Conhecimento é poder. Esta frase é aclamada por aqueles que apostam nas qualidades mentais para superar seus adversários. A própria deusa Aneth é partidária dessa filosofia, defendendo a difusão do conhecimento em suas muitas formas por acreditar que o poder por ele concedido não se limita apenas a alcançar a superioridade individual, mas também a capacidade de sobrepujar a ignorância e a violência. Contudo, se existem aqueles que são generosos com o saber, também há outros que desejam retê-lo apenas para si. Tudo isto começou com uma rivalidade entre duas deusas.

O décimo primeiro domínio infernal representa o primeiro círculo dos planos imperiais. Eles são chamados assim por estarem sob a supervisão imediata do imperador, embora os regentes ainda retenham a legítima autoridade sobre seus respectivos reinos. É incerto se isto se deve ao fato de que eles são os demônios que mais gozam de confiança junto ao ser mais poderoso de Pravus ou se ele mantém uma vigilância cerrada por serem tão poderosos a ponto de representarem uma ameaça.

O plano em si, chamado Biblos, toma a forma de um monastério gigantesco, quase labiríntico, onde existem bibliotecas inteiras focadas em aspectos específicos do conhecimento, seja ele natural, arcano ou mesmo de raízes ainda mais misteriosas. Há quem ouse dizer que nos três planos de existência nem mesmo Sapientia se equipara com a quantidade de informação armazenada no décimo primeiro domínio.

Os demônios deste reino servem como auxiliares da regente. Suas formas são delgadas, com braços desproporcionalmente longos, e eles se cobrem com mantos, de forma parecida com os desmortos de Via Mortis. Sempre estão permeados por uma aura escura, que representa sua afinidade com o elemento trevas, e geralmente só é possível enxergar os olhos e as runas gravadas em seus corpos, cujo brilho atravessa o véu de escuridão. Acredita-se também que eles sejam adeptos no uso de magia.

Os habitantes de Biblos não possuem interesse em manter condenados no domínio, mas por vezes os demônios são vistos em outros lugares, raptando mortais. Isto ocorre apenas por ordem da própria regente e com um objetivo bem claro: indivíduos que acumularam grandes quantidades de segredos ou conhecimento são levados a ela para que suas mentes sejam perscrutadas em busca de qualquer informação que valha a pena registrar. Desnecessário dizer, o processo é extremamente angustiante.

Arcana é o nome da deusa caída que comanda o décimo primeiro plano e ela é também uma das filhas do imperador. Diferente de Ardor, porém, ela é calma, analítica e precavida. Em tempos esquecidos foi a divindade mais próxima de Aneth, em quem encontrou uma semelhante na incansável busca por erudição. Ao se dar conta, porém, de que sua amiga era quem detinha a mente mais afiada de toda a criação, sendo esta a verdadeira merecedora do nome de deusa do conhecimento, Arcana se tornou amarga e se juntou aos demais na rebelião.

Agora conhecida como aspecto do egoísmo, a filha mais velha do imperador mantém uma ligação constituída apenas por rancor e angústia com Aneth enquanto busca, desesperadamente, superá-la. Uma coisa, contudo, é certa: armada com alguns dos segredos mais obscuros da existência e munida de poderes mágicos capazes dobrar tudo ao redor à sua vontade, Arcana inspira respeito em todos os outros regentes.

Ironicamente, dentre os senhores demoníacos, a regente do décimo primeiro domínio é a que mais se aparenta a um humano, tendo mudado muito pouco de sua forma mesmo depois de exilada. Ela caminha majestosamente pelos salões de Biblos com a beleza de uma mulher pálida e de compridíssimos cabelos de ébano, trajando robes finos de cor púrpura. Os olhos amarelados e inundados de amargura, porém, não deixam dúvidas quanto à sua verdadeira natureza.