Tsuruko POV

Estou aqui na escola com o Yukiatsu, estamos quase no final do ano e praticamente nos formando... Quer dizer, não exatamente, ainda falta um mês para isso acontecer.

Passou-se sete meses desde que a Anaru sofreu aquele acidente. Não sei se muita coisa mudou desde então. O Jintan não vai mais para a escola não é de hoje, o Poppo a visita com certa frequência até. Já o Yukiatsu... Não sei o que passa na cabeça dele. Ele a visita TODOS os dias depois das aulas acabarem! Faça sol, faça chuva, faça neve... Independente de qualquer coisa, ele tem que ir ao bendito hospital.

Ela foi transferida para um hospital aqui em Chichibu, assim facilitou a vida de todo mundo. O nome do atual hospital que ela se encontra é Hashima e fica uns 3 quilômetros da nossa escola, mas indo de ônibus a viagem não dura 20 minutos.

O sinal para o término da aula toca... E, como todos os dias, ele me perguntará.

Yukiatsu: Você vem comigo hoje? - Não disse?

Tsuruko: Hoje não... - Não era igual ele... Não conseguia visitá-la todo santo dia como se fosse algo obrigatório.

Yukiatsu: De novo você não vem? Vamos, vai... Faz tempo que você não a visita. Acho que ela está com saudades. - Tentar adivinhar o que o outro sente não é legal.

Tsuruko: Yukiatsu, por favor. Ela está em coma. - Ela sequer sabe que você a visita frequentemente.

Yukiatsu: Deixa de ser insensível, amor. Não custa nada e vai deixá-la feliz. - Ele perdeu o juízo.

Tsuruko: Certo, eu vou... Mas não só para te acompanhar. Não quero entrar no quarto.

Yukiatsu: Por quê?

Tsuruko: Vamos logo, estamos atrasados.

Isso me incomodava de certa forma. Por qual motivo, razão ou circunstância ele tinha que vê-la? Nem a família ia todos os dias! Ele desmarcou inúmeros compromissos comigo e até com a escola, quando tínhamos excursão ou ficar até mais tarde por causa de algum trabalho.

Durante o percurso de ônibus não falamos nada, nós apenas sentamos do lado do outro com as mãos entrelaçadas. Ele apoiado com a cabeça em meus ombros, quase dormindo.

Tsuruko: Amor, temos que levantar. - Disse depois de apertar o botão para o transporte parar.

Yukiatsu: Ah sim... - Disse com MUITO sono

Tsuruko: Você não tem dormido muito bem né? Até que horas você tem ficado no hospital?

Yukiatsu: Não começa com esse papo que tenho ficado muito lá! Você sabe que só fico uma hora. - Mentiroso. Depois que ela foi transferida, o tempo de visita nesse hospital é até as 23. - Eu só demorei a pegar no sono.

Tsuruko: Eu acredito em você... Vamos?

Saímos do ônibus que dava de cara com a entrada do hospital. Entramos e logo já pegamos o elevador.

Como combinado, fiquei do lado de fora e ele entrou. Acho que vou enrolar um pouco na lanchonete enquanto o espero.

Yukiatsu POV

Yukiatsu: Bom dia Anaru! Tudo bem? - Entrei no quarto e a cumprimentei. - Desculpe a demora, hoje a Tsuruko veio... Mas resolveu ficar lá fora.

Eu conversava com ela normalmente, sei que parece loucura, mas dizem que isso fazia bem para a pessoa, portanto não ligo para o que os outros pensam.

Yukiatsu: Sua mãe veio hoje? Não a encontrei por aqui... Bom, eu vou pegar um pouco de chá para mim, quer também? Ah, quanto a Tsuruko... Não ligue para ela. Ela só não entrou porque deve estar com ciúmes. Não Anaru, você não deu motivo algum para ela ter ciúmes, a culpa é minha mesmo. Sabe, eu sempre me senti culpado pelo seu acidente, porque quem te incentivou a viajar fui eu... Eu espero que um dia... Não. Não tem como você me perdoar. Só espero que minhas visitas possam amenizar um pouco da minha culpa. O Jintan não te visita antes mesmo de você ser transferida pra cá né? Entenda ele... Ele não suporta te ver deitada nessa cama. Ele já perdeu a Menma... Quer dizer, nós perdemos a Menma, e ele não suportaria te ver... - Uma dor no peito surgira, não gostava de pensar no pior - Ok! Chega! Não falarei sobre isso hoje, eu estava pensando em mudar essa cortina, afinal ela é fina e o quarto fica claro do mesmo jeito, então...

Como um milagre, seus dedos se moveram levemente... Ou foi impressão? Não! Não foi impressão! Eles se mexeram mesmo!

Yukiatsu: Anaru! - Peguei sua mão direita e ela apertou a minha... Fraco, mas apertou! Ela finalmente acordará desse pesadelo de 7 meses.

Anaru: Huh? - Abriu bem lentamente seus olhos, creio que mal identificava quem era eu.

Yukiatsu: Anaru, está me ouvindo? - Ela tentava se acostumar com a claridade e identificar o local que ela estava. - É uma longa história, mas logo logo você saberá de tudo! Eu vou chamar a médica responsável.

No quarto havia um interfone que ligava para a recepção e eles me transfeririam para a médica. Peguei o objeto do modo mais desajeitado e atrapalhado possível.

Yukiatsu: Por favor, a dra. Takiyama! - Sim, a dra. era a mesma do hospital Musashinomori. Ela se apegou ao caso da Anaru e implorou por uma transferência aqui em Chichibu.

Recepcionista: Um instante. - Esperei alguns milésimos de segundos e logo fui atendido.

Takiyama: Takiyama na linha.

Yukiatsu: Doutora, a Naruko Anjou acordou! - Ela tão bom pronunciar aquelas palavras em uma única frase.

Takiyama: O QUÊ? Estou indo para aí agora mesmo!

Minha felicidade não podia estar mais explícita! A Anaru olhava completamente confusa pra mim e eu a retribuía com um mega sorriso. A porta se abriu e a super veloz doutora havia chegado.

Takiyama: Então a bela adormecida resolveu acordar? - Ela usualmente levava tudo na brincadeira - Posso saber como foi que isso ocorreu? Com um beijo do príncipe aqui?

Yukiatsu: Doutora! Nem brinca com isso! - Acho que devo ter corado um pouco. Qual é? Será que ela não sabia que a Anaru não era apenas minha amiga?

Takiyama: Ora, por que não? Vocês são jovens! Tem que aproveitar. - É... Acho que ela não sabe mesmo. - E quanto a você mocinha, vou tirar sua pressão e verei também seus batimentos cardíacos.

Anaru: Certo...

Takiyama: Está tudo bem com seu corpo? Está sentindo alguma dor? - Dizia enquanto já amarrava o aparelho de pressão no braço dela.

Anaru: Dor? Não. Não estou sentindo nada anormal. - Graças a Deus!

Yukiatsu: Você está bem quieta... Se não é dor, o que você tem, Anaru?

Anaru: Só estou me perguntando quem é essa Anaru que você tanto fala.