Na hora do almoço, todos foram rápido para o refeitório principal, uma sala com muitas mesas brancas e toalhas xadrez.

Freddie tinha saído um pouco depois do sinal tocar, então teve de se contentar com uma mesinha no canto, de só três cadeiras, e uma já tinha sido levada por Jack, o lutador de sumô da escola. Ele nem ligou, provavelmente iria almoçar sozinho mesmo.

Ele pega seu muffin e morde um pedaço, mastigando devagar e despreocupado. Dessa vez, nem procurara sua companheira loira, realmente estava meio deprimido com o amor, ou a falta dele. Tinha se magoado, mas uma de suas melhores qualidades era que sabia superar as coisas, sem exceção alguma. Não era hoje que ele não superaria.

Uma movimentação incomum à sua frente desprendeu sua atenção do muffin para a figura de shorts curto e blusinha verde, que colocava a cadeira roubada em cima da mesa.

–Ei, ei ei! Todo mundo cala a boca! – ela dizia, fazendo gestos com as mãos. - Eu sei que tinha falado a vocês que ia anunciar a resposta ontem, mas não deu! Desculpa! Eu sou ocupada mesmo!

O rebuliço só aumentava. Alguns garotos do time de luta da Ridgeway já se posicionaram um pouco mais à frente dos outros, com um certo ar de orgulho reinando. Os outros, menos populares, riam e suavam no outro canto. Freddie apenas olhava de longe.

–Então, eu realmente sinto muito por não poder dizer isto antes, mas eu já escolhi o meu príncipe da festa que vou dar hoje! – ela levanta os braços e sorri, e todos aplaudem e gritam coisas ridículas como “gostosa!” ou “vem ni mim, gata”. – E eu não quero ninguém reclamando ou indo tirar satisfações com ele, e muito menos me encher o saco, senão se considere fora da lista, ok?

Melanie diz isso, e todos ficam em silêncio esperando sua resposta.

–Tá esperando o quê? Que o vencedor venha buscar seu prêmio então! – ela coloca as mãos nos quadris e sorri para uma das câmeras que estavam na mão de um nerd dono de um site de fofocas da escola. Freddie continuava intacto, comendo seu muffin. –Não, não é você não, Paulo! Não ouse tocar em mim!

A garota aponta para o garoto magro e de calça no meio da barriga que andava em direção à ela. Paulo só fecha a cara e se senta em uma cadeira, que é chutada por um dos valentões que estava perto, e todos riem. Depois, se entreolham procurando o tal vencedor.

–Não tenha vergonha, amor. Pode vir aqui na frente. – vira os olhos, mas continua com o sorriso perfeito estampado.

Os outros garotos – e até mesmo garotas – continuavam a procurar e alguns chingavam para saber quem era, mas Freddie não se movia, não queria aumentar a algazarra, e nem continuar com aquela palhaçada.

–Bem, se você não vem aaté mim, eu vou até você, querido.

Com passos de modelo, ela desce da mesa, inclinando a bunda, claro. Depois de arrancar alguns gritinhos, se endireita e puxa um pouco a blusa. E a cada vez que ela se movia, um caminho era aberto entre os alunos curiosos. Depois de segundos, já se encontrava em frente ao garroto no canto. Alguns ‘você’s saíam da boca dos lutadores, enquanto as garotas o encaravam, surpresas. Melanieo olhava, pensando o porquê de Freddie não corresponder com o showzinho.

–Qual o problema, Freddie?

–Nada. Só não queria que todos soubessem assim. Achei que você tinha dito sutil e sem alarmes.

–Foi mal, não consegui conter a minha felicidade por você ter aceito. – sorri. – Então, posso ter pelo menos um abraço do príncipe?

–Eu tô almoçando.

–Vai, por favor... – ela passa a ponta das unhas enormes em sua bochecha, e o faz olhar pela primeira vez em seus olhos.

–Tá, mas rápido. – Freddie dá uma risadinha, e logo é abraçado por ela, e recebe alguns beijos no pescoço, que o incomodaram um pouco. Quando ela o solta, tenta se aproximar para um beijo de verdade, mas ele vira o rosto. Não estava ainda preparado pra isso.

–Desculpa, mas agora não. – sussurra baixo o suficiente para só ela ouvir.

–T-tá tu-do bem. – treme e gagueja. Parecia ter mudado um pouco.

Quando se vira, recebe alguns aplausos fracos, e volta para o seu grupo de amigas. Ele se senta de novo em sua cadeira, para terminar o almoço. Uma pessoa ao longe o observava, atentamente.