This Is My Halloween escrita por Miyaneo


Capítulo 1
Oneshot - This is My Halloween.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ;D



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Correu para dentro da sala de limpeza da escola, fechando com velocidade a porta. O barulho de algo batendo na porta foi ouvido e o corpo do garoto estremeceu ao imaginar o que poderia tê-lo perseguido com tanto afinco naquela noite. Não era a primeira vez que isso ocorria, mas essa noite fora diferente. Ele mesmo fora atrás de problemas.

Havock sempre fora um garoto diferente dos demais quando era pequeno, pois seus olhos sempre viam algo que os demais não viam. Espíritos, sombras, fantasmas, entidades sobrenaturais, almas penadas, ou seja lá qual nome as pessoas dão para eles, era certo de uma coisa: Havock sempre via coisas. 31 de outubro era o dia que ele mais odiava em toda a sua existência sem sombra de dúvidas, pois ele via aquelas coisas com muito mais frequência e diversas vezes se via sendo perseguido por elas, como era o caso dessa noite. Mas ele não achava que realmente seria caçado por mais de uma coisa esse dia, afinal sempre era raros aqueles momentos, visto que em seus 17 anos ele havia sido daquela forma somente algumas vezes.

Sua turma na escola era muito animada, tendo vários colegas e todos os dias eram proveitosos, e ele não se importava em mentir para eles fingindo que não via mais nada além do que seus colegas mesmo enxergavam. Todos os dias ele era visto e via várias coisas passarem por ele, como se coexistisse com outra sociedade além da humana. Quando o Halloween se aproximava, sua sala, porém se mostrou a mais detestável daquela escola para o garoto de cabelos louros. Seus colegas planejavam um teste de coragem, e seria realizado bem no dia que Havock via muito mais coisas por aí. Ele não tinha como negar, já que todos haveriam de participar, e como ninguém havia dado uma opinião oposta à ideia para a data, lá estava ele no colégio de noite, com uma lanterna fraca entre as mãos trêmulas e sendo perseguido por uma coisa estranha e viscosa que ele realmente preferia não descobrir do que se tratava. Ele estava se remoendo até a mais profunda crosta de sua alma por ter aceitado sem pensar muitas vezes nas consequências daquele ato. Se ao menos eu tivesse dito que estava doente, não estaria aqui, fugindo dessa coisa.

Seus devaneios foram interrompidos por uma nova onda de choques contra a porta. Seu corpo vacilou e por um momento ele pensou ter visto novamente aquela criatura viscosa aparecer diante de seus olhos, com uma aura negra em volta, como se dissesse "achei minha presa suculenta e agora eu vou devorá-la, obrigado por poupar meu precioso tempo vindo até essa escola podre onde eu vivo calmamente nos outros 364 dias do ano". A criatura estava lá, com certeza, e os olhos de Havock não o enganaram. Só que ele estava lá por um centésimo de segundo, e no outro desaparecido como um flash.

Havock piscou algumas vezes as pálpebras e balançou novamente a lanterna para o lado de fora da porta, assustando-se novamente por um vulto que aparecera em seu campo de visão e logo após um estrondo.

- Q-Q-Quem é v-você?! - Hacok quase gritou a pergunta, fazendo sua nova companhia rir da situação do jovem.

- Não sabia que você era tão medroso no Halloween, Havock. - O vulto se tornou repentinamente nítido quando a voz chegou aos ouvidos do loiro, reconhecendo a voz por um momento. Mas o pânico ainda estava presente e suas pupilas ainda estavam desfocadas por causa da adrenalina da corrida. Vendo a falta de reação do rapaz à sua frente, o vulto apresentou-se, pegando a lanterna que ele mesmo carregava e iluminando-se. - Sou eu, Lenis, seu colega de classe.

- Lenis?! - Havock tentou retomar a postura, reconhecendo seu amigo.

- É, sou eu sim seu besta, vai ficar aí vendo minha cara até quando?! - Riu da cara do louro, imaginando como ele estava sozinho naquele lugar estranho.

