Halloween Love Stories escrita por Juliiet, Feeh


Capítulo 1
Declaração De Horror...Ops, Amor


Notas iniciais do capítulo

Juliiet:
Heey, aqui está a primeira one!
Essa foi escrita pela Feeh sedução *-* foi a primeira one que ela escreveu na vida oO (eu achei muito fofa *-*)
Espero que gostem :)
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Feeh:
Hey... Essa é a primeira one do especial... Awn, e é a que eu escrevi *-* Que honra.
Uhul, sou uma sedução... Gamem u-u
Boa Leitura cogumelos (:



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— Por que você demora tanto, April? — ouvi Danniel reclamando de fora do quarto. — Quando chegarmos lá, a festa já vai ter acabado!

— Eu estou quase pronta, pateta — gritei em resposta, e parei em frente ao espelho.

Ali estava eu, April Parker, uma garota de 17 anos, vestida de vampira para uma festa ridícula de Halloween do colégio. Ok, talvez não fosse uma festa ridícula, porque combinemos que Halloween é a única data comemorativa divertida.

Mas, bom, é do colégio. Eu já estava esperando as lideres de torcidas irem vestidas de coelhinha da playboy, mesmo que isso não tenha nada a ver com a ocasião.

Elena, uma das únicas amigas que eu havia encontrado desde que cheguei na cidade, me mandou escolher uma fantasia... Disse que queria ir de vampira, e a peste me comprou tudo.

Um vestido, que em minha opinião, estava curto demais; a parte de cima quase me matou sufocada, porque era um espartilho. Ah, e a garota ainda fez questão de comprar uma daquelas meias furadinhas e me emprestar uma bota de salto alto preta, que ia até um pouco acima do meu joelho.

A maquiagem fui eu quem fez, pelo menos maquiagem escura eu sei fazer. Meus cabelos ruivos iam cacheados até a cintura - sim, eles são naturais, e eu não gosto nenhum pouco disso -, e puxei a franja pra cima... É, ficou estranhamente bom.

Andei até a porta do quarto - com muita dificuldade, a propósito -, e a destranquei. Abri a porta, apaguei a luz do quarto, e saí procurando Danniel pela casa inteira. Só faltava o mané ter ido sem mim.

— Você não acha esse vestido meio curto? — ouvi a voz de Danniel atrás de mim. Não muito longe, mas também não muito próxima. Quase tive um ataque cardíaco com o susto.

— Sim, eu acho, mas ou é isso, ou eu vou de calcinha e sutiã — falei me virando para ele e arqueando a sobrancelha. — Quem você é?

— Sou um caçador de vampiros, baby — Danniel respondeu, puxando uma "estaca" de madeira de tras da calça. Ri debochada. Que garoto ridículo! — E você, é o que? — perguntou de cara fechada.

— Sou uma vampira — respondi revirando os olhos e ele começou a rir. — Não foi de propósito, ok?!

— Está bem, baixinha — ele falou parando de rir, e eu fiz cara feia pelo apelido. — Vamos logo, ou vamos chegar tarde... Eu sei que você mal consegue parar em pé com um salto desses.

— O que isso tem a ver? — questionei confusa — Nós vamos de carro, não vamos? — perguntei seguindo ele, que estava indo até a porta de entrada da casa.

 — Não, eu quebrei o carro — Danniel falou como se fosse a coisa mais normal de mundo. Desgraçado! Como ele quebra nosso carro assim? E ainda fala na maior cara de pau. Sim, nosso carro... Papai foi chato o suficiente pra comprar um carro só, pra nós dois.

Saímos de casa, e começamos a andar na rua, um ao lado do outro. Ninguém merece. Chegaríamos ao colégio quando a festa já estiver acabando.

— Nossa, você é foda hein, Danniel — exclamei irritada. Pô, o carro é nosso. — Depois que concertar o carro, você não coloca mais as mãos no volante.

— Como se você mandasse — ele disse nervoso. — Agora, você bem que podia ir de boca fechada o caminho todo, né? — revirei os olhos — Presta atenção nos seus pezinhos aí, porque senão, você cai.

