– Acho que já dá pra comer. – disse Hermione, sentada no sofá, logo quando chegou ao final do capítulo da novela.

– Vamos ver. – falou Rony, levantando e indo para a cozinha.

* POV Rony *

Fui até a cozinha e tirei a toalha de cima do bolo. Estava muito bonito, principalmente pelo detalhe de granulado e cerejas que Hermione fez.

Cortei três pedaços e coloquei em pires. Espetei cada pedaço com um garfo e levei até a sala, onde minha mãe e a Mione estavam.

Cara, aquele perfume de cereja que a Hermione usa é muito bom! Tem cheiro de... Cereja. Mas não qualquer cereja, é cheiro de uma cereja diferente. É como comer uma cereja, mas o gosto é o cheiro. A cereja mais suculenta da face da terra.

– Um brinde a... – comecei, mas Hermione se deu ao trabalho de terminar a frase.

–... Rony e ao primeiro bolo de chocolate que ele faz que dá certo.

Todos, inclusive minha mãe, riram. Era incrível que ela me conhecia melhor do que eu mesmo. Minha mãe é demais. Eu amo minha mãe mais que tudo nesse mundo.

Cada um de nós deu uma garfada suculenta no bolo e comeu.

Aquele.

Bolo.

Era.

A.

Melhor.

Coisa.

Do.

Mundo.

– Está muito bom, nunca fiz um parecido. – disse a Mione, sorrindo.

– Bom? Isso aqui é maravilhoso! – falei, indo com sede ao pote e dando outra grande garfada.

– Está ótimo, filho! Realmente bom. Você e Hermione poderiam abrir uma franquia de bolos de chocolate, venderiam milhões. – falou minha mãe, rindo.

* Fim POV Rony *

**

Chegando em casa, Hermione pegou a correspondência e subiu para o quarto. Colocou um pijama fresco de liganete, tirou a pouca maquiagem, penteou os cabelos e se jogou na cama. Pegou no sono logo que sua cabeça tocou o travesseiro de plumas.

A porta de casa se abriu exatamente 4:26 da manhã. Hermione acordou com o som e foi descendo as escadas cuidadosamente com um bastão de beisebol na mão.

– Hermione, sou eu! – disse Draco quando a viu ao pé da escada acompanhada do bastão.

– O que você tem na cabeça? – falou Hermione, soltando o bastão e passando a mão nos cabelos.

– Na cabeça eu tenho um cérebro e na barriga eu não tenho nada, estou com fome. – respondeu Draco enquanto abria os armários procurando comida - O que tem pra comer?

Antes que Hermione pudesse responder, Draco foi pegando um pedaço do bolo de chocolate.

– Hum. Esse bolo é bom. Fez quando?

– Fiz... Hoje. Hoje de manhã.

– Cadê a outra metade? – Draco reparou que só tinha metade do bolo no pote: a outra metade ficara com Rony.

– Dei para a vizinha.

– Sim, sim. Que cheiro é esse? Ah, é aquele seu perfume fedorento de cereja? Acho que você deveria jogar fora aquela droga, é horrível. Pega uma coca-cola pra mim aí, e serve no copo que a gente ganhou na rifa, lá. Os copos que você comprou são ruins, eles escorregam na mão.

– Claro.

Hermione fez o que ele pediu e se sentou ao lado dele.

– Como foi o seu dia? – perguntou, fitando a coca-cola que acabara de servir.

– Não te interessa. E você? O que fez aqui o dia todo?

– Fiz o bolo, assisti um filme, ...

– No mínimo seus romances chatos.

– Sim, meus “romances chatos”. Também assisti Avenida Brasil, fui ao...

– Ainda existe aquela novela tosca? Nossa, aquele lixo nem deveria ter audiência.

– Caham. Fui ao mercado e comprei cerejas também.

– Onde estão? Vou comer depois.

– Coloquei no bolo.

– Mas e você não faz nada certo! Não sabe que eu amo cerejas?

