele não se intrometesse.

Na verdade, ele sabe tudo que eu já fiz. Mas não conta para o meu pai. Ou melhor, não contava até hoje! Ele me entregou para o idiota do Edward quase numa bandeja, disse que eu bebi e fumei... Ainda bem que não contou que eu faço isso com frequencia. Aposto que esse lobo fedido só deu com a lingua nos dentes por puro ciúmes!

Mas agora eu ia me vingar... Era de Derik que ele tinha ciúmes não era? Pois bem... Todos iam me pagar, TODOS! Inclusive aquele idiota do meu avô que teve a audácia de me pegar pelo braço.

Eu não tive dúvidas, aproveitei ontem a noite que o Jacob saiu para um dos festivais quiletutes e agi rápido, muito rápido. Queria aproveitar cada segundo sem o cachorro na minha cola. Fiz uma mala com apenas o necessário, peguei todo o dinheiro que consegui no cofre e pulei a janela.

POV Edward

- Alô?
- Mano! Meu Deus, que bom que você atendeu! Eu estou desesperada, ela saiu, saiu... Eu vi que ela está em perigo. Por favor maninho... Por favor...
- Alice, o que está acontecendo? Páre de chorar, não consigo entender o que está falando!
- É que... Ela fugiu Ed, fugiu... E eu a vejo machucada...
- QUEM FUGIU LICE?
- Nessie...

Larguei o telefone e saí correndo para o quarto de Nessie, as portas dos armários e gavetas estavam abertas e sua mochila havia desaparecido. Eu senti meu mundo desabar, minha princesa poderia estar machucada.

O desespero tomou conta de mim, eu precisava de ajuda para achá-la. Gritei por Bella que também se desesperou e me disse que o mais correto seria procurar ajuda com nossos pais e irmãos, seria mais fácil com mais pessoas a procurando.

Pedi que ela ligasse para Carlisle, eu não tinha coragem de pedir a ajuda dele, não depois de tudo que eu havia dito para ele. Não depois de acabar com ele como pai. Ah, quem eu queria enganar, se havia um péssimo pai alí, esse alguém era eu.

Tudo que eu queria naquele momento era o apoio do meu pai e sua decisões acertadas, seu pulso firmae a segurança que só ele me passava.

- Du, seu pai mandou que nos encontremos com todos agora na casa deles.

Fui ao lado de Bella em segundos, chegando lá já estavam todos a postos para ouvir as coordenadas da busca. Quando cheguei, meu pai me encarou com frieza e rigidez e não dirigiu mais o olhar ou a palavra a mim. Então começou o monólogo dele.

- Emmet, você ficará responsável por toda a região norte, preciso que foque em todas as estradas.

Meu irmão concordou sem dizer uma palavra.

- Jasper, você faz a busca pela região noroeste, cuidado com o fato de que ela pode ter fugido de barco.

Jasper manteve a postura militar dele, olhando para frente, ouvindo atentamente as ordens sem discutir.

- Alice, vá até a casa do gerente do nosso banco. Rastreie qualquer uso de cartão de débito ou crédito... Renesmee é dependente da conta de Edward e Bella que são meus dependentes.

Alice sacudiu a cabeça, segurando o choro.

- Rose, você fica para o caso dela voltar ou estar por perto, você está resposnável por toda a área próxima: nossa casa, chalé em que eles moram, arredores do território quiletute.

Minha irmã se sentia um pouco mãe de Nessie. Ela concordou sem movimentar um músculo, eu li em seus pensamentos que se fosse preciso morreria por Nessie.

- Jacob, você deixa sua matilha pronta procurando a Nessie no território quiletute. Enquanto isso, siga pistas e nos informe sobre cheiro dela e paradeiro por celular.

Meu pai era um líder nato, isso era fato.

Carlisle fez uma pausa, o fato dele não falar comigo ou olhar para mim estava doendo demais. Mas como minha filinha estava desaparecida, a dor de sua possível perda abafava qualquer coisa.

- Prestem atenção todos: assim que acharmos uma pista, devemos mandar uma mensagem. Assim que verificarmos a veracidade da pista, todos deixarão seus postos e procurarão por Nessie. Com exceção de Rose, que deverá continuar aqui para o caso dela decidir voltar.

Todos acentiram com a cabeça.

- Bella, querida, você fica com Esme.