Lenis era um rapaz um pouco mais alto do que Havock, e foi o infeliz que deu a ideia do teste de coragem para a turma do 3-A. Moreno e levemente sorridente para tudo, não deixou de rir da situação deplorável que seu colega encontrava-se. Esse meio tempo em que Lenis começara a rir da cara de cão assustado de Havock foi o tempo suficiente do louro se ajeitar melhor e acalmar-se, mas sem abaixar a guarda para um segundo, ou um terceiro ou quarto ataque de suas companhias "invisíveis".

- Vamos sair daqui, rápido! - Havock começou a correr para o lado que era à saída da antiga escola abandonada. Lenis sorriu de canto e seguiu o rapaz, já que quando eles encontravam outros de sua turma foram instruídos para ficarem juntos se houvesse algum problema. Ele tinha um problema, e tinha seus motivos ocultos, então apenas o seguiu, correndo no mesmo ritmo do rapaz de cabelos louros.

Após descobrir em sua infância que ninguém mais além dele poderia visualizar suas companhias diárias, Havock resolveu pesquisar mais a fundo os seres sobrenaturais e acabou descobrindo que, embora o dia dos finados concentrasse mais espíritos, eles eram todos direcionados puros para "o outro lado". Já no Halloween, pelo que os resultados de suas buscas haviam chegado, os espíritos voltavam para "passear" na terra entre 31 de outubro e 1 de novembro, o que resultava em um garoto trancafiado em sua casa por vários anos seguidos nessa data em especial. Mas ele resolveu arriscar e porque não havia outra chance, no ano seguinte ele estaria se formando e ficaria de fora de um dos últimos passeios que sua turma faria e isso com certeza não estava nos planos dele.

Quando chegaram na parte do refeitório, que era basicamente constituído de uma pilha de cadeiras e mesas escolares empilhados e jogados num canto, enquanto a pequena porta que era utilizada para servir os alunos estava completamente destruída e levemente queimada, fazendo o ar do lugar parecer um pouco menos amistoso do que o resto do lugar; desceram uma pequena escada e se esconderam - na verdade Havock puxou seu colega - atrás dela, fazendo com que estivessem muito bem escondidos.

- Do que estamos fugindo, Havock? - Lenis deu um sorriso para o loiro, que se perguntava o porquê diabos aquele garoto só sorria.

- De nada. Estamos apenas... - ponderou em uma resposta plausível para responder seu colega, mas desistiu no momento seguinte, visto que ele era sincero demais para conseguir inventar algo - Apenas nos escondendo um pouco, okay?

- Por mim tudo bem, mas pra você está ok por não estar procurando as bandeiras? Se não acharmos até o amanhecer, outros acharão por nós e perderemos. - explicou Lenis.

- Ahhhh... Eu até tinha esquecido disso. Sabe, não é fácil você lembrar-se de bandeiras estúpidas enquanto coisas perseguem você. - Engoliu o pensamento e voltou a encarar Lenis. - Se você não estava interessado em ganhar o teste de coragem, por que sugeriu isso? Não foi você mesmo quem disse que seria legal? - bufou descontente para seu colega.

-  Haha, eu só queria saber como as pessoas da nossa turma eram "corajosas". Não sei se você notou, mas muitos hesitaram em aceitar o desafio. Mas como pode ver, o único que realmente entrou em pânico aqui foi você, caro Havock. - Abriu um largo sorriso sarcástico.

- Cale-se! Ninguém mandou você sugerir esse teste estúpido! É tudo culpa sua que eu estou aqui fugindo dessas porcarias de coisas!! - O loiro acabou berrando com vivacidade, aborrecido pelo sorriso sarcástico de sua companhia.

- ... Coisas? - O sorriso nos lábios de Lenis fechou-se e ele estendeu a mão em direção ao rosto de Havock, segurando suas bochechas agora coradas com o gesto.

- N-Nada! Agora para de bobagem e concentre-se somente em sair daqui vivo até o amanhecer. - O Loiro tentou acalmar-se.

- Você fala como se alguma coisa estivesse nos perseguindo. Até agora a única coisa de aterrorizante que eu vi neste lugar foi sua cara fofa de pânico. - Falou rindo com simplicidade.

- Você vai me zoar por isso até depois de eu me formar, né Lenis? Não sabia que você era desse jeito, senão te deixava lá naquela sala de limpeza mesmo! - bufou novamente aborrecido com as palavras do moreno.

