Cotidiano escrita por Léo Cancellier


Capítulo 11
Luiza




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            Junho estava chegando, e com ele, os exames finais. Mas o que deixava os alunos do último ano ansiosos era a formatura. Em breve haveria o baile. E a festa. Mônica e suas amigas eram do comitê de baile. Estavam escolhendo as músicas e os temas.

            De repente, Amber soltou uma exclamação:

            - Mô! Já sei qual vai ser o tema da formatura! Você!

            - O quê? Amber, boiou? O tema não pode ser “eu”.

            - Eu concordo. – disse alguém, entrando na sala de reunião do comitê de baile.

            - Ah, é você, Luiza. – disse Amber, sem emoção.

            Luiza era uma garota que não simpatizava com ninguém, muito menos com as líderes de torcida, a quem ela chamava de “patricinhas esnobes e nojentas”. É claro que Luiza não era muito popular. Andava vestida de preto e com os cabelos despenteados.

            - Luiza, sabe qual é o seu problema? – perguntou Claire.

            - Sei. É estar falando com você. – “coiceou” Luiza.

            E, virando-se, saiu andando calmamente.

            - O quê eu fiz para ela? – perguntou Mônica.

            - Nada. Ela só está com inveja, porque acha que não consegue ser como nós. É claro que a gente já tentou, mas ela simplesmente não quer se enturmar. – explicou Amber.

            - Eu falarei com ela. – Mônica levantou-se e foi na direção em que Luiza tinha ido.

            - LUIZA! LUIZA! – chamava Mônica.

            Luiza parou e se virou.

            - O que quer, Mônica? – e descarregou todo o veneno nessa última palavra.

            - Eu queria conversar com você. Posso?

            - Pode. Não tenho mais nada de interessante para fazer mesmo.

            - Por que você não gosta de mim? – perguntou Mônica.

            - Não é isso. É que eu acho que eu não me encaixo em nenhum lugar. Não sou bonita, não sei fazer acrobacias, não sou popular e muito menos inteligente. – respondeu Luiza.

            - Ah! Claro. Inteligente você não é mesmo, para pensar assim. A Amber me disse que as garotas já tentaram te ajudar.

            - Sim, já tentaram. Mas eu não queria a ajuda delas. Queria ser reconhecida pelos meus méritos.

            - Já sei por onde começar. – disse Mônica, estalando os dedos.

            - Por onde?

            - Você vai pedir desculpas para as garotas. Vai te fazer sentir melhor.

            - Bom, já que você diz que isso vai fazer eu me sentir melhor... Não custa tentar. – a contragosto, Luiza seguiu Mônica de volta para a sala.

            - Garotas, a Luiza quer falar com vocês.

            Todas se viraram, surpresas.

            - Eu queria pedir desculpas a todas. Não era a minha intenção esnobar vocês. Eu só queria vencer pelos meus méritos. – disse a garota.

            Amber caminhou até ela.

            - Acho super bacana essa sua iniciativa. – disse Amber, colocando as mãos nos ombros de Luiza.

            - Bem que a Mônica falou que eu ia me sentir melhor. – Luiza sorriu.

            - Luiza. – chamou Claire. – Contaí. O que você sabe fazer de melhor?

            - Bom, eu sei desenhar. Na verdade, o meu sonho sempre foi ser estilista.

            - Jura? E por que você anda tão pra baixo?

            - É que, depois que a minha mãe morreu e eu fui morar com o meu pai, tudo mudou.

            - O que o seu pai fez? – Amber tapou a boca com as mãos. – Te bateu? Abusou de você?

            - Não! Que horror! – Luiza a encarou. – Longe disso. Ele queria até que eu voltasse a desenhar e fazer roupas, porque era isso que eu fazia antes de a minha mãe morrer. Ela também era estilista.

            - Brincou que você fazia roupas? – Magali espantou-se.

            - Não é brincadeira. Mas depois que a minha mãe morreu, eu cai em depressão.

            - Como era o nome da sua mãe, Luiza? – perguntou Clair.

            - Se eu falar o sobrenome dela, vocês matam de primeira. – respondeu Luiza, dando um sorrisinho.

            - E qual é? – perguntou Amber.

            - Fassropaz. – respondeu Luiza. 

.           - Brincou? Você é filha da Fassropaz? – espantou-se Clarie.

            - Sim, eu sou.

