37 edição dos Jogos Vorazes escrita por bruno


Capítulo 12
Bestantes


Notas iniciais do capítulo

Ok, vocês já devem estar cansados, maaas tenho mais agradecimentos u_u
Obrigado a Victoria Simon e a moshby que favoritaram e a patriciapt DIVA que recomendou *_*
E claro, a todos os leitores que têm acompanhado e comentado. Muito obrigado a todos!
Aí vai mais um capítulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/286712/chapter/12

Acordei com o barulho de água e, com um pulo, levantei. Preparei meu machado e olhei em volta. Pensei em acordar Arany e Kala mas, quando olhei para trás, não havia ninguém lá. Elas tinham sumido.
Desesperado, comecei a caminhar pela área. A Arena estava tão escura que eu precisei estender uma das mãos e apalpar o caminho a minha frente.
– Arany? Arany! Responda! Arany!
Ouvi barulho de galhos e parei de me mover. A minha estratégia agora era não ir em direção aos sons, mas sim deixar com que os tributos fossem até mim. Assim eu os pegaria de surpresa e não teriam como fugir. Uma silhueta apareceu a minha frente e, sem pensar duas vezes, agarrei-a pelas costas, prendi seus braços e encostei o machado em seu pescoço.
– Verizon! O que você pensa que está fazendo? - Perguntou a garota.
Aos poucos reconheci aquela voz e, envergonhado, soltei-a. Olhei para os olhos arregalados de Arany e, por fim, disse:
– Desculpe. Eu não vi vocês e achei que algo tinha acontecido.
– Você deveria parar de ser tão protetor, sabia? - Ela disse, sorrindo - Mesmo assim, obrigada.
– Eu tento, mas não consigo. Eu tentei me afastar de você durante a semana de treinamento, mas...
– Meu charme é irresistível - Ela me interrompeu, rindo e jogando os cabelos para o lado.
Ri junto com ela por algum tempo e depois me lembrei do acontecido.
– O que vocês estavam fazendo, afinal?
– Eu e Kala fomos tentar achar comida. Eu procurei árvores e arbustos frutíferos, mas todas as plantas que existem nessa área são secas ou inúteis. Kala está à procura de comida no lago. É barroso, mas ela disse que existe uma espécie de peixe que...
– Gente, vocês precisam ver isso.
A voz de Kala interrompeu Arany, mas não sabíamos onde ela estava.
– Onde você está? - Perguntei.
– Aqui. - Ela tocou em meu ombro e me guiou através da escuridão. Segurei nas mãos de Arany e levei-a até lá.
– Olhem aquilo. - Ela disse.
– Espera, não consigo enxergar para onde você está apontando. - Reclamei. Peguei um fósforo na mochila e acendi. A expressão de Kala era tão séria que me convenci de que era algo importante. Segui o caminho da ponta dos seus dedos até... O escuro.
– Não posso enxergar. O que é, afinal? - Perguntei, irritado.
– Olhe de novo. - Ela disse - Está vendo aquelas pequenas bolinhas luminosas?
Cerrei os olhos para enxergar melhor e avistei tais pontos luminosos.
– Sim, agora estou vendo. O que são?
– Bestantes. Parece uma espécie de crocodilo.
– O quê?! Achei que a Capital estivesse irritada pelo número de mortes que já ocorreram em apenas dois dias. Espere, agora estamos no terceiro, certo?
– Acredito que sim. É difícil dizer, já que temos poucas horas de Sol. - Respondi.
– Mas o que realmente importa agora - Continuou Kala - é como vamos nos locomover sabendo que há bestantes por aí. Tochas são uma boa opção para iluminar nosso caminho, mas todos os tributos nos veriam.
– Você viu os olhos dos bestantes com facilidade? - Perguntou Arany.
– Sim. Estou acostumada a ficar atenta à crocodilos e outros animais. Eles sempre atacam pessoas no 4.
– Então você deveria ir na frente e nos guiar, não?
As duas me olharam para ver minha reação e, indiferente, respondi:
– Tudo bem. Kala será nossa guia, então.
Aquilo não me confortava. Eu não confiava inteiramente em Kala, mas essa era a melhor opção. Ou seríamos mortos sem nem mesmo enxergar o que estava acontecendo.
Voltamos a caminhar, sempre em direção oposta à Cornucópia. Tudo estava silencioso quando ouvimos um estrondo na água, como se algo tivesse caído e, em seguida, um grito. Algo começou a se mexer compulsivamente, provocando pequenas e barulhentas ondas. Um canhão.
– Será que...? - Perguntou Arany, com os olhos arregalados.
– Sim, alguém morreu com os bestantes. Agora temos certeza que são realmente perigosos. - Respondeu Kala, rapidamente.
– Treze mortos... Dez ainda devem morrer. - Eu disse, sombrio.
– A Arena deste ano está esquisita. - Comentou Arany.
– Como assim? - Perguntei.
– Não sei, é só...
– Parece que não querem que nos matemos. - Interrompeu Kala - Está tudo escuro e o barulho que fazemos ao caminhar... Não deveria ser assim.