– Sei, e também sei que sua cor favorita é roxo, você gosta de café sem leite com espuma e açúcar e também sei que você não sabe sobre mim nem metade do que eu sei sobre você.

– Ah, Hermione, não começa de novo. Você gosta de... Sei lá, rosa? Café, qualquer tipo vai, e você gosta de... Cereja, também.

– Errado, errado, errado. Gosto muito de azul, não gosto de café, prefiro achocolatado, e gosto de melancia.

– Ta, ta, isso não me interessa.

– Bom saber.

Hermione foi subindo as escadas para voltar ao seu sono. Parou ao patamar da escada e olhou para baixo.

– Hoje, você dorme no sofá! – gritou e continuou o caminho até o quarto.

Trancou a porta e recolocou a cabeça no travesseiro. Não demorou muito para pegar no sono e ter uma divina noite de sossego.

**

A manhã ia chegando, o sol ia aparecendo e a cidade ia se levantando.

* POV Rony *

Há uma meia hora mandei uma mensagem de bom dia para Hermione. Acho que ela me perdoou de ontem. Espero, pelo menos.

Acho que vou visitá-la.

Peguei a chave de casa e tranquei tudo. Fui a pé até a casa de Hermione.

Ding Dong.

Um homem loiro abriu a porta.

– Que é que você quer, garoto? – disse ele.

Tenho que assumir que fiquei um pouco constrangido com o olhar dele sobre mim.

– Eu... Eu vim visitar Hermione. Posso falar com ela?

– O que você é dela?

– Nada, eu... Eu só quero falar com ela. O senhor pode chamá-la, por favor?

– Hermione! Tem um cara ruivo aqui que quer falar com você!

* POV Hermione *

Ai – Meu – Deus.

Rony está lá fora. Ele quer falar comigo. E o Draco atendeu.

Oh, isso NÃO é bom.

Peguei um roupão e coloquei na frente do pijama de liganete. Destranquei a porta e desci as escadas calmamente, esperando uma bronca logo depois de Rony ir embora.

– Rony! Ah, oi! O que... o que quer?

Rony ficou olhando para Draco. Acho que ele queria que Draco fosse embora para falar comigo.

– Er... Hermione, recebeu minha mensagem? – perguntou Rony, sem tirar os olhos de Draco.

– Não. Só um instante. – me virei para Draco – Draco, querido, posso falar com... Meu consultor de cosméticos rapidinho? É, sim. Rony é revendedor Jequiti, ele quer me mostrar a nova linha de perfumes pra mim substituir o de cereja que você não gosta. Eu pedi.

Ele não falou nada, só se virou e murmurou alguma coisa como “boiola” enquanto voltava ao seu pão com manteiga.

– Vendedor de cosméticos? – comentou novamente Rony enquanto Hermione fechava a porta – Bem inteligente.

– Obrigada, é – falei, esfregando o pulso e olhando pro chão. – Então, posso ajudar?

– Sim, queria te convidar pra, quem sabe, ir ao circo hoje, ou no parque de diversões.

– Rony, seria muito legal, mas... Hoje eu não posso. Desculpe, sério. Podemos combinar outro dia, O.K.?

– Pode ser, então. Tchau.

– Tchau.

Quando eu ia abrindo levemente a porta, Rony segurou minha mão.

– Ah, espera. A propósito, não jogue seu perfume de cereja fora. Acho muito bom, de verdade.

Eu sorri e corei as faces levemente. Quando ele se virou e definitivamente foi embora, abri a porta e entrei.

– Ele me ofereceu a coleção Passione, mas acho ruim. Cheiro natural da “selva”.

Draco não respondeu, apenas deu outra dentada no sanduíche. Fui até o banheiro e limpei o suor da testa, agradecendo por não ter acontecido nada.

**

A gente não precisa tá colado pra tá junto

Os nossos corpos se conversam por horas e horas

Sem palavras 'tão dizendo a todo instante um pro outro

O quanto se adoram;

Eu não preciso te olhar pra te ter em meu mundo

Porque aonde quer que eu vá você está em tudo

[...]

Te Vivo - Luan Santana