Aku no Okoku (Reino do Mal) escrita por Airi van der Horst


Capítulo 4
Capítulo 4- Invadir, Matar e Chorar


Notas iniciais do capítulo

Len aceita uma proposta de matar a pessoa que se apaixonou. Uma amiga virá para participar de tal ato. Como terminará o massacre das Rosas Verdes?



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Eram nove horas. Eu mal havia dormido na noite anterior... O pedido de minha irmã não me deixou pregar os olhos. Sua ordem me preocupara, e não era pouco...

O sol já estava lá em cima, eu sabia que não poderia tentar adormecer novamente. Comecei a me levantar, quando alguém bateu em minha porta.

–Leeeen-kuuun! O Gakupo-san está lhe chamando para tomar o café, queridinho. - Luka disse, com sua doce voz em minha porta.

–Hai hai! Em cinco minutos eu vou.

–Espero que não se atrase.

–Já estou indo. Não precisa me apressar, nem a roupa troquei ainda.

–Hihi... Tudo bem. Vou acordar a Haku-chan então.

Ouvi seus passos cada vez mais distantes e pus meu terno amarronzado. Quando saí do quarto, Luka corria para todos os lados, desesperada.

–O que houve, Luka-chan?

–Haku-chan desapareceu do castelo!

–O que?! Como assim ela desapareceu? Não tem como sair deste castelo! A menos que... - Hesitei falar mais e arregalei os olhos.

Corri para a sala do trono, onde Rin estava sentada com seu pequeno leque de pêlo e não ouviu meus passos apressados chegarrem.

–R-Rin! - Gritei, ofegante.

–O que foi Len? Você me assustou!

–O que aconteceu com a Haku-chan?!

–Como assim "o que aconteceu"? Eu não fiz nada a ela.

–Então por que ela não está no castelo?

Ate a expressão séria de Rin havia desaparecido. Ela também havia se assutado, e por sinal, não era pouco.

–C-Como assim ela não está no castelo??

–Luka e eu a procuramos em todas as partes acessíveis, mas ela não apareceu! O que faremos?

–Será que ela... Fugiu?

–Não é possível! Ela nunca fora discriminada, sua vida no castelo era boa! Qual a razão disto?

–Não sei ao certo...

Nos calamos por vários minutos. Não por causa de seu desaparecimento, e sim por causa do ataque. Trêmulo, segui para o jardim onde haviam dezenas de cavaleiros, de armadura e lanças em mãos.

O povo de nosso reino não suspeitava de nada, até ver os inúmeros homens acompanhados do servo da rainha das Flores Douradas. Meu rosto ainda era depressivo e o povo percebia isso.

A Paladina Dourada, como era chamada a chefe dos Cavaleiros, na verdade, não tinha nada de ouro... Seu nome era Megpoid Gumi.

Seus cabelos verdes quase loiros se diferenciavam do povo das Rosas Verdes. Ela era pura e doce, sempre fora leal a nós dois. A conhecemos desde a infância, quando ela visitava-nos e levava algum presente de seu pai, antigamente um ferreiro e capinteiro.

Graças a ele, nós temos uma linda caixa de música dada por sua mãe, que faleceu poucos meses depois de minha partida, mas que não funciona mais hoje em dia.

Ela chegou ao meu lado, e com sua fria vestimenta, perguntou:

–Len-sama... Precisamos mesmo fazer tal coisa?

–Se é de agrado de minha rainha, obedecerei.

–Len! Você está obcecado pelo bem de Rin-sama! Não acha que deveria repensar sobre a invasão?

–Foram ordens da Rin... Eu devo obedecê-la... Eu não aguento vê-la chorar.

–Mas pense nas vidas que teremos de tirar, famílias que teremos que separar!

–Eu sei, Gumi-chan, mas eu recebi uma ordem que teria de obedecer, se quisesse ficar com ela.

–Se é assim... HOMENS! VAMOS DAR RÉDEAS A FRENTE!

Os cavalos empinaram e eles começaram a correr pelos limites das Rosas Douradas. Tudo que pude ver foi poeira voando enquanto os homens montados deixavam nossa área. Gumi também havia ficado para trás, mas ao invés de ir junto deles, veio ao meu lado e disse, calmamente:

–Pode ir. Sei que precisa.

Assenti e corri com meu cavalo. Ela sabia o que eu queria. Meus olhos possuíam mínimas lágrimas voando contra o vento. Parei em frente a um portão escrito "Kasane".

–Teto-okaa-san! Está em casa?

A moça que cuidara de mim por anos apareceu, com a visão amedrontada, me vendo com tal expressão e vendo o que a população falava em sua volta.

–Len! Len querido! Tudo bem? Como foi?

–Teto-kaa-san... Eu vim para me despedir...

–C-C-Co-Como assim, " despedir"? O que houve?

–Rin-sama me mandou assassinar os Rosas Verdes. Se eu não voltar, já sabe o que aconteceste.