– Bom, os Jogos deste ano foram bastante inovadores. Talvez a Capital tenha novas ideias para tudo. - Sugeri.
Ao longo da caminhada o Sol foi nascendo e pudemos ver o caminho com clareza. Em certo ponto avistamos um corpo contorcido no chão. Estava dormindo. Aproximamo-nos e, quando ela percebeu nossa aproximação, já era tarde. Arregalou os olhos, levantou-se rapidamente, correu por entre as árvores e todos fomos atrás dela. Em algum momento perdi seu rastro e parei de correr. Olhei em volta à procura de Arany e Kala mas elas também tinham sumido. Talvez ainda estivessem perseguindo a garota. Voltei a caminhar lentamente, olhando ao redor e tentando encontrar algum movimento. Em algum ponto além das árvores, meus sentidos captaram algo. Cerrei os olhos e pude ver duas silhuetas, uma delas com um arco pendurado nas costas. Kala. Corri até lá e cheguei a tempo de ver toda a cena. A garota tinha sido encurralada por Arany e Kala, que tinham seguido caminhos diferentes para cercá-la. Ao seu redor havia mais árvores, impossibilitando a fuga da garota. Ela tentou pular por cima de Arany e fugir, mas ela apenas estendeu sua foice e cravou a lâmina no estômago da garota. Seu corpo caiu e sangue se espalhou pelo chão. Ouvimos outro canhão.
– Catorze mortos. - Arany disse, satisfeita.
Retiramos a mochila das costas da garota e nos afastamos para que o aerodeslizador aparecesse. Abrimos sua mochila e, esperançosos, procuramos comida e água. Tudo o que achamos foi um cantil com poucos goles de água, um pacote de frutas secas e uma pequena adaga de prata.
– Droga. - Reclamei. Guardamos os pertences da garota na mochila de Arany voltamos a caminhar. Seguimos um caminho e chegamos a um beco sem saída. Demos meia volta e estávamos quase saindo de lá quando reparei no quanto aquele lugar poderia ser útil. O único caminho para saída era o mesmo pelo qual tínhamos vindo, em todos os outros lados estávamos cercados por árvores com galhos aéreos. O único modo de sair ou entrar de lá era usando um machado para cortar as raízes - o que demoraria bastante - ou pela única saída.
– Este é um ótimo esconderijo. - Comentei.
– Poderíamos montar acampamento aqui. - Concordou Arany - É seguro e quase não visível se colocarmos aquela lona na entrada.
E assim fizemos. Com a escuridão da Arena, os tributos que para lá fossem não veriam nada além de um lugar escuro. Só perceberiam ser uma lona quando fosse tarde demais, e então nós os pegaríamos.
Largamos nossas coisas no exato momento em que o símbolo da capital apareceu no céu. Vimos o rosto da menina do 5 e o do garoto do 12, que fora morto por bestantes.
– Eu matei os dois do 5. Legal. - Comentou Arany.
Sentamos na nossa pequena clareira e comemos mais um pouco. A questão, porém, é que a comida estava acabando.
– Por que os nossos mentores simplesmente não nos mandam comida? É impossível não termos patrocinadores. - Reclamou Kala.
– A menos que toda a atenção esteja voltada para Cihla e Mursten. - Respondi, sombrio - Se isso for verdade, estaremos sozinhos na busca de comida.
– Ou talvez ainda não tenhamos provado que somos realmente bons. - Sugeriu Arany - Todas as mortes que provocamos não foram tão trágicas nem especiais.
– É provável. - Respondi - A Capital sempre quer mortes dolorosas. E eu, sinceramente, estou sentindo falta da ação.
Saímos do pequeno acampamento e voltamos à procura de tributos. Nossa esperança de achar alguém era pequena, mas não custava tentar.
– Quando encontrarmos alguém precisamos fazer um bom show para a Capital e rezar para que recebamos alguma dádiva. - Falou Arany.
– Quem ainda está vivo? - Perguntou Kala - Vocês dois, os dois do 2, o garoto do 3, eu, e menino do 6, a garotinha do 7...
– Eu me pergunto como ela deve estar se virando. É tão nova... - Comentei.
– É provável que esteja melhor do que nós - Falou Arany, rindo - Nossa situação está péssima.
– A menina do 9 e o garoto do 11. É isso mesmo? - Perguntou Kala.
– Acredito que sim. - Respondi.
Continuamos caminhando e tudo estava tomando pelo silêncio quando ouvimos um grito. Olhei para trás, indefeso, e assisti ao corpo de Arany ser coberto por milhares de formigas gordas e vermelhas. A hora tinha chegado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

OMG que tristeza Ç_Ç O que será que vai acontecer com a Arany? :(



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "37 edição dos Jogos Vorazes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.