Os Legados De Lorien - A Origem escrita por Cherles Belem


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela grande demora, estava tendo trabalho para criar todos os personagens novos que vão entrar agora na estória.
Mas pra compensar este é o maior capítulo até agora ;]
Espero que gostem e comentem o que acharam.



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Estamos de volta a Lorien. Nosso aniversário de dezessete anos é em três dias. Fizemos a viagem antes para podermos comemorar junto com nossa mãe e os “amigos”. Detesto tudo isso, mas continuo mantendo a pose de garoto bonzinho que cativou tanto meu pai. Creio que tenho bem mais a ganhar assim.

                No dia da festa a casa fica cheia. Sorrio falsamente para todos, acenando, abraçando e cumprimentando. Que coisa insuportável. É tanta gente alegre junta que chega a me dar enjoo. Mas o que mais estranho é a presença dos outros nove Anciãos aqui. Por que eles fariam questão de largar seus afazeres para virem a uma simples festa de aniversário? Ai tem coisa.

                A festa transcorre naturalmente. Mais sorrisos forçados, abraços falsos e agradecimentos por presentes para os quais não ligo. Apesar de alguns até serem legais. Conforme a festa vai se encerrando, vai chegando meu momento favorito: quando todos vão embora. No fim, apenas Pittacus, minha mãe, meu pai, os demais Anciãos e eu permanecemos na sala, num clima estranhamente sério e silencioso, até que meu pai se manifesta.

- Bom, acho que agora já podemos conversar, não?

- De acordo. – Concorda Begon, Ancião de Kupin.

                Minha mãe se levanta e sai da sala. Isso tudo está ficando cada vez mais estranho. Apenas agora percebo que os Anciãos estão quase que em circulo ao redor de Pittacus e eu.

- Setrákus e Pittacus, eu não sei até onde vocês sabem, mas vocês dois tem um papel essencial no futuro de nosso planeta. – Amelin de Wenon.

- Sim. Papai disse que estávamos destinados a sermos Anciãos. – Eu comento.

- Eu não sabia disso.

- Achei que papai também tivesse te contado. – Mentira. Ainda faço a expressão mais sínica do mundo.

- Bem, é exatamente isto.

- E como vocês são filhos de um de nós, fizemos questão de virmos lhes comunicar. – Sariena de Luva. E para me analisaram também, com certeza. Ver se sou “puro” o bastante.

- E para entregar-lhes pessoalmente algo extremamente importante e valioso. – Bonaz de Calin. O engraçado é que parece até que eles revezam pra cada um falar um pouco. Mas admito que minha curiosidade agora vai nas alturas.

- O quê?

                Aya de Heren e meu pai saem de seus lugares e para de frente pra gente. Eles tiram algo de seus pescoços que só depois percebo serem colares. Cada um com um pingente de pedra azul, que imediatamente reconheço como sendo loralite. É a primeira vez que vejo uma de verdade. Minha adaga possui apenas minúsculos fragmentos espalhados por sua lâmina e cabo, o que ainda assim já a torna extremamente valiosa. Loralite é a pedra mais valiosa de nosso planeta, e de mais difícil obtensão. E estas duas são certamente as com um azul mais puro e brilhante que já vi.

- Estes pingentes – meu pai fala, e é nítido o orgulho que está sentindo neste momento. – são a prova de que vocês são legítimos membros da Garde Alfa de Lorien e futuros Anciãos. – Garde Alfa?

                Em nosso planeta algumas pessoas nascem com talentos especiais dos mais variados, vão de ler mentes, prever o futuro e explodir coisas com a mente. Chamamos esses talentos especiais de legados. Aqueles que nascem com tais talentos são chamados de Garde e os que não os têm de Cêpan. Meu pai, por exemplo, é um Garde e minha mãe uma Cêpan. Os legados geralmente aparecem quando a pessoa chega à adolescência ou à juventude, mas isso varia muito de pessoa pra pessoa. E cada pessoa geralmente desenvolve apenas um legado, além da telecinese e habilidades físicas e sentidos mais desenvolvidos, comuns a todos os Gardes. Os que possuem dois são ainda mais especiais e os que chegam a desenvolver três são considerados excepcionais, pois é algo raro. Eu e meu irmão somos considerados prodígios por termos despertado nossos legados tão cedo e termos três, até onde eles sabem pelo menos. Geralmente é designado um Cêpan para cada Garde para ajudá-lo no desenvolvimento de seus poderes. Sempre achei estranho eu e meu irmão nunca termos tido um. Talvez achassem que não precisávamos. Por mim está ótimo assim, realmente não preciso.

- Como sabem – Agora é Aya quem continua o discurso – a loralite só é encontrada no interior de nosso planeta, por isso representa o coração de Lorien. Estes pedaços estarão sempre em seus peitos, representando que seus corações estão ligados ao do nosso planeta. Enquanto seus corações estiverem com Lorien ele os protegerá. – Ela também fala tudo com um enorme orgulho e satisfação.

