Luka Pov

*Sonho ON*

Estava andando em um parque, lindo para dizer a verdade, até que eu vejo uma menina de cabeleira rosa encolhida em no tronco de uma cerejeira, que dava de frente para um rio, azul e cristalino, parecia que aquele lugar não pertencia a terra de tão lindo que ele era. Voltei a prestar atenção na rosada, me aproximei da mesma, me ajoelhando e ficando em sua frente, até que ela levantou o rosto e eu me assustei com o que eu vi, a menina era eu.

Sai de perto dela assustada, parecia que ela não conseguia me ver, “meu” rosto estava horrível, com olheiras e minha maquiagem estava toda borrada, as lagrimas não paravam de cair, estava me perguntando o que aconteceu para “ela” ficar tão triste a esse ponto.

- Por que? Por que isso tinha que acontecer?- Ela disse enquanto as lagrimas caiam do seu rosto, pintadas de preto por causa do lápis que agora estava todo borrado em meu rosto.

Ela se levantou e foi em direção ao lago, tirou suas sapatilhas vermelhas, e colocou seus pés na agua cristalina que havia ali, dando um leve sorriso para o nada, enquanto uma leve briza passava e levava junto as pétalas de cerejeiras que caiam lentamente até o chão, e menina continuava ali, parada, olhando para o nada, e eu apenas a observando, com medo de chegar perto dela, mas ai ela olhou para trás e parecia que na realidade ela estava me vendo, e então disse:

- Tome cuidado e aproveite bastante o tempo que tem com “ele”- E deu um leve sorriso quando comentou sobre o ser indeterminado

*Sonho OFF*

Acordei em um pulo, com a respiração descompassada e o coração acelerado, nunca havia tido um sonho tão real quanto esse, o medo que estava sentindo era indescritível, conversar com si mesma é um choque, principalmente no estado que a “outra eu” estava, mas algo me diz que eu devo levar aquele conselho a serio.

Olho para os lados e percebo que estou no quarto da Rin, deitada em um colchão que mais parece uma cama, enquanto Rin e Miku dividem a cama, dou um sorriso lembrando da noite passada, depois da nossa guerra de travesseiros, fomos terminar de ver o filme, mas as duas acabaram dormindo, e eu fui a única que o viu inteiro e como eu fiquei com pena de acordar as duas, eu chamei alguem para me dar um colchão (que mais parece uma cama)

Olho no meu relógio, 4:47 da manha, tenho até 6:00 horas para dormir, mas depois desse sonho eu acho que não vou conseguir, me levantei cautelosamente para não acordar as meninas e saio na pontinha do pé, quando finalmente saio e fecho a porta me pergunto para onde vou, chego a conclusão de que se eu beber uma agua eu consiga ir dormir mais calma, então fui para a cozinha, todos já haviam ido dormir, mas não tinha nenhum problema para mim ir até a geladeira e pegar aguá, mas quando eu a abri me surpreende com a quantidade de coisas que tinham lá, marcas de agua que eu nunca havia ouvido falar, peguei a primeira que vi e fui embora, no caminho para o quarto da Rin, antes de subir a escada, vi que um pouco mais distante tinha uma varando, que estava aberta, e soltando um ventinho gostoso, sabia que mesmo se voltasse agora era provável que eu não conseguisse dormir, então fui até lá, mas quando cheguei, não acreditei na pessoa que estava lá em pé olhando para o nada, do mesmo jeito que eu estaria fazendo se chegasse um pouco antes.

- Gakupo?- Perguntei, ele virou para mim surpreso

- Parece que não é só eu que está com insonia- Ele sorriu, corei e abaixei um pouco a cabeça, andei em sua direção parando ao seu lado e apoiando meus braços na sacada

- Por que não consegues dormir?- Perguntei, não estou com saco para criar uma guerra plena 4 horas da manha!

- Não sei, simplesmente acordei e não consegui mas dormir, então vim para cá- Ela respondeu indiferente- E você?