— Você fala como se eu não fosse uma mulher — reclamei nervosa. Ele é cheio de me tratar como uma "menina/menino".

— Você não costuma agir como uma, April — deu uma risadinha sarcástico. Mesmo sem conseguir vê-lo, eu tinha certeza que ele carregava aquela expressão irônica de sempre no rosto.

Danniel podia ser um cara muito bonito, aliás, bonito até demais, mas, ele sempre seria estúpido e egocêntrico. Ele estava com um sobretudo preto, por cima de uma calça jeans preta, e uma camisa preta de mangas compridas; e nos pés, calçava um par de coturnos. Ele devia estar se achando o Blade... Branco.

Continuei andando, atrás do Mr. Ego, e olhando para os meus pés. Por mais estúpido que Danniel seja, em uma coisa ele tinha razão: eu realmente não sabia andar de salto alto. Um desse tamanho, então.

Trombei em alguma coisa grande, forte e cheirosa... Danniel. Caí de bunda no chão, com tudo. Mas, por que diabos ele parou? Olhei para cima, e ele estava parado, olhando para uma casa... Uma casa grande que parecia abandonada, escura, e bom, pode-se dizer que era meio assustadora.

— Já te falaram sobre essa casa? — Danniel perguntou, ainda sem me olhar, e nem mesmo me ajudou a levantar. Hm, que belo cavalheiro ele está se tornando.

— Não, nunca nem tinha visto essa casa antes — falei parando ao seu lado, e limpando onde tinha sujado no vestido e na meia calça. — Por que paramos pra olha-la?

— Dizem que ela é amaldiçoada — ele respondeu tranquilamente, e eu senti um arrepio na espinha. — Alguns dizem que o espirito da mulher que morava nela e foi assassinada pelo marido, ronda a casa. Outros dizem que quem ronda a casa é uma criança, que morreu com um espirito maligno no corpo.

— Essas pessoas não têm mais o que fazer? — indaguei incrédula — Está na cara que é só mais uma casa abandonada — revirei os olhos, e tentei convencer a mim mesma que era historinha pra assustar crianças e que eu não deveria ficar com medo.

— Você é corajosa, anã — Danniel disse rindo, e depois se virou para me olhar. — Duvido que você entra na casa, e ronda ela toda, depois venha me contar o que achou — desafiou, se aproximando.

— Eu não vou fazer isso, Danniel! — exclamei com certeza. — É uma coisa muito infantil — fiz pose de maioral e ele se aproximou mais. Ok, zona de perigo, zona de perigo.

— Medrosa! — provocou, e eu cerrei os olhos. — Medrosa! — voltou a falar, bem lentamente dessa vez.

— Está bem, eu vou — falei tentando soar confiante. Voltei a olhar a casa, e quando fui dar o primeiro passo em direção a mesma:

— SOCORRO! — Esse grito veio de dentro da casa. Obviamente fiquei assustada, e me agarrei ao corpo de Danniel, que ficou encarando a casa, provavelmente esperando por mais um grito. — SOCORRO! — ouvimos de novo.

— É uma menina — Danniel falou, e eu me soltei dele. — Vamos lá — tentou me puxar pela mão, mas eu não me movi. — Você não vai? — perguntou, e eu neguei com a cabeça. Ele soltou minha mão, e olhou atrás de mim. Virei-me e só vi arvores e mais árvores... Nenhuma casa, nenhum carro. Nada.

— Tudo bem, eu vou — falei contra a minha vontade. Ok, eu podia ser assassinada pelo espirito de uma criança invocada ou de uma mulher que foi assassinada pelo marido, mas, não seria arrastada pro meio do mato por algum psicopata.

Danniel voltou a pegar na minha mão, e me puxou com toda a delicadeza - sinta minha ironia em pleno Halloween - para dentro da casa. A porta era bem velha, mas não deixava de ser forte, e fez aquele barulho que toda porta faz nos filmes de terror. Hm, isso ajudou muito.

