Depois que parti do Reino das Rosas, não me recordo de muita coisa... Eu não comia nada fazia uns 3 dias, minha sede aumentava cada vez mais, minhas forças acabavam lentamente...

Caí perto de um cais, onde ninguém dos três Reinos jamais havia visitado... A areia confortara minha queda. Quando meus olhos pesaram, eu via alguém se aproximando de mim. Ouvi essa pessoa falar bem baixo:

–R-Rin! Rin-sama! - Eu não conseguia reconhecer sua voz.

Quando acordei, eu estava deitada em uma cama que me aparentou bem pequena. Não sei ao certo... As minhas sempre foram gigantescas.

Tentei me levantar, mas fui muito brusca e minha cabeça começou a doer... Quando me recuperei da enchaqueca, olhei pela janela que estava ao meu lado. Lá havia uma moça de longos cabelos brancos e um laço os prendia. Ela estava estendendo algumas roupas.

Abaixei a cabeça e ao meu lado havia uma pequena bandeja com um pedaço de pão e um copo com água. Pegui o pequeno alimento e o pus na boca. Neste mesmo instante a mulher entrou na casa.

–Ora, finalmente acordou?

–Q-Quem é você...? Por que me ajudou?

–Pensei que sua memória fosse a melhor, Rin-sama... E não pense que fiz isso porque você era a melhor patroa, porque sinceramente, não era... - A meiga mulher se virou para mim.

–H-Haku...-chan...?

Ela assentiu, com um lindo sorriso no rosto. Meu rosto começou a molhar de novo e pulei em seu pescoço.

–O que é isso? Achei que não se importasse comigo.

–Onde tirou isso tudo?? Quando você sumiu do castelo ficamos preocupados! Onde esteve?

–Acalme-se... Para que entenda, terei que contar-lhe tudo...

–Claro! - Sentamos na cama.

Ficamos ali por várias horas, e eu somente ouvindo o que Haku-san dizia. Realmente, sua história era grandiosa... (Escutem "Daughter of White" para mais detalhes)

–Puxa, Haku-san... Não sabia que Miku era sua amiga... Se eu soubesse, acho que não faria algo tão sem noção...

–Bom, não se pode mais voltar, certo? Mas estou feliz que você bem... E também, pelo que ouvi a rainha fora morta... Por que está viva? Onde está Len-kun?

Arregalei os olhos. Vendo aquele que eu amava morrer diante de meus olhos... Lembrei de tudo que nós três passamos naquele castelo...

–AAAHHH!!!!! - Comecei a gritar enquanto chorava. - LEEN!!!

Haku também se espantou um pouco, mas deu um sorriso confortador e me abraçou, me repousando em seu colo.

–Daijobu... Eu vou cuidar de você agora, querida... Esqueça seu passado...

–H-Haku...san...

Ela mexeu em meus cabelos, sorrindo para mim. Tudo que fiz foi encharcar seu lindo vestido branco com minhas lágrimas.

Ao anoitecer, ela me deitou em sua cama, me cobriu e beijou minha testa.

–Oyasuminasai, Haku-san...

–Oyasumi, Rin-sama.

–Não precisa mais me chamar por "sama"... Não sou mais uma princesa...

–Mas para mim ainda é, minha pequena. Agora durma e esqueça o que aconteceu ontem.

~~Haku~~

Assim que a pequena loira fechou os olhos fui para a praia ali em frente. Sorri chorando, pelo que notei que lágrimas desciam de minhas bochechas.

–Miku-chan... Devo vingá-la? Você, minha primeira e única amiga até o dia em que fui para o castelo de Rin-sama... Eu nunca deixei de gostar de uma pessoa como você, que me apoiou e me ajudou desde o dia que cheguei nas Rosas Verdes... Esta que sempre se arrepende de tudo que acontece... Mas... O que aquela megera fez... - Cobri meu rosto em meio a escuridão.

Ouvi a voz de Rin soando de leve, como numa canção:

–Negai wo kaita youhishi wo (Escreva o desejo em um pergaminho)

Kobin ni irete (E coloque em uma garrafa de vidro)
Umi ni nagaseba itsunohika (Jogue no mar e deixe flutuando)
Omoi wa minoru dashou (Que um dia se realizará)

[...]