- Tive um sonho estranho, parecido com um pesadelo, então fiquei nervosa e vim para cá também- Respondi no mesmo tom.

- E como foi?- Dessa vez ele pareceu realmente curioso

- Eu sonhei que eu me via encolhida encolhida em uma cerejeira chorando que nem uma desesperada, então para piorar a situação ela vira para mim e me dá um conselho um tanto quanto assustador- Respondi me arrepiando todinha, talvez por causa do frio que estava sentindo, Gakupo percebeu, mas ele nada podia fazer

- E qual foi?- Ele estava realmente curioso

- Prefiro não comentar- Respondi, fazendo o máximo para não lembrar daquelas palavras assustadoras e amigáveis ao mesmo tempo.  

- Hum...- Ele ficou quieto apenas olhando para o céu, eu também não falei nada

Ficamos quietos por bastante tempo, o silencio já estava me incomodando, na maioria das vezes que nós dois ficávamos sozinhos, ele não parava quieto, ou ele estava falando merda, ou ele estava fazendo merda, mas eu também não posso reclamar, afinal quando nós dois ficávamos juntos, eu também não calava a boca, talvez ele também esteja sem saco para criar guerra a essa hora.

- Aquele negoço que você passou na minha boca é muito bom- Ele disse, interrompendo meus pensamentos

- A Nutella?- Perguntei surpresa- Tu nunca tinhas provado Nutella?

- Se aquele negoço marrom gostoso for chamado Nutella, hum... Não- Ele falou normalmente, olhei para a cara dele assustada

- Tu nunca tinha provado Nutella?! Agora só falta dizer que você nunca foi em um parque de diversão- Eu disse, dando uma leve risadinha no final

- Também não- Ele falou assustado, olhando a minha cara de indignação.

- Você não teve infância?!- Perguntei

- Nunca tive tempo para essas coisas, minha mãe falava que isso era coisa de pobre e que nós ricos deveríamos ser refinados- Ele falou friamente

- Então quer dizer que só porque você é rico, você não deve se divertir?!- Perguntei irônica- Minha mãe sempre que podia me levava para um parque desses para eu poder me divertir, nunca fui de ter muitos amigos, e desde pequena eu ficava o dia inteiro sozinha em casa, porque minha mãe não tinha condições de contratar uma secretaria, afinal ser mãe solteira é complicada- Dei um sorriso fraco olhando para o céu- Então sempre aproveitava esses momentos ao máximo, valorizava cada segundo que passava, para falar a verdade até hoje é assim, tento aproveitar os momentos felizes ao máximo, e com os tristes tento tirar lições de vida- Olhei para ele e dei um sorriso minimo- Assim como eu, você tem que aproveitar também! A briza passando pelo seu rosto, os momentos divertidos com seus amigos, as viagens que você faz que com certeza deve ser muitas, os momentos sozinhos também tem que ser aproveitados, mas não a tal ponto que você se sinta solitário- Falei dando dois tapinhas na costa dele e voltando a olhar para o nada

- E qual é a coisa que você mais gosta de fazer? Ou gostava?- Ele me perguntou

- Bom...- Me fiz de pensativa- Teve uma época que eu morei na casa do campo da minha avó, ela estava muito doente e como a minha mãe não podia cuidar dela, eu fui em seu lugar, a casa dela era na frente de uma praia muito linda e vazia, e toda tarde antes do sol de por, eu ia lá ficar ouvindo musica e pensando na vida, amava sentir a areia nos meus pés, me sentia tão calma- Falei lembrando daquele tempo tão bom- Até que a minha vó melhorou e eu voltei para a cidade, e então eu nunca mais fiz isso- Suspirei- E você?

- Nunca tive momentos iguais a esse- Ele falou friamente- Passei a maior parte da minha infância sendo criado pelo meu mordomo, meu pai morreu quando eu tinha uns 5 ou 6 anos, e depois disso eu nunca mas me divertir quando era criança, mas quando chegou a adolescencia, eu pudi sair por ai, e viajar para onde quisesse, mas quando viajava, era apenas para ir a festas para fazer coisas que pessoas inocentes como você não fazem- Ele disse batendo em meu nariz com um dos seus dedos, e com um sorriso malicioso, tava mesmo demorando!