A casa era muito acabada. Parecia que ninguém entrava ali a milhares de anos. Danniel iluminou com o celular, e eu pude ver um pouco melhor, mas bem pouco. Havia teias de aranha por todo canto, e alguns gatos deitados no chão... Estava totalmente vazia, exceto por uma mesa de madeira podre, com lugar para duas pessoas. Era horrenda. Digna de filmes de terror.

— Tem alguém aí? — Danniel gritou. Mas que bicho burro! Se alguém estiver correndo perigo de vida, e ele grita assim, a pessoa morre na hora e os próximos somos nós.

Ninguém respondeu, e ficou aquele silêncio ensurdecedor. Danniel iluminou a escada com o celular, e a casa parecia vazia. Ninguém vindo do segundo andar, ninguém no primeiro.

— É melhor sairmos logo daqui — disse puxando o braço de Danniel. — Não tem ninguém aqui, e já estamos bem atrasados pra festa — ok, a festa não importava, eu só queria sair dali logo.

— Mas, ouvimos gritos de socorro vindo daqui — ele falou preocupado. Nossa, como ele era bondoso. Eis o lado de Danniel que eu não conhecia. — Parecia ser uma menina, imagine se eu a salvo. Ela vai querer agradecer de alguma forma — deu um sorrisinho safado e eu revirei os olhos. É, esperar que Danniel faça alguma coisa sem pensar na recompensa, é algo além do permitido.

— Deve ter sido algum grupo de idiotas tentando nos assustar, Danniel — respondi impaciente. Não estava acreditando que entrei naquela casa porque o Mr. Ego queria ser conhecido como herói, e ganhar alguma recompensa sexual em troca da sua "coragem".

Puxei o braço de Danniel, e me virei para sair daquela casa. No mesmo minuto em que estávamos prestes a dar um passo em direção a porta, ela bateu com toda a força. Larguei o braço de Danniel, e corri até a porta; tentei abri-la, mas estava trancada. Como é que pode? Estava aberta a meio segundo atrás, e agora estava trancada... Por fora?

— Não abre! — gritei, ainda puxando o trinco com toda a força que podia. — Essa merda dessa porta está trancada.

— Impossível, April — Danniel disse, andando até onde eu estava. Ele me empurrou, e tentou abrir a porta. — Mas, que merda é essa? — exclamou, fazendo força para abrir a porta. — Ops... Acho que não vai abrir — falou sem jeito, se virando para mim e coçando a nuca. Ele ficava realmente lindo quando fazia isso.

— Isso é tudo sua culpa, Danniel! — gritei, avançando em cima dele. Ele segurou meus braços, e me virou, encostando meu corpo na porta, e ficando MUITO próximo de mim.

— Fica quieta — ele sussurrou com uma voz rouca. E então eu consegui ouvir alguns barulhos vindos do andar de cima da casa. Arregalei tanto os olhos que pensei que eles fossem saltar pra fora. Estávamos fodidos.

Eu não sabia se gritava, se subia pro segundo andar e espancava quem quer que estivesse fazendo barulho e me assustando, ou se eu continuava encostada na porta, com Danniel tão perto de mim, capaz de nos fazer virar uma única pessoa.

— O que nós vamos fazer? — sussurrei para o ser que estava em minha frente, e por alguns segundos não obtive resposta.

— Eu não sei, April — falou respirando fundo algumas vezes. — Mas, eu não estou a fim de morrer não — completou, e eu revirei os olhos.

— Você já pode me soltar — falei para ele, que só então foi se tocar que ainda estava me prensando na porta. Sussurravamos o tempo todo. — E ninguém quer morrer, Danniel — falei revirando os olhos, assim que ele me soltou.

— Vamos subir, e ver o que há ali em cima — ele falou de repente, me assustando com sua decisão. — Porque eu não vou ficar parado aqui, esperando que magicamente a porta se abra, e pensando que eu sou insano por isso estou ouvindo barulhos estranhos, que na verdade, não são nada de mais.

— Nós deveríamos ver se dá pra sair pela porta dos fundos... Se tiver uma porta nos fundos, obviamente — argumentei.

— A menos que você saiba andar por essa casa, April, não tem como achar os "fundos" dessa mundiça — Danniel disse irritado. — Facilita logo as coisas, garota. E me segue, por favor — não esperou que eu respondesse e começou a subir as escadas.