                Depois do lindo e emocionado discurso do qual não entendo porcaria nenhuma eles dão mais um passo à frente, põe seus colares em nós e retornam um passo para trás. A beleza da pedra que agora reside em meu pescoço é simplesmente fascinante. Por algum motivo minha adaga começa a pulsar levemente em minha cintura, como se estivesse reagindo à pedra em meu pescoço.  A pedra parece ter uma luz dentro de si. E enquanto observo noto que realmente há uma luz em seu interior e esta começa a crescer e brilhar mais intensamente, até toda a sala estar sendo iluminada pela luz de nossas pedras. A luz de repente explode num forte clarão, forçando a mim e aos demais na sala a fecharmos os olhos. Minha adaga pulsa ainda mais intensamente. Quando reabro os olhos a luz havia sumido, sobrando apenas aquele pequeno e estranho brilho no centro do pingente. E o mais estranho, a pedra agora parece pulsar em meu peito assim como a adaga em minha cintura, mas ambas no mesmo ritmo e tempo do meu coração, como se os três fossem um agora. Mas ainda não sei o que querem dizer com Garde Alfa.

- Realmente são vocês. – Meu pai fala, agora chegando a estufar o peito de tanto orgulho.

                Não consigo esboçar outra reação se não a de total surpresa e fascínio.

- Só o que nos resta por hora então é desejar-lhes parabéns. – Venel.

- Agora sugerimos que durmam e descansem. – Driniam.  – Tiveram um longo dia hoje e terão um maior ainda amanhã.

- E por quê? – Dessa vez é Pittacus quem pergunta.

- É, esperem ai, realmente, o que vamos fazer amanhã? E o que é “Garde Alfa”? E do que esses colares nos protegerão?

- Calma jovens, um momento para cada coisa. O que tinha para hoje já foi. Foi somente para isto que viemos. Amanhã tudo o mais necessário será explicado e o restante de suas dúvidas sanadas. – Tezen nos diz calmamente.

                Falar é fácil. Ninguém nos explica porcaria nenhuma direito, só ficam falando sobre um monte de coisas como se soubéssemos do que se trata. Isso me irrita profundamente. E também não tenho a menor paciência, detesto esperar e detesto que não me digam as coisas. Mas infelizmente por hora não posso fazer mais nada se não tomar banho e dormir. Os Anciãos continuam na sala conversando sobre assuntos banais que não me interessam e depois vão todos embora.

                Deitado em silencio em minha cama tudo fica repassando em minha mente como um filme. Queria tentar encontrar sentido em tudo isso. Mas, não sei se devido ao grande fluxo de informações passando desordenadamente em minha cabeça, ou ao desgaste físico do dia, mas logo, sem perceber, sou arrebatado pelo sono.

                Durante a noite tenho sonhos com imagens, guerras, um cara alto com uma cicatriz no pescoço que não reconheço lutando contra alguns garotos que também não reconheço, a conversa que tive com os Anciãos, a profecia referente a mim e a Pittacus e, como sempre, Lorena. Ainda bem que aprendi a fechar minha mente para a ligação mental que tenho com Pittacus.

                Na manhã seguinte, depois de uma péssima noite de sono, nosso pai nos faz aprontar nossas malas logo após o café, mas não diz para onde iremos, apenas para levarmos tudo o que mais precisássemos.

                Temos um hangar em nosso quintal onde ficam as naves do meu pai. Vamos para a LT352, ela é diferente das que usamos para ir a outros planetas. Esta é mais simples, usada para viagens para outros países. Geralmente apenas companhias aéreas tem este tipo de nave, mas ser Anciãos tem lá suas vantagens. Pelo menos sei que seja lá o que formos fazer é em outro país.

                A viagem é rápida. Pelo visto estamos indo para Kupin. Lá é conhecido como o país do fogo, pois o clima lá é bem quente, tem bastante vulcões ativos. O oficio principal de lá é a metalurgia, motivo pelo qual também é conhecido como País do aço.

                Nós pousamos em uma pista onde há várias outras naves, próximo a uma construção grande que não conheço. Quando aterrissamos tem um veículo que mos leva até a entrada da construção. Pela altura possui uns dois andares, mas é bem grande em comprimento e largura. Minha curiosidade fica cada vez mais atiçada e todo esse silencio e mistério só me dava cada vez mais raiva e apreensão. Descemos do veiculo na porta da entrada e ele volta para a pista de pouso. Ao lado da porta tem um mecanismo de identificação de segurança. Meu pai para diante do aparelho, se identifica “Amanus de Tavan” (reconhecimento de voz), encosta o polegar em um painel que depois pisca (reconhecimento de impressão digital) e por último um lazer em linha horizontal passa por seu rosto e depois um menor por seu olho direito (reconhecimento facial e de retina). A segurança daqui é realmente elevada. A questão é, por quê?