            - Então você deve ser talentosa. O único problema é que esse talento se prendeu nessa sua depressão. – disse Amber. – O que temos que fazer é... Colocar para fora! – ela gesticulava com o corpo.

            E, batendo palmas, começaram a fazer um tratamento de animação em Luiza. Depois de alguns dias, Luiza nem parecia a mesma garota de antes. Fazia vestidos sem parar.

            - Mônica! – chamou Luiza, certo dia. – Eu queria lhe agradecer. Se não fosse por você, nada disso teria acontecido.

            E Mônica tinha ganhado uma amiga nova.

            O grande dia chegara. As garotas estavam desesperadas com os vestidos, mas Luiza dera um jeitinho. Confeccionara vestidos na velocidade da luz. No final, as garotas estavam maravilhadas.

            - Agora você provou que é uma filha da Fassropaz. – exclamavam as garotas.

            Luiza estava ajudando Mônica e Magali a se vestirem. Mônica usava um deslumbrante vestido vermelho, cheio de rubis. Magali usava um vestido amarelo estonteante, com detalhes em ouro de verdade.

            - Antes que vocês falem alguma coisa sobre as pedras e o ouro, eu vou dizer: são verdadeiras. A minha mãe adorava pedras preciosas. Essa é a vantagem de ser filha de estilista famosa. O céu é o limite. Com relação ao resto, é só usar o cartão de crédito. Era o que a minha mãe dizia. – disse Luiza.

            As três riram. Depois que Luiza terminou, as duas se olharam no espelho.

            - Essas cores sempre vão nos seguir, não é? – disse Mônica.

            - Sempre. – riu Magali.

            As três se abraçaram.

            - Ei, Luiza. Você não vai se arrumar? – perguntou Mônica.

            - Eu não vou, Mô. – respondeu Luiza.

            - Por quê? – Mônica a encarou.

            - Não tenho par. Vou me sentir deslocada lá. – Luiza encolheu os ombros.

            - Quéisso? Nada a ver. Anda! Vai por um vestido e vamos. Ainda faltam duas horas para o baile. Nós ajudamos você a arrumar o cabelo. – ordenou Mônica.

            Uma hora e meia depois, Luiza estava maravilhosa, com um vestido azul cheiro de safiras. Ouviram uma buzina.

            - É a limusine, mas ainda falta meia hora. – disse Magali.

            Amber e Claire entraram. Amber usava um vestido verde, cheio de esmeraldas e Claire, um vestido prata, cheio de diamantes.

            - Afe. Os garotos estão demorando. – bufou Claire.

            - Nem me fale. – disse Amber.

            Dez minutos depois, Richard e Cascão chegaram, acompanhados por Ned, Joe e Drew, que eram do time de futebol também. Ned e Joe namoravam Amber e Claire, respectivamente. Drew estava sozinho. Então, virou-se para Luiza e perguntou:

            - Ei, Luiza. Você tem par?

            Luiza o encarou e corou.

            - N-não. – gaguejou. – Eu não tenho...

            - Então, não gostaria de ir comigo? – Drew não a deixou terminar.

            - Adoraria, Drew. – a confiança de Luiza começou a aumentar. Usando um tom comicamente sedutor, ela o encarou. – A propósito, pode me chamar de Luh.

            - Ok. E a propósito, você está linda com esse vestido. – Drew sorriu para ela.

            - Mesmo?

            - Mesmo. Ah, e os nossos nomes combinam. Luh e Drew.

            Amber, Mônica, Magali e Claire deram risadinhas. Luiza fuzilou-as com os olhos, após rir em um tom descaradamente falso da piada de Drew.

            Quando chegaram à escola, colocaram as roupas e os chapéus de formatura. Eram azuis e prateados, da cor da escola. Receberam os canudos, agradeceram e se prepararam para a festa.

            Todos dançavam. Quando Mônica ia beijar Richard, reparou que alguém estava entrando, mas não viu quem era. Sem ligar, Mônica continuou o caminho para beijar Richard.

            - Esse é o meu presente de formatura para você, Richard. – disse Mônica.

            - Então, considere o presente retribuído. – disse ele, beijando-a.

            De repente, sentiu que alguém trombara com ela. Quando virou-se para dar uma bronca, olhou nos olhos da pessoa:

            - Você?


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Façam review. Não gostaram? Façam review. O importante é mostrar a opinião =D
.
E se gostaram dessa, leiam as minhas outras fanfics, garanto que gostarão também. =)
.
@leocancellier



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