— Danniel, espera — gritei em um sussurro (se é que isso é possível), e ele parou, me olhou e depois estendeu a mão para que eu segurasse. Mesmo contra todas as forças dentro de mim que gritavam "não vá, não vá", peguei em sua mão, e juntos subimos aquela ENORME escada.

Quando chegamos ao segundo andar da casa, fomos de encontro com um corredor bem comprido, que tinha três portas para a direita e quatro para a esquerda. Preferi pensar como se eu estivesse em um filme de comédia: Um lado me salva e o outro me mata. Não seria má ideia se Danniel fosse pelo caminha que mata, seria?!

— Isso parece um filme de terror — Danniel comentou, enquanto me puxava para o lado esquerdo do corredor. — Será que vamos ter o azar de que esse seja parecido com o tipo de filme que o protagonista morre no final? — Ah, eu tenho certeza que ele fazia isso para me deixar nervosa.

— Danniel, vai caçar sapo, vai — disse acertando um tapa em seu ombro.

Entramos em um dos cômodos do corredor... O primeiro. Incrivelmente, não estava vazio. Havia uma cama de solteiro que deveria ter sido feita na época do holocausto, porque a situação estava mais do que crítica. Também havia um armário pequeno e velho de madeira, daqueles bem antigos mesmo. E era só.

A porta do quarto bateu com toda força. De já-vu?

Danniel olhou pra mim, depois pra porta. Andou até ela, colocou a mão na maçaneta da porta, puxou para baixo, e a porta abriu. Ambos suspiramos aliviados.

— Vamos sair desse quarto, antes que a porta resolva fechar pra valer — falei e Danniel soltou uma risadinha. Ele abriu a porta, e eu andei até a mesma, passando por ela, e o esperando no corredor.

Danniel parou do meu lado, e eu segurei em seu braço mais uma vez, então saímos andando. Ele abriu a porta do segundo cômodo, depois do terceiro, quarto, quinto, sexto e todos tinham a mesma coisa que o primeiro: Uma cama de solteiro velha e acabada, e um guarda roupa pequeno e destruído.

O último cômodo ficava no fim do corredor, um pouco mais afastado dos outros, na parte mais escura. Tanto eu, quanto Danniel ficamos encarando aquela porta a distância. Nós seríamos loucos o suficiente de abrir a porta? Bom, sim.

— Você vai primeiro, e depois vou eu — ele falou sorrindo nervoso.

— Não senhor, nós vamos juntos. Eu não vou, nem fico sozinha! — segurei seu braço com mais força ainda. Hm, ele estava malhando.

— Você está bem grudada em mim hoje — ele comentou sorrindo, e virou o rosto para me encarar. E digamos que, bem, eu estava muito perto quando ele fez isso.

Como se já não bastasse eu estar presa em uma casa que é supostamente mal assombrada, com Danniel, o ser humano mais egocêntrico e sexy que eu conheço... Comecei a ouvir o choro de uma garotinha, e o choro vinha de dentro do quarto em que ainda não havíamos entrado.

— Eu quero ir embora daqui, April — Danniel sussurrou do meu lado, enquanto encarava a porta. — Isso está sinistro demais, e eu não quero mais ficar aqui, de jeito nenhum.

O choro da garotinha ficava mais e mais alto, como se ela estivesse ficando mais e mais próxima. Então, como um choque, um susto; a porta se abriu, e não conseguíamos ver nada. E o choro ficara mais estridente do que já estava.

Danniel passou os braços em volta da minha cintura, e me puxou para mais perto, como se eu fosse um ursinho protetor.

O céu se iluminou com um raio, fazendo com que a casa desse uma rápida iluminada, e foi nessa iluminada que eu vi. A garotinha. Ela usava um uniforme de uma escola que estava rasgado e aparentava ser bem antigo. Seu cabelo estava todo desarrumado, e ela tinha cortes no rosto.

Danniel e eu começamos a gritar, e corremos em direção à escada. Voltamos para a entrada da casa, onde ainda se encontravam a pequena mesa, com duas cadeiras.