Ela cobriu sua boca e correu para casa, sem me dizer uma única palavra. Percebi que aquele era o sinal de que ela não queria um assassino por perto.

–Hyaah! - Disparei meu cavalo, deixando o povo me olhar assustado por onde passei. Algumas milhas a frente vi a tropa andando.

–Megpoid-san! - Gritei para a paladina, próxima do grande grupo.

–Tomaste tua decisão, Len-sama?

–Sim. Vamos logo.

Chegamos à fronteira, onde uma lavradora passava com uma criança nos braços.

–Algo que desejam, senhores? - Deu um sorriso.

Gumi sacou a espada e fincou-a no peito da mulher, atingindo também a criança.

–ATACAAR!! - Gritei, dando o sinal do massacre.

Cavalos gritavam, fazendo o povo sair de suas casas assustados, sendo esfaqueados, perfurados por tiros... Tudo agora estava ficando sujo de vermelho. As crianças eram mortas junto, os seriamente feridos que estavam pelas ruas eram pisoteados pelas almas incrédulas da confiança de Rin.

–Len-sama! - Megpoid-san gritou, um pouco distante. - Siga para o castelo! Terminaremos o serviço aqui!

–Wakatta!

Empinei o equino e corri como nunca. Cheguei nos portões que antes brancos como neve, agora eram vermelhos como as bochechas de Rin, quando ela chorava continuamente.

Aprocheguei-me do grande palácio sem dificuldades. Desci e segui para a sala do trono. Antes mesmo que eu chegasse a meu destino, Miku-chan apareceu na minha frente, apavorada.

–Len-kun! O que está fazendo aqui?

–Preciso falar com você, Miku-sama.

Ela me puxou para dentro e reparou minhas roupas ensanguetadas.

–O-O que está acontecendo? Meu reino nunca fez nada! Por que está sendo atacado?

–Miku-chan...

–O que? - Ela disse, em prantos.

–Eu preciso fazer algo por minha rainha...

–O que... Houve?

Hesitei em falar algo, com medo de amedrontá-la e eu ter de usar a força. Mas ela agarrou meus ombros e disse, com a voz ainda trêmula.

–Len-kun... Como está Haku?

–E-Eu não sei, Miku-sama... Ela desapareceu do castelo ontem à noite.

–COMO ASSIM DESAPARECEU?! - Ela alterou o tom drasticamente, assustando-me. -Ah não... Me desculpe, Len-kun! Me preocupo muito com o bem de Haku-san...

–Não... Daijobu...

–Mas o que aconteceu com você? Está muito assustado... O que Rin-sama fez com você?

–Não devo dizer... Apenas agir.

–Mas o que deves fazer?

–Matar-te-ei, Princesa das Rosas Verdes. - Disse, apontando para o rosto da jovem. Ela recuou um passo, mas depois abaixou a cabeça, aceitando seu destino.

–Entendo... Bom, se são ordens, não posso fugir, certo?

Neguei com a cabeça, pegando um punhal que estava em meu bolso, envolvido por um tecido dourado e com longas curvas brancas logo em seguida. A jovem princesa estendeu os braços, olhando-me nos olhos. Eu não poderia deixar de matá-la, mas eu me apaixonei por esta pessoa.

–O que espera? São ordens de uma Rainha maior, você deverá obedecer! - Ela chorava com um rosto corajoso no rosto.

Para que tanto eu quanto ela não sofrêssemos tanto, retirei o punhal dourado do envolto e corri, esfaqueando-a no coração. No mesmo instante, lágrimas caíram de meus olhos azuis, encharcando o ombro da moça. Ela afagou minha cabeleira e disse suas últimas palavras:

–Se é por amor... Tud...o vale...

E caiu em meus braços, com um sorriso de canto exposto.

Doushite? Namida ga tomanarai!! (Por quê? Minhas lágrimas não param de cair!!) - Gritei quando percebi que cada vez mais lágrimas caíam. Carreguei seu corpo frio até um grande quarto que parecia ser o dela. Deitei-a gentilmente e cobri seu corpo. Cuidei para que sua face permanecesse com aquela expressão.

–MIKU-SAMA!! - Ouvi a voz de Kaito ecoar pelo corredor. - MIKU-SAMA! VOCÊ ESTÁ BEM?!!

Corri e me escondi em um armário que era bem maior e largo que eu. Deixei um mínimo espaço aberto para ver o que aconteceria.

O jovem Príncipe entrou no quarto, apavorado. Assim que viu sua amada jogada na cama com uma enorme mancha vermelha projetando-se de seu peito, ele a tomou nos braços e chorou continuamente em seu ombro, praquejando para o vento:

–RIIIN!!! VOCÊ PAGARÁ O PREÇO MAIS ALTO POR ESTE ATO! OUVISTE, KAMI-SAMA?! QUERO UMA PUNIÇÃO SOBRE KAGAMINE RIN!

Assustei-me com sua voz. Soluços, raiva, tristeza... Tudo se misturava naquele grito. Ele carregou seu corpo para fora do quarto, mas quando achei que seria seguro sair, a voz de Sakine-san veio ao seu encontro.

