Devo admitir que não tinha muita fé que essa nossa parceria daria certo e muito menos que se sustentaria por muito tempo, mas estava errada, coisa que vem acontecendo com uma frequência muito grande para o meu gosto quando o assunto é Tom Riddle, porque tudo estava acontecendo as mil maravilhas entre nós dois. O ano letivo já estava chegando ao fim e com isso se aproximava consequentemente o tradicional baile de fim de ano, um evento um tanto quanto desnecessário se querem a minha opinião, o que não impede que eu sempre passe minha última noite em Hogwarts nele.

Para ser mais precisa o baile ocorrerá em duas semanas e como sempre ninguém me convidou, não que eu realmente esperasse pelo contrário afinal não me encaixo muito bem nos padrões atuais. Embora o mundo esteja mudando os garotos de Hogwarts ainda preferem ainda preferem as meninas fúteis e sem opinião própria que os julgam como deuses e fazem todas as suas vontades, e cá entre nós eu não conseguiria me enquadrar nesses padrões nem mesmo se quisesse. Por esse simples motivo acreditava que passaria a noite sozinha tal como acontecera nos anos anteriores, essa foi uma das únicas vezes em que gostei de estar enganada.

- Mirach. – Escutei Tom me chamar, eu estava na biblioteca lendo um livro qualquer.

- Bom dia Tom, no que posso lhe ajudar?

- Eu realmente não acredito que vou dizer isso, mas a senhorita gostaria de ir ao baile comigo? – Ele perguntou se sentando ao meu lado.

- Você está brincando ou então perdeu uma aposta, estou certa? – Perguntei fingindo indiferença, mas não deixei de notar que sem minha autorização meu coração passara a bater mais rapidamente. Merlin o que está acontecendo comigo?

- Dessa maneira a senhorita irá magoar profundamente os meus sentimentos.

- Perdoe-me senhor, mas é difícil acreditar que pretenda ir ao baile comigo por sua livre e espontânea vontade quando tem todas as garotas dessa escola aos seus pés.

- Posso perceber uma pontada de ciúmes nessa frase? – Ele me perguntou com um de seus sorrisinhos sarcásticos.

- Interprete como quiser Tom. – Repeti o que ele me dissera meses atrás e ele provavelmente notou isso uma vez que começou a rir.

- Ainda acha que eu estou brincando? Mirach eu realmente prefiro poder conversar com o meu par em vez de simplesmente ficar a noite toda escutando as fofocas da escola.

- Faz sentido.

- Ainda não me deu uma resposta Mirach. – Ele me lembrou.

- Eu vou com você Riddle, afinal ninguém mais vai me convidar mesmo.

- Pensei que as jovens senhoritas ficassem constrangidas e evitassem declarar que não eram procuradas pelos rapazes.

- Tom em algum momento já me viu agir como as outras garotas que você conhece? –perguntei revirando os olhos e ele negou com a cabeça. – Então por que ainda espera que eu faça isso?

Eu deixei a biblioteca ainda escutando sua risada e me encaminhei para o meu dormitório, eu sabia que não precisaria me preocupar com o vestido ao contrário das minhas colegas, já que com ou sem par minha mãe faria questão de enviar um vestido desenhado exclusivamente para mim.

- Por que está com essa cara de garota apaixonada? – Eillen perguntou assim que entrei no quarto.

- Eu não estou com cara de garota apaixonada. – Retruquei. – Apenas estou feliz porque fui convidada para o baile.

- Meu Merlin, Mira, isso é fantástico! Quem foi?

- Não se espante, mas vou ao baile com Tom Riddle.

- O garoto que até alguns meses atrás era seu maior inimigo e pelo qual todas as garotas dessa escola estão apaixonadas?

- A não ser que seja o clone bonzinho dele, o que levando em conta como ele tem agido não é impossível, eu acho que sim.

- Eu sabia que você gostava dele.

- Somos apenas amigos Eillen, ele não quer escutar futilidades durante a festa e eu não tenho com quem ir, todos saem ganhando.

- Vai contar para seus pais?