O choro cessou, a garota não apareceu.

— Eu quero sair daqui — Danniel disse parado ao meu lado. Mas, logo depois, puxou meu corpo para bem perto do seu, e me abraçou. — Não parece mais divertido — sussurrou no meu ouvido.

— Você estava achando tudo isso divertido, seu canalha?! — o encarei incrédula. — Bom, olhe só nossa diversão — bufei irritada e tentei sair de seu abraço.

— Desculpa, ok?! Era pra ser só uma brincadeira — ele falou manhoso, ainda me segurando em seus braços. — Eu não sabia que os boatos eram verdadeiros.

— Parece que são — falei, acertando um tapa em sua cabeça. — O pior de tudo, é que por culpa dessa sua mente infantil, nós estamos presos aqui.

— Eu tive motivos para fazer isso, April — Danniel falou nervoso, me soltando do abraço, e olhando em meus olhos. — Mas, agora eu só quero sair daqui logo.

Quando estava pronta para responder Danniel, as portas do andar de baixo e do andar de cima começaram a bater com muita força, sem parar. As janelas também batiam sem parar, com toda a força, e um vento sobrenaturalmente forte invadiu a casa, fazendo Danniel voltar a me abraçar com força, mas dessa vez, tentando me esconder, me proteger em seus braços. E assim ficou por longos minutos.

— Eu estou com medo — sussurrei no ouvido de Danniel, e senti ele se arrepiar e me apertar mais forte em seus braços.

De repente, as portas pararam de bater, assim como as janelas e o vento cessou. Mas uma forte chuva começou. Comecei a ouvir passos vindos da escada, passos calmos, leves e lentos. Junto com os passos, alguns pingos de água... Parecia alguém pingando.

A menina voltou a chorar, mas dessa vez, era como se ela estivesse atrás de mim, na minha frente, como se estivéssemos cercados por ela. Como se ela fosse a casa.

Não soltei Danniel, nem abri os olhos. Não tinha coragem de olhar para trás, nem de olhar para frente. Só queria que parasse; que acabasse.

Era torturante, parecia uma criança sofrendo muito, chorando no seu ouvido. Como uma tortura, como se você fosse obrigada a presenciar uma criança sendo maltratada... O choro ecoava na minha cabeça, assim como os passos, e os pingos... Assim como a chuva.

Danniel tirou seus braços da minha cintura, e se distanciou um pouco, para que pudesse olhar em meus olhos. Abri os olhos e encarei seu rosto. Ele estava pálido, conseguia enxergar pavor em seu olhar.

— Aconteça o que acontecer, April, não olhe para trás — falou, olhando no fundo dos meus olhos. Como se já não bastasse o choro, alguns gritos começaram a soar pela casa, tal como pedidos de socorro... Mais uma vez.

Senti alguém se aproximando de mim lentamente, como se estivesse bem perto. Tinha vontade de olhar, vontade de chorar, de gritar... Como você aguentaria ficar parada, sabendo que tem alguém se aproximando cada vez mais de você?!

— Eu vou olhar, Danniel — avisei, e quando estava prestes a virar meu rosto, Danniel passou a mão na minha nuca, e agarrou minha cintura com a outra.

Ele voltou a colar nossos corpos, encarou minha boca por milésimos de segundos, e eu ainda conseguia sentir alguém se aproximando de nós dois. Meu coração batia rapidamente, e a cada batida, sentia que ele pularia pra fora... Mas, com um porém, aquilo não era somente medo, aquilo era a reação que Danniel provocava em mim, misturada com o medo.

Como se o mundo fosse acabar, como se nós fossemos morrer naquele instante, Danniel tomou meus lábios.

O beijo começou muito calmo, com selinhos apenas, mas logo ele pediu passagem com a língua, que eu cedi no mesmo segundo. Ali, nos braços de Danniel, experimentando seu beijo, seu abraço, seus carinhos... Esqueci-me completamente que estava dentro de uma casa mal assombrada, e que a poucos segundos atrás, havia alguém ou alguma coisa se aproximando lentamente de mim pelas costas.