Um estrondo com som metálico chamou a atenção dos dois que estavam conversando. Rapidamente Havock entrou em posição defensiva. Aparentemente Lenis não estava alheio ao perigo da nova entidade que estava se aproximando, mas sua mão subiu até os cabelos louros de Havock e começou a bagunçá-los calmamente. Suspirou pesadamente e então virou-se agora totalmente para o loiro, encarando-o.

- Olha, não sei do que você tem tanto medo, mas nossa turma combinou de sair fazendo barulhos estranhos nos corredores desse lugar, então 'provavelmente' são eles. - Lenis explicou.

- E "olha", não sei o que você está tão calmo, mas EU estou vendo uma coisa gosmenta bem atrás de você e provavelmente essa coisa gosmenta vai tentar tirar uma lasca de mim, então pode parar com esse seu sarcasmo quanto à minha cara de pânico. - Respondeu com a voz um pouco trêmula, mas garantindo que a seriedade chegasse até os ouvidos de sua companhia e logo tirando a mão que afagava seus cabelos.

Aparentemente a rejeição de seu gesto aborreceu Lenis e pela primeira vez seu rosto demonstrou uma expressão séria. Ele virou-se e encarou a gosma preta, que emanava uma aura assassina toda direcionada para Havock. Deu um longo passo para à frente e então inesperadamente, espantando não somente a gosma, mas também o louro, deu um forte soco seguido de um chute para a coisa.

Havock encarava a situação com uma cara pior do que a anterior, de pânico. Tentou formular algo que o acalmasse, mas a única coisa que saiu de sua garganta foi uma pequena indagação. Hã?!

O moreno limpou suas vestes, que ficaram levemente empoeiradas por causa da fumaça de poeira que levantou-se quando arremessou a coisa para 'bem longe'. Quando terminou, virou-se para encarar Havock e novamente sorriu, agora com satisfação. Não era esse a melhor expressão que Lenis conhecia do louro, mas era encantador a forma como ele fazia aquela expressão de espanto como ninguém mais. Aproximou-se e sentiu o corpo diante de si fazer menção de recuar, mas antes que esse gesto se completasse, o segurou pelo braço e puxou para um abraço.

- Meu caro Havock, pode ficar tranquilo. Não és o único a ver essas bizarrices, mas és o único a temê-las. - Afagou os cabelos macios e louros de Havock, que estranhamente acalmou-se com o gesto.

- Hã?

- Desde o começo do ano eu estou tentando te mostrar que eu também compartilho da mesma visão que você, enxergar coisas sobrenaturais. Mas parece que você é mais tapado do que tudo nessa vida. E sim, tome como uma ofensa essa última parte, pois eu também estou tentando desde a metade do ano te mostrar que eu estou interessado em você. E claro, você não percebe nada. - Segurou com mais firmeza o corpo que parecia que estava a desabar em seus braços.

- M-Mas O QUÊ? Eu nunca percebi algo assim! Nós mal conversamos na escola e você sabe disso, seu idiota! Se é alguma gracinha só porque eu sou gay você é um homem morto, Lenis!

- Gracinha aqui é só você Havock - Sorriu com a própria piada. - Não, nós não conversamos porque você incrivelmente tem a habilidade de sair às pressas todos os dias do ano depois que as aulas terminam, e quem sai com a mão na roda era eu.

Mais um estrondou interrompeu a conversa dos dois. Não era a gosma de outrora, mas uma aura mais comprida do que a anterior e parecia levemente mais firme. Lenis no mesmo momento, sem interromper o "abraço" que era oferecido para sua companhia loura, agarrou o menor e levou-o consigo e novamente com a mesma brutalidade chutou a criatura, mas fazendo com que o louro fosse por um momento levantado com o gesto.

- Se vocês criaturas irritantes não se importam, eu estou tentando me confessar aqui e espero que não haja mais interrupções por parte de vocês. – O maior encarou o nada que havia lá depois que a criatura foi lançada pelo chute, mas quase gritou as palavras, fazendo com que até Havock, que era mais baixo do que o moreno estremecesse com a ameaça.

O moreno aparentemente sentiu o corpo do louroestremecer diante de suas palavras e lembrando-se de que Havock tinha pavor daquelas criaturas, adiantou-se para explicar-se.