–Kaito-sama! O que houve? Ouvi grit... MIKU-SAMA!

O menino escondeu o rosto, rangendo os dentes.

–Quem poderia ter feito isso, meu Senhor?

–Quem mais você acha que foi? Só pode ter sido a maldita da Rin.

–Aquela Flor Dourada Maldita...

–Não adianta falar mal dela agora, senhorita Meiko. Tenho uma Ordem a qual você não deve recusar.

–O que seria, meu senhor?

–Mate Kagamine Rin...

–M-Mas como? A população seria forçada a apoiá- la e defendê-la!

Lembrei-me de como Rin havia me pedido de forma muito semelhante.

–Não desta vez... Você fará algo antes:

–Estou ouvindo, Kaito-sama. - A mulher se virou em sua direção, ameaçando sacar a espada prateada.

–Faça com que o Reino das Rosas Douradas aceite uma Revolução.

–Yes, my Lord. - A fiel guerreira do Vingativo Príncipe saiu em disparada do corredor e ouvi ela empinar seu cavalo com um grito e partir. Kaito-sama levou a menina em seus braços.

Para minha sorte, o quarto era de altura baixa, e consegui sair pela janela antes que o rapaz chegasse no portão e visse meu cavalo. Pulei, caindo de joelhos e tomando as rédeas no segundo em que levantei. Disparei para meu reino, procurando Gumi e algum soldado.

–GUMI!! GUMI-SAAN!!! - Mas não houve resposta. Quando a encontrei, já era tarde.

Eu a encontrei segundos depois, caída no chão e com um perfuro causado por uma lança... Não... Uma espada... Corri e segurei seu corpo.

–Gumi! Daijobu, Gumi-san?!

Não obtive resposta novamente. Sakine Meiko havia tirado a vida de uma amiga de infância... Isso sim eu não aceitaria. Mas isso teria de ficar para depois. Eu tinha que voltar para Rin e protegê-la.

Achei o maior número possível de soldados vivos e cavalguei rapidamente até meu lugar. Ao me aprochegar da fronteira, grande parte da população estava nos olhando, amendrotados.

Lágrimas corriam em seus olhos, medo estava estampado em suas faces inocentes. Crianças estavam agarradas aos pais, com medo do que podíamos fazer.

Adentrando a cidade, pude ver Teito-okaa-san, com os olhos vermelhos-castanhos brilhando de tristeza. Abaixei minha cabeça, deixando meus olhos cobertos pela minha franja que agora tingia-se de vermelho sobre o amarelo que um dia fora lindo.

–L-Len... Len Querido... -Ela balbuciou, estendendo e pegando minha manga.

–HANASENAI YO! (me solte). Você não merece uma criança dessas como seu filho... Gomenasai, Teto-Okaa-San... - Puxei as rédeas e disparei sozinho para o castelo, onde somente estavam agora Rin, Luka-san e Gakupo-san.

Ambas meninas me esperavam com rostos tristes. Rin parecia com a expressão pior. Mas eu não saberia como contar o que lhe ocorreria.

–Rin! - Pulei do cavalo e corri para abraçá-la. - Daijobu ka? Aconteceu algo?

–N-Não, por quê?

–Luka-san, Gakupo-san, será que eu poderia falar com minha irmã, quero dizer... Rin-sama a sós?

–O que aconteceu por lá, Len-sama? - Gakupo perguntou.

–Nada que vocês devam escutar.

–Hunf! - O rapaz de cabelos roxos bufou e saiu, puxando Luka-chan pelo pulso.


~~Rin~~

Quando soube que Len estava voltando, corri para a entrada de meu palácio. Luka e Gakupo insistiram em ir comigo, e não pude recusar. Ele chegou de cabeça baixa e lágrimas nos olhos. Percebi que algo havia acontecido...

–O que aconteceu, Len? Como foi? Conseguiu matar todos, certo?

Ele não disse nada, apenas assentiu.

–Len, tem algo que você me esconde?

Ele soluçou forte e caiu de joelhos, aos gritos, com tristeza, raiva, medo... Tudo que eu senti quando ele partiu... Afinal, éramos gêmeos... Mas éramos um casal de gêmeos miseráveis...

Peguei seus ombros e beijei sua testa, suja de sangue. Sequei parte de suas lágrimas e disse, começando a deixar as minhas caírem também:

–Daijobu, Len-kun... Somos gêmeos... Sentimos as mesmas coisas, e isso é uma coisa que nós levaremos até a morte...

Ele arregalou os olhos e me abraçou fortemente, e entre seus soluços, ouvi ele balbuciar em meu ouvido:

–Eles... Vão te matar... Nee-chan... Uma revolução... Acontecerá...


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Notas finais do capítulo

E ai? Como ficou? :33
Mais uma vez aviso: eu sei que tem coisas beeem sem noção aí... Mas tive que fazer isso para que não parecesse plágio do álbum ;D