Nosso beijo foi ganhando cada vez mais intensidade, mais paixão. E foi quando eu percebi o quanto desejava aquele beijo... O quanto desejava aquele ser humano egocêntrico que me beijava com tanto sentimento, percebi que eu não tinha raiva porque ele era simplesmente um cara galinha... Não, sempre fora ciúmes. E bom, eu na verdade, já sabia disso.

Coloquei minhas mãos em sua nuca, e entrelacei meus dedos em seus cabelos pretos como carvão, então ele me puxou pela cintura para mais perto de si, dessa vez, com as duas mãos. Segurando-me como se quisesse me proteger. E de fato, queria.

Danniel foi parando o beijo aos poucos por falta de oxigênio - creio que de ambas as partes -, com alguns selinhos. Ele ficou me olhando com um sorriso bobo no rosto, do mesmo jeito que eu o encarava. Nesse momento, como se ele acordasse de um transe, olhou para trás assustado, e depois mudou sua feição para alivio.

— Pode olhar se quiser — falou sorrindo para mim. Virei-me para trás e não tinha nada, nem ninguém. A chuva continuava, mas a casa estava silenciosa. Sem choro, sem gritos, sem pedidos de socorro.

Olhei para a porta de entrada da casa, e ela estava entreaberta. Voltei a olhar Danniel, que também estava encarando a porta, e lhe abri um tremendo sorriso.

— Acho que posso explicar o que aconteceu aqui — Dan disse, passando as mãos pela nuca, meio envergonhado. Já falei o quão lindo ele ficava quando fazia isso?

— Ok, me explique depois que dermos o fora daqui — apressei-me em falar, e ele soltou uma gargalhada, concordando de leve com a cabeça, e me puxando para fora daquela maldição de casa.

Dan e eu fomos caminhando pela rua de mãos dadas. Eu estava pouco menor que ele, pois ainda usava aquele par de botas desgraçadas. Uma coisa boa nessa experiência toda foi que eu aprendi a andar de salto.

— Então, Dan... — comecei, e ele sorriu ao me ouvir chama-lo pelo apelido — Você já pode começar a explicar — ri e ele também.

— Sempre gostei quando você me chama de Dan, principalmente nas vezes que você fala sem querer... Ou seja, em todas — falou divertido, e eu soltei uma gargalhada. — Bom, sinto informar, mas, passamos medo a toa.

— Como assim? — indaguei olhando para ele, e o mesmo desentrelaçou nossos dedos, e me puxou para um abraço. E assim fomos andando abraçados como um casal apaixonado.

— Bom, no começo, quando entramos na casa e tudo mais, eu sabia que era tudo uma armação — começou. — Mas, depois que a menina apareceu, eu comecei a pensar que era realmente verdade. Os gritos, o choro, a garota, as portas, o vendo, a janela.

— Continuo sem entender, Dan — falei fazendo uma cara confusa. — Está dizendo que começou como brincadeira, e depois virou verdade? — ele riu.

— Não... Sempre foi brincadeira, mas eu só me toquei disso depois que nos beijamos, porque foi nesse exato momento em que a porta se abriu, e tudo voltou ao normal... Como havia combinado com meus amigos — explicou, e eu fiquei boiando mais ainda.

— O que diabos você combinou com seus amigos? — perguntei, ficando ainda mais confusa. — Isso tudo foi uma brincadeira?

— Não, foi um plano... Um plano pra ter você — respondeu normalmente. Pronto, agora fodeu com o meu cérebro todo. Não entendia mais porra nenhuma.

— April, eu me apaixonei por você — ele disse parando, e ficando de frente para mim, encarando-me no fundo dos olhos. — Só que fica difícil dizer as coisas pra você! — Agora a culpa é minha. Mas é idiota mesmo... Espera, ele disse que se apaixonou por mim?

— Vo-você se apaixonou por mim? — Eu consigo ser realmente estúpida em certos momentos.

— Sim... Enfim, como eu não sabia um jeito de te falar, pensei: "Ah, vou assustar ela, ela vai ficar vulnerável, sem armas... Então, terei como me declarar calmamente" — explicou. — Então pedi ajuda pro Drake, pro Ben e pro Harry.