Bella não parava de chorar nem um minuto, ela estava desesperada. Eu não sabia mais o que fazia, e minha vontade era de chorar também, era de me jogar nos braços do meu pai e perguntar aonde eu tinha errado e pedir ajuda.

- Edward, filh...

Meu pai parou, aquelas palavras que começaram doces se transformaram em palavras mais frias.

- Você faz o que achar melhor, Edward. Todos tomem seus postos e não esqueçam de ficar de olho no celular.

Todos saíram muito rápido, tirando minha mãe e Bella que foram para a cozinha e eu e meu pai que ficamos nos encarando na sala. Minhas pernas bambeavam, como se isso fosse possível para um vampiro. Tudo que eu conseguia pensar era na minha bonequinha.

Meu pai me olhou, abriu a boca e fechou, como quem desiste de falar. Foi quando virou as costas e andou em passos quase humanos até a porta da sala para procurar minha filha.

- Pai...

Meu pai parou, mas não se virou para mim. Parou como que para ouvir o que eu tinha a falar.

- Pai, por favor, me perdoa.

Eu disse, era impossível disfarçar o veneno nos meus olhos, embargando a minha voz. Eu precisava dele, precisava do apoio dele, precisava do meu porto-seguro naquela hora de desespero.

Ele se virou, seu cenho franzido mostrava desaprovação. Ele se aproximou de mim, sua mente era uma incógnita.

- Por favor, eu não quis, eu não pensei...

Ele me abraçou, me abraçou daquele jeito que só um pai pode abraçar um filho. Daquele jeito que só ele sabe, dando segurança e impondo respeito. Eu não sei onde estava com a cabeça quando disse aquelas coisas todas, eu tinha o melhor pai do mundo.

- Filho, agora temos que encontrar Nessie. Eu sou seu pai, e eu sempre vou te perdoar, sempre estarei aqui para você. Mas sobre você vamos discutir depois. Agora, filhão, você precisa ser forte e me ajudar. E eu nem vou perguntar se você consegue, porque eu sei que você consegue. E eu preciso de você me ajudando.

- Sim.

- Você tem alguma informação que pode nos ajudar? Algum amigo de Nessie que não conhecemos?

- Bom, tem esse tal de Derik, lembra da briga de ontem? Ela tinha ido à casa dele, e não é de hoje que ouço esse nome em casa, ela tem andado com a turma desse garoto.

- Derik... Sabe o sobrenome? Ele deve ser da classe de Nessie.

- Acho que é Derik Chapman, ao menos já li esse nome em alguma festinha de escola da Nessie.

- Chapman? Derik Chapman? Esse garoto é um usuário de drogas, já o atendi no hospital mais de uma vez. Os pais são separados, a mãe dele sofre com o menino e não sabe o que fazer. Mas para ela é difícil, afinal é mãe solteira, tem que ficar o dia todo trabalhando...

Eu olhava para o meu pai, logo ele voltou de seus devaneios e disse.

- Eu sei onde ele mora, vamos.

Entramos no Jaguar do meu pai e fomos em alta velocidade até um bairro pobre de Forks, um que eu não conhecia.

Não havia campainha na porta, então meu pai bateu palmas gritando:

- Sra. Chapman?

Não houve resposta, até que um homem gordo com barriga de cerveja saiu coçando sua barriga.

- Que é?

Se Alice estivesse conosco teria saído correndo, aquele homem era asqueiroso.

- A Sra. Chapman se encontra?

- Não. E já é hora de fazer minha janta, queria saber onde aquela vaca está.

Vi meu pai cerrar o punho, ele tinha alguma admiração por aquela senhora, sem dúvida. Com os olhos estreitos perguntou por Derik e Nessie.

- Ah, sim, aquele fedelho passou aqui hoje com uma garotinha muito da bonitinha – Deu um sorriso para o ar – Mas logo saíram, ele pegou as coisas dele, tomara que não volte mais.

Meu ar faltou, minha filha estava foragida com um drogado. Quando eu vi estava levantando o homem por aquela regata branca e imunda que ele usava gritando pelo paradeiro da minha filha.

O homem gritou desesperado tudo que sabia após ver meus dentes afiados e os rosnados que escapavam de meu peito. Para nossa sorte, jamais ninguém acreditaria em qualquer palavra que aquele bêbado dissesse.

Meu pai me arrastou de lá, mas tínhamos algumas informações... Ao menos um destino para onde Derik sempre fugia, uma boca de fumo ao sul de Forks.