- Não se preocupe, eu só chuto criaturas. Nunca chutei nenhum ser humano e você seria a última pessoa a quem eu daria um. Se não se importa, agora continuarei de onde eu havia parado. - Sorriu, mas agora seus olhos brilharam levemente ao sentir o rosto do louro corar ao citar a conversa que estavam tendo naquele inusitado local.

- Eu descobri que só eu via essas coisas quando era criança, então encontrar alguém que as via foi uma surpresa além de agradável para minha pessoa. Além do mais, ela ser alguém como você me deixou duplamente feliz. Mas como eu não sou "influenciável", logo aprendi a como lidar com perseguições dessas criaturas; e é mais fácil do que parece. Basta um pouco de contato físico que eles se afastarão de você.

- Contato físico... Como se eu pudesse chutar aquelas coisas tão fortemente como você, Lenis! - O menor falou um tanto revoltado por não ter tanta coragem quanto o moreno.

- Ora, de agora em diante isso não será problema para você. - Respondeu prontamente a indignação do louro.

- Hã? Por quê? - Indagou Havock, sem entender a afirmação feita por Lenis.

- Porque eu vou chutá-las para você de agora em diante. - Sorriu satisfeito para Havock.

O que seguiu depois da última afirmação de Lenis foi a coisa mais inesperada que Havock poderia imaginar acontecer, que superava o fato de encontrar alguém que visse as coisas como ele, que essa pessoa chutasse essas coisas, que essa pessoa fosse alguém que sorria tolamente apenas por uma conversa simples, que essa pessoa não tinha medo de coisas assustadoras como o louro, que essa pessoa... O beijasse.

Foi rápido, mas feito com desejo. Os lábios, assim que se encontraram formaram-se quentes e totalmente deliciosos para ambos os lados. Quase no mesmo instante as línguas pediram passagem e assim ficaram por alguns momentos, que não sobrepuseram a situação, mas não queria dizer que não fosse a melhor coisa de todos os Halloween's de ambos. Ter a consciência de que 31 de outubro fosse a pior data para se tiver um encontro com uma pessoa, aquele momento era muito mais do que ambos já sonharam ter. Com calma, e quando o ar tornou-se necessário, o beijo foi interrompido.

- Tá, isso foi inesperado. - E muito bom - Aquele pensamento logo se desfez da mente do louro, que corou violentamente com isso.

- Mas foi ruim? - Lenis não negava em sua expressão de que já estava esperando uma reação dessas vindo do louro, e muito menos que não estava necessitado há tempos daquela confissão, daquele abraço, daquele beijo...

- Nem tanto. - Havock olhou para o outro lado, sem ter tempo de seus olhos encararem o rosto sorridente e satisfeito do moreno.

- Bom. Minha parte e planos já foram cumpridos para essa noite. Agora finalmente poderemos sair desse lugar que parece uma junção de tudo o que eu não gosto num Halloween.

- Você mesmo sugeriu esse lugar! E se sabia sobre a data do Halloween, por que deixou a sala e eu vir pra esse lugar cheio de coisas? - Bufou Havock, mas sem ainda encarar o moreno.

Lenis suspirou. Realmente o louro era muito tapado. Apertou o braço que ainda estava em volta da cintura do rapaz e refez o abraço, colocando a cabeça do louro em seu peito.

- Simplesmente para poder te abraçar quando você ficasse em pânico por causa das coisas, oras!

O riso de Lenis que se seguiu após a própria fala e a incredulidade e vergonha que ficou estampada no rosto de Havock o deixaram satisfeitos por todos os Halloweens ruins que ambos tiveram. Logo que amanheceu os dois deixaram aquela parte escondida abaixo da escada e foram encontrar o vencedor daquele teste estúpido organizado por Lenis.

E assim, o dia que os espíritos voltavam para a Terra acabou que sendo não o dia mais detestável do calendário deles, mas sim o dia que eles se amaram. Que eles conversaram sobre monstros, e assim fizeram até que suas visões não captassem mais nenhum monstro ou alguma coisa sobrenatural.

Juntos, com um tolo sorriso.


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Notas finais do capítulo

Qualquer erros,
opiniões entre outras coisas,
mandem review okay?
Muito obrigada por terem lido.



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