— Ok, me deixa ver se eu entendi... — coloquei a mão na cabeça e Dan me encarou rindo. — Ao invés de você preparar uma coisa romântica pra mim, como um cara normal faria, você decidiu quase me matar do coração, para se declarar? — ele assentiu.

— Isso mesmo... Só que eu ainda não me declarei oficialmente, sabe — falou sem jeito, passando a mão na nuca novamente. Ah, isso me deixava louca.

— Mas, Dan, como os meninos conseguiram fazer coisas como aquela? — indaguei confusa. — Parecia tudo muito real pra mim... Ou surreal... Ah, você entendeu — me embolei toda, e ele riu.

— Ficaria surpresa se soubesse das coisas que eles são capazes de fazer — Dan disse rindo. — Posso fazer o que eu estive planejando pra essa noite? — perguntou meio sem jeito, e eu lhe lancei um sorriso, acenando positivamente com a cabeça. — Eu estou completamente apaixonado por você — fez uma pausa, e meu coração quase saiu pela boca. — Pelo seu jeito rabugento, pelo seu sorriso sarcástico e inocente ao mesmo tempo, pelo seu jeito de me olhar com essas cristas azuis, por sua boca vermelha e convidativa, pelo modo como rói às unhas quando está nervosa... E principalmente, estou apaixonado por você, porque você é simplesmente... Você. April Parker. E eu não quero mais ninguém.

— Lembre-me de agradecer aos meninos mais tarde — disse rindo. Em vez de dizer as várias coisas que me faziam ficar enlouquecidamente apaixonada por ele, resolvi ser apenas April... Afinal, era o que ele gostava em mim.

Pulei em seus braços, e iniciei mais um beijo entre nós... Apenas mais um, de muitos que ainda estariam por vir. Dan me segurou pela cintura, e me ergueu, fazendo-me dar um sorriso entre o beijo, e entrelaçar minhas pernas em sua cintura.

° ° °

— E aí, crianças — Drake, um dos amigos de Dan que tinha armado toda aquela história de casa mal assombrada, entrou em casa, assim mesmo, sem bater na porta. Vendo eu e Dan abraçados no sofá. — Olha o mais novo casal da casa — gritou fazendo uma voz de gay e nós começamos a rir.

— E aí, Drake... Tudo certo? — Dan cumprimentou, enquanto eu dava um gole na minha Coca-Cola.

— Estou sim... Vim aqui porque tinha que falar com você — Drake se sentou em uma poltrona que ficava quase de frente para o sofá onde Dan e eu estávamos.

— Ah, antes de qualquer coisa, queria falar sobre ontem à noite... — meu mais novo namorado tentou falar, mais foi rapidamente interrompido por Drake.

— É por isso mesmo que eu vim aqui, cara — Drake fez uma cara de coitado, como se estivesse prestes a pedir perdão por algo. — Eu e Ben ficamos presos no meio do caminho, o carro afogou, e nada o fazia voltar — disse fazendo aquela cara de "foi mal". — E o Harry ligou uma meia hora antes, falando que não ia poder ajudar, porque tinha combinado de encontrar a Melissa, aquela bonequinha do colégio — fiquei encarando ele incrédula. — Mas, pelo visto, você não precisou da nossa ajuda, né? — falou, dando um sorrisinho malicioso.

Dan e eu ficamos parados, boquiabertos, sem dizer uma palavra se quer. Estávamos chocados demais para falar alguma coisa. Se nem Drake, nem Ben e muito menos Harry armou tudo aqui, então como...

— Então, eu vou deixar o casalzinho no Love, e vou ir ajudar minha mãe a arrumar o almoço — Drake falou se achando o maior machão porque ajudaria a mãe com o almoço. Uau, que tremendo bad boy, hã?!

Dan e eu continuamos quietos, mesmo depois de Drake sair, nenhum de nós falou nada. Era realmente possível?! Tinha realmente acontecido?

— Só pode ser brincadeira! — Danniel e eu dissemos juntos, e depois nos olhamos assustados. 

Fim.


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Notas finais do capítulo

Amanhã tem mais uma, morceguinhos.
Beijos!!