- Itai!- Eu disse só para irrita-lo, ele apenas deu uma risada gostosa

- Eu nunca tive nenhum desses momentos que você disse, apenas aproveitar com os amigos- Ele disse dando um suspiro pesado

- Mas você terá! E só você querer! Não quer dizer que só porque você acha que é de pobre que não deves fazer, olha um exemplo: Nutella para você é de pobre, mas você gostou! As vezes os momentos mais simples são os melhores, e quando você sabe escolher a companhia é melhor ainda! Não se deixe enganar pela a sua mente pouco aberta ok?- Perguntei

- Ok Luka-chan! - Gakupo disse rindo e voltando a olhar para o céu, o silencio permaneceu por um bom tempo, até que eu resolvi intervir

- A Lua está linda não é?- Perguntei olhando para ela

- É mesmo- Gakupo disse também a olhando

- Quando eu era menor eu imaginava que algum dia a Lua viria me buscar e nós nos casaríamos- Disse dando uma risada

- Mas não é A Lua?- O menino me perguntou, estranhando o meu pensamento

- Eu pensava que era O Lua, porque em chines “Yue” é “Lua” e eu achava que Yue era um nome masculino- Disse dando outra risadinha fraca- Mas pelo visto isso não aconteceu- Eu disse virando o meu rosto para olha-lo

- Quem disse? Talvez ele mande um represante- Ele disse dando também uma risadinha fraca virando o seu rosto para também me olhar, estávamos tão próximos um do outro, nossos lábios estavam quase tocando, a única testemunha daquele nosso momento era a Lua, que nós iluminava com seu brilho exuberante. Gakupo foi se aproximando aos poucos, enquanto eu fechava os meus olhos, esperando o toque de seus lábios nos meus, mas ele faz uma coisa que me surpreende, em vez de ele beijar os meus lábios, ele dá um beijo em minha testa, e deposita a palma da sua mão em uma de minha bochechas.

- Você ainda vai encontra-lo- Ele disse me encarando com suas orbes azuis, ainda bem próximo de mim, mas então ele se separa e volta a encarar a Lua- Pelo visto ela já vai ir embora

- Por que?- Perguntei confusa

- Porque tá amanhecendo- Ele respondeu como se estivesse falando o obvio, mas para falar a verdade ele estava falando

- Já?! Que horas são?!- Perguntei espantada

- 5:37- Respondeu com naturalidade

- Meu Deus, tenho que ir descansar pelo menos esses últimos 20 minutos- Respondi desesperada, havia passado quase 1 hora conversando com Gakupo, sem nenhum tipo de taradice, parece que milagres acontecem- Você vai?- Perguntei, um pouquinho a sua frente

- Não, vou ver o sol nascer- Dei um sorriso

- Ta bom então, já vou indo- Disse dando as costas para ele

- Aaah! Me esqueci de fazer uma coisa!- Ele disse puxando o meu braço para mais perto de si, e envolvendo seus braços em minha cintura- Obrigado pelos conselhos- Ele respondeu bem baixinho no meu ouvido, o que me deixou corada e arrepiada

- D-De nada Gakupo!- Disse o empurrando- Agora me deixe ir embora- Fui pisando duro para fora da sacada

- Ok! Ei Luka!- Me virei

- O que foi?- Perguntei irritada, para poder esconder a vergonha que estava sentindo

- Belas pernas- Ele disse malicioso me olhando de baixo para cima, novamente percebi que minha roupa era in apropriada, estava com short bem curto mesmo, e com uma camiseta aleatória

- Tarado!!- Falei dando as costas para ele novamente, eu apenas ouvi o riso dele e seguido de uma frase:

- Algumas coisas nunca mudam- Dei um sorriso, e fui em direção ao quarto da Rin