- Para que eles comecem a achar que é algo sério mesmo que estejamos indo juntos apenas para um baile? Não obrigada, não pretendo ouvir minha mãe falando de casamento por conta disso se eventualmente nosso relacionamento evoluir para algo mais sério, e há um se muito grande nisso, eles saberão. Como acho pouco provável que isso aconteça o assunto morre em Hogwarts.

- Não tem medo que Othy conte alguma coisa?

- Ele que tente. Se ousar fazer isso Othy pode esquecer minha proteção dentro e fora dos terrenos dessa escola e papai vai ficar sabendo o que dizem a respeito da Lufa-lufa assim como descobrirá o interesse do meu irmão por aquela nascida-trouxa da turma dele.

- Cruel, mas eficiente.

Eu dei apenas um sorriso enquanto sentávamos nas camas e continuávamos a conversar coisa que fizemos até nossas outras colegas de quarto chegassem, nos fazendo parar subitamente. Para mim ainda tudo ainda era muito surreal. Eu, Mirach Prewet, indo ao baile com Tom Riddle? Merlin onde esse mundo vai parar?

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Toda população feminina de Hogwarts estava, ou ao menos deveria estar, uma pilha de
nervos por causa do baile que ocorrerá essa noite. No dormitório feminino, gritinhos, brigas e choros podiam ser ouvidos desde a manhã. Estava um inferno insuportável e por conta disso fui me abrigar no melhor esconderijo possível, a biblioteca, já que depois de muito esforço consegui convencer Eillen que só me arrumaria perto da hora do baile.

- Não deveria estar se arrumando? – Tom perguntou se sentando ao meu lado.

- Deseja uma parceira surda hoje à noite?

- Não é o que desejo, mas por que a pergunta?

- Porque é isso que acontece se você ficar muito tempo perto das outras garotas que estão se arrumando.

- Desde que esteja apresentável na hora do baile eu realmente não me importo do horário no qual se arrumará. – Ele comentou depois de conter a onde de risadas que meu comentário provocara.

- Espere e verá. – Respondi o deixando sozinho na biblioteca, já que queria fazer uma surpresa sobre o meu visual.

Fiquei ainda alguns minutos vagando pelos corredores desertos do castelo, todas as mulheres já estavam se aprontando, o que incluía até mesmo as professoras. As vezes não posso deixar de me perguntar porque sou tão diferente das outras, não que isso me incomode, mas eu realmente gostaria de um dia conhecer essa resposta.

Quando dei por mim o horário que combinara com Eillen se aproximara e sai correndo em
direção ao meu dormitório, se chegasse atrasada provavelmente não participaria de baile algum já que minha amiga podia ser bem vingativa quando queria.

- Por um momento pensei que chegaria atrasada. – Eillen murmurou assim que entrei no quarto, que mais parecia um campo de batalha de uma guerra feminina, para todos os lados que eu olhava podia ver vestidos, sapatos, jóias e maquiagens jogadas de qualquer jeito. Para ser franca eu mal conseguia enxergar o chão.

- Eu preso a minha vida o bastante para não fazer isso.

- Nem sei por que perde o seu tempo se arrumando, só vai ao baile por conta daqueles prêmios idiotas e nunca tem um acompanhante. – Walburga falou fingindo inocência, coisa que ela não sabe fazer muito bem.

Acho que nunca cheguei a comentar que tenho que dividir o meu quarto com essa diabrete e as duas sombras que a seguem para todo o canto como se ela fosse um exemplo de liderança.

- Pelo menos o meu desempenho escolar me rende prêmios, coisa que não podemos falar do seu. – Respondi indiferente, o que vem de baixo não me atinge.

- O dever de uma mulher é constituir uma família, não ficar se exibindo sendo um cérebro. Por isso ninguém gosta de você. – Pauline, ou como prefiro chamar sombra 1, falou acidamente.

- Eu ao contrário de vocês não preciso de ninguém correndo atrás de mim para saber que sou boa em algo e só para informar as três existem sim pessoas que gostam de mim.

- Continue mentindo para si mesma até se convencer. – Elas falaram juntas.