                Entramos. O salão de entrada é amplo. Entramos na primeira porta à esquerda. É uma sala grande, com vários computadores e monitores nas paredes, teto alto e uma ampla mesa meio oval no centro, com muitas cadeiras ao redor, vinte no total. Há seis pessoas sentadas em silêncio em lugares bem separados. No centro da mesa há um cálice grande, bonito, ornamentado, com desenhos e símbolos que não reconheço. Seu cabo é largo e há um pedaço de loralite no meio unindo as duas metades. Na borda há pedras vermelhas e verdes brilhantes intercaladas. Na borda da mesa, dez adagas pequenas de lâminas curtas, todas aparentemente iguais, em frente aos assentos de forma intercalada.

- Bom, sentem-se esperem. Logo estarei de volta. – Meu pai fala conosco, saindo e fechando a porta em seguida.

                Eu caminho até a mesa, sendo seguido por Pittacus. Contorno um dos lados da mesa passando por duas das pessoas e me sento em um dos lugares na extremidade da mesa, ficando de frente para a porta. Pittacus senta ao meu lado, deixando um lugar vazio entre nós.

                Quando sento reparo melhor na pequena adaga à minha frente. Seu cabo curto tem um pequeno pedaço de loralite na parte de baixo e uma fileira de outras pedras vermelhas menores dos lados, além de vários desenhos em seu cabo iguais aos do cálice, e o dorso da lâmina é revestido com de pedra verde. Simplesmente linda! Espero que sejam nossas. Se não, espero ter como pegar uma.

                Reparo então nas outras pessoas que já estavam na sala, assim como percebi que faziam enquanto caminhávamos até nossos lugares. Todos parecem ter idades próximas à nossa. Uma garota de rosto meio inexpressivo, centrado; pele branca; cabelo preto azulado, brilhante, escorrido, picotado nas pontas na altura dos ombros; olhos azul-escuros profundos. Um garoto de pele bronzeada, parece ser habitante daqui de Kupin; tem cabelo castanho escuro, cortado atrás e dos lados e propositalmente bagunçado na parte de cima; olhos castanho-claros bem vivos; uma expressão empolgada e animada no rosto, sempre com um sorriso de lado meio contido. Um garoto, aparentemente o mais novo do grupo, tem olhos com íris vermelhas, o que indica que seja um Laubriano; é um pouco baixo, branco, cabelo liso e curto; tem uma expressão apreensiva, parece que está nervoso ou assustado. Uma garota simples, de rosto calmo, mas aparentemente alegre; cabelos longos, lisos e negros, presos num rabo de cavalo e olhos castanho-claros. Uma com um visual mais diferente, com correntes finas presas nas roupas; tem um pote atlético, alta, com músculos torneados; cabelo longo, preto, com as pontas e mechas vermelhas; olhos verde-escuros e uma expressão firme, mas satisfeita e um pouco zombeteira. E por fim, outra garota, com um porte físico mais delicado; cabelo aparentemente cuidadosamente arrumado, longo, liso, loiro com algumas partes mais escuras; olhos castanhos, maquiada e com uma expressão um pouco impaciente e entediada.

                Uns sete minutos depois entra outra garota. Tem cabelos castanhos ondulados, corpo bem desenvolvido, atraente e... voluptuoso. Tem um jeito, forma de andar, expressão e ar sedutores. Olhos castanhos. O cara que acredito ser de Kupin logo se endireita na cadeira e assumi uma postura mais ereta para chamar mais atenção, visivelmente animado com a chegada da garota nova.

                Cerca de vinte minutos depois chega mais um. Um cara alto, de pele escura, corpo atlético, forte, bem definido. Cabelo cortado, olhos verdes brilhantes. Tem uma expressão firme e séria, mas com um estranho ar de superioridade. Andava de forma imponente e confiante. Não sei bem o porquê, mas definitivamente não fui com a cara dele.

                Somos dez agora, sentados de maneira intercalada, com um assento vazio entre cada um. Todos permanecem em silêncio, olhando ao redor e sem se focar em nada em especial. O olhar de vez em quando caindo em alguém, mas sendo desviado quando o olhar deste se encontrava com o seu. Uns dez minutos depois a porta se abre e todos os Anciãos entram na sala, seguidos por outras dez pessoas que não conheço. Todos ficamos de pé em sinal de respeito pela presença dos Anciãos. Por mim eu não levantaria, mas não queria ser o único a não demonstrara o devido respeito a nossos honrados Anciãos. Eles contornam um lado da mesa indo pata atrás de onde estou e param em linha reta, todos em postura solene. Os outros dez desconhecidos param nos lugares vazios entre nós que estamos à mesa. A primeira a tomar a palavra é Myraz de Barasen.

- Podem se assentar. Os mais próximos, por favor, virem-se para cá.

                Todos se sentam. Eu e mais alguns viramos um pouco as cadeiras para ficarmos todos de frente para eles. Percebo que estou um pouco nervoso e sinto que não sou o púnico. Em seguida quem fala é Drinian de Povan. Eles como sempre intercalando quem fala entre si. Me pergunto se isso é combina. Eu particularmente acho ridículo.

- Agora que estão todos aqui, podemos começar. 


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