Negai wo kanaete kureru kimi (Você era o único que me atendia)
Mou inai kara (Mas não está mais aqui)
Kono umini watashi no omoi (O mar expressará o quão grata estou)
Todokete morau no (Expressará meu único desejo).

Ao ouvir, pude perceber que era realmente de Len de quem ela falava. Ela deixou o próprio gêmeo, sua outra metade, morrer em seu lugar. E ela se arrependia.

Mas ela nunca saberia a dor de perder sua única amiga... Eu teria minha vingança... Quando ela adormeceu, peguei uma adaga e segurei-a alto, com as mãos trêmulas.

–Sayonara... Rin-sama... - Ia fincar a lâmina, mas não tive coragem... Ela na verdade passou sim a mesma coisa que eu...

Miku-chan era uma irmã para mim. Graças a ela, pude conhecer pessoas novas, enquanto Len apoiava e atendia Rin-sama, mesmo que seus pedidos fossem idiotas, infantis ou sádicos...

Ele só fazia isso porque a amava. Miku-chan não queria que isso fosse acontecer com Rin... Ela era muito gentil também, não deixaria que eu fizesse isso. Pus o objeto prateado na gaveta e me deitei.

~~Rin~~

Novamente fiquei sem dormir naquela noite. Toda vez que sonhava, Len estava nele... E a cena de sua morte me vinha a cabeça sempre. Resolvi esperar Haku-san dormir, então, quando percebi que o casebre estava em completo silêncio, peguei a pequena garrafa e fui ao mar.

Fiquei observando as ondas mínimas que levariam minha mensagem e desejo para meu falecido irmão. Apertei a pequena e inocente garrafa e joguei o mais longe possível, seguido de alguns versos:

–Nagarete-iiku chiisana negai (Vá flutuando, pequeno desejo)
Namida ta sukoshi no REGRET (Com lágrimas e um pouco de arrependimento)
Tsumi ni kizuku nowa itsumo (Isso prova o quanto ela pecou)
Subete owatta ato (Mas não pode se arrepender)

Nagarete-iiku chiisana negai (Vá flutuando pequeno desejo)
Namida ta sukoshi no REGRET (Com lágrimas e um pouco de arrependimento)
Mosimo umare-kawareru naraba (Se ao menos pudéssemos renascer).

Chorava enquanto cantava aquela linda canção, chorava enquanto pensava naquele que amei e fui cega para não ver, chorava enquanto pensava nas coisas horríveis que já fiz e que ainda poderia fazer se fosse posta no poder de novo.

Eu fiquei ali por alguns minutos, com a água até a canela, segurando a capa amarronzada que eu ganhara.

Ouvia passos próximos, mas não olhei para trás. Permaneci uns três minutos com os olhos cerrados, pensando no meu desejo, então me virei. Haku-san estava lá, com seu sorriso inocente.

–O que está fazendo acordada? Vem, vamos entrar.

Corei um pouco, não achei que ela me pegaria acordada...

~~Haku~~

Eu tinha me levantado novamente e estava preparada para matá-la, mas entrei no quarto dela sem sucesso. Pela janela eu a via na fria água da praia, jogando uma pequena garrafa no mar.

Ainda trêmula, segui para lá também e estava a dois passos de atacar. Ela não se virava de jeito algum. Levantei a lâmina, deixando sua aparência prateada brilhar a luz do luar. Mas novamente hesitei:

–"O que estou fazendo? Não posso fazer isso... Miku-chan... Me perdoe por tentar tais atos contra esta jovem..." - Soltei a adaga e enterrei-a jogando areia com meus pés.

–O que está fazendo acordada? Vem, vamos entrar.

–Haku-san? O que está fazendo aqui?

–Nada, só que acabei acordando e não a vi na cama. Vamos voltar a dormir.

Ela me acompanhou e eu apenas pus minha mão em seu ombro, enquanto andávamos. Olhei para a lua e lá eu vi Len e Rin juntos novamente, mas com roupas conteporâneas, modernas... Encarei aquela imagem branca e loira, sorri e entrei com a jovem.

–Haku-san? Aconteceu alguma coisa?

–Hã? Não, não. Vamos dormir.

Desculpe-me Miku-chan, por ser tão cega... Percebi somente agora que a gentileza leva a algo sim...