Acorrentados escrita por Arwen


Capítulo 14
O Último Nome




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Mihael abaixou sua arma. Seus olhos, antes afundados em plena frustração, ficaram mansos ao me ver sentado, com o sangue de Raito escorrendo pelas minhas mãos. Ele estava bem maior do que eu me lembrava, mas continuava sendo uma máquina movida por sentimentos bestas.

– Mello, foi um erro atirar em Raito – censurou Nate, tirando exatamente as palavras que flutuavam em minha mente. Era estranho ouvir aquele nome; Near e Mello foram nomes que eu instrui que eles usassem assim que nos separamos naquela tarde de inverno, mas de qualquer forma eu nunca os chamaria assim. Era como tratar de duas pessoas diferentes. Nate e Mihael eram as crianças que moraram comigo, e Near e Mello eram adultos trabalhando duro para me suceder.

Eu prefiro as crianças.

Mas Mihael era uma pessoa inteligente, ele sabia que era errado, mas pensou que era a única solução para o problema. Minha aparência nunca denunciaria o perfil de alguém que sabe lutar, e ele pensou que eu não conseguiria defender Nate.

Mas talvez ele tenha esquecido que eu prometi protegê-los com minha própria vida, independentemente das circunstâncias. Ele não devia ter esquecido isso, porque eu certamente ainda me lembrava.

– Claro, seria mais fácil deixar Kira afundar sua cara, não é mesmo? – Ele gritou frustradamente, e parou para me observar logo depois. Aliás, nos observar.

Raito rolou e se arrastou para longe de mim, deixando rastros de sangue pelo concreto.

– O que pensa que está fazendo? – ele gemeu – Mate-os! MATE-OS!

Ele tentou se levantar, mas seus braços fracos não o permitiram. Deitou-se e começou a murmurar coisas que não faziam sentido.

– Onde está você Misa? Takada? Alguém?

A queda de Kira não poderia ser mais deprimente. Sentei-me ao lado de Nate; pensei em botar uma mão em sua cabeça em um ato de aprovação pelo o que fez, mas minhas mãos estavam vermelhas de sangue, e seu cabelo era muito, muito branco. Não daria certo. Decidi murmurar um “Bom trabalho”, mesmo não conseguindo demonstrar nada com isso.

Ele sorriu um pouco, e agradeceu. Esfreguei meus pés e mordisquei o polegar, enquanto observava Raito decair em um mar aberto de escuridão.

Logo depois, observei Mikami. Ele estava com uma expressão vazia, o olhar vago, pensando seriamente em alguma coisa. Estava claro que ele tomaria alguma medida drástica para ajudar Raito a fugir. Percebi que ele tinha uma caneta na mão, e havia 85% de certeza que ele usaria isso como arma, para matar a si próprio de uma forma que chamasse atenção suficiente, se ele não usasse a caneta, ele morderia a língua. De qualquer forma, Raito estava debilitado demais para ir longe, e achei que seria melhor se ele morresse em outro lugar.

Foi o que aconteceu cinco minutos depois. Os olhos de Mikami ficaram extasiados, ele empunhou a caneta e penetrou-a na garganta, perfurando a principal veia do corpo humano.

Evidentemente, a quantidade de sangue proveniente disso foi estrondosamente grande. Mikami se contorcia, e todos correram para segurá-lo. Meus olhos seguiram Raito; Ele se levantou, arrastando-se até a porta mais próxima, e cambaleou para fora.

– Raito fugiu! – Gritou Aizawa.

– Deixem ele! – Murmurei.

Todos pararam instantaneamente, e viraram para encarar-me. Eu me levantei e caminhei para fora do velho estaleiro, deixando seus curiosos olhares para trás.

Olhei pra cima enquanto caminhava. O céu ainda estava escuro. Os feixes de luz que emanavam dentre as nuvens não eram suficientes para amenizar o clima sombrio daquele dia, mas por outro lado, parara de chover.

Raito estava correndo ao longe, cambaleando e caindo algumas vezes; vi seu semblante mergulhado em desespero. Você procurou por isso Raito, e isso é tudo o que você herdou de seus feitos.

O erro de Raito foi pensar que apenas ele poderia mudar o mundo e livrá-lo dos maldosos. Mas a verdade é que por mais que você tente, você não pode mudar o mundo sozinho, e este é o lado mais bonito do mundo. Este era o motivo pelo qual todas as organizações de justiça do planeta se reuniram para apenas um propósito, e se não fosse por isso, Raito permaneceria impune, e eu estaria morto.

Se apenas uma pessoa fosse capaz de mudar o mundo hoje em dia, essa pessoa seria corrompida pelo poder. Somos ambiciosos, esta é a natureza humana. Para mudar o mundo somos obrigados a nos unirmos com outras pessoas, ajudando uns aos outros e praticando o afeto entre si. É por este motivo que este é o lado mais bonito do mundo, porque grandes feitos são advindos de grandes uniões. Algo que Raito não compreendeu.

E agora ele estava deitado na escada de uma construção inacabada, esperando que a morte o levasse. E eu estava parado na sua frente, observando. Ninguém merece morrer sozinho.

E ele retribuía o olhar, com seus olhos cansados e deprimidos após anos de uma batalha intelectual entre mim e ele que finalmente chegara ao fim. Raito-kun foi, e provavelmente sempre será, o adversário mais inteligente que já enfrentei.

Seu corpo balançou drasticamente, e finalmente sua respiração se dizimou. Em resposta a todas as pessoas que ele matou, seu coração finalmente parara de bater.

E o sol finalmente surgira naquele dia escuro e chuvoso. Seu corpo foi iluminado por ele, enquanto lentamente seus olhos se fechavam, selados para sempre.

O fim do caso Kira, uma ótima recordação, uma lembrança. A corrente que nos ligava fora rompida para sempre, e a maior mente do século mais uma vez triunfou em um dos casos mais complexos já vistos. Isso definitivamente fazia L sentir-se um tolo.

E eu tinha orgulho de ser esse tolo.


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Notas finais do capítulo

Bom, isso é tudo.
Queria que essa fic fosse maior, mas o anime é muito pequeno e a fic baseada em um final alternativo para ele não poderia ser diferente, caso contrario ficaria enjoativa.
Pelo fato da fic ser pequena, nunca imaginei que alguém a leria, e eu conseguisse tantos reviews. Quero agradecer a todos que a leram, principalmente aqueles que comentaram frequentemente. Vocês fizeram tudo valer a pena. Até a próxima, Arwen.