Eu me limitei a dar de ombros e segui até Eillen que havia parado para assistir nossa discussão. Depois de algum tempo que levamos para nos maquiar eu prendi o cabelo escuro da minha amiga em uma trança e ela arrumou o meu deixando-o solto apenas enfeitado por duas presilhas de esmeralda. Então fomos colocar os vestidos.

O de Eillen era azul escuro com as mangas compridas, já o meu era verde água com as mangas três quartos feitas de uma sefa verde e preso as costas havia uma espécie de também de seda verde.

- Meu bom Merlin, Mirach você está linda! – Eillen exclamou assim que terminei de me vestir, esse ano não deixara que ninguém visse o meu vestido antes da hora, mas tenho que admitir que minha mãe se superou esse ano.

- Você também está ótima.

- Sejamos justas Mira, nessa noite, eu não chego nem aos seus pés. Se Tom Riddle não ficar babando por você até o final da noite ele é um idiota.

- Não tenho muita certeza se quero Tom Riddle babando em mim.

- Mirach Prewet eu lhe conheço há quatro anos, não consegue mais me enganar, você está gostando dele.

- Isso é ridículo, vamos logo. – Falei a puxando e Eillen nem se deu ao trabalho de esconder o sorrisinho que se formara em seu rosto.

O par da minha amiga a estava esperando no Salão Comunal já que ele também era da Sonserina, mas eu havia combinado com Tom de encontrá-lo na entrada do Salão Principal. Com cuidado segui a multidão que ia nessa mesma direção, mas mesmo com a multidão de alunos que abarrotava o corredor não foi difícil localizar o meu par. Ele estava encostado na parede e trajava um smoking negro, os cabelos pretos estavam penteados para trás e os olhos também negros percorriam a multidão a procura de algo.

Eu já me encaminhava em sua direção quando senti duas mãos me puxarem para dentro de uma sala vazia, as mãos de um elfo doméstico.

- Ink, você veio! – Falei o abraçando, uma vez que estávamos longe dos olhares curiosos.

- Ink não perderia a chance de vê-la senhorita. – Ele falou sorrindo, já se tornara um ritual que ele viesse me visitar na noite do baile. – A senhorita está muito bonita.

- Obrigada.

- Ink tem que voltar antes que notem a falta de Ink, mas Ink estava com saudade da senhorita.

- Também estava com saudades Ink, mas não se preocupe eu volto para casa amanhã. – Eu comentei forçando um sorriso, Ink era um grande amigo para mim, mas infelizmente talvez fosse o único que eu tivesse em casa, às vezes sinto falta de poder desabafar com ele.

E tão rápido quanto aparecera Ink foi embora, não que eu tenha ficado surpresa, a maioria das visitas dele são assim, já que meus pais não podem nem ao menos sonhar que ele venha me visitar. E saindo da sala continuei meu caminho em direção a Tom.

- Senhor Riddle. – Falei fazendo uma meia mesura.

- Desculpe senhorita, mas não posso falar agora, estou esperando o meu par. – Ele falou enquanto me analisava. – Por acaso teria visto a senhorita Mirach Prewet por aqui?

- Você consegue ser um perfeito trasgo quando quer Riddle. – Reclamei enquanto ele ria as minhas custas.

- Mil perdoem Mirach, mas eu realmente não poderia perder uma oportunidade como essa, sabe que posso não ter outra. – Ele falou estendendo o braço para mim que a contra gosto aceitei, mas foi só quando começamos a andar que ele acrescentou. – Você está linda.

- Obrigada, eu acho. – Comentei com o meu rosto corando, eu normalmente não era elogiada pela minha beleza.

Rapidamente entramos no salão que estava decorado como um verdadeiro baile da alta sociedade, e posso afirmar que a decoração era muito mais bonita do que a feita nos bailes do Ministério os quais por conta do meu pai fui obrigada muitas vezes a ir. Eu me preparei para agir como a verdadeira e refinada dama que fui treinada para ser, ao menos por uma noite eu seria quase tudo que queriam que eu fosse.