Ela abriu a porta para mim e novamente ficou séria. Analisei o belo quarto iluminado pela luz, dos vitrais em cristal que deixavam passar a luz na forma de pequenos arco-íris, eles permitiam que eu visse uma bela cama rosa pálida como as flores, cheia de almofadas, e me obrigasse a pular nela. Parei e analisei o armário, nele havia um vestido de ficar em casa, melhor do que o que eu vestia. Peguei-o e me arrumei sozinha, Izadora em silêncio veio me ajudar, não a impedi, por ser uma mordoma? Ah, Dama de Companhia. Ao terminar, mudei de expressão enquanto ela ainda sorria.

- Conte-me. – Falei ainda sentada na cama, finalmente percebia que não podia confiar nela.

- Sim Jovem Mestra. – Ela disse ficando de pé em minha frente. – Percebe que te chamo de Jovem Mestra, ou senhorita? – Assenti com a cabeça. – Pois bem, quando você age como deve agir, eu te chamo de Jovem Mestra, quando algo de errado passa por você, você vira apenas uma simples senhorita. – Ela falou com um sorriso.

- E quando isso acontece? – Perguntei. – E como sabes?

- Pois bem, eu e você, na verdade sua família fez um acordo comigo, eu tenho sua alma, contanto que você atinja seu objetivo. – Ela disse sorrindo. – Jovem Mestra! – Completou com um sorriso.

- Bom meu objetivo só eu sei certo? – Afirmei perguntando com um sorriso malicioso.

- Certamente. – Ela sorriu.

- E você deve fazer tudo que peço? – Falei lembrando-me de histórias semelhantes a essa, que minha avó me contava.

- Sim Jovem Mestra. – Ela sorriu.

- Está bem, entendi. Por enquanto, não tenho mais perguntas para você. Você tem que me proteger não?

- Sim, minha senhorita. – Ela respondeu se ajoelhando.

- Muito bem. – Disse analisando-a, já sabendo muito sobre a história. – Irei jantar. – Disse levantando-me e deixando-a no quarto.

- Sim, você está diferente. Para melhor. – Ela se viu dizendo em tom baixo, mas que era perceptível por meus ouvidos.

- Jantar! – Gritaram as crianças no salão onde havia uma bela mesa, nela apenas um prato estava colocado, este era de mármore, com os talheres de cristal. Interessante, resumi-me a pensar. Peguei o garfo e perguntei:

- O que teremos hoje? Pequeninas? – Acrescentei com um sorriso angelical.

- Hoje eu preparei o prato principal – Disse a menina menor, que possuía sardas e cabelos negros, longos sem franjas, ela se assemelhava a um fantasma, se não fossem pelas belas bochechas rosadas e gordinhas. – Teremos Camarão à Provençal, todos eles feitos, descascados e selecionados à mão. – Ela disse orgulhosa de si.

- Eu fiz o chá para acompanhar a sobremesa. – Disse a outra criança, esta era da mesma altura da primeira, só que possuía belos cabelos ruivos, e sobrancelhas da mesma cor que se arqueavam quando ela falava, sua boca era pequena, porém seus dentes eram grandes, e quando sorria sua boca parecia bem maior. – Chá de manga e rosas, doce, porém com o ar cítrico do limão, que acompanha perfeitamente a sobremesa de hoje.

- Preparada por mim. – Interrompeu Izadora. – Teremos hoje, torta de limão, com açucares à base da essência do abacate, o que dá o ar adocicado à acidez do limão. – Ela assentiu com um belo sorriso. – Bon Appettit.

Comecei e provei os pratos, o camarão estava bem feito, ao ponto, com o tempero ideal. O chá embora doce lembrava-me dias de primavera, no qual, há de haver belas flores, mas há também abelhas. Até que passei para sobremesa, e ao colocar aquele belo pedaço de doce na boca, percebi que estava sem gosto e parei de comer.

- Não irá comer? – Perguntou Izadora com surpresa.

- Isso está ruim! E rançoso. Como algo tão belo pode ser tão ruim? – Perguntei.

- Irei refazer. – Ela disse retirando o prato, partindo para a cozinha. Enquanto as duas outras crianças sorriam por não serem elas. Nesse instante tal cena me fez lembrar outro mordomo, Sebastian não? O que será que Ciel estava fazendo?