-Alo? Nico? Preciso falar com você...

- Sim, Percy! Sabe que horas são?- ele disse um pouco
irritado.

-An... 3 horas da tarde?- disse

- Sim. E eu costumo acordar as 8 da noite, panaca!
–disse

- Desculpa senhor da noite! – resolvi debochar
dele.-Por que? – estava me fazendo de tonto.

- Não sei... Eu meio que senti Annabeth... No
inframundo. – ele disse engolindo um seco.

- A isso vou...- senti uma lágrima quente atravessar
meu rosto.- Annabeth e eu... fomos atacados por uma mantícora, mas antes que eu
pudesse mata-la, ela matou Annabeth...

- Percy, isso é sério... –ele disse e pude perceber um
som de soluços bem abafados. Nico sempre se fez de durão, mas Annabeth sempre
foi sua melhor amiga.

- Por isso te chamei. –disse sério- Eu quero que você
me leve até a outra entrada  que utilizou
Orfeu. Você pode?

- Até te acompanho se você quiser! –disse ele,
recuperando-se

-Adoraria. Quando você vem?

- Agora – ouvi-o desligando o telefone. Ouvi em som em
uma cabine do lava a jato  e me virei.
Ali estava Nico. Igualzinho a alguns anos atrás, só que com mais traços de
homem.

Seus olhos se viraram para Annabeth e depois para o pó
dourado, para Apolo e para mim. Eu não pude distinguir se eram lágrimas ou
outra coisa no seus olhos.

Não era de estranhar, quer dizer, Anna e Nico eram ‘’melhores
amigos’’ e sempre foram muito ligados.

- Percy, você não está pensando em... – eu não o
deixei terminar e assenti com a cabeça.

- É perigoso. Você tem que ver os riscos!

-Pouco me importa os riscos! Eu a quero de volta!
Quero sentir o toque macio da pele dela, o calor que transmite seu olhar! Tudo!
Eu quero que ela me ame e que eu a ame também. – deixei tudo escapulir de vez.
Me ajoelhei no chão, enterrei minha cabeça nas mãos e me desatei a chorar. De
novo sentia aquele desespero da Mantícora levando-a de mim.

Quando tirei a cabeça das mãos, olhei Nico. Ele também
chorava. Até tenho uma ideia do por que. Quando a Mantícora levou Annabeth por
primeira vez, ele estava lá. Com Bianca. Fazia tempo que Bianca se havia ido,
mas com certeza ainda era doloroso pensar nela. Ambos sofríamos por pessoas que
se foram.

- Eu te ajudarei. – Nico quebrou o silencio. –Não perderei
uma amiga de novo.

Sorri. Corri até o carro e peguei minha mochila. Dela
tirei um pacote com pastilhas de menta.

-São pastilhas auto transportadoras. - disse-Hermes me
deu no início de minha missão. Elas são pastilhas que te transportam para onde
você quiser. É só focar o pensamento nesse lugar e comer a pastilha. Ela te
transportará para onde você desejou. Ela não leva pra muito longe, se for muito
longe, ele te levará ao mais perto do que você falou. Vamos utiliza-las para ir
na entrada que utilizou Orfeu. Utilizaremos quatro, se necessário, mas estaremos
lá ainda hoje.

 Não sei porque,
mais por instinto, peguei as duas maiores. Me pareceu que nos levaria o mais
longe.

- Qual é a localização? – perguntei

- Enfoque-se na pedra Orfenatica. – disse

- Que nome estranho.

Nico me fuzilou com os olhos e suspendeu a pastilha,
em sinal de ‘’coma’’.

Engoli a pastilha e me foquei na pedra. Senti aquela horrível sensação de um
tubo me esguichando, puxando abrindo e comprimindo. Me lembrei que a minha
última sensação que tive como aquela, foi com Annabeth. Despertei de meu tranze
quando caí de bunda na estrada.

- Argh! Quase! – Nico exclamou- 30 minutos caminhando
e chegamos lá Percy!

Assenti com a cabeça. Agora estava decidido. Iria
salvar a mulher que amo mas não havia percebido até agora. Estavamos
caminhando, até que Nico disse que faltava pouco. Caminhava com atenção totalmente
posta no caminho. Até que ouvi o som de um violão. O mais afinado que já ouvi,
posso afirmar.

Comecei a seguir o som. Era muito bom. Doce melodia.
Até que encontrei Apolo encolhido atrás de uma árvore.

- Olá Percy!- disse, ainda triste – Vou te ajudar,
mais uma vez. Se você quer saber, Annabeth, o corpo né, está no Olimpo. Não se
preocupe. Agora, te ajudarei.

- Em que? – a vez de Nico falar

- Um violão. Eu sei que você não sabe tocar, por isso é
encantado. Se afina sozinho, e você pode tocar as notas aleatoriamente e tocará
canções que te ajudará. Como Hades é desconfiado, a mágica somente funcionará
com o toque seu e de Nico. Com o toque de nenhum outro. Ajudará em sua missão.

Peguei o violão. Toquei notas aleatórias e lindas
melodias saíram. Os pássaros pararam de
voar para escutar e os animais selvagens perderam o medo. As árvores se curvaram
para pegar os sons no vento. Cheguei a conclusão que aquela era a lira de Orfeu,
só que transformada. Sorri e me ajoelhei para o deus, este, se transformou em
um destelho de luz solar, deixando a melodia no ar.

Caminhei mais um pouco com Nico do meu
lado estava decidido a atuar como se eu fosse Orfeu. Iria entrar e não sair até
não trazer Annabeth comigo. Nico retirou a Roca do lugar revelando uma
passagem. Entrei e esperei Nico no caminho escuro. Decidimos descansar ali,
acampando apenas com uma lanterna.

Adormeci. Apenas pensando no ocorrido. De
repente, Nico acordou.

- Percy... Annabeth já foi julgada. -ele
disse.

- Pra onde ela vai? – perguntei

Ele sorriu. Entendi que Annabeth iria para
os Elíseos. Me peguei pensando se deixava ela ali e vivia minha vida ou não...
Essa era uma decisão que teria